horvy relembra passagem pela Immortals: "Era muito difícil ter sucesso, para não dizer impossível"

Uma das grandes promessas do CS:GO brasilerio que ainda não vingaram, horvy está de casa nova em solo europeu

por Lucas Benvegnú / 14 de Set de 2020 - 11:43 / Capa: Lucas Spricigo/DRAFT5
Tido como uma das grandes promessas do Counter-Strike brasileiro, João "horvy" Horvath definitivamente passou longe de ser o que todos esperavam de um jogador que, mesmo tão jovem, já impressionava pelas atuações dentre os grandes na FPL europeia.

Entre indas e vindas, a carreira do atleta de 22 anos acumula bons e maus momentos. Em entrevista concedida ao site português fraglider.pt, o brasileiro falou sobre os altos e baixos de sua trajetória. Separamos os melhores trechos, os quais você confere abaixo.

ELENCO RACHADO


Depois de impressionar pelas atuações junto à k1ck em solo português, ainda em 2017, horvy foi negociado com a então finalista de Major Immortals. Na organização norte-americana, o prodígio permaneceria como sexto jogador, mas logo seria convocado para compor a escalação titular devido às polêmicas envolvendo Vito "kNg" Giuseppe e os irmãos Teles.

"As polêmicas em si não me afetaram muito, porque sabia que não tinha nada a ver com o que tinha ocorrido naquela época. Respeitava muito todos os jogadores que estavam naquela equipe e fui colocado numa situação que era muito difícil ter sucesso, para não dizer impossível."

Foto: HLTV.org horvy chegou à Immortals em um momento onde a equipe ia desmoronando | Foto: HLTV.org


"Cheguei a uma equipe que já tinha se separado e não foi por causa da minha contratação", relembra. "Ia ser muito difícil ter sucesso porque a equipe em si já tinha se dividido, alguns jogadores já estavam de saída e os que ficaram tinham propostas de outros times."

CHANCE DE OURO


Já em 2018, ainda preso ao contrato junto à IMT, o destino parecia sorrir para horvy. Na ausência de Olof "olofmeister" Kajbjer, o brasileiro teria a chance de completar a escalação da poderosa FaZe Clan durante a ESL One Belo Horizonte, justamente em sua terra natal.

Mas, por obra do próprio destino, o norueguês Jørgen "cromen" Robertsen seria o escolhido por Nikola "NiKo" Kovač e cia. para preencher a lacuna na formação europeia, criando assim mais um episódio de azar na carreira do brasileiro.

"Na época, a FaZe me chamou para jogar na ESL One Belo Horizonte porque eu estava jogando muito bem na FPL, jogava muitas vezes com o NiKo e mostrava um bom nível. Fiquei feliz por ter sido chamado por ele àquela altura, mas as coisas acabaram por não darem certo e fiquei obviamente bem chateado. Tantas coisas já tinham corrido mal para mim e faltou sorte para mim em algumas situações", revela.

Após flertar com horvy, mas jogar com cromen, FaZe sairia triunfante em Belo Horizonte | Foto: Lucas Spricigo/DRAFT5


"Acho que poderia ter dado um salto na carreira, mas seria momentaneamente porque eu joguei lesionado todos estes anos na minha carreira e eu nunca consegui ser consistente. Primeiramente, pela lesão em si tinha que jogar à base de remédios para conseguir aguentar essa dor no braço e ombro, então seria uma coisa muito complicada para mim."

"Acho que naquele campeonato jogaria muito bem porque não ia precisar de treinar muito, mas a longo prazo o resultado não seria positivo por não conseguir mostrar consistência devido á lesão", analisa.

INCÔMODA LESÃO


horvy ainda contou mais detalhes sobre a lesão que o afligiu por praticamente toda a sua carreira, revelando ter, por muito tempo, jogado à base de remédios para minimizar as dores que sentia devido ao ferimento sofrido anos atrás.

"Quando queria ser chefe de cozinha e estava em estágio acabei por cair, lesionando o meu braço e o meu ombro. O que eu tive foi uma lesão na parte de rotação do ombro, o que é horrível e o meu tendão acabou por inflamar por causa da pancada que dei também com o pulso", conta.

Durante muito tempo, horvy teve seu jogo prejudicado por uma lesão no braço e no ombro | Foto: Lucas Spricigo/DRAFT5


"Todos os dias que fazia qualquer tipo de coisa, o meu tendão inflamava. Fiz tudo o que podia segundo o que me era passado pelos médicos e julgo que foi por culpa deles que demorei tanto tempo a recuperar. Sempre fazia os alongamentos, fiz a fisioterapia de três meses e eu acho que a lesão foi mais grave do que os médicos calcularam na altura."

"Acabou por me atrapalhar por muito tempo, mas o exercício físico e a academia no sentido de reforçar a minha musculatura me ajudaram bastante. Hoje me considero sem dor, não tenho mais nenhum tipo de problema e acho que estou 95/98% recuperado para não dizer 100%."

O brasileiro ainda dá uma viso aos jogadores que querem competir no alto nível: "No geral estou e sinto-me bem e acho importante destacar este ponto para os jogadores que acham que o físico não é importante, digo que tem uma diferença muito grande e acaba por ter uma performance muito melhor do que ser uma pessoa sedentária", crava.

INTREPIDEZ 


O atleta de 22 anos ainda comentou sobre sua passagem pela INTZ em solo norte-americano, onde atuou juntamente de kNg juntamente da line-up comandada por Alessandro "Apoka" Marcucci, com quem obteve alguns resultados expressivos, mas falhou em alçar vôos tão altos quanto os esperados pela torcida brasileira.

"Ter jogado com eles foi muito bom, aprendi muito com o kNg, ele é uma pessoa excelente e gosto muito dele. Ele sempre me apoiava dentro do time e tenho um grande respeito e carinho por ele por tudo o que ele fez por mim e por ser uma época muito difícil para mim", relembra.

Foto: HLTV.org horvy acredita não ter conseguido mostrar seu melhor jogo junto da INTZ | Foto: HLTV.org


"Aprendi bastante com todos eles, principalmente com o Apoka, muito bom coach e pessoa, ele é um ídolo para mim. Com toda a certeza, foi uma experiência enriquecedora. Dentro do jogo, aprendi muito com eles e sou muito grato a todos eles", conta.

"Acho que ajudei a equipe a alcançar alguns feitos, como a classificação para ESL Pro League, o Minor das Américas de 2019 em Katowice, PLG Grand Slam em Abu Dhabi e ainda chegamos na final do classificatório da DreamHack Open Winter que acabamos perdendo para a Bravado", analisa.

"Eu sabia que estava tendo um desempenho abaixo do ideal, mas eu sempre fiz o melhor que conseguia e jogava o máximo de tempo possível mesmo que tivesse de tomar um anti-inflamatório por dia", revela. "Fiquei muito triste com a estadia curta na INTZ por não ter conseguido mostrar o meu melhor e por outras coisas que aconteceram que prefiro não entrar em detalhes, contudo também fiquei feliz por algumas coisas que conquistei", celebra.

AVENTURA NO BRASIL


Sem espaço na América do Norte, horvy acabou por retornar ao Brasil para atuar pela Team Reapers, fazendo sua estreia na terceira edição da Gamers Club Masters, o Major brasileiro. Apesar de não ter alcançado resultados expressivos, o jogador valoriza a experiência adquirida durante a empreitada.

"Quando eu aceitei o desafio eu achava que seria uma forma de me mostrar novamente como jogador. Acreditava que estava recuperado da lesão e me enganei porque eu continuava a não ser saudável na questão de alimentação e exercício físico. O meu corpo não correspondia", afirma.

horvy durante a Gamers Club Masters III, onde representou os ceifeiros | Foto: Lucas Spricigo/DRAFT5


horvy ainda relembrou o carinho que tinha pelo eterno Matheus "brutt" Queiroz: "O primeiro mês de Reapers foi muito bom, os colegas de time eram muito bons, o brutt para mim era um irmão mais novo que tinha um carinho enorme por ele e pela família. Sinceramente, o primeiro mês foi muito bom", analisa.

NO VELHO CONTINENTE OUTRA VEZ


Desde seu retorno a Europa, horvy atuou por diversas equipes do baixo escalão do Counter-Strike da região, tais como a portuguesa Baecon, as europeias Adaptation e ex-Vexed, além da alemã No Limit Gaming. O brasileiro deu seu parecer sobre a abordagem adotada pelos europeus dentro do servidor:

"É um estilo de jogo um pouco mais conservador jogando mais em time, não que eles não tenham os seus momentos individuais, mas a abordagem é muito diferente, no caso das equipas da Alemanha. Percebe-se pela BIG, que antigamente era uma equipe com muita estrutura e isso só atrapalhava eles de vez em quando", analisa.

"(Na Europa) A cultura de Counter-Strike é completamente diferente e tive de me adaptar, o que demorou um pouco. Não foi fácil por ter de abdicar de muita coisa do meu próprio jogo para tudo dar certo", averigua.

Desde seu retorno ao Velho Continente, horvy virou um andarilho do Counter-Strike | Foto: fraglider.pt

UMA VALOROSA OPORTUNIDADE


Atualmente defendendo as cores da Cream Real Betis, horvy foi perguntado acerca do projeto da organização espanhola, também abordando o assunto de uma eventual migração para o VALORANT, FPS tático da Riot Games que vem tirando muitos jogadores do Counter-Strike, como foi o caso da lenda Adil "ScreaM" Benrlitom.

"Nunca pensei em trocar (para o VALORANT), cheguei a experimentar o jogo mas nunca me foquei nele. Na fase beta eu joguei um pouco com o ScreaM e com o HS, dos Nordavind. Acho que até jogo bem no VALORANT por trazer muitas coisas do CS para o jogo", acredita.

"O jogo não me interessou muito, achei muito devagar o estilo de jogo. Não é Counter-Strike, então a minha paixão pelo jogo não me faria mudar e acho que pelo menos nos próximos dois anos não será uma opção, tinha que mudar muita coisa", crê.

A curto prazo, horvy não pretende aventurar-se no VALORANT | Foto: fraglider.pt


Em relação ao projeto da Cream, o brasileiro não poupou elogios: "Felizmente, nessa troca de time tive algumas boas propostas na mão e algumas que estiveram perto de se concretizar. No entanto decidi aceitar a proposta para jogar ao lado de jogadores que têm futuro, que se dão bem, que gosto e acho bons. Gostei também muito do coach da organização e acima de tudo gostei da forma como fui tratado", exalta.

"Todos no time têm contrato de um ano e isso ajuda muito para construir uma estabilidade. A organização em si, pelo que conheci até agora, é excelente. Meu objetivo é ir o mais longe possível, mas vivo com as minhas decisões, conquistei algumas coisas que me fazem feliz e não posso reclamar das coisas que aconteceram comigo porque houve muitas situações difíceis de lidar, mas no geral houve muitas coisas boas que gostei bastante", finaliza.
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