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Por onde anda: Guilherme "spacca" Spacca

Spacca falou sobre história no Counter-Strike e trajetória até se tornar comentarista

por Filipe Carbone / 15 de Jul de 2020 - 19:01 / Capa: Arte/DRAFT5
Atualmente no time de comentaristas do CLUTCH, o Brasileirão de Counter-Strike: Global Offensive, Guilherme "spacca" Spacca pode pegar muitos desavisados de surpresa ao revelar a história de mais de uma década no FPS da Valve e uma passagem vitoriosa pela FURIA, time brasileiro melhor colocado no ranking mundial.

No entanto, a história de spacca no Counter-Strike começa muito antes do CLUTCH, FURIA e até mesmo dos jogadores que estão atualmente na organização iniciarem a trajetória no ensino fundamental. O ano era 2003 e o ex-jogador já dava os primeiros passos no jogo.

Apesar da trajetória ter começado apenas um ano depois do pentacampeonato da Seleção Brasileira de Futebol, a primeira oportunidade em um time profissional aconteceria no mesmo ano em que Roberto Carlos abaixou para levantar as meias e deixou Thierry Henry livre para marcar o gol que eliminaria o Brasil nas quartas de final da Copa de 2006.

Agora localizados no tempo com um conhecimento em comum, os leitores também encontrarão outro ponto de referência neste Por Onde Anda. Spacca é amigo de infância de Nicholas "guerri" Nogueira, que hoje brilha comandando a equipe da FURIA. Foi com o coach que ele deu os primeiros passos no cenário competitivo acompanhado de "Ni", apelido dado ao colega, e Arthur "prd" Resende, ex-jogador da MIBR no Counter-Strike 1.6, CNB, FURIA e atual treinador da Neverest.

"O Guerri foi meu amigo de infância. Morava perto de casa. Estudamos juntos na pré-escola e no primário. Acabei reencontrando ele na internet jogando CS. O time que ele tinha era em uma lan house perto de casa, e foi aí quando eu comecei a ter mais contato e entrar para o meu primeiro time", disse spacca.

LONGA TRAJETÓRIA NO 1.6

O caminho trilhado no Counter-Strike da primeira década dos anos 2000 não foi curta. O APSI foi o primeiro time defendido por ele de forma profissional e sequer consta no histórico do spacca na internet. No entanto, foi o primeiro passo de uma longa trajetória no cenário competitivo.

Apesar de passar por diversas organizações entre 2006 e 2011, spacca sempre esteve ao lado de Guerri, pelo menos na maioria delas. R2SCAL e Level to Kill, que também não fazem parte do histórico do jogador, antecederam à Play.BR, primeiro time que há no registro do atual comentarista.

Spacca em torneio na época da CNB | Foto: Reprodução/HLTV


Já disputando torneios nacionais, spacca esbarra em outra figura conhecida até hoje no cenário de CS:GO: Wilton "zews" Prado. "Fomos para a Exotic, que acho que existe até hoje. Fomos contratados, na época era eu, Guerri, PRD, Empada e zews".

Mesmo com passagens por times gigantes do cenário competitivo, spacca revelou que o time que mais gostou de jogar na carreira não trazia o glamour e o peso na camisa dos demais. "Viramos vsONE e foi onde eu, particularmente, mais gostei de jogar na minha carreira de CS. Era eu, prd, Guerri, Leon e Rikz (atual coach da DETONA). Foi uma fase em que a gente era muito brother. Todo mundo era muito amigo e tinha o mesmo sonho. Criamos uma amizade muito grande porque era a saída da fase de adolescente. Todo mundo tinha os seus 17 ou 18 anos".

"Hoje em dia muitos times só jogam juntos. Os caras não saem juntos, não vão tomar uma breja. Hoje em dia nada disso é possível, mas naquela época era muito presente e a gente fez muito isso. Criamos uma amizade muito grande e foi um time que, na minha opinião, eu tive uma das melhores fases no 1.6".

O PRIMEIRO HIATO

Depois do apogeu, spacca viveu uma espécie de "crise de meia idade". Muito comum no cenário competitivo, o jogador se pega em um momento de indecisão de seguir a trajetória do esporte eletrônico ou de se dedicar ao trabalho "cotidiano".

"Eu tinha passado na faculdade, me matriculado e tava fazendo a facul. No primeiro semestre de Publicidade e Propaganda, meus pais já estavam me perguntando: "E aí, filhão, como vai ser?". Eles sempre me apoiaram, mas eu nunca conseguia passar aquela barreira de ser campeão de um torneio gigante nacional. Aí eu pensei que já era hora de dar uma pausa na carreira".

Cinco meses. Esse foi o tempo que spacca demorou para voltar para o cenário competitivo. À princípio, o retorno seria provisório para defender o time de um conhecido, mas acabou se tornando a deixa para o velho amigo Guerri chamá-lo de volta para uma line-up.

Spacca pela MIBR ao lado de ton | Foto: Reprodução/HLTV


Pela Fire Gamers, mais uma vez ao lado do atual treinador da FURIA, spacca conseguiu o feito de conquistar o MVP da Brasil Cup 3 mesmo sendo vice colocado. "Peguei MVP mesmo perdendo. Joguei muito bem naquele campeonato. Lembro que a gente perdeu para a MIBR na final. Vai ficar marcado, um dos melhores momentos da minha carreira".

A atuação de spacca no jogo não poderia trazer um resultado melhor. Foi o suficiente para entrar no radar da MIBR, time que havia o derrotado, e ser contratado por uma das maiores organizações do cenário brasileiro.

No entanto, o jogador viu o sonho virar pesadelo em questão de meses. "Foi uma fase muito difícil. A gente pegou bem o olho do furacão da crise que rolou em 2008 e 2009. O MIBR, claro, foi afetado pela crise, então a gente não tinha mais a estrutura que eles ofereciam para os jogadores".

"Foi aí que começa uma história muito legal na CNB. Uma das história que mais tenho orgulho de contar. Foi uma lineup que dominou o cenário brasileiro, perdendo para a Fire Gamers em alguns campeonatos. Foi uma grande vitória pra um time que sempre foi contestado. Isso foi até julho ou agosto de 2011, quando viramos paiN".

SEGUNDO HIATO E O RETORNO AO COUNTER-STRIKE

Cinco anos após ficar fora do competitivo, exclusivamente dedicado à carreira de publicitário, spacca teve uma conversa com prd em 2015 que o marcou. "Ele falou que estava em um time bom e que jogava com coldzera, TACO, LUCAS1 e HEN1. Falei que conhecia Lucas e Henrique, que eram das antigas, mas perguntei quem eram cold e TACO. Ele disse que cold era de outro mundo. Na época ainda não havia jogado em lan com ele, então disse que se ele não fosse cheater ele seria o melhor jogador do mundo".

Estimulado por Guerri, spacca voltou ao Counter-Strike e não demorou para encontrar um novo time. Reencontrando a CNB, o ex-jogador voltou a se inserir no cenário competitivo e, apenas um ano depois, chegaria à FURIA, último time que defendeu profissionalmente.

Spacca ao lado de cogu e nak | Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal


"A line era eu, Guerri, prd, VINI e caíque, que durou apenas uma semana na organização. A gente entrou em uma fase de muitos vices. Perdemos pra Isurus, pra Team oNe, sempre éramos vice. Foi quando saiu prd e entrou yuurih. Depois, Jaime mudou totalmente a line entram quatro jogadores que estão até hoje. No fim Guerri fica como coach e fica eu, VINI, yuurih, KSCERATO e arT".

Uma das lines mais vencedoras por onde spacca já passou, a FURIA varreu o cenário nacional no ano de 2018. Além de garantir excelentes resultados em torneios classificatórios, a equipe também sobe no topo do pódio de tantos outros. Entre eles Aorus League Brazil Finals Season 1, ESL LA League Season 1, Aorus League Invitational e ESL Brasil Premier League Season 5.

A fase vencedora fez com que a FURIA optasse pela mudança para os Estados Unidos, onde spacca passa apenas mais três meses na equipe antes de botar um ponto final na carreira. "Foi uma saída natural porque eu já não estava muito feliz, já não estava mais na pegada que um jogador profissional precisa pra ser Top 1", confessa.

POR ONDE ANDA?

Apesar do spoiler no início desse texto, spacca não chega na Gamers Club para ocupar o posto de comentarista. Ela conta que a primeira visita à GC é o suficiente para se encontrar e descobrir o que faria longe da vida profissional.

"Quando eu chego na GC fico apaixonado. Eu penso "c******, é aqui que eu quero trampar". Acabei fazendo um teste para entrar na parte de comunicação e em um mês eu peguei um apartamento e vim morar aqui perto".

Ex-jogador e com a vida cercada por Counter-Strike, spacca se tornou rosto conhecido nas transmissões do CLUTCH. "Também trabalho hoje como influenciador, mas também como um cara dentro do cenário dos esports voltado para o cast e análise de campeonatos".

No entanto, ele não esconde a saudade que sente de competir, mesmo próximo do cenário competitivo, apesar de estar em outra perspectiva. "Eu sinto muita falta da competição, mas, ao mesmo tempo, me sinto muito feliz de fazer a diferença para mais pessoas do que faria como jogador. Acho que trabalhando na GC hoje eu sinto que estou contribuindo com o cenário dos esports de uma maneira real".

Agora, além do trabalho na GC, spacca pode ser encontrado com facilidade ao lado de rostos conhecidos do cenário na G3X. Para ele, a organização é um projeto "que dorme e acorda". "É pra criar conteúdo, né? Porque eu sei que não dá mais pra jogar do jeito que jogava. Eu consigo trocar tiro com alguns caras hoje, mas por inteligência porque não desaprendi a jogar".
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