Começando por mudanças ousadas, passando por turbulências e chegando às glórias internacionais, o 2025 da Legacy foi uma montanha-russa de emoções. Relembre, em detalhes, como foi a temporada de Lucas "lux" Meneghini e companhia.
Depois de ficar de fora do Major de Xangai no final da última temporada, a Legacy apostou em mudanças ousadas para 2025: Gabriel "NEKIZ" Schenatto e Bruno "b4rtin" Câmara se despediram da equipe, dando lugar a lux e Vinicius "n1ssim" Pereira.
Preterido pela paiN, lux chegou ao clube para viver um novo desafio, passando a atuar como capitão, enquanto n1ssim estava sem jogar desde março de 2024, quando retornou ao banco da Sharks após um breve período emprestado à paiN.
Primeiro semestre foi, em sua maioria, turbulento para a Legacy | Foto: Sebastian Pandelache/PGLAinda assim, a nova Legacy teve um início promissor com o vice-campeonato da Frost and Fire South America, ainda na primeira quinzena de janeiro, mas oscilou nos próximos compromissos a nível doméstico que teve.
Apesar dos percalços, os brasileiros conseguiram duas importantes vagas em competições da mais alta prateleira da modalidade: IEM Dallas 2025 e PGL Bucharest 2025, sendo que nesta última venceu a Team Liquid do estreante Kamil "siuhy" Szkaradek antes de ser eliminada com 1V-3D.
Apesar da experiência ganha em solo europeu, a Legacy não conseguiu emplacar boas atuações no retorno à América do Sul, sofrendo um duro golpe ao cair diante da BESTIA na corrida pela terceira e última vaga no BLAST.tv Austin Major 2025 destinada ao continente.
As coisas até melhoraram à medida em que a equipe voltou à América do Norte e, apesar do terceiro lugar na ESL Challenger League S49 - NA, conquistou uma importante vitória no classificatório regional para a Thunderpick World Championship 2025.
Foto: Helena Kristiansson/ESLCom a inaptidão da BESTIA em conseguir os vistos necessários para disputar o Major de Austin, a Legacy acabou herdando a vaga dos argentinos no campeonato mais prestigiado da modalidade, onde teria que começar sua caminhada já a partir do Stage 1.
Mesmo sem muito tempo para se preparar, a equipe abraçou a oportunidade com unhas e dentes, passando, com muito sufoco, é verdade, pelo Stage 1 ao vencer Chinggis Warriors, Imperial e Wildcard. No Stage 2, em contrapartida, uma suave classificação com 3V-0D viria após triunfos convincentes sobre MIBR, 3DMAX e FaZe Clan.
O maior escalpo, entretanto, ainda estava por vir: embalada pela grande campanha na segunda fase, a Legacy acabou com a invencibilidade de 30 jogos da Vitality logo na abertura do Stage 3 e, embora tenha chegado à quinta e decisiva rodada com chances reais de classificação diante da MOUZ, não foi párea para o esquadrão europeu. De todo modo, saldo muito positivo e recado dado à elite.
Aos trancos e barrancos, Legacy foi longe e fez história no Major de Austin | Fotos: Michal Konkol/BLAST.tvMantendo a pegada do Major de Austin, a Legacy começou o segundo semestre em grande estilo ao garantir vaga em dois campeonatos internacionais: ESL Pro League S22 e BLAST Open Fall 2025.
Apesar do bom nível apresentado nos compromissos domésticos, a equipe não conseguiu se sair bem no retorno ao continente europeu, sendo eliminada precocemente tanto da BLAST Bounty Fall 2025, quanto da BLAST Open London 2025.
As coisas em nada melhoraram no mês de setembro, quando os brasileiros viram seus compatriotas da Imperial ir à Europa para buscar a vingança pelas derrotas sofridas no início do semestre, ficando de fora da fase presencial da Thunderpick World Championship 2025 e, não muito tempo depois, sendo eliminada precocemente da FISSURE Playground #2.
Legacy demorou a voltar a ter bom desempenho no exterior | Foto: Helena Kristiansson/ESLSem tempo para lamentações, a formação liderada por lux viajou à Suécia para tentar se reabilitar na ESL Pro League S22 onde, apesar de ter conquistado vitórias sobre NRG e FURIA, não foi párea para B8, Gentle Mates e Astralis, sendo eliminada ainda na primeira fase.
Foi então que algo aconteceu e a chave virou. Por mais que tenha chegado à China para a disputa da CS Asia Championships 2025 bem longe do bolo dos favoritos, a Legacy passou pela fase de grupos sem sustos ao bater Virtus.pro e 3DMAX. A derrota pela Team Liquid na corrida pela vaga direta nas semifinais acabaria por ser a prova de que, no fim das contas, há males que vêm para o bem.
O conto de fadas brasileiro ganhou sequência com vitórias sofridas sobre FUT e HEROIC, as quais alçaram a Legacy ao reencontro com a 3DMAX no jogo pelo título, onde a estrela de Bruno "latto" Rebelatto - o primeiro MVP brasileiro desde o longínquo ano de 2018 - brilhou e comandou a equipe rumo ao título da LAN de $1 milhão.
Ali, as feridas da equipe brasileira se curaram da melhor forma possível, com uma tão sonhada conquista a nível internacional. Não houve, contudo, tempo para celebrações: em poucos dias, a Romênia voltaria a ser o destino de lux e companhia, que agora chegariam como favoritas à PGL Masters Bucharest 2025.
Legacy ergue a taça da CS Asia Championships 2025 | Foto: Divulgação/Perfect WorldMesmo com a ressaca do título - e da longa viagem da Ásia à Europa -, a Legacy fez o dever de casa e avançou à etapa decisiva com triunfos sobre Gentle Mates, Astralis e FlyQuest. Nas quartas, a equipe se viu à beira da eliminação diante de seus compatriotas da paiN, mas lux fez valer da "lei do ex", recolocando seu time no jogo com um belo clutch 1v3 de Desert Eagle que seria o catalisador para a virada.
Um jogo bastante truncado diante da SAW seria o prelúdio para o maior desafio de Eduardo "dumau" Wolkmer e companhia até então: a decisão diante da Aurora de Ismailcan "XANTARES" Dörtkardeş sedenta por um inédito título.
Os turcos, inclusive, saíram na frente com um dois a zero na MD5 e, por mais que a Legacy tenha buscado um heroico empate e tenha ficado muito próxima do título, acabou perdendo o quinto e decisivo mapa por dramáticos 13-11, ficando com o vice na capital romena.
De todo modo, as duas finais em duas semanas deram um gás espetacular para a equipe brasileira às vésperas do StarLadder Budapest Major 2025, o compromisso mais importante do semestre para o qual a Legacy chegaria como melhor ranqueada no Stage 1.
Major de Budapeste acabou de forma precoce para a Legacy | Foto: Divulgação/StarLadderPor mais que fosse uma das favoritas a avançar à segunda fase de forma invicta, a escalação liderada por lux parece ter visto as três semanas sem jogo pesarem, a começar por uma derrota doloridíssima diante da FlyQuest na estreia, onde chegou a estar vencendo por 10-4 na MD1.
As coisas até melhoraram com os convincentes triunfos sobre Rare Atom e RED Canids, mas as derrotas diante de B8 e PARIVISION - esta última sofrida após Dzhami "Jame" Ali comandar uma épica virada para o lado russo - colocaram um fim precoce ao sonho de fazer história no Major de Budapeste.
Apesar do fechamento de ano melancólico, a Legacy mostrou que pode sim competir com as principais forças da modalidade e, mais do que isso, brigar por títulos de alto nível. Para isso, no entanto, será preciso buscar a consistência que não se viu ao longo de 2025.
A expectativa é de que a equipe não passe por grandes mudanças no elenco para a próxima temporada, com a exceção sendo a saída do treinador chucky, oficializada ainda no último sábado (20). Manter a base é fundamental para que a continuidade de um trabalho que, a longo prazo, tem tudo para dar ainda mais alegrias ao torcedor brasileiro.