Os melhores no Brasil em 2020: (9) - nython

Jogador teve EVPs em diversos grandes eventos do ano, incluindo duas edições do CLUTCH e GC Masters V

Foto: Arte/DRAFT5
Afastado dos consoles durante a infância por estar sempre perto de uma bola de futebol, Gabriel “nython” Lino possuía o estereótipo brasileiro. Vivendo na cidade que o rei do futebol residiu por muito tempo, não era muito ligado ao mundo virtual, até que, como grande parte dos jogadores, seria apresentado ao novo universo por algum familiar. Indo à casa de seu tio, teve o primeiro contato com o Conquer Online, MMORPG lançado em 2004. Depois de ver o primo jogando com o pai, teve interesse e foi atrás de um CD, instalando o jogo e possuindo o primeiro contato com o universo eletrônico aos 11 anos. O santista acabou jogando por um tempo, mas nenhuma paixão o prendeu tanto, até que conheceria o World of Warcraft, responsável por colocar o nome que carrega nas costas até hoje. Por não saber qual nickname utilizar, acabou apertando a opção de “nome aleatório” dentro do WOW. O nome gerado foi nython e, fazendo amigos virtuais no título da Blizzard, acabou ficando por aí mesmo.

CONTATO COM O FPS

Antes de chegar no Counter-Strike, o caiçara se aventurou no League of Legends, que na época, era o hype do momento, mas a relação não durou tanto tempo. Jogando e acompanhando o cenário de Crossfire em 2015, viu a junção de ídolos dos esportes eletrônicos. Gabriel “FalleN” Toledo, Fernando “fer” Alvarenga e Lincoln “fnx” Lau, juntos, no jogo criado pela NEOWIZ. Entretanto, o amor pelo Crossfire não cresceu, e sim o desejo de rumar ao Counter-Strike, seguindo o caminho do trio. Começando a jogar no fim de 2015, sofria com os equipamentos que tinha. “Comecei a jogar CS por causa deles [!fallen!], mas meu computador era ruim. Até que três anos depois, consegui pegar um PC razoável, além do meu amigo PIT, que conheci no CS, me ajudar com um monitor 144hz. Depois disso, realmente foquei no jogo”, afirmou. Não sendo do seu apreço jogar com desconhecidos, nython sempre optou por jogar com amigos, principalmente com os que conversava diariamente no Team Speak. Portanto, assim que recebeu o computador, montou o “WHOWE?”, time que o lançaria para o competitivo. Além do próprio, que na altura era capitão, a formação contava com Lucca "luckzaum", Lucas "Lub" Baracat, Marcelo "w0nkss222" e Felipe "Nolkz" Rodrigues. Mesmo com pouco tempo juntos e experiência mínima, alcançaram duas semifinais na Liga Principal, que naquela ocasião, era considerada a “segunda divisão” do Counter-Strike nacional. Ao brilhar com o quarteto de amigos, foi chamado por INTZRED Canids.

FOCO NA AWP E CHEGADA NA MATILHA

Enquanto esteve ao lado dos amigos no mix, além de capitanear o time também era quem puxava a AWP dentro do servidor, mas não a ponto de assumir aquela função como a principal. Quando foi chamado pela INTZ, disse que não era AWPer, apenas “puxava as vezes”. Por isso, depois de completar em uma MD1 para os intrépidos, acabou não ficando na organização, que optou por buscar um jogador focado em exercer tal função. Passada uma semana da não-permanência, foi adicionado na Steam por Adriano "WOOD7" Cerato, que também o perguntaria sobre a função dentro do servidor: “Na hora falei que não podia perder outra oportunidade e acabei virando AWPer”, revelou. Acabou se juntando oficialmente ao elenco da RED Canids, que já havia demonstrado interesse no jogador. Agora, apesar de ser jogador de pelada nas horas vagas, viraria um jogador profissional de Counter-Strike brasileiro. “Quando eu cheguei na RED, estava com muita vontade de fazer dar certo. Era minha primeira oportunidade em um time de verdade e eu já era um cara mais velho, com 21 anos. Então, assim que chegou a proposta e eu me firmei no time, tranquei minha faculdade de engenharia mecânica para fazer dar certo”, relatou. Nos primeiros compromissos sob o manto da agremiação os resultados não foram os melhores. Eliminação na ESL Brasil Premier League S8 e queda em dois classificatórios distintos da Esportal Global mostraram que o trabalho para alcançar o topo não seria fácil. Dando sequência aos primeiros torneios, conquistaram a vaga nas finais da Esportal na terceira tentativa. Na virada de mês, também asseguraram lugar na Up Expo Game 2019 ao superar a Falkol no embate decisivo. Os meses passaram, torneios foram jogados e a evolução foi contínua. WOOD7, jogador que flexionou nython para AWPer, era o capitão da matilha que vinha crescendo em solo nacional. Durante os quatro meses no plantel titular do clube, foram duas finais: UP Expo Game 2019 e Liga Profissional de julho, perdendo para ReapersVivo Keyd, respectivamente. Entretanto, durante essa estadia sequencial na RED, mudanças dentro do time aconteceram. Renato "nak" Nakano, Bruno "latto" Rebelatto e fnx entraram no projeto, visando a primeira temporada do CLUTCH. O resultado no primeiro split não foi como esperado, ficando em sexto lugar, mas o santista avalia o tempo junto como importante para o seu crescimento: "Me apresentaram o projeto com nak e outro jogador que não quiseram falar, que era o fnx. Só descobri no anúncio e foi muito daora jogar com eles. Aprendi demais com a experiência que me passaram".
nak e nython juntos durante o CLUTCH | Foto: Rafael Veiga/DRAFT5
O novo quinteto também jogou o classificatório para a OMEN Atlantic Challenge, mas caíram para a DETONA.

PILAR NA RED E IMPORTÂNCIA DE WOOD7

Antes mesmo do CLUTCH, mudanças foram feitas e a matilha optou por criar um "segundo time", apelidado como Team RUFUS. A equipe consistia nos jogadores que já estavam na organização antes. WOOD7, Kaique "kaiG" Guidotti, Leonardo "LeoGOD" Silva e Willian "Xamp" Caldas, treinador, rumaram à RUFUS, enquanto Nython permaneceu no time principal. Focado e escolhido para ser peça chave na reestruturação da equipe principal da RED Canids, nython pode ser considerado como pilar da nova fase da matilha. O atleta mostra-se muito grato pelos ensinamentos que recebeu de WOOD7. Por isso, sobre o capitão, não poupa elogios: "Com certeza o WOOD7 foi o cara que mais me ajudou a evoluir como jogador. Na época que entrei no time, nem AWP era e conversei bastante com ele. Ele me ajudou muito na adaptação e ensinou muita coisa, deixando eu jogar de rifle até hoje e criando meu próprio estilo de jogo. Se eu estou aqui hoje, é muito por causa dele". Fechando o recheado ano de 2019, Gamers Club Masters IV e CLUTCH foram os últimos torneios jogados. Os lobos chegaram com alta expectativa para o Major brasileiro, mas acabaram dando adeus à competição sem vitórias, perdendo para RUFUS, Isurus e DETONA sem sequer fazer um mapa. Já no final do CLUTCH S1, após classificação em primeiro lugar na fase regular, o segundo lugar voltaria a assombrar nython, perdendo para a paiN Gaming na grande final.
Elenco da RED Canids reunido em Maresias, na GC Masters IV | Foto: Lucas Spricigo/DRAFT5

LOBOS REFORMULADOS

Ano novo, vida novo. Temporada nova, jogador novo. Agregando ainda mais ao elenco que vinha em constante evolução, Lucas "DeStiNy" Bullo foi contratado para o lugar de Matheus "pesadelo" Panisset. Os dois primeiros campeonatos jogadores foram promissores, vencendo a segunda seletiva aberta do Americas Minor e conquistando o lugar no evento principal ao superar a Isurus na final do classificatório fechado. Mas, infelizmente, pouco faria diferença por conta da pandemia do Covid-19, que cancelaria a edição final da WESG. Logo depois da reformulação da Valve sobre o acesso ao Major, o Road to Rio SA era o foco da matilha, que mesmo cotada como uma das favoritas, se despediu da competição sem vitórias, perdendo para BOOM, IsurusImperial, somando apenas 1300 pontos no sistema RMR. A próxima experiência seria a segunda temporada do CLUTCH, que após começar presencialmente, foi forçada a tornar-se online por conta do vírus global. Por lá, no que viria a ser a última vez de nython com fnx e nak no servidor, a RED voltou a colocar medo nos rivais. Com campanha majestosa na primeira fase (4V-3E-0D), chegaram aos playoffs com grande expectativa da torcida. Venceram a Keyd sem dificuldades, mas acabaram amargando mais um vice-campeonato de CLUTCH ao ser amassada pela W7M, que na altura contava com o emprestado Rinaldo "ableJ" Moda na composição. Sendo o torneio derradeiro para nak e fnx com a camisa da RED, novas peças viriam para o restante da temporada e, mais uma vez, nython seria fulcral para os novos passos da organização no Counter-Strike.

CAMPEÃO EM 2020

Olavo "heat" Marcelo e Denner "KHTEX" Barchfield foram oficializados para o restante da temporada. Dessa vez, o profissional de 21 anos não estava sozinho no trabalho de ser peça fundamental para a remontada da matilha no Counter-Strike. Ao seu lado, tinha a jovem promessa latto e DeStiNy, experiente jogador com rodagem internacional. Enquanto o primeiro evento não foi legal para a promissora formação, a GC Masters V deu um gosto de quero mais para o novo elenco. No Redragon Challenge, mais uma derrota para os bulls da W7M, ficando na oitava colocação. Em contrapartida, a exibição foi muito melhor no Major brasileiro após dois meses de treino. A queda foi ainda na semifinal, mas para a campeã - e hegemônica - BOOM. O gostinho de quero mais era real. O classificatório da WESG 2019 foi o torneio final antes da pausa de agosto. Por lá, os lobos superaram a paiN Gaming de Rafael "saffee" Costa na final, conquistando a vaga do evento que não viria a acontecer por causa do status do mundo real. Entretanto, com 1.17 de rating, nython foi crescendo gradativamente, ainda mais somando +17 de K/D na decisão, sendo o melhor jogador da MD3 de forma disparada. A pausa viria, e chave viraria. É verdade que o Tribo To Major repetiu o feito da GC Masters e deixou um gostinho de quero mais. O elenco liderado por KHTEX foi eliminado pela argentina Isurus. Contudo, a evolução mais uma vez era notável, o que seria provado no próximo compromisso - e o mais importante para o time. Renovado, o CLUTCH teria sua terceira edição. Liderando do início ao fim com a Sharks, a RED avançou aos playoffs com sete vitórias em nove jogos, somando 19 pontos. No famigerado mata-mata, buscaram vingança contra a Isurus e venceram a Sharks de virada na semifinal, onde mais uma vez nython foi um dos destaques positivos (1.22 rating e +14 K/D). Naquela altura, vale relembrar que heat tinha deixado o elenco titular da organização, dando espaço ao emprestado Alef "tatazin" Pereira. Enfrentando os inspirados tubarões na melhor de cinco valendo o título, a RED saiu na frente por chegar da upper bracket. Os outros três mapas seguintes foram trocados, com o placar ficando em 2 a 2. Train, o último mapa da série, com certeza assustou muita gente, visto que depois de abrir 10 a 5 no lado vantajoso, a RED deixou o jogo chegar na prorrogação. Mas, sem sustos desta vez, fechou a partida em 19 a 17 no overtime, finalmente podendo soltar o grito de "é campeão".
Depois de perder diversas finais, nython finalmente pôde gritar "é campeão" | Foto: Rafael Veiga/DRAFT5
"A sensação de ganhar o CLUTCH foi muito boa, ainda mais tendo ficado em segundo nas duas primeiras edições. Foi a sensação de dever cumprido, que finalmente deixei o fantasma do vice para trás", afirma o atleta. Por fim, já reformulada com David "dav1d" Tapia e Victor "togs" Rapassi, este sem ser definitivo, a GC Masters VI acabou curta para a matilha, que sem tanto tempo para treinar com as novas adições, ficou difícil fazer boa campanha e acabou sendo eliminada ainda na fase de grupos para a Havan Liberty. De qualquer forma, o saldo da temporada de 2020, coletivamente falando, foi positivo. O começo foi conturbado, mas o ano foi finalizado com chave de ouro - e claro, afastando o fantasma do vice-campeonato. Porém, mesmo com bons resultados, nython não vê 2020 como uma boa temporada, mas benéfica no fator experiência. "Meu ano de 2020 foi um pouco ruim por causa do corona. Não jogamos diversos campeonatos, como o minor no RJ, mas adquiri muita experiência e estou muito mais completo para 2021".

O 9° MELHOR NO BRASIL EM 2020

Sempre presente nas cabeças do cenário nacional, mas pouco falado por grande parte da comunidade, 2020 foi um ano de mudanças para nython. Além de mais uma vez demonstrar a flexibilidade que tem em jogar de rifle ou AWP, teve visibilidade aumentada pelas boas atuações na temporada passada, inclusive sendo o principal destaque da equipe que levantou o caneco do CLUTCH S3. além do troféu da WESG Online.
Arte/DRAFT5
No CLUTCH S2, onde foi vice-campeão, foi elencado como um dos EVPs, tal como na GC Masters VI, onde mesmo não alcançando as melhores posições, teve destaque com 1.13 de rating. Sendo o melhor campeonato individualmente falando. A terceira temporada do CLUTCH quase foi melhor ainda para nython, que por pouco, não foi considerado MVP DRAFT5 da competição. Por lá, 1.18 de rating 2.0, 74.4% de KAST e +63 de K/D, possuindo o segundo maior dentre os participantes. Com 30 clutches somados, foi o sétimo que mais venceu no Brasil, assim como o décimo jogador com mais impacto dentro do jogo. Totalizando os dados, o jogador teve 50.8 D5 Points, 3.8 a mais que o décimo lugar e 2.1 a menos que o oitavo.
Arte/DRAFT5
Sem fazer ideia da posição que estaria no TOP20, nython acertou ao indicar que Santino "try" Rigal e dav1d estariam presentes na listagem de 2020. Para a próxima temporada, apostou no companheiro de equipe togs.