Os melhores no Brasil em 2021: (7) – destiny

De revelação para uma certeza no cenário brasileiro, Lucas aparece mais uma vez no nosso ranking

Quando procuramos o significado da palavra 'destino' no dicionário, encontramos que é "tudo que é determinado pela providência ou pelas leis naturais". Também pode-se dizer que é "o que há de vir, de acontecer, futuro". Bom, podemos concluir então que pelas leis naturais, desde que esteja em solo brasileiro, Lucas "destiny" Bullo vai estar na lista de melhores jogadores do ano no Brasil.

É o que há de vir, vai acontecer, ele não deixa dúvidas disso. Desde que o ranking dos melhores no ano foi lançado pela DRAFT5, em 2018, Lucas só não esteve presente em 2019, ano que estava competindo fora do país, carregando a bandeira brasileira por terras norte-americanas. Entretanto, nas outras oportunidades ele estava lá, confirmando as palavras que encontramos no dicionário. Dessa vez, Destiny aparece no 7º lugar do nosso ranking, mas com certeza ele não está satisfeito.

INÍCIO

O primeiro contato de Lucas com o Counter-Strike foi aos 15 anos, por influência dos amigos. O que era apenas diversão, virou trabalho quando Destiny resolveu largar a faculdade para se dedicar ao sonho de ser atleta profissional. No início, o jogador, hoje com 23 anos, despontou ao lado de João "felps" Vasconcellos e Alexandre "xand" Zizi na Seven Wars e-Sports.

"Quando eu comecei a jogar os primeiros campeonatos, em 2013, na hora eu sabia que eu queria viver disso. Eu falei pra minha mãe que iria largar a faculdade e ela me apoiou", conta.

Entretanto, Lucas só se tornou profissional em 2015, quando entrou para a Dai Dai. De lá para cá, a carreira do jogador não parou de alavancar.

DE REVELAÇÃO PARA ASCENSÃO INTERNACIONAL

Luminosity | Foto: Divulgação/Twitter

Em 2016, a vida de Destiny mudaria para sempre. O jogador, com apenas 18 anos na época, foi eleito a revelação do cenário brasileiro. Isso abriu os olhos de vários times, que de imediato quiseram contratar o atleta. Lucas então escolheu a Luminosity Gaming como sua nova casa, ao lado de grandes nomes como Renato "nak" Nakano e Bruno "bit" Lima.

Após tanto sacrifício e dedicação em território brasileiro, havia chegado a hora de Lucas mostrar o seu talento para o mundo. "Foi uma sensação indescritível, de trabalho recompensado. Eu me dediquei muito pra ir pra fora e quando eu consegui foi muito emocionante", relata.

Entretanto, a adaptação em solo norte-americano foi complicada para o jovem atleta, que não conseguiu mostrar o mesmo desempenho dos anos anteriores. Após cerca de um ano na LG, a saída de Destiny foi confirmada e o jogador, ainda em 2017, foi parar na Tempo Storm.

O período no novo time também não foi dos melhores e Lucas novamente mudou de time, chegando até a Immortals. Na época, a organização acabara de ser vice-campeã do major, mas a line-up foi desmanchada. Cabia a Destiny e seus companheiros reerguer a equipe, o que não aconteceu.

No final de 2017, após ter seu visto de trabalho negado para atuar nos Estados Unidos, Destiny viveu seu pior pesadelo. Para completar, a Immortals decidiu finalizar as operações no CS:GO, deixando o jovem atleta sem casa para representar.

Foto: Lucas Spricigo/Draft5

VOLTA POR CIMA

Em 2018, após viver um pesadelo nos Estados Unidos, Lucas quis fazer um ano perfeito para dar a volta por cima. "Quando voltei dos Estados Unidos e soube que iria ficar no Brasil, eu quis fazer o ano mais próximo do perfeito, ou seja, ganhar tudo."

Dito e feito. O ano de 2018, tanto de Destiny quanto de sua equipe, foi perfeito. A Team Wild e a antiga revelação do cenário brasileiro conquistaram nove títulos no total. O bom ano colocou Lucas no topo do nosso ranking em 2018. Após encher os olhos do cenário brasileiro mais uma vez, Destiny voltou a alçar voos internacionais.

Dessa vez, o destino de Lucas foi a INTZ, liderada por Vito "kNg" Giuseppe. Vestindo a camisa dos intrépidos, Destiny realizou mais um sonho no Counter-Strike: disputar um major. "Participar do major em Berlim foi um sonho que nunca vou esquecer. Acredito que todo jogador de CS que nunca viveu isso sonha em participar".

Entretanto, após a participação no StarLadder Berlin Major 2019, o desempenho do jogador começou a cair. Isso, unido aos novos problemas com vistos trabalhistas, fizeram Lucas dar lugar a Ricardo "boltz" Prass na equipe. Assim acabava a segunda experiência internacional do jogador, que foi bem melhor que a primeira.

Foto: Igor Bezborodov/StarLadder

UMA VOLTA APÁTICA

Mais uma vez Lucas estava de volta ao Brasil. Dessa vez com mais bagagem internacional, o que poderia agregar bastante no jogo individual e coletivo do atleta. "Com minha experiência internacional em 2019, eu senti que ia voltar pro Brasil e ia agregar muito ao meu novo time".

Foi pela RED Canids que Destiny decidiu jogar em 2020. Entretanto, a temporada do jogador não foi vitoriosa como o de costume. Apesar de um início muito bom com a classificação para a WESG 2019 e para a ESL One Rio 2020 America Minor, o restante do ano foi muito apático. A RED passou por muitas mudanças em sua line-up e isso atrapalhou o desempenho individual do atleta.

"Com certeza toda mudança é feita visando melhorar a equipe no futuro, mas como mudamos muito e em pouco tempo, foi prejudicial. Por eu ser praticamente segundo IGL, isso afetou o meu desempenho individual, já que sempre quem foca no time tem menos chance de concentrar no próprio jogo, e precisa falar muito para encaixar os que estão chegando".

Mesmo assim, Lucas teve uma exibição em 2020 suficiente para o colocar mais uma vez no nosso ranking. Daquela vez, entretanto, o jogador amargou uma 19º colocação. Foi assim que o jogador prometeu para ele mesmo que 2021 seria diferente.

"No início de 2021, antes de voltar das férias, eu prometi pra mim mesmo que o ano ia ser diferente. Eu prometi que eu e meu time íamos conquistar muitas coisas boas em 2021".

Foto: Divulgação/Paquetá

UM BOM ANO

Mais uma vez Lucas cumpriu sua promessa. Dessa vez nem demorou muito. O ano de 2021 foi muito bom para o atleta e também para as equipes pela qual ele passou. No início da temporada, Destiny representou a Paquetá Gaming e, em apenas quatro meses, sua equipe conquistou três títulos: WESG Brasil 2021, Aorus League Brasil 2021 Season 1 e a Aorus League 2021 Season 1.

Vale ressaltar que os dois títulos da Aorus League são diferentes. Um é disputado somente entre as equipes brasileiras e o outro é disputado entre os times da América do Sul. Além disso, a grande final da WESG foi disputada presencialmente, na Jeunesse Arena, Rio de Janeiro. Para Lucas, esse início foi muito bom.

"O começo do nosso ano foi muito bom. Eu estava em um time com pessoas que eram meus amigos, o que deixou o clima mais leve. Além disso, conquistar três títulos em pouco tempo fez a gente se motivar ainda mais para o que estava por vir. Vencer um campeonato na LAN também é um sentimento especial".

Na sequência da temporada, a terceira colocação no CBCS Elite League Season 1 não tirou o ânimo da equipe, que deu a volta por cima. Em junho, a Paquetá conquistou o bicampeonato de duas competições ao vencer a Aorus League Brasil 2021 Season 2 e a Aorus League 2021 Season 2.

Em seguida, o time de Lucas venceu duas Ligas da Gamers Club: a Série A de julho e a Liga Gamers Club Série S Season 1. Depois disso, a Paquetá passou pelo seu pior momento no ano. A equipe de Destiny amargurou dois vice-campeonatos, o que desestabilizou um pouco os jogadores.

"Mais ou menos na metade do ano a gente começou a ter alguns problemas internos, o que interferiu bastante dentro do servidor. A gente não conseguia mais ser aquele time constante do início do ano".

Nem mesmo o título da BGS Esports 2021 animou a equipe. Logo em seguida, a Paquetá foi apática no classificatório para a IEM Fall, classificatório para o Major. Para Destiny, isso decretou o fim de mais um ciclo. "Depois dos dois classificatórios, a gente sabia que não tinha clima pra continuar. Ai o time desmontou", revela.

Reprodução: FiReSPORTS

Para a sequência da temporada, Lucas e Gabriel "nython" Henrique escolheram a Isurus para representar. A fiel dupla esteve junta desde a RED Canids e não seria agora que iriam se separar. Em dois meses na organização argentina, Destiny, Nython e seus companheiros disputaram dois campeonatos presenciais, ambos na Argentina. Para Lucas, fazer parte da Isurus desperta um sentimento diferente.

"É diferente fazer parte da Isurus. A organização oferece um suporte incrível pra gente, seja dentro ou fora do servidor. Parece que todo mundo que está aqui faz parte de uma grande família. Além disso, quando jogamos os campeonatos na Argentina, sentimos o calor da torcida da Isurus. Foi algo diferente", conta.

Em novembro, a Isurus ficou com o segundo lugar da FiReLEAGUE 2021, após perder para a 9Z na grande final. Já em dezembro, levantaram o troféu da La Liga Season 4: Supercopa de America depois de derrotar a Leviatán na decisão. Ao fazer um balanço da temporada, Destiny se diz satisfeito.

"Eu acredito que tenha sido um bom ano, tanto individual quanto coletivo. Apesar de alguns problemas, conseguimos conquistar um número bem considerável de títulos".

OS NÚMEROS DO 7º MELHOR NO BRASIL EM 2021

Sem sombra de dúvidas, Destiny contribuiu bastante para suas equipes obterem sucesso em 2021. O jogador foi MVP da BGS Esports 2021 e EVP em outras 16 oportunidades, como por exemplo na WESG Brasil, INVie 2021 e na FiReLEAGUE Latin Power Fall 2021. Com as conquistas individuais o jogador acumulou 104,4 DRAFT5 Points.

O rating anual do jogador foi de 1.10, o sexto melhor entre os 20 nomes, enquanto o ADR foi de 77.8. Além disso, o jogador teve uma taxa de impacto de 1.17, o sétimo melhor número no quesito.

Estar entre os melhores tem um sabor especial par ao jogador: "É muito bom aparecer na lista dos melhores jogadores. No Brasil temos muitos atletas qualificados, então ser escolhido para estar entre os melhores mostra que o ano foi bom pra mim e para minhas equipes. É uma honra aparecer no ranking, desde a primeira vez que apareci até hoje, fico muito feliz ".

PRÓXIMA TEMPORADA

A temporada de 2022 vai se iniciar com a expectativa de que seja melhor que a última. Sabemos que o mundo inteiro ainda enfrenta uma pandemia, porém, com a chegada dos imunizantes contra o COVID-19, temos esperanças de que tudo melhore e que em 2022 tenha mais campeonatos presenciais para serem disputados. Para Lucas, seria ótimo.

"Tomara que tudo isso passe o mais rápido possível. Que o mundo se recupere dessa fase horrível que passou nos últimos dois anos. Além disso, torcemos pra que mais campeonatos presenciais aconteçam em 2022. Claro que sempre prezando pela vida e pela saúde de todos".

Além disso, Destiny planeja e almeja títulos e um bom desempenho individual. "Podem esperar um Destiny muito dedicado e com muita vontade de vencer, igual sempre fui e sempre tive. Espero que 2022 seja um bom ano pra mim e pra minha equipe, pra que juntos a gente conquiste muitos títulos".