Sócio da Imperial fala sobre negligência médica no caso brutt e rebate pontos apresentados pela família do atleta

Executivo deixou claro que organização está fazendo de tudo para agilizar o andamento dos processos e que acatará as decisões da justiça

por Gabriel Melo / 27 de fev de 2021 - 14:00 / Capa: CBCS

A morte do jogador Matheus "brutt" Queiroz voltou a ser debatida nesta sexta-feira (26) após um dos sócios da Imperial, Bruno Silveira, em entrevista ao ge, levantar a hipótese de erro médico na condução do caso e rebater os pontos apresentados pela defesa da família do atleta.

"A negligência foi médica. Toda vez que um cara chega no hospital com ele, o médico fala que é alergia e rinite, passa um remédio, dá certo e funciona por 15 dias, quando ele começou a piorar e tudo começou a dar errado. Se o médico fala alguma coisa, a gente acredita no médico. A empresa deve prestar o socorro imediato e isso a gente fez todas as vezes", afirmou o executivo.

Como revelado pela DRAFT5 na série especial Dossiê brutt, em janeiro, a defesa da família de brutt alega que o jogador não recebeu nenhuma assistência médica no período em que defendeu a Imperial, tendo que procurar por hospitais públicos em São Paulo, e más condições na gaming house utilizada para alocar a equipe.

Segundo o executivo, "no ponto de vista da empresa, as condições da casa eram boas. Tínhamos funcionários para fornecer comodidades para os atletas e comida nunca faltou". Bruno Silveira disse ainda que "a casa tinha problemas", mas que não foram previstos e, quando aconteciam a organização consertava.

O sócio da Imperial tratou de lembrar que a própria Imperial decidiu mover o time para um casa maior e que essa mudança foi antecipada diante os problemas constatados. Bruno Silveira ainda pediu "empatia" em relação as reclamações feitas pelos jogadores em grupos de aplicativos de conversa.

Quanto o fato da Imperial não ter fornecido um plano de saúde para brutt, o executivo lembrou que os convênios possuem carências: "Mesmo que a Imperial fornecesse plano de saúde, teria carência. Ele não ia fazer um plano quando chegou. Mesmo que fosse emergência, demoraria uma semana para o plano entrar no ar. O que a gente pôde fazer, da forma que tínhamos, fizemos".

Bruno Silveira deixou claro que a organização forneceu a brutt tudo o que o jogador precisou no período em que esteve em São Paulo, fazendo o mesmo quando foi para o Rio de Janeiro.

"Os hospitais erraram 'brabamente'. O cara não teve um diagnóstico próximo do que ele morreu. No fim, suspeitaram de meningite. Numa das últimas consultas que ele esteve em São Paullo, e a médica passou um antibiótico, que foi comprado, e ele melhorou, e a médica descartou a meningite", afirmou.

OUTROS PONTOS REBATIDOS

Além da alegação sobre más condições da gaming house, o sócio da Imperial rebatou outros pontos levantados pela família do jogador como vínculo trabalhista.

"A gente não exerga o vínculo trabalhista justamente pelas questões que os advogados da empresa suscitaram. Pagamos a multa dele com a Reapers e ele ficou a disposição da empresa. Ele terminaria de jogar o CBCS e, no mês de janeiro, decidiríamos como seria o procedimento de víncunlo, se o time se adaptaria com ele", afirmou.

Ainda de acordo com o executivo, se existisse um contrato ele jogador e organização "seria de prestação de serviços, como todos os outros jogadores, que é a forma como a Imperial vê as coisas. A Imperial encara que não existe vínculo trabalhista com todos os jogadores"

Bruno Silveira falou também sobre o linchamento virtual que a Imperial sofreu da comunidade: "Fomos chamados de assassinos, acusados de escravizar. Meu irmão (felippe1, CEO da organização), era xingado e agente sempre ficou calado. O pior foi a marca, a empresa, ser massacrada da forma que foi pela opinião pública sem direito de defesa".

O sócio da Imperial relatou surpresa quanto ao inquérito policial aberto contra as organizações as quais brutt defendeu antes de morrer.

"Foi uma novidade para gente. Se você olhar a jurisprudência, o homicídio corporativo não existe no Brasil. Esse crime não existe aqui. Quem teria que ser acusado sou eu, felippe1, Caio, como pessoas físicas, e a família tem que descrever no que fomos negligentes. E isso não acontece. Com relação ao inquperito de homício, ficamos impactados, nunca respondemos por nada e fomos acusados de homicídio. É impactante, pesado, mas estamos absolutamente tranquilos porque do nosso ponto de vista, não colaboramos em nada para a morte do brutt", afirmou.

O executivo garantiu que a organização está fazendo de tudo para finalizar os processos.

FAMÍLIA DE BRUTT

A família de brutt também se pronunciou na entrevista do ge por meio do advogado à frente do caso, Hélio Tadeu Brogna Coelho Zwicker, que classificou como "grave" a afirmação de que o contrato apresentado no processo é falso e ela "será objeto das medidas judiciais cabíveis".

Disse que a família do jogador não processou os hospitais porque, "de acordo com as provas e com os procedimentos instaurados, quem deixou de cumprir a lei foi a Imperial e não os hospitais. Era de responsabilidade da empresa oferecer condições mínimas de higiene, alimentação e descanso".

O advogado rebateu ainda a afirmação feita pelo executivo da Imperial a estratégia adotada pela defesa. A declaração, por completo, poderá ser lida clicando aqui.

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