G2000: skullz - Meteórica ascensão

Prodígio da W7M é o personagem de mais um episódio de nossa série

por Lucas Benvegnú / 10 de Abr de 2020 - 11:46 / Capa: Arte/DRAFT5
Dentre os mais de 400 mil habitantes da cidade de Jundiaí, no interior do estado de São Paulo, um dos filhos ilustres da cidade se destaca por sua habilidade no Counter-Strike. Nascido no dia 20 de abril de 2002, Felipe "skullz" Medeiros é um dos jovens que mais chama a atenção no cenário nacional.

Perto de atingir a maioridade, o jogador é um dos principais nomes da W7M Gaming, sendo peça fundamental no processo que levou a equipe a se solidificar como uma das grandes forças em solo brasileiro, com os bulls ocupando atualmente a segunda colocação do nosso Ranking.

Confira outros episódios da nossa série:

 


DOS CONTROLES AOS TECLADOS

Tradicionalmente um jogador de console, Felipe teve seu primeiro contato com o Counter-Strike no Natal de 2016, aos 14 anos. Devido às diferenças em relação a outros jogos de tiro, o jogo não agradou muito de início.

"Quando eu joguei pela primeira vez achei o jogo muito ruim porque não dava pra mirar igual no CoD ou BF, então so jogava surf, bhop, jailbreak", conta o próprio jogador. Levou algum tempo para skullz se render às partidas competitivas: "Depois de mais ou menos um ano, conheci uns amigos que jogavam CS e foi aí que eu comecei a jogar matchmaking e PUGs."

No entanto, não demorou muito para que skullz crescesse dentro do game. As habilidades do garoto logo chamariam a atenção da Bulls e-Sports, equipe pela qual atuaria entre maio e junho de 2018, ao lado de Guilherme "gui" Nishikata, com passagens por Black Dragons e Virtue.

Ainda em 2018, o atleta se juntaria à Dynamic, time de Leonardo "Torres" Souza, que mais tarde atuaria pela New England Whalers em solo norte-americano. Lá, disputou algumas competições dentre o segundo escalão do CS:GO nacional, chamando a atenção da escalação da Yeah, organização a qual se juntaria no final de 2018.

skullz, aos 16 anos, na época de Dynamic | Foto: Acervo Pessoal


ÍNDIO BRABO

O fim do investimento da Yeah no CS:GO no início de março de 2019 mudaria os rumos da carreira do jovem jundiaiense, que acabaria parando na WePlayGames poucos dias depois. Junto dos "índios brabos", skullz teve boas atuações em seletivas do continente sul-americano.

Com destaque, os classificatórios para a DreamHack Masters Dallas 2019 e DreamHack Open Rio 2019, onde o atleta ostentaria os ratings de 1.41 e 1.57, respectivamente. Mesmo com o êxito nas seletivas para a Esportal Global, onde a equipe alcançaria as finais nacionais, a estadia sobre o banner da WPG não durou muito mais tempo, com a EOX Gaming tornando-se a nova casa de skullz e seus companheiros.

skullz, ao centro, ao lado de seus companheiros de EOX | Foto: Arquivo Pessoal


A trajetória na EOX terminaria em pouco tempo. Em um mês e meio de casa, skullz disputou a sexta e última etapa da Liga Pro do primeiro semestre de 2019. Os 70 pontos conquistados pela equipe na classificação geral semestral seriam insuficientes para garantir a vaga na Gamers Club Masters III, com a composição ficando de fora pela diferença mínima de 10 pontos para a Reapers.

RÁPIDA ASCENSÃO

O período junto à escalação chegaria ao fim com a proposta da W7M Gaming, que optou por contar com os serviços do jovem de 18 anos após dispensar Lucas "YJ" Yuji, em julho. No entanto, skullz teria a oportunidade de mostrar seu jogo em apenas um campeonato junto aos bulls: a Liga Dell daquele mesmo mês, onde acumulou 1.16 de rating.



O estilo de jogo do jovem prodígio seguia atraindo olhares. Não à toa, skullz foi escolhido para substituir Henrique "HEN1" Teles na line-up titular da Luminosity Gaming, já no começo de setembro. A chance seria a concretização do sonho de atuar em solo estrangeiro. Mesmo assim, o sonho durou pouco. Tendo disputado um único campeonato junto à organização canadense, o recém-chegado e seus companheiros acabariam por serem dispensados pela LG após falharem miseravelmente na seletiva aberta norte-americana para a DreamHack Masters Malmö 2019.



Sob a tag de ex-Luminosity, a equipe ainda disputaria duas semanas de confrontos da divisão norte-americana da ECS S8, caindo precocemente em ambas, para Cloud9 e MIBR, respectivamente. Contra a grande força do CS brasileiro, o atleta inclusive deixou um belo highlight.


Assim, a passagem de skullz pelo solo norte-americano acabaria mais cedo do que o previsto, durando pouco menos de um mês. Contudo, o atleta não enxerga a experiência de forma negativa: "Foi um período difícil, tivemos pouquíssimo tempo de treino e senti que saí de lá sem mostrar o meu jogo, mas não considero como uma experiência ruim, treinar com times tier 1, jogar no centro de treinamento da Complexity, foram experiências únicas", afirma.

O BOM FILHO A CASA TORNA

Com a escalação optando por seguir caminhos distintos, Felipe retornou de empréstimo ao banco da W7M. Duas semanas foram o suficiente para a equipe optar pela volta do jogador à escalação titular, substituindo justamente aquele que havia preenchido a lacuna na época de sua saída, Rodrigo "rood" Gomes.



O retorno de skullz não surtiu efeito imediato na composição dos bulls, que passaram por má fase durante o Brasileirão do CLUTCH, em novembro, quando acabaram amargando a última colocação do campeonato. Com o mau desempenho, a W7M teve que jogar o classificatório para a quarta edição da Gamers Club Masters.

Foto:Rafael Veiga/DRAFT5 skullz em seu retorno à W7M, durante a primeira temporada do Brasileirão, onde os bulls não tiveram grande desempenho | Foto:Rafael Veiga/DRAFT5


O que se viu foi um verdadeiro passeio do jovem prodígio, que terminou a seletiva com 1.20 de rating e 1.26 de taxa de impacto, sendo crucial para o triunfo de seu time. O 2019 da ascensão de skullz terminou com a queda nas semis da GC Masters IV, onde o jogador teve o segundo melhor rating de sua equipe, que sucumbiu à eventual campeã, paiN Gaming, nas semifinais.

PRESENTE

2020 começou bem para Felipe. O bom desempenho na seletiva aberta brasileira para a próxima WESG rendeu vaga no classificatório fechado, onde os bulls acabariam caindo nas quartas de final, com o atleta acumulando 1.20 de rating entre ambos os torneios. Na continuidade, vaga na seletiva para o Minor das Américas, onde a equipe caiu precocemente.

Talvez o maior banho de água fria do ano, até o momento, tenha sido a quarta colocação no classificatório sul-americano para a seletiva global da Flashpoint S1, onde a escalação sucumbiu por duas vezes à DETONA, ficando de fora do torneio internacional. O principal destaque do ano para os bulls vem sendo a campanha no CLUTCH S2, onde a equipe lidera a competição com três vitórias em três jogos.

Foto: Rafael Veiga/DRAFT5 Ao lado de seus companheiros, Felipe vem fazendo da W7M uma das grandes forças do Brasil para 2020 | Foto: Rafael Veiga/DRAFT5


FUNÇÃO TÁTICA

As idas e vindas de skullz junto à W7M forçaram mudanças em sua função dentro da line-up: "Hoje tenho uma função diferente do que eu tinha antes, da primeira vez que entrei no time", explica.

Atualmente, Felipe carrega consigo o peso de ser o âncora CT do time na maioria dos mapas, solando bombsites com confiança. Fator que auxilia o jovem a desempenhar tal função é sua mira, responsável por boa parte de seus highlights. Destaque também para a versatilidade do garoto, que se sai muito bem com os rifles, mas sempre mostra habilidade nos pistol rounds.


Já do lado TR, skullz efetua a função de trader, fazendo-a como poucos no Brasil. A disciplina tática do jogador também é algo notável. Nada de plays extremamente agressivas e desnecessárias que podem comprometer o jogo da equipe, algo que reflete a liderança de Rafael "raafa" Lima, auxiliado por Rinaldo "ableJ" Moda.

skullz já provou que sua ascensão meteórica não foi fogo de palha. Sendo um atleta muito completo e disciplinado dentro do jogo, o jovem tem tudo para crescer ainda mais e receber, uma vez mais, a oportunidade de mostrar seu jogo além do continente sul-americano.
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