Os melhores no Brasil em 2021: (11) - lucaozy

Jogador ficou boa parte do ano no exterior, pesando contra o número de torneios que disputou no Brasil

por Gabriel Melo / 12 de Jan de 2022 - 18:00 / Capa:

Original do latim, o nome Lucas significa "luz", "brilhante" ou "o iluminado". E o Lucas retratado nesse texto é, realmente, um personagem brilhante no Counter-Strike nacional pelo o que já conseguiu em quatro anos competindo no FPS da Valve. Estamos falando de Lucas "Lucaozy" Neve

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Além de brilhante, lucaozy também é iluminado e, sempre com desempenho acima da média, ajudou as organizações que representou a ficar sob os holofotes. O rifler foi determinante para as boas campanhas realizadas pela Sharks no ano de 2021, o qual terminou ocupando a 11ª colocação da lista de melhores jogadores no Brasil da DRAFT5.

OBRIGADO, BRUTT

lucaozy nasceu em Cascavel, no Paraná e conheceu o Counter-Strike na época do Natal, quando tinha por volta de 12 anos, por influência dos primos, que o levou para a lan house. Antes, assim como muitos outros aficionados por videogame, era viciado no clássico Grand Theft Auto (GTA).

Como foi apresentado ao Counter-Strike no período de transição entre as duas últimas versões do título, lucaozy iniciou logo no Global Offensive e é um dos muitos jogadores influenciados pelo sucesso obtido pela multicampeã escalação liderada por Gabriel "FalleN" Toledo.

Jogando Counter-Strike apenas por diversão, lucaozy não tinha pretensões de entrar para o competitivo. O fato mudou graças a indicação de um amigo, Matheus "brutt" Queiroz, que indicou Lucas para a Team Reapers, como dito pelo próprio, a primeira organização que o proporcionou um contrato e salário.

"A Reapers foi o primeiro time com salario/contrato que eu joguei e a minha entrada se deu por causa da amizade com meu eterno amigo brutt. Nós jogávamos muito pug juntos e sempre amassávamos os adversários. Quando eles precisaram de um jogador para o time, ele me chamou", contou à DRAFT5

lucaozy já começou no competitivo jogando as principais competições e, desde cedo mostrando ter potencial, evoluiu gradativamente. Com a Reapers, foi campeão da edição de junho da Liga Pro 2019 da Gamers Club e vice na ESEA Open Brazil Season 31.

PITBULL A SOLTA

No mesmo ano em que começou a competir, lucaozy passou pela experiência de sair de uma equipe e ter quer procurar uma nova casa. O jogador acabou deixando a Reapers após um mês na reserva, levando o mesmo período para ser oficializado pela DETONA, considerada naquela época uma das principais equipes do Brasil.

Entrar para o Canil foi determinante para lucaozy perceber que poderia seguir a carreira de jogador profissional de Counter-Strike. "Foi nesse momento que eu pensei que em largar tudo pra jogar CS", revelou.

Foi ao lado de outras promessas em ascensão e guiado sabiamente pelos veteranos André "tiburci0" Rossetto e o treinador Henrique "rikz" Waku, lucaozy se tornou um "pitbull a solta" pela DETONA, conseguindo resultados extraordinários nos primeiros três meses na organização: campeão do OMEN Atlantic Challenge e vice na quarta edição da LA League e Gamers Club Masters IV.

Divulgação/OMEN Atlantic ChallengeDivulgação/OMEN Atlantic Challenge

ALCANÇANDO O TOPO

Se no primeiro ano competindo lucaozy mostrou a credencial para a comunidade, no seguinte o jogador se consolidou como um das referências da DETONA. A temporada começou com, mais uma vez, a equipe tendo uma experiência internacional, que foi a seletiva para a primeira temporada da Flashpoint. Até que o início foi positivo, com uma surpreendente vitória sobre BIG, mas não mantiveram o ritmo na sequência e ficaram sem a vaga.

A equipe não retornou bem para o Brasil e continuou com performances abaixo do esperado, amargando Top 5 na segunda temporada do CLUTCH e no Redragon Challenge. A virada de chave para o time aconteceu com a reformulação feita no elenco em junho. Com isso, voltaram a ter o desempenho perto do ideal e resultados mais satisfatórios, como o vice na seletiva sul-americana para a ESL Pro League Season 12, o Top 3 no CLTUCH Season 3.

O final de 2020 para lucaozy reservou ainda o convite para a Sharks e a primeira aparição do jogador no prêmio da DRAFT5, quando eleito o 10º melhor no Brasil. O primeiro compromisso do atleta pela nova equipe foi a 5ª Gamers Club Masters, na qual os Tubarões foram eliminados nas semifinais pela 9z.

Leo Muraoka/LnK GamingLeo Muraoka/LnK Gaming

TUBARÃO COM SEDE DE TÍTULOS

A Sharks começou a temporada passada competindo no Brasil, chegando nos confrontos finais de boa parte das competições que disputou: vice-campeonatos na WESG e na divisão sul-americana da DreamHack Open March, além do Top 3/4 na Aorus League Brazil Season 1. Apesar de ter subido ao pódio em todas essas competições, lucaozy não vê como positivo o início de 2021 para os Tubarões.

"Sinceramente, não acho que o começo de 2021 foi positivo. No papel, o time tinha vários destaques, e era muito forte. Com os vices e o Top 3/4 da Aorus, ligamos um alerta dentro do time, que precisávamos trabalhar mais e melhor para dominar o cenário brasileiro", avaliou.

Quando questionado sobre o que faltou para a Sharks sair com o título nos três campeonatos, lucaozy afirmou que, "mesmo sendo um time de destaques, acredito que todos cometem erros bobos, que vão melhorando com o tempo. Acredito que faltou calma em muitos momentos decisivos, o que causou a derrota na final ou em fases anteriores".

Após uma rápida passagem pela Europa, utilizando o cenário local como preparação e até disputando uma seletiva para a IEM Summer 2021, a Sharks retornou ao país para o primeiro desafio classificatório do PGL Major Stockholm 2021, o Regional Major do CBCS Elite League Season 1. Foi mais um torneio no qual os Tubarões bateram na trave, sendo vices por conta da derota sofrida para o MIBR na grande final.

Na opinião de lucaozy, o RMR foi mais um torneio que "faltou um pouco de calma para fechar a Inferno. Estávamos ganhando de 13 a 7, se eu nao me engano, e o pancc teve um problema com a internet, em um forçado dos caras. Perdemos esse round e, dali para frente, não conseguimos manter o ritmo da partida. Mérito do MIBR, mas acredito que o nosso psicológico foi o fator que mais pesou para a derrota, que foi muito triste para nós".

Augusto Nobre/SharksAugusto Nobre/Sharks

Passado o torneio, lucaozy e Sharks retornaram para a Europa, onde ficaram por dois meses treinando e participando de competições locais, mas em nenhum obtendo resultados positivos.

Dessa vez, o jogador apontou a falta de experiência: "Foi a primeira vez que alguns jogadores da nossa equipe, realmente, ficaram um tempo maior na Europa, treinando contra times de Tier 1 e 2". lucaozy disse ainda que a equipe fez boas partidas e que, "no Brasil, o pessoal não tem muita noção disso, mas os times Tier 2 da Europa são extremamente fortes pois jogam diversos campeonatos ao longo do ano. Me arrisco a dizer que a quantidade de mapas que jogam, em um mês, um time brasileiro joga no semestre e isso faz muita diferença"

lucaozy lembrou que "a Gambit saiu do Tier 2 e hoje é um dos melhores times do mundo" e revelou que sentiu diferença na pare tática dos times, em relação ao Brasil, enquanto na individual, skill, não.

A Sharks retornou ao Brasil para disputar mais um RMR, a segunda edição do CBCS Elite League e, novamente, acabou amargando o vice-campeonato, agora perdendo para Bravos na decisão. lucaozy garantiu que a adversária não surpreendeu os Tubarões: "Para mim, o nosso maior rival esse ano foi a nossa mentalidade. Quando ganhamos do MIBR na semifinal desse RMR, comemoramos muito como se fosse a final. Para mim, ali a gente perdeu. Antes de jogar contra a Bravos, já tínhamos perdido. Não entramos com a mesma garra, vontade e exigência para a final contra eles".

A Sharks continuou competindo no Brasil, parando nas semis da Aorus League Brazil Season 3 e do CBCS Retake Series Season 2. "Acredito que, quando perdemos para a Bravos no segundo RMR, todos do time deram uma desanimada e o resultados desses campeonatos foram a prova disso. Jogamos muito mal esses dois torneios", avaliou.

O jogador completou dizendo que "foi uma época ruim do nosso time. Não estávamos jogando bem, faltaram coisas nesses campeonatos. Porém, eu acredito que foi importante para depois trabalharmos o dobro e voltarmos a jogar no nível que estávamos jogando".

REDENÇÃO

No melhor estilo água mole, pedra dura tanto bate até que fura, depois de muito ficar no quase, a Sharks, enfim, soltou o grito de campeã na temporada passada. O primeiro título foi o da divisão sul-americana da DreamHack Open September 2021 após vitória sobre a 9z. Apesar do triunfo, lucaozy disse que nesse torneio o time não mostrou 100% do potencial, "mas jogamos muito bem".

"Eu queria muito ganhar esse campeonato, mesmo com alguns deslizes em outros torneios, nenhum tinha o tamanho da DreamHack. Então, pra mim, era muito importante ganhar", disparou.

lucaozy disse ainda que o título "foi muito importante para dar confiança para o nosso time e mostrar que estávamos no caminho certo. Quando você perde alguns campeonatos, você se pergunta se está indo para o lado certo e essa DreamHack, para nós, serviu para voltarmos ao eixo".

A segunda grande conquista no ano para o jogador e para a equipe foi a classificação para o Major de Estocolmo. A vaga foi conquistada na IEM Fall: South America, quando a Sharks venceu o MIBR na semifinal do último RMR. Mas foi mais um campeonato no qual os Tubarões foram vice-campeões, novamente para Bravos.

"Foi o ápice do nosso ano. Todo o trabalho, o quanto a gente lutou. Eu entendi que tudo vale a pena ali. A realização do sonho de todos que jogam CS profissionalmente. Para a galera que está começando, lute pelos seus sonhos, aproveitem as suas conquistas. Mas nunca perca a humildade e é isso que vai te diferenciar dos outros", afirmou.

Divulgação/SharksDivulgação/Sharks

A Sharks estreou no Major pelo Challengers Stage, perdendo para MOUZ na Inferno por por 16 a 6. Na sequência, revés pelo apertado 16 a 14 na Mirage para TYLOO. A eliminação ainda na primeira fase veio com a derrota para a paiN Gamin por 2 a 1, de virada: 19 a 16 na Vertigo, 20 a 22 na Ancient e 4 a 16 na Nuke.

Disputar o Major foi descrito por lucaozy como "a melhor experiência que tive no CS até hoje. Quero viver isso mais 500 vezes possível". Em relação a desempenho, o jogador garantiu que o time "fez tudo o que podia. Primeiro jogo contra a MOUZ foi muito difícil para nós, porém contra TYLOO e paiN a gente teve o jogo na mão e deixou deslizar. Não consigo parar de pensar que se a gente não perde alguns rounds bobos, poderíamos ter ficado 2-1 e com chance de ir mais longe".

Passado o Major, a Sharks disputou o ESL Pro League: Conference Season 15, no qual também não foi muito longe, e o Exeedme Revolution, sendo eliminado nas quartas. O mesmo aconteceu com o time, já no Brasil, durante a BLAST Rising LATAM 2021. Mas no último compromisso do ano, mais um título, o do CBCS Finals 2021, após bater o MIBR por 3 a 0 na decisão.

Para lucaozy, tal conquista "foi um título legal para o nosso time, com realziN e pancc. Lutamos muito em 2021 e, mesmo que as coisas estivessem ruins dentro no servidor, sempre nos entendemos muito bem fora. Antes da final, já sabíamos que não iríamos continuar juntos para 2022. Então, para mim, a sensação desse campeonato foi muito gostosa. A gente aproveitou cada segundo e fiquei feliz de ter ganho esse campeonato. Muito disso foi por eles dois, queria que todos saíssem feliz daqui".

O 11º MELHOR EM 2021

Assim como em 2020, lucaozy jogou poucos torneios no Brasil, mas desta vez pelos muitos momentos que viajou junto a Sharks para a Europa. Contudo, todas as vezes que a equipe precisou do atleta, ele representou muito bem a camisa que veste. Prova disso foi o nome do jogador ter aparecido em nove listas de melhores nos campeonatos cobertos pela DRAFT5, acumulando assim um total de 67,2 D5 Points.

Avaliando o próprio ano, lucaozy disse que "individualmente e, com a Sharks, foi o melhor ano da minha carreira. Fiz ótimos campeonatos lá na Europa, o que pra mim conta muito porque não adianta você jogar bem no Brasil, ir para fora e ver o seu nível cair dramaticamente. Joguei melhor os torneios na Europa do que os no Brasil. Com a Sharks, foi o ano que conquistamos o sonho de ir para o Major".

Quanto voltar a ser eleito um dos melhores no Brasil pela DRAFT5, lucaozy afirmou que "sempre fui um cara que trabalhei muito em todos os times que passiu e, para mim, as oportunidades e o reconhecimento estão normalmente disfarçados de trabalho duro. Por isso que a maioria das pessoas não acha, mas fico feliz de estar achando".

BOLD PREDICTION PARA 2022

Da tradução literal, bold prediction significa “previsão ousada”. Este termo é utilizado em pesquisas com jogadores que se destacaram e dão palpites de quem será um dos possíveis nomes que tem de tudo para aparecer entre gigantes em breve. Categórico, lucaozy coloca Cauã "card" Cerioni do MIBR Academy, dizendo se tratar de "um bom AWPer e que, se tiver a cabeça certa, sem dúvidas pode se tornar um jogador que vai estar aí".