As melhores no Brasil em 2021: (2) - Bizinha

Jogadora foi um dos pilares do MIBR em uma temporada recheada de grandes finais

por Gabriel Melo / 06 de Jan de 2022 - 15:00 / Capa: Arte por DRAFT5

Sendo considerado uma derivação do verbo brunir, o nome Bruna tem como um dos significados dar brilho. E não há uma expressão melhor para falar sobre Bruna "Bizinha" Marvila, que vem abrilhantando o cenário feminino brasileiro desde que começou a competir no Counter-Strike.

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Nascida em 21 de dezembro, bizinha é de Sagitário e tem características claras do signo já que é criativa, cheia de energia, não dá para negar o quanto essa atleta vem se empenhando para realizar a meta de ser referência, e vem conseguindo já que fechou 2021 sendo eleita pela DRAFT5 como a 2ª melhor no Brasil.

AMOR DE INFÂNCIA

Bizinha nasceu em Itaguaí, cidade localizada no interior do Rio de Janeiro, e, assim como outras jogadoras, conhecer o Counter-Strike por conta de um familiar. No caso da estrela do MIBR, a influência foi do irmão mais velho e a paixão pelo FPS da Valve começou cedo, aos quatro anos.

Apesar de, inicialmente, achar que bizinha era muito nova para o CS, o irmão rapidamente viu que a, então, menina tinha potencial e decidiu por ajudá-la a evoluir. Por mais que na época que começou, 2003, o Counter-Strike não fosse tão online como atualmente, isso não impediu da jovem entender do cenário e sonhar em se tornar profissional na modalidade.

"Basicamente CS foi meu primeiro sonho na vida", revelou à DRAFT5.

Os primeiros passos de bizinha no competitiva foram dados dois anos após conhecer o CS e nas lan houses. Apesar da burocracia existente nesses locais quando o assunto era criança e Counter-Strike, a jogadora conseguiu evoluir de forma constante. Contudo, por conta do fim da versão 1.6, a atleta precisou dar uma "pausa" no sonho e se virou para os estudos. O "retorno" aconteceria aos 16 anos, já no CS:GO.

Team Innova, a primeira grande vitrine para bizinha | Foto: Arquivo pessoalTeam Innova, a primeira grande vitrine para bizinha | Foto: Arquivo pessoal

ASCENSÃO METEÓRICA

Foi no Global Offensive que, realmente, bizinha começou a competir. A primeira tag que a jogadora representou foi a saudosa ultrAvioleNt, equipe esta que deu base para a semXorah. Já a primeira grande organização da atleta foi a Team oNe. Posteriormente, foi vestir a camisa da Team Innova, com a qual foi campeã da Brasil Game Cup SP 2017.

Por mais que o início tenha sido promissor, o potencial visto pelo irmão só foi eclodir três anos depois. Pela Keyd Stars e atuando ao lado de outras grandes jogadoras, bizinha empilhou taças: seletiva para Intel Challenge Katowice 2018, WESG 2017 sul-americana, XLG Summer Female e a edição de abril da extinta Liga Feminina da Gamers Club. Sem contar ainda a oportunidade de representar o país em um "mundial" feminino na Polônia.

No fim de 2018, bizinha teve a oportunidade de defender a estrangeira OpTic Gaming e ser campeã da Brasil Game Cup Female 2018 e da GAMECON Challenge CS:GO feminino. Mas logo no início do ano seguinte, a jogadora foi atuar pela paiN Gaming, com a qual retornou à Polônia para jogar a edição 2019 do Intel Challenge Katowice. Outro grande feito foram os quase 1 mil dias sem perder um presencial no país.

Engana-se quem achou que bizinha pararia por aí. A jogadora permaneceu no topo em 2020, mas agora defendendo a FURIA, com a qual conquistou o Girl Power Invitational, a primeira edição da Gamers Club Masters feminina e a Liga Feminina do 3º trimestre.

bizinha comemorando o bi da BGC | Foto: Felipe Guerrabizinha comemorando o bi da BGC | Foto: Felipe Guerra

ANO NOVO, TAG NOVA

Assim como nos dois anos anteriores, bizinha começou 2021 em uma nova equipe. Esta especial não só por realizar um sonho de infância, mas também por resgatar a jogadora de um período nebuloso de desmotivação que a quase levou para outro FPS, o VALORANT. O time em questão era o MIBR: "Comecei a jogar muito cedo, mas tarde eu já acompanhava o competitivo e lá estava o MIBR. Então, foi sim um dos primeiros sonhos que tive na vida".

À DRAFT5, bizinha conta que o contato inicial feito pelo MIBR foi logo no começo do ano passado, com a organização explicando-a que "queria ter um elenco feminino e conversou comigo para estudar a possibilidade". Segundo a jogadora, "antes desse contato, eu estava em uma situação de muita desmotivação e acreditava que iria migrar para o outro jogo, o VALORANT. O motivo disso era porque eu já estava fazendo a mesma coisa em 2017, 2018, 2019 e 2020. Dominava o cenário".

"Sendo vitoriosa, eleita MVP em 2020 inteiro, jogando mundial e toda a glória que essa fase me proporcionou, mas no fim das contas, permanecia no mesmo lugar. Criava expectativa de que teria importância e, no fim, estava na mesma", dispara.

bizinha continua dizendo que "nesse ciclo de frustração causado por, consequentemente, o esporte feminino ter menos valor do que o masculino, me fez entrar em uma fase turbulenta e, com a oportunidade do MIBR, foi uma porta aberta para que eu pudesse mudar toda essa perspectiva. Desde o começo, as pessoas envolvidas no projeto demonstraram que acreditavam em mim e eu dou o meu melhor desde que entrei no time, para que possa retribuir tudo o que fizeram".

E a trajetória da jogadora pela nova equipe começou com título, o do 1º Split da Grrrls League 2021. Na visão de bizinha, uma das explicações para a conquista mesmo o elenco sendo recente foi o fato do time ter jogado "no feeling e acabou dando certo".

A sequência foi de bizinha e MIBR em outras finais, como na edição feminina da WESG 2021 Latin America, na primeira Aorus League Female 2021 e muitas outras competições ao longo do ano.

Sobre o que faltou na WESG e na Aorus, bizinha afirma que "em várias finais tínhamos chance de fechar o jogo e, por não sermos um time experiente, pecamos muito nesse quesito. É um risco em que desde o início poderia ser previsível, mas que faz parte correr até que possa atingir maturidade".

Ao todo, bizinha e MIBR chegaram a dez finais. O retrospecto é de um título e nove vices. Quanto ao que faltou para a equipe ter ficado em primeiro em outras oportunidades, bizinha aponta que "passávamos por muitas situações internas, as quais não devo adentrar, mas, mesmo diante de problemas, ainda tivemos chances reais de conseguir títulos muitas das vezes por um round. Enfim, tudo vale de aprendizado".

A 2ª MELHOR NO BRASIL EM 2021

No primeiro título com a camisa do MIBR, bizinha também comemorou a conquista individual de MVP daquela Grrrls League. Mas está não foi a única aparição da atleta nas listas de melhores jogadoras promovidas pela DRAFT5. Ela também foi EVP em outras nove competições - o que a coloca como o pilar central do sucesso do time no último ano.

Dos 9 EVPs, 3 foram EVP1, ou seja, quase levando o MVP da competição, ficando atrás por detalhes.

bizinha somou 113 DRAFT5 Points, oito a mais que a 3ª melhor jogadora no Brasil em 2021. Números que fundamentam uma temporada na qual, mais uma vez, a jogadora se mostrou imparável e avassaladora na busca do sonho de se tornar referência no cenário feminino.

Em análise sobre o próprio rendimento em 2021, bizinha classifica 2021 "como um ano que mal vi passar já que me dediquei tanto ao jogo, estudei para poder dominar uma função que é a de IGL. Costumo dizer que nunca sou a mesma pessoa de uns meses atrás e isso é bom porque seguimos mudando e evoluindo".

BOLD PREDICTION

Da tradução literal, bold prediction significa “previsão ousada”. Este termo é utilizado em pesquisas com jogadores que se destacaram e dão palpites de quem será um dos possíveis nomes que tem de tudo para aparecer entre gigantes em breve. Categórica, bizinha colocou a companheira de MIBR Mariana "LyttleZ" Sabia, eleita a 7ª melhor no Brasil em 2021 pela DRAFT5.

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