Sempre que você, amigo leitor, executa uma mudança em sua vida, preza pelo melhor. John Kennedy seria mais específico, cravando que "a mudança é a lei da vida". O Counter-Strike, é claro, não é exceção. Equipes mudam a todo o tempo, sempre almejando o melhor, mas nem sempre alcançando seu objetivo.
No momento em que a alteração é feita, é difícil enxergar todos os seus prós e contras. Mas há aquelas trocas de line-up que são verdadeiras tragédias anunciadas. Tomei a liberdade de listar três das que considero as piores transferências da história do CS:GO, as quais você confere abaixo:
Apesar de atualmente viver seu melhor momento individual da carreira junto da FunPlus Phoenix, Martin "STYKO" Styk sabe que nem sempre foi assim. Junto da mousesports, o eslovaco passou longe de repetir suas grandes performances que colocaram-no dentro de uma das mais prestigiadas equipes europeias daquele tempo.
Foi visando dar um passo à frente na luta por títulos de alto calibre que a organização alemã desembolsou quase $300 mil para trazer a lenda Janusz "Snax" Pogorzelski, o qual ocuparia justamente a vaga do inconsistente STYKO na escalação titular da equipe.
Trocar um jogador teoricamente mais fraco dentro do servidor e consideravelmente inexperiente em alto nível por uma lenda que já havia ganhado de tudo e mais um pouco junto da polonesa Virtus.pro, o que poderia dar errado? Tudo.
Após diversos resultados abaixo do esperado, os quais incluíram uma amarga eliminação dentre as últimas colocações do FACEIT Major: London 2018, a equipe ainda teria tempo de vencer - contra todas as probabilidades - a ESL One New York 2018 na casa da rival Liquid, antes de ver tudo caindo por terra outra vez na StarSeries S6.
No fim das contas, os ratos europeus viram que tal parceria não renderia frutos e optaram pelo retorno de STYKO à escalação ativa pouco menos de quatro meses após a saída do mesmo, enquanto Snax retornou à Virtus.pro para ser o pilar da reestruturação do time polonês.
De meme à finalista de Major. A trajetória da finlandesa ENCE entre 2018 e 2019 sem dúvidas será uma das mais belas páginas a serem lembradas na história do Counter-Strike. E todo esse conto poderia ter sido ainda mais épico.
Após fazer história em Katowice, no início de 2019, a equipe ainda foi campeã da BLAST Pro Series: Madrid 2019 e vice da DreamHack Masters Dallas 2019 e da IEM Chicago 2019, feitos que animavam, mas sinalizavam a carência de um diferencial nos momentos decisivos.
Aos olhos do público, Jani "Aerial" Jussila era o mais forte candidato a deixar a escalação. Não foi bem assim que as coisas se sucederam. O capitão Aleksi "Aleksib" Virolainen acabou por ser movido ao banco da ENCE, dando lugar ao experiente Miikka "suNny" Kemppi, então na reserva da mousesports.
Não me interprete mal, o problema não foi trazer suNny, mas sim dispensar Aleksib, o capitão e um dos maiores responsáveis pelo sucesso da equipe, além de entregar as rédeas da situação para Aleksi "allu" Jalli, que mais tarde viria a admitir que a equipe havia "removido o jogador errado".
Dentre outras declarações acerca da mudança, Aerial chegou a dizer na época: "nós queremos ser o time número um do mundo, por isso fizemos essa troca". O tiro acabaria saindo pela culatra e a equipe, outrora #2 do mundo, sequer conseguia manter-se entre os vinte primeiros do planeta.
Desde aquela fatídica decisão, tudo foi por água a baixo dentro da ENCE. A equipe nunca mais conseguiu repetir os resultados que colocaram a Finlândia como uma das grandes forças do CS:GO e, após inúmeras mudanças ao longo de 2020, a organização optou por apostar em um projeto internacional encabeçado por allu.
Chegado da Astralis em outubro de 2016, Finn "karrigan" Andersen foi um dos primeiros passos dados pela FaZe Clan na tentativa de montar um esquadrão de estrelas europeias, feito que se concretizaria mais tarde, no segundo semestre de 2017, com as adições de Olof "olofmeister" Kajbjer e Ladislav "GuardiaN" Kovács.
E durante o restante de 2017 e em boa parte de 2018 as coisas fluíram muito bem para karrigan e a FaZe, mas à medida em que o ano foi se findando, o desempenho da equipe foi caindo gradativamente, fazendo com que seus sete troféus conquistados junto da organização se tornassem apenas uma longínqua lembrança.
A equipe então optou por abdicar dos serviços de karrigan, passando o peso da função de In-Game Leader para Nikola "NiKo" Kovač e trazendo o experiente Dauren "AdreN" Kystaubayev para ocupar a lacuna deixada pela saída do capitão.
Apesar de alguns lapsos e raros bons momentos, a FaZe Clan nunca mais conseguiu voltar a brigar pelo topo do mundo, carecendo da figura de um líder, ausência que não seria suprida pela adição do experiente Filip "NEO" Kubski, muito menos por Marcelo "coldzera" David ou Helvijs "broky" Saukants.
Já karrigan, após bater na trave na tentativa de levar a modesta Envy ao IEM Katowice Major 2019, desfrutou de grandes sucessos junto da mousesports, levando uma equipe do status de promessa à briga por títulos do mais alto calibre do CS:GO mundial, chegando a colocar os ratos europeus na segunda posição do ranking mundial.
No fim das contas, a estadia de karrigan junto à mousesports chegaria ao fim em fevereiro deste ano, quando o mesmo optou por não renovar com a organização alemã para retornar à FaZe Clan e liderar a equipe na tentativa de alçar voos tão altos quanto os de sua primeira passagem sob o banner norte-americano.