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G2000: oBo - O jovem juggernaut

Neste capítulo analisaremos um dos mais jovens jogadores profissionais

por Guilherme 'Guiki' Cerdera / 19 de Nov de 2019 - 20:54 / Capa:
"Vamos montar um juggernaut". Essas foram as palavras de Jason Lake, CEO da compLexity Gaming, após seu time ser eliminado de maneira decepcionante no Starladder Berlin Major. A forma de direcionar-se ao seu time chamou a atenção do mundo, com Lake prometendo muitos recursos para remontar sua equipe e criar um juggernaut, uma espécie de criatura invencível. De toda a equipe que participou daquele Major, apenas o jovem Owen "oBo" Schlatter permaneceu no projeto da equipe, e ele é nosso personagem dessa edição do G2000.

Outras edições da série:

UM INÍCIO DE PRODÍGIO

Um menino já muito talentoso | Foto: Reprodução/Instagram


Aos onze anos oBo começou a jogar Counter-Strike, apresentado por seu irmão mais velho. O jogo imediatamente chamou a atenção do garoto fã de basquete, que ainda guarda fotos com uniforme de jogo, e rapidamente o fez passar a dedicar cada vez mais horas ao computador. Na foto acima Owen tinha recém completados treze anos e já indicava que era um aficionado pelo jogo, destacando na legenda em seu Instagram pessoal que era um #globalelite.

O adolescente começou a impressionar com sua habilidade e reflexos acima da média, subindo, rapidamente, os rankings da FPL norte americana. Aos catorze anos o garoto já era uma realidade, fazendo stream para dezenas de pessoas que o enxergavam como um talento para o futuro do cenário local. Foi nessa época que Owen teve seu primeiro contato com um time, passando a atuar pela Adaptation, uma equipe que disputava a ESEA: Main Division, espécie de terceira divisão do torneio. A maior conquista com o time foi o segundo lugar na edição Season 25 do torneio, o que fez a equipe disputar a ESEA Season 26: Premier Division - North America. Seu rating nessa temporada ficou em 1.13, e o garoto passou a ser observado de perto por times de grande relevância.

CONSOLIDAÇÃO DE UM NOME


O ano de 2018 anão foi o mais produtivo em relação a disputa de competições para oBo. O jogador passou o ano trocando entre equipes menores como Guerrila Tactics, ou stacks como o FeelsUnderAgeMan Old Guys Club. Longe da regularidade com uma equipe, Owen buscou se destacar na FPL. Com sua habilidade acima da média era de se esperar que o garoto aparecesse bem contra os melhores, mas a quantidade de primeiros lugares foi inesperada.

Jogando contra nomes como Jake "Stewie2K" Yip, Victor "food" Wong, Yassine "Subroza"' Taoufik, Edgar "MarKE" Maldonado, Tarik "tarik" Celik, entre outros, a carreira de Owen deu um salto. Jogando em alto nível na FPL Challenger, oBo conseguiu ser o jogador mais vitorioso da semana sete vezes, além de diversos segundos e terceiros lugares. As premiações apenas desta liga renderam $17 mil para o jovem de quinze anos, fazendo com que o jogo se tornasse mais sério e passasse a ser tratado como um trabalho. "Eu não joguei em times mais fracos porque fazia mais sentido jogar FPL e ser reconhecido pela minha qualidade", e continuou: "A FPL é essencial para melhorar sua qualidade individual, mas não é a mesma coisa que jogar em time. Você precisa pegar o que aprendeu com a FPL e integrar no jogo de equipe", pontuou oBo. 

IDADE PROFISSIONAL

CompLexity anunciou a contratação do jovem em junho de 2019 / Reprodução@Twitter


Enquanto disputava a FPL, oBo esbarrou em um problema com a possibilidade de se tornar profissional, a idade. Com apenas quinze anos o jogador ainda precisaria ficar de fora da maior parte dos campeonatos e teria problemas para avançar em na sua carreira. A temporada dedicada à liga fechada serviu como ótimo treinamento, assim como exposição de imagem para a jovem estrela.

A situação mudou em junho de 2019, época em que o jogador estava próximo de completar dezesseis anos, idade base para a maior parte dos campeonatos. Owen foi contratado pela tradicional compLexity para o lugar do então capitão Peter "stanislaw" Jarguz, este estava de saída para a NRG. A mudança seria um grande desafio, já que o time apresentava desempenho constante no cenário norte americano, e a perda de um capitão significaria uma reorganização nas posições da equipe. O garoto revelou que a compLexity foi a primeira equipe a lhe oferecer um contrato, e que essa oferta veio pela fama que ele havia criado jogando com os jogadores da organização.

A estreia de oBo veio num momento muito especial para ele e sua equipe. Com um segundo lugar na ECS Season 7 North America, conquistado antes da chegada de oBo, e a desistência da então campeã Rogue em participar do torneio, a compLexity foi convidada para a fase final do evento. A ECS Season 7 Finals aconteceu na SSE Arena em Londres, tendo sido chamado pelos analistas um "batismo de fogo" para a carreira do jovem talento. A preocupação com a parte psicológica do jogador era imensa, já que oBo estaria estreando com a camisa do time, e essa estreia seria num grande palco e contra algumas das melhores equipes do mundo.

Já em sua primeira jogada o garoto encaixou um 4K no round pistol, seguido de um 3K no primeiro pistolete de sua equipe, deixando remota a possibilidade de que estaria sentindo qualquer tipo de pressão(O lance ocorre em 3:10 do vídeo).


A campanha da compLexity ainda contou com mais um ponto alto de oBo. O jogador carregou sua equipe para uma vitória em cima dos brasileiros da MIBR por 2 a 1, com direito a virada sensacional na Mirage, último mapa da série, e um 5k no pistol round. Owen, entretanto, ficou falado em terras brasileiras por ter destruído completamente o time de Gabriel "FalleN" Toledo na Train, mapa em que a MIBR era considerada forte, e FalleN recebeu o apelido de "rei da train". O norte americano alcançou um rating de 1.82 no mapa, e terminou a série como o melhor jogador e um rating de 1.37. Apesar da eliminação da compLexity ainda na fase de grupos, oBo terminou o campeonato com rating de 1.16 e o quinto melhor dano médio por round, 86.5.

O time norte americano passou a ter campanhas mais fracas, e chegou ao Major de Berlin pressionados pelos resultados negativos. A equipe perdeu classificatórios importantes antes de jogar o Major, e, na maior competição de CS:GO do mundo, acabou tendo desempenho muito abaixo do esperado. A pressão parece ter finalmente atingido o garoto, com um rating de 1.0 no campeonato, seu pior desde a entrada na equipe. As mudanças proporcionadas pelas chegadas de Benjamin "blameF" Bremer, Will "RUSH" Wierzba, Kristian "k0nfig" Wienecke e Valentin "poizon" Vasilev, tornaram a compLexity uma equipe praticamente europeia. As mudanças podem ser essenciais para o desenvolvimento de oBo, que teve de se adaptar a um time que deverá ser construído do zero, sem usá-lo como ponto de referência.

ESTILO DE JOGO

Para um jogador de dezesseis anos, oBo impressiona pela frieza e disciplina. Diferente da maior parte de jogadores em sua faixa etária, é comum para o jovem abrir pixels com calma, não trabalhar em jogadas rushadas ou aberturas de bombs, e abusar de posicionamentos que preservem sua vida. Ainda sim, quando necessário, oBo joga pelo respawn e tenta surpreender adversários, sempre usando muito sua consciência.


A função do jogador se assemelha a de um suporte, sendo crucial na função de encontrar informação para seu time e trabalhar nas vinganças quando é possível. OBo também não tem o costume de "se emocionar", ou seja, dificilmente tenta resolver a partida por conta própria, ou busca um highlight que possa custar sua vida e a segurança do round. O garoto tem um desempenho incrível com pistolas, e possui muita calma no momento de atirar e posicionar sua mira. Seu estilo funciona muito bem como CT em que oBo costuma ter a preferência do posicionamento. Nuke, Train e Dust2 são os melhores mapas do garoto que ainda aparecerá em muitas oportunidades para o mundo do CS:GO, e, para o bem da compLexity, justificará a sua permanência na criação de um super-time internacional.
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