CS:GO 8 anos – 8 conquistas por equipes brasileiras

Artigo reúne oito conquistas marcantes do Brasil no cenário competitivo de CS:GO

por Filipe Carbone / 19 de Ago de 2020 - 17:16 / Capa: Arte/DRAFT5
Nesta semana em que o Counter-Strike: Global Offensive completa 8 anos, buscamos celebrar mais um aniversário do jogo de uma forma diferente: preparamos oito textos com temas únicos selecionando oito singularidades sobre o jogo.

Em quase 3 mil dias de Global Offensive o mundo já foi testemunha de diversos momentos marcantes do jogo. Entre uma nova geração que desponta como promessa e acaba não dando certo, até jogadores da velha-guarda que deixaram o jogo (e saudades), há um hiato que é preenchido pelo ícone de premiação que todos os jogadores profissionais ou aspirantes sonham em levantar.

O troféu é o triunfo máximo na carreira de um jogador e, apesar de um ter mais valor (simbólico) do que o outro, é o pote de ouro do mundo competitivo. Para os brasileiros, uma das conquistas mais importantes não contou com um troféu, mas entrou para a lista criada com carinho pela DRAFT5 para relembrar um pouco da trajetória da bandeira verde e amarela pelo mundo virtual do Counter-Strike.

Clutch Con 2015


Valia troféu, mas chegou longe de chegar perto das mãos de uma equipe brasileira. No entanto, abrir a lista com este campeonato significa retornar cinco anos no tempo e lembrar o campeonato que foi o grande palco que colocou o Brasil de vez no cenário competitivo de CS:GO.

Equipe da KaBuM.TD recebeu convite para classificatório de Katowice 2015 | Foto: Reprodução/HLTV


A Clutch Con 2015 é a responsável pela história de um time brasileiro que teve que fazer vaquinha para conseguir viajar para a Polônia. A KaBuM.TD, na época representada por Gabriel "FalleN" Toledo, Fernando "fer" Alvarenga, Lucas "steel" Lopes, Ricardo "boltz" Prass e Caio "zqk" Fonseca precisou apenas chegar aos playoffs para mostrar o potencial que havia no cenário que, até então, não era explorado.

Jogando pelo Grupo D, os brasileiros conseguiram avançar para os playoffs depois de conseguir vencer a eLevate e a SRCry. Apesar do destino ser ingrato com uma primeira partida de playoffs contra a fnatic, a KaBuM já havia feito o suficiente para receber, posteriormente, o convite para o classificatório para ESL One Katowice 2015.

Em termos práticos não valia título, mas a apresentação feita pela KaBuM naquele torneio foi a grande responsável por todos os outros troféus levantados por mãos brasileiras no cenário competitivo de Counter-Strike: Globa, Offensive e que serão relembrados no decorrer desta lista.

MLG Major Columbus 2016


Coldzera conduziu Luminosity Gaming ao título | Foto: Reprodução/HLTV


"Here it comes, once again. The first face is adreN. Hes gonna hit the ground. Theres cold... Oh, what? The jumping double from cold! What is going on right now? How does he do this?". Era "apenas" uma semifinal, mas foi a narração que entrou para a história do Counter-Strike brasileiro. Ao falar de conquistas do Brasil no jogo, o milagre feito por Marcelo "coldzera" David se confunde com o troféu conquistado naquela competição.

Apesar de não ter conquistado nenhum grande torneio antes, a Luminosity Gaming já havia chegado em uma decisão de IEM contra a fnatic, onde perdeu por 3 a 0. No entanto, se Deus é brasileiro resolveu se provar justamente no campeonato mais importante do Counter-Strike.

A LG fez uma campanha praticamente perfeita no MLG Columbus 2016. Passando em primeiro na fase de grupos, encarou o Virtus.pro como primeiro jogo dos playoffs e perdeu o único mapa durante toda a competição. A chance de perder mais um na semifinal contra a Liquid era grande, mas o lance citado acima por coldzera foi o grande responsável por evitar que isso acontecesse. Por fim, uma decisão contra a Natus Vincere que contou com o placar mais elástico em toda a campanha da LG.

ESL One Cologne 2016


Com uma edição com menos glamour do que a ESL One Cologne 2016, o cenário competitivo recebe, no momento em que esta reportagem é publicada, uma edição regionalizada da ESL One Cologne em função da pandemia do coronavírus. Mas se retroceder o relógio em julho de quatro anos atrás, o Brasil tinha a edição mais memorável de Cologne e que guarda na memória até hoje.

Naquele Major, os brasileiros chegavam representando outra organização. Já como SK Gaming, a história de Cologne 2016 foi diferente de da MLG Major. Isso porque o time entrava como favorito e o time a ser batido. Apesar de grandes equipes e de times de diversas nacionalidades, era a bandeira do Brasil que era a mais temida no palco montado na Lanxess-Arena.

SK Gaming entrou com status de favorita na ESL One Cologne 2016 | Foto: Reprodução/HLTV


Mesmo dividindo grupo com três das maiores equipes do mundo, a SK não tomou conhecimento da G2 Esports e da FaZe, avançando com facilidade para a próxima etapa. Nas quartas de final, nomes como o de Yegor "markeloff" Markelov não tornavam a FlipSid3 um time ameaçador, sequer tendo chances de bater os brasileiros.

No entanto, coube à Virtus.pro, mais uma vez, ser o único time que tiraria um mapa do Brasil no Major. Os indícios já estavam ali: era um ensaio para outro torneio que fará parte desta lista e que é guardado com lembrança por todos os apaixonados por CS:GO. De volta ao Major, a SK tinha na Liquid uma possível chance de revancha contra coldzera e o restante dos brasileiros, mas a superioridade era tanta que o time americano sequer teve chance de realizar um milagre semelhante ao da Mirage.

EPICENTER 2017


Assim como dito anteriormente, a Virtus.pro já dava sinais do confronto épico que aconteceria em 2017. A batalha entre a VP e a SK Gaming pela EPICENTER daquele ano foi disputada na Yubileyny Sports Palace, em São Petersburgo, na Rússia, durante quase sete horas.

Por si só a cidade de São Petersburgo já foi palco de uma das maiores revoluções do mundo. Em 1917, quando ainda se chamava Petrogrado, ela foi palco do início da Revolução Russa, quando o Palácio de Inverno foi invadido pelos bolcheviques e resultou em um enfraquecimento dos czares durante a Primeira Guerra Mundial.

Final contra Virtus.pro foi decidida em quase 7 horas | Foto: Reprodução/HLTV


Cem anos depois, já na Era da informação, SK e VP colocaram a prova o posto de melhor equipe do mundo no Counter-Strike. O fogo já havia sido descoberto, mas o duelo entre brasileiros e poloneses seria capaz de reinventá-lo se fosse travado fora de um servidor.

Os times já haviam se enfrentado antes da final, no jogo de abertura da EPICENTER. A vitória tranquila da SK Gaming por 2 a 0 serviu, apenas, para impedir que todo o show principal fosse mostrado. Em teoria, precisa-se de apenas 48 rounds para vencer uma série MD5 (partindo do princípio que todos os mapas serão vencidos por 16 a 0), mas SK e VP queriam mais.

Ao todo foram jogados 151 rounds, cinco mapas e três overtimes. Naquela altura já não se sabia mais se o público torcia por algum dos lados ou se apenas acompanhava uma aula de Counter-Strike que era jogada em baldes pra cima da plateia e dos espectadores.

Melhor do mundo duas vezes no momento em que este artigo vai ao ar, Marcelo "coldzera" David fez uma apresentação digna de deixar saudades. Hoje do outro lado do oceano e muito distante dos companheiros brasileiros, ele foi um dos grandes responsáveis por colocar o troféu da EPICENTER 2017 nas mãos de boltz antes de ser erguido com orgulho pelo time brasileiro.

iBUYPOWER Invitational 2015 - Summer


Equipe bateu Team Liquid na grande final | Foto: Reprodução/HLTV


Longe de todo glamour dos torneios citados acima, a iBUYPOWER Invitational 2015 foi considerado apenas um torneio Tier B. No entanto, apesar de estar entre os grandes da América do Norte, contou com a presença de times como Cloud9, Team Liquid e a ainda lineup NA da Luminosity Gaming.

O principal motivo para o torneio estar presente nesta lista é a participação da Vivo Keyd, que até então atuava como Keyd Stars. Mesmo time que representou a KaBuM no Clutch Con, os jogadores brasileiros tiveram nesta competição a primeira experiência de título internacional ao lado de grandes do cenário do Global Offensive.

Apesar de dar sorte em pegar uma chave mais tranquilas e encarar times como a eLevate e a Luminosity até chegar na grande final, teve a Liquid como adversário daquela ocasião. Apesar da geração mais nova conhecer apenas duelos mais recentes entre os times, os brasileiros já eram considerados algozes do time americano desde 2015. Com uma vitória por 2 a 0, a equipe garantiu o título que colocava ainda mais os holofotes no time do Brasil.

DreamHack Open Austin 2016


A DreamHack Open Austin 2016 faria parte desta lista independente de qual time conquistasse o campeonato e levasse o troféu pra casa. Quis o destino que fosse a Luminosity Gaming, que havia recém-vencido o MLG Major 2016, e também superou o quinteto brasileiro da Tempo Storm na grande final.

Luminosity Gaming e Tempo Storm protagonizaram final brasileira | Foto: Alex Maxwell/DreamHack


Na final amistosa, a Luminosity Gaming não teve trabalho para vencer a Tempo Storm, que fez uma excelente campanha até a grande final. Na fase de grupos por exemplo, a TS havia vencido a Liquid e a NRG. Na semifinal, bateu a Cloud9 e confirmou o lugar na decisão contra a LG. Em outro grupo, a LG também venceu os dois jogos que teve pela frente, sendo um contra a Splyce e um contra a C9.

No entanto, o nível do time capitaneado por Gabriel "FalleN" Toledo ficou muito claro nos dois mapas jogados na grande final. A Mirage e a Cobblestone foram o palco para o time da LG confirmar mais um título naquele 2016 inesquecível.

DreamHack Masters Spring 2020 América do Norte


Torneio mais recente da lista e único que não conta com o time de FalleN, a DreamHack aparece como uma das principais conquistas para a FURIA, melhor time do Brasil atualmente. Apesar da boa campanha feita pela equipe no decorrer destes anos, foi apenas neste ano que eles foram coroados com o título de uma grande competição.

Acontecendo em formato online em função da pandemia do novo coronavírus, a DreamHack Masters Spring deste ano não foi a mais charmosa de todas. No entanto, teve os maiores times da América do Norte reunidos, como a própria MIBR, Team Liquid, 100 Thieves, Cloud9, Gen.G e Evil Geniuses.

Título foi o primeiro considerado Tier 1 da FURIA | Foto: Stephanie Lindgren/DreamHack


Vencendo a MIBR no clássico brasileiro durante a fase de grupos, a FURIA fez uma campanha brilhante no decorrer da competição, enfrentando alguns dos maiores do NA. Entre eles a própria Liquid (na fase de grupos e na grande final), além da 100 Thieves, na final da Upper Bracket.

Apesar da MIBR ter se recuperado e avançado para os playoffs, o time acabou perdendo na primeira partida, contra a Cloud9 e saiu da competição de forma precoce, perdendo a chance de protagonizar uma nova decisão brasileira.

ESL Pro League Season 3


LG conquistou título épico contra G2 Esports | Foto: Reprodução/HLTV


Fechando o artigo com chave de ouro, a DRAFT5 relembra outro duelo marcante que envolveu um time brasileiro. Apesar de muitos considerarem a final contra a Virtus.pro a mais épica do Counter-Strike, Lumunosity Gaming e G2 Esports batalharam no Indigo at The O2, em Londres, pelo título da Season 3 da ESL Pro League.

A Luminosity tinha vencido o MLG Columbus Major apenas um mês antes e já era colocada à prova contra outro gigante europeu. Com o peso nos ombros de provar que o troféu mais importante do Counter-Strike não foi mera questão de sorte, a LG se colocou de vez no patamar dos gigantes do cenário mundial ao vencer a final dramática por 3 a 2.

Assim como o jogo contra a VP, a decisão contou com cinco mapas jogados e overtime, o suficiente para testar o coração do torcedor brasileiro, que era presenteado com mais uma partida impecável de Counter-Strike, com direito a virada, comeback e todos os ingredientes que uma decisão deve ter.

Não por coincidência, coldzera voltou a marcar presença em uma grande final e mostrou o poder de decisão que tinha e que repetiu diversas vezes enquanto esteve ao lado dos companheiros brasileiros. Sozinho, conseguiu ser mais decisivo que Richard "shox" Papillon e Adil "ScreaM" Benrlitom, que deram o máximo de si, mas não conseguiram levar o troféu para a França.
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