Em uma temporada baseada em reencontros, Josiane "josi" Izidorio mostrou no decorrer de 2022 que nunca deveria ter deixado de engrandecer o cenário competitivo de Counter-Strike: Global Offensive com a sua presença. No ano passado, a jogadora tentou migrar para o VALORANT, mas não tardou para retornar para o CS:GO e mostrar tudo que consegue conquistar.
Aos 20 anos de idade, josi já pode ser vista como veterana do cenário competitivo de Counter-Strike no Brasil. Atuando profissionalmente desde 2018, quando tentou a seletiva da Intel Challenger Katowice pela Number Six Victory, teve em 2022 um dos anos mais recheados de conquistas.
Muito antes disso, deu os primeiros passos no Counter-Stirke apenas por hobby. Na época, sequer conhecia a Gamers Club, mas já via no jogo algo pelo qual ela poderia se dedicar. No meio do caminho, Bruno Marchese, também conhecido como Rolandinho, do canal Pipocando, como um dos grandes padrinhos.
Ele foi o grande responsável pelo empurrão que restava para Josi conseguir alcançar prateleiras mais altas. Com um computador mais modesto, a jogadora ganhou um equipamento melhor de Rolandinho e pode começar a bater de frente contra adversárias que tinham máquinas melhores para jogar Counter-Strike.
Com passagens por Liberty e MIBR no decorrer deste ano, josi não deixou a mudança de ambiente afetar no desempenho pessoal. Muito pelo contrário, fez com que ele mostrasse um nível competitivo mais alto do que nunca, sendo uma das principais jogadoras de ambas as equipes no meio a um calendário recheado de competições.
Em 2020, a DRAFT5 contou a história de josi na primeira vez em que a jogadora apareceu entre as melhores da temporada. Hoje, ela conta uma história diferente e mais completa daquilo que viveu há dois anos. Recheada de conquistas pessoais, conseguiu algumas das principais após ingressar no MIBR enquanto via as ex-companheiras de Liberty seguirem outros caminhos.
"O que me manteve no Counter-Strike e não ir para o VALORANT com as meninas é que eu ainda queria tentar algo mais no jogo. Eu sou muito nova no competitivo, e por ter batido na trave na vaga do mundial, não queria desistir tão fácil assim. Fui chamada para o MIBR, e foi aí que veio uma vontade maior ainda de ir atrás do meu objetivo", revelou josi.
A ideia de migrar para o competitivo de VALORANT veio no início do segundo trimestre de 2021. Na época, a jogadora atuava pela Aorus Vision quando resolveu tentar um novo caminho ao lado da consagrada Camila "napeR" Naper. O período foi curto, mas serviu para que josi retornasse renovada para o Counter-Strike.
Chamada para ingressar ao elenco da Jaguares, garantiu o título da Gamers Club Masters Feminina III, ainda em 2021. O ano passou rápido, e josi logo se viu com a oportunidade de defender a Liberty após o projeto junto à Jaguares chegar ao fim. A ida para a nova casa foi apenas o começo do que se transformaria em uma das melhores temporadas da carreira da jogadora.
Logo no início deste ano, ainda pela Liberty, josi e companhia conseguiram vencer praticamente todas as competições semanais da ESEA Female Cash Cup da América do Sul. Na quinta edição, inclusive, a jogadora foi eleita pela DRAFT5 como a melhor da competição, levando o primeiro prêmio de Most Valuable Player (MVP) da carreira.
Naquela altura, a Liberty havia disputado quatro competições semanais e conseguiu levar a melhor em três delas. A única derrota que teve veio para a FURIA, quando as Furiosas conseguiram garantir o título e dar a segunda posição para as adversárias. Este seria apenas o primeiro triunfo em cima de josi.
Acostumadas a vencer, a Liberty passou um período de hiato de títulos que parece ter incomodado não apenas josi como todo o elenco. Em três competições seguintes à ESEA, a equipe perdeu todas para a FURIA, vendo a escalação capitaneado por Olga "Olga" Rodrigues ser uma das principais pedras no sapato para esta temporada.
josi revela que esta foi a virada de chave para que houvesse uma mudança de ares na carreira da atleta. Ela afirmou que foi a dificuldade de enfrentar a FURIA que fez com ela acabasse seguindo outros caminhos. Ainda assim, reconhece tudo que elas conseguiram aprender enquanto jogaram juntas pela Liberty.
"Infelizmente, sempre estávamos tendo dificuldades de enfrentar a FURIA. Creio que por questão de experiência. A gente era um time muito novo, mas acho que o tempo que ficamos juntas conseguimos evoluir bastante e rápido. Era divertido jogar com elas. Sinto que foi um passo importante para mim depois da line da Jaguares ter desmontado".
Um dos pilares do time naquela época, josi ainda tentava empurrar a Liberty o mais longe que conseguia. No servidor, conseguiu ser destaque de diversas competições que participou junto à organização. Entre as conquistas pessoais, também conquistou o prêmio de EVP na primeira edição da Gamers Club Liga Feminina e de duas edições da Cash Cup.
"TAG lendária". É assim que josi define o MIBR, organização que teve a honra de poder defender pela primeira vez na carreira a partir de maio deste ano. Disposta a ir para um time que conseguisse bater mais de frente com a FURIA que o anterior, a jogadora ainda teve a oportunidade de reencontrar Luana "Arkynha" Archanjo e Mariana "LyttleZ" Sabia, ex-companheiras de Jaguares.
Primeiro chegando como complete, josi demorou pouco mais de um mês para ser oficializada como nova peça do MIBR. Antes mesmo de confirmar o vínculo, a jogadora já teve a oportunidade de conseguir dois resultados expressivos junto à equipe. Primeiro, conseguiu avançar para a grande final da segunda edição Gamers Club Série Feminina.
Além disso, conseguiu confirmar a classificação para a ESL Impact Valencia 2022 por meio da seletiva da América do Sul. O triunfo veio contra a Black Dragons, mesma equipe que havia tirado o título da Série Feminina da Gamers Club apenas alguns dias antes. Durante o torneio, inclusive, josi foi escolhida como uma das EVP pela DRAFT5.
"O MIBR sempre foi uma TAG lendária. Desde quando eu entrei, sabia que iria honrar a camisa. Dei o meu sangue para conseguir a vaga para Valencia com o meu time. Em nenhum momento pensamos em desistir. Eu estava hypada e animada porque era o meu sonho ali. Eu nem acreditei... Só comecei a chorar muito e sabia que a partir dali ninguém me parava mais", destacou a jogadora.
Na apresentação internacional não faltou dedicação de todo o elenco do MIBR. Passando na fase de grupos na segunda posição, atrás apenas da FURIA, a equipe conseguiu chegar aos playoffs do torneio mundial e fez com que josi ficasse próxima de alcançar o sonho de levantar o troféu mais importante do cenário feminino.
Entretanto, a Nigma Galaxy Fe não acabou somente com o sonho de josi e do MIBR, onde acabaram perdendo o duelo por 2 a 0. Não satisfeitas, as jogadoras gringas ainda bateram a FURIA na grande final pelo mesmo placar e foram responsáveis pela derrocada do Brasil na competição.
Em apenas uma temporada, Josi já havia conseguido chegar a uma das organizações mais lendárias da história do Counter-Strike brasileiro e representar o Brasil em um mundial de Counter-Strike: Global Offensive. Entretanto, o time conseguiu amargar segundas colocações em seis oportunidades ao longo do ano.
Além da derrota para a Black Dragons na segunda edição da Série Feminina da Gamers Club, MIBR e josi também amargaram o segundo lugar na ESL Impact Cash Cup Spring, Ela Faz o Game, Gamers Club Masters Feminina V, BGS Esports 2022 Female e, por fim, GILRGAMER Esports Festival 2022, disputado em São Paulo.
É lógico que a segunda posição em uma competição está longe de ser algo que profissionais de todas as modalidades competitivas gostariam de ter, mas também está longe de ser um demérito. Isso prova que a equipe está seguindo um caminho certo, mesmo que possua ajustes para serem feitos com o passar do tempo.
Em torneios como Ela Faz o Game, ESL Impact Cash Cup Spring e Gamers Club Masters, josi conseguiu aparecer como uma das melhores da competição, sendo EVP em todas elas. Com a cabeça mais tranquila e curtindo o período de descanso, ela acredita que o time falhou na comunicação, mas reconhece que isso é algo que vem com o tempo.
"Sinto que faltou mais comunicação entre a gente. Experiência também conta bastante. Éramos um time muito novo ainda, fomos ao mundial com um mês de line-up e conseguimos resultados surpreendentes. Creio que esfriamos um pouco depois disso, tentamos correr atrás de arrumar os erros, mas sempre acabávamos sendo paradas pela FURIA".
Independentemente de tudo que faltou para josi, MIBR e Liberty irem mais longe, o ano vivido pela jogadora foi mais do que especial. Desde as primeiras conversas com a DRAFT5, ela sempre destacou o desejo de representar o Brasil em um torneio mundial, objetivo cumprido com maestria enquanto defendia o MIBR.
Além disso, mesmo esbarrando várias vezes na FURIA ou em outras adversárias em decisões, empilhou troféus na temporada. Ao todo, incluindo as competições semanais disputadas, foram cinco conquistados: quatro edições da Cash Cup e BGS Esports 2022 Female Bomb B. Este último, inclusive, deu a vaga no torneio principal da BGS — onde esbarraram nas Furiosas mais uma vez.
"Foi um ano incrível para mim. Individualmente e profissionalmente foram muito bons. Nunca me senti tão feliz. Foi um sonho realizado poder pegar o meu primeiro avião e ainda mais para jogar o mundial do jogo que eu amo. Corremos tanto atrás para ter novamente campeonatos mundiais feminino", destacou a jogadora sobre o sucesso desse ano.
Entretanto, josi destaca que o que viveu na temporada passada serviu como base para que ela pudesse ir ainda mais longe neste ano. Mesmo defendendo o MIBR atualmente, lembra com carinho todas as conquistas que teve junto à Jaguares, principalmente a Gamers Club Masters.
"O ano de 2021 foi incrível também. Aprendi e evoluí bastante. O que fizemos na Jaguares ganhando aquela GC Masters eu nunca vou esquecer. Depois desse campeonato, eu sabia que poderia ir mais longe, e corri muito atrás disso. Fico muito feliz desse trabalho ser reconhecido mais uma vez", finalizou a jogadora.
Sendo apontada como a 10ª melhor do ano pela DRAFT5, Josi conseguiu somar 4 C Points, que são pontos de conquistas coletivas dado para cada jogadora. Cada ponto corresponde a uma listagem em título coletivo da temporada. Além disso, somou 58,2 D5 Points, baseado na premiação de MVP e EVP no decorrer deste ano, onde cada torneio possui um peso diferente.