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As melhores no Brasil em 2020: (9) - josi

Brasileira da 9z é a nona melhor jogadora de Counter-Strike pela DRAFT5 em 2020

por Pedro Umberto  / 02 de Jan de 2021 - 18:01 / Capa: Arte/DRAFT5
Fugindo do padrão de um irmão mais velho, mas similar no fator família, Josiane "josi" Santos também chegou no mundo virtual por conta de um parente. Nesse caso, influenciada pelos primos na época do PlayStation 1, jogando esporadicamente quando os encontrava. Posteriormente, com quatro anos, acabou ganhando um Playstation 2 de seu pai, criando mais gosto ainda pelo mundo eletrônico. De acordo com a própria, GTA San Andreas foi o primeiro jogado explorado e zerado pela Carapicuibana.

Diferente de diversas personalidades do cenário, a paulista optou pela simplicidade na hora de escolher o nome dentro dos jogos. Carinhosamente chamada como "josi" - abreviação de Josiane - por pessoas próximas e familiares, manteve o apelido e acabou futuramente conquistando o Brasil com o mesmo.

Ainda como Josiane, os primeiros passos no Counter-Strike foram apenas "por hobby, nem Gamers Club jogava", como a mesma citou. Sendo um destino profissional inimaginável, apenas queria se divertir jogando com os amigos, passando horas e horas dentro do jogo. O foco era a diversão e evolução nas partidas válidas pelo matchmaking, sistema de ranqueamento feito pela Valve dentro do CS:GO.

Amigos. Essa é a palavra que define o que fez a Josiane tornar-se uma jogadora profissional e, consequentemente, estar listada como uma das dez melhores de 2020 pela DRAFT5. Bruno Marchese, mais conhecido como "Rolandinho", foi o grande responsável pelo empurrão na garota que sofria para jogar, possuindo apenas 90 FPS (Frames por segundo) no seu computador. O youtuber e produtor de conteúdo jogava com josi, que naquele momento, visava trabalhar na edição de vídeo.

Como passavam horas e horas jogando o modo competitivo, Rolandinho viu o potencial em josi e resolveu falar após o término de mais uma rotineira jogatina. "Você tem futuro nisso, você pode jogar", disse Bruno. E foi aí que tudo mudou.

VIRADA DE CHAVE


Recebendo o elogio de braços abertos, mas ainda sem saber como progredir e surpreendida com tal afirmação, resolveu dedicar mais horas ao jogo, querendo aprender sobre. Mas, como citado acima, o computador tornou-se um empecilho.

Desanimada pelo baixo rendimento da máquina que tinha em casa, acabou optando por dar uma diminuída no ritmo de jogo - mas sem parar de vez -, voltando a seguir objetivo que já tinha em mente previamente: A edição de vídeo, ramo que trabalharia por aproximadamente oito meses, até ser surpreendida mais uma vez.

Computador e monitor cedido por Rolandinho à Josi, em 2019 | Foto: Arquivo Pessoal


Próximo do seu aniversário (22 de maio), o presente recebido mudaria o rumo de sua vida. Tendo se afastado do universo dos esportes eletrônicos por conta do computador que deixava a desejar, Rolandinho resolveu presentear josi com um focado para os jogos, além de um monitor 144hz, sendo totalmente diferente do "quadradão", que a jogadora tinha. Mesmo com uma imagem relacionada a um mundo diferente (filmes e youtube), Bruno sempre esteve ligado ao mundo dos esports, inclusive organizando dois corujões em 2019 com mais de 30 amigos participando - e claro, com a presença da amiga.

Canil do Subsolo. Esse foi o nome do primeiro "fake" que agora de forma mais profissional, josi fez parte. Conhecendo algumas meninas que já jogavam a Liga Feminina, fechou com elas para jogar. "Pelo que me lembro era eu, elaine (conhecida como mindle), giozinha, ujuliana e não consigo me lembrar da última", disse. O primeiro passo de josi e seu computador novo no Counter-Strike foram dados com sucesso. E esse não era nem o maior deles.

Em maio de 2019, seria mais uma vez surpreendida pelas ocasiões que a vida proporciona. Por conta do bom desempenho no Canil do Subsolo, mesmo ainda focada na edição de canais como o Gato Galactico, foi chamada por Gabriela "bokor" Bokor para entrar na Team One RED. Na hora do convite, pensou ser "surreal poder se tornar profissional" do jogo que gosta tanto. Além disso, deixar de ser apenas um hobby e virar uma fonte de renda, provando que Rolandinho estava certo quando disse sobre o potencial que detinha.

O primeiro baque representando a grande organização foi na semifinal da Liga Feminina de maio, perdendo para a hegemônica paiN Gaming por dois a zero na semifinal. Na edição seguinte alcançou a final, possuindo a chance de se vingar contra as meninas, mas novamente as golden girls caíram para a favoritismo rival. Logo depois conquistaram a vaga no presencial da Game XP, torneio de peso no cenário feminino e o seu primeiro presencial no mundo competitivo.

"Foi absurdamente insano pra mim, poder jogar para mais de 20 mil pessoas. Jogamos a final contra a paiN no palco principal e foi um sonho realizado. Um palco enorme e ver as pessoas ali me deu um pouquinho de frio na barriga. Mas com a ajuda do nosso psicólogo na T1, conseguimos jogar bem o presencial", revelou.

Bokor e Josi defendendo a T1 no evento presencial. Divulgação/GameXP


Em agosto, levantaram o primeiro grande troféu: o título da Liga Feminina de agosto, vencendo a Imperial. As meninas também quase passaram para o presencial da GIRL Gamer Festival SP 2019 e amargaram o vice-campeonato da BGS Esports 2019 no último compromisso sob o manto das golden girls, visto que no primeiro dia de novembro, o clube branco e amarelo anunciou a saída do esquadrão.

Seguindo caminhos distintos depois da estadia na T1, avalia a passagem como "muito boa, a gente era muito unida". Ademais, também vê bokor como fulcral em sua vida: "Hoje posso dizer que a Bokor é uma das melhores amigas que tenho. Conheço ela desde antes do CS profissional. Também aprendi muito com as meninas e agradeço muito elas por isso".

BRASIL E ARGENTINA EM 2020


Sem time para representar desde então, foi testada pela antiga pedra no sapato, paiN Gaming, para 2020. Entretanto, acabou não dando certo e a brasileira seguiu focando na melhora individual. Até que Joaquin "lokomotioN" Abasolo, hoje analista da Isurus, chamou a jogadora no privado para conversar, alegando que estava procurando uma "jogadora nova" e que precisava de alguém para auxiliar Evelin "chjna" Acuña nos entriestrades. Passado um ou dois meses, seria o novo reforço da 9z feminina.

Para facilitar o processo de adaptação em um elenco com três argentinas e duas brasileiras, chjna foi de suma importância. "Ela (chjna) me ensinou bastante espanhol. Antes de entrar oficialmente na 9z joguei vários pugs com ela e foi uma baita ajuda para começar com o pé direito, aprender o nome de várias posições e gírias também. Acabou não sendo complicado por conta dela e hoje falamos a maioria das coisas em espanhol", afirmou.

Foto: Arquivo Pessoal


Cotada como uma das melhores equipes e com mais potencial, a 9z foi dando passos lentos ao sucesso no final do ano. Em maio, tiraram mapa da favorita FURIA feminina na semifinal do Gaming Culture Invitational, torneio misto. Quase dois meses depois, segunda colocação no Girl Power Invitational, perdendo mais uma vez para as panteras, mas dessa vez por três a zero na melhor de cinco. A crescente era notável, perdendo apenas para o melhor time do Brasil.

Todavia, no processo de evolução, oscilação é natural. Uma prova real foi a ausência do elenco sul-americano na primeira Gamers Club Masters feminina, caindo no classificatório para Last NameBlack Dragons, respectivamente.

Precisando mudar o estilo de jogo para dar o "passo a mais", mudanças foram feitas após alguns pequenos insucessos. Por isso, acertaram a contratação de Camila "naper" Naper, que ocuparia a vaga da compatriota Camila "cAmyy" Natale. Segundo josi, a troca aconteceu por estilo dentro do jogo. "A napeR parece uma segunda IGL. Fala bastante, propõe coisa pro time, comunica mais e vê melhor o jogo. Assim como a camyy, a napeR é uma awper muito boa, mas a napeR ajuda muito no quesito levantar o time, dar ideias e conversar".

E como esperado por conta das trocas, os resultados vieram. Com a classificação assegurada para a segunda edição do Major brasileiro feminino, a 9z superou as expectativas, chegando a vencer a FURIA na fase de grupos e alcançando a grande final de forma invicta. Na decisão, novamente o Calcanhar de Aquiles de josi apareceu em decisões. Mais uma vez a FURIA venceu o time da jogadora foi campeã. Cinco dias depois, mais uma segunda posição para a FURIA, mas dessa vez no segundo split da BGS.

Fechando a temporada que coroaria a josi como a nona melhor jogadora do Brasil em 2020, o classificatório aberto da CS:GO Grrrls League aconteceu. Por lá, mais um bom resultado das violetas, vencendo a Soberano e avançando ao evento principal que conta com R$200 mil em prêmios.

A 9º MELHOR EM 2020


Mesmo fazendo uma função complicada junto com chjna, ou seja, responsável por abrir os bombsites e ganhar espaço para sua equipe, a jogadora manteve destaque. No primeiro split da BGS, conquistou 1.21 de KDR, sendo de suma importância para a chegada na grande final do Grupo A, mesmo perdendo para a rival Severe na decisão.

Ademais, também foi a única representante da 9z na listagem das melhores jogadores da Gamers Club Masters fem II. Independente de estar com números não tão expressivos pelo trabalho que faz dentro do servidor, teve 0.99 de KDR, com K/D diff -1. Em contrapartida, a taxa de headshot (tiros na cabeça) foi 53%, a maior dentre as participantes do campeonato.

Os destaques individuais de josi na temporada de 2020 | Arte/DRAFT5


No entanto, também foi elencada entre as melhores do classificatório aberto da GC Masters fem II, levando seu time à classificação e também no último classificatório do ano, sendo importantíssima na classificação das sulamericanas para a CS:GO Grrrls League.

A ausência da atleta e sua equipe na primeira edição da Gamers Club Masters I e também nos destaques individuais das Ligas Femininas impossibilitaram que a representante violeta estivesse em uma posição mais alta na listagem da DRAFT5. Contudo, o ótimo fim de ano sacramentou a nona colocação de josi no Top 10.

Colocando o ano de 2020 como "um ano de uma boa oportunidade", também alega que o apoio de Francisco "Frankaster" Postiglione, influenciador e dono da organização, é muito bom para o desenvolver dos jogadores. "É um cara muito humilde, alegre, e sempre dá todo o suporte. Você se sente mais em casa, pode conversar com ele e é realmente um pai para todos. É só notar que tem vários jovens e ele acolhe todos muito bem". E claro, também ressalta o quão bom foi a criação da Masters: "Poder participar disso é um sonho pro cenário feminino crescer ainda mais", finalizou.

Sendo grata pelo ano que teve, a jogadora classifica sua companheira de time como possível surpresa nas listas de melhores jogadoras: chjna. De qualquer forma, a mensagem que fica é que, sem dúvidas, podemos esperar uma josi ainda mais forte em 2021.
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