"A mudança é a lei da vida". A frase é constantemente creditada ao finado presidente dos Estados Unidos da América, John Kennedy, e certamente resume bem o sentimento de que na vida nada é para sempre. Tudo passa, em 10 minutos ou 10 anos, mas tudo passa.
Não por acaso, o Counter-Strike também está sujeito a tal lei da vida. Passam os anos, surgem novos jogadores ao custo da aposentadoria de verdadeiras lendas, equipes outrora hegemônicas perdem seu domínio em questão de meses e acabam sumindo do mapa em um piscar de olhos.
Não é de hoje que a Gambit Esports vai tentando estabelecer um domínio a nível mundial. Os mais antigos no cenário devem se recordar de que, no longínquo ano de 2017, neste mesmo 23 de julho, as expectativas acerca da equipe também estavam altas após a improvável conquista do PGL Major Kraków 2017 sobre os brasileiros da Immortals, em uma final verdadeiramente memorável.
No entanto, tudo mostraria ser na realidade fogo de palha. Com o passar dos meses, a equipe foi se desmantelando pouco a pouco e tudo o que restaram foram as memórias daquele time que um dia subira ao topo do mundo. E você, sabe por onde andam os jogadores campeões de Major com a Gambit?
Danylo "Zeus" Teslenko
Talvez o mais icônico nome daquela escalação, Zeus é até hoje reverenciado como um dos maiores capitães da história do Counter-Strike. Ele, por sinal, foi o primeiro a pular da barca. Menos de três semanas após a conquista, divergências internas motivariam seu retorno à Natus Vincere, equipe a qual representou até o fim de sua carreira.
Junto da lendária tag, Zeus ainda viria a alcançar outra final de Major, em Londres, no ano de 2018, mas sem o mesmo sucesso, ficando com o vice-campeonato diante da hegemônica Astralis. Seu período como jogador perduraria até setembro de 2019, quando a idade chegou e ele optou por pendurar seu mouse aos 31 anos.
Atualmente, além de ser dono da própria organização, a pro100, que vinha contando com um elenco de CS:GO até o fim de 2020, o ucraniano possui uma escola de Counter-Strike na região CIS. Ele também lançou sua autobiografia em 2019.
Dauren "AdreN" Kystaubayev
Após o título na Polônia, AdreN, MVP da conquista, ainda permaneceu por mais de um ano junto da Gambit, mas obviamente sem o mesmo sucesso. Depois de encerrar seu ciclo junto à equipe, o veterano atuou por FaZe Clan, onde conquistou dois títulos de menor expressão, e AVANGAR, chegando à final do Major de Berlin junto desta última, mas assim como Zeus, caindo diante da gigante Astralis.
O jogador ainda seria contratado junto de seus companheiros para representar a lendária Virtus.pro, mas seu ciclo sob o banner da equipe não chegou a durar seis meses. Após ser dispensado pela organização, AdreN passou o segundo semestre de 2020 sem dar as caras no servidor.
Já em 2021, o cazaque retornaria ao cenário competitivo com a camisa da K23, atuando ao lado de Rustem "mou" Telepov, com quem foi campeão de Major em 2017. A dupla segue representando a bandeira da equipe, tendo conquistado recentemente um notável quarto lugar no StarLadder CIS RMR 2021.
Rustem "mou" Telepov
mou foi um dos únicos remanescentes daquela épica conquista a afundarem junto com o barco da Gambit, o qual naufragou em maio de 2019 após sucessivos resultados bem abaixo das expectativas depositadas pela organização em seu instável elenco.
Após viver tempos não tão gloriosos com a equipe e, posteriormente, no banco da mesma, o AWPer retornou à ativa no começo de 2020, quando ele e Mikhail "Dosia" Stolyarov assinaram com a chinesa OneThree. A parceria, no entanto, não duraria muito e a dupla acabaria por abandonar o time em meio à iminência dos perigos que o coronavírus levava à China.
Depois de tal infortúnio, mou fechou com a Syman Gaming em fevereiro daquele ano. A organização viria a ser renomeada para K23, onde mou agora segue atuando ao lado de AdreN, como já citado anteriormente. Ele, por sinal, é um dos principais destaques da formação cazaque.
Mikhail "Dosia" Stolyarov
O autor daquela traumática HE, assim como mou, viveu de perto a ascensão meteórica e o declínio vertiginoso da Gambit. O russo continuou junto da equipe até a dissolução daquele elenco que não era mais nem sombra dos outrora campeões de Major, em 2019.
Após passar todo o segundo semestre daquele ano sem jogar por conta do contrato com a Gambit, Dosia iniciou 2020 jogando ao lado de mou na OneThree, mas saiu da equipe junto com o companheiro devido às complicações que o coronavírus começava a causar no país asiático.
Depois da empreitada falha, o veterano ainda fundou sua própria equipe de Counter-Strike, a Mustang Crew, e também possuía parte em uma lavagem de carros situada em Moscow. Apesar disso, nenhum dos dois negócios vingou e Dosia, hoje com 33 anos, parece caminhar a passos largos rumo à aposentadoria, visto que não atua profissionalmente há praticamente um ano.
Abay "Hobbit" Khassenov
Após a epopeia vivenciada por ele e seus companheiros na Cracóvia, Hobbit permaneceu junto à organização por pouco mais de um ano. Com a ausência de resultados expressivos e algumas divergências entre os atletas, ele acabou por ser listado para transferências, sendo adquirido pela HellRaisers no final de 2018.
Por lá, o cazaque não desfrutou de muitos êxitos, sendo emprestado para a rival Winstrike após algum tempo. Mesmo sem conseguir repetir as performances que o colocaram como um dos melhores do mundo em 2017, a Gambit viu nele a oportunidade de injetar experiência em seu jovem e ascendente elenco.
Funcionou. Desde seu retorno à equipe, Hobbit tem sido peça-chave para os grandes feitos da mesma ao longo de 2021, visto que graças aos seis títulos conquistados por ele e seus companheiros, dentre os quais estão a IEM Katowice e a BLAST Premier: Spring Finals, a line-up majoritariamente russa alcançou o posto de #1 do mundo.
Mykhailo "kane" Blagin
Mesmo após o triunfo em solo polonês, a maior parte da escalação queria a saída de kane do comando técnico. Zeus, que desenvolveu uma forte relação de companheirismo com o treinador durante os tempos de Gambit, relutou, e assim os dois ucranianos acabaram rumando à Natus Vincere dias após a conquista.
O elo entre os dois era tão expressivo que kane acabou por deixar a equipe no mesmo dia em que Zeus pendurou seu mouse. A amizade com seu compatriota lhe rendeu o posto de treinador da composição de base da pro100, organização onde Zeus era um dos mandatários, mas a estadia por lá não durou muito.
Hoje com 35 anos, kane vive longe do glamour de outrora, comandando a jovem escalação ucraniana da The Incas, equipe que disputa alguns campeonatos a nível doméstico em seu país.