Xamp, treinador da Bravos, fala sobre danoco, cenário brasileiro de CS:GO e critica Valve: "Toma decisões horrorosas com o CS"

O treinador da Bravos foi o convidado da 21ª edição do OVERTIME, podscast semanal da DRAFT5

Foto: Arte/DRAFT5

Willian "Xamp" Caldas, treinador da Bravos, foi o convidado da 21ª edição do OVERTIME, podcast semanal da DRAFT5 que é transmitido ao vivo nas plataformas Twitch e Youtube. Por conta disso, a reportagem separou os melhores cortes do programa.

Ao longo das mais de duas horas de programa, Xamp falou sobre a trajetória de vida até se tornar comentarista e treinador, a qualidade dos treinos e a cena competitiva brasileira. Entretanto, o primeiro assunto separado foi em relação ao desempenho de Daniel "danoco" Morgado.

O jogador do MIBR atuou com Xamp na Bravos durante o segundo semestre de 2020 e foi uma das peças fundamentais na equipe, culminando com a transferência para a Sharks e, posteriormente, ao Made in Brazil. O treinador encheu de elogios o ex-companheiro, mas deu sua opinião sobre o possível motivo de danoco não ter deslanchado ainda na nova organização.

"Eu torço muito pelo danoco, mas, infelizmente, ele não consegue se destacar porque, talvez, acredito eu, que o estilo de jogo dele não é algo que ele está 100% confortável dentro do MIBR. Ele está fazendo uma função de entry fragger."

Xamp fez um comparativo com o danoco da Bravos, onde ele se adaptava a call que vinha e não chamar a jogada e construir o jogo. Além disso, o treinador destaca que essa função de primeiro contato na Europa é muito mais punitiva em comparação com o Brasil, onde era possível consertar algum erro.

"Ele sabe que os outros quatro do time dominaram o Brasil em 2020, são mais experientes e vitoriosos. A cabeça dele nesse momento é 'eu preciso me sacrificar pelo time e eu vou fazer o que é necessário para o meu time ganhar' e é isso que ele faz hoje no MIBR."

CENÁRIO BRASILEIRO DE CS:GO

Antes de virar treinador, Xamp atuou de comentarista e fez muitas transmissões sobre outros cenários da modalidade, como América do Norte, Europa e Oceania. Ele contou uma história engraçada sobre essa época envolvendo dois times da Oceania e revelou se isso o ajudou na formação de coach.

Contudo, a tecla mais batida entre jogadores e membros da comissão técnica é referente ao nível de treinos no Brasil. Segundo Xamp, existem treinos bons no Brasil, alguns medianos e outros "horrorosos".

"Um treino bom é quando você percebe que o adversário está testando coisa, que o controle de mapa e as decisões são em conjunto. Por exemplo, vem uma flash para dominar uma liga TR na Train, o cara não entrou de peito aberto. Mas tem time no Brasil que é complicado, porque ou não sabe treinar, só corre e troca tiro, não testa nada, mas tem equipe que está correndo só para pegar informação do seu time e isso é muito ruim."

Xamp chegou a comparar a similaridade do estilo de jogo brasileiro com o que é praticado na região CIS (Comunidade dos Estados Independentes). De acordo com o treinador, falta uma consciência tática maior para os brasileiros, que gostam de apostar muito na mira.

"No Brasil, muitas vezes, o cara quer dar aquele X1 na ponta porque acha que é bom de mira. Ai perde e o round começa a azedar. Tem essa consciência tática, que falta ao jogador brasileiro, de querer trocar muito 1x1, de resolver muito na mira. O CIS tenta resolver na mira, mas estão juntos, jogando na trade, concentrados para uma finalizada junto com o time."

BANIMENTO DOS TREINADORES

A questão do banimento dos treinadores pela Valve é mais uma pauta que não poderia ter ficado de fora do programa. A desenvolvedora do CS:GO, devido aos inúmeros casos de coachs abusando de um bug que permitia ver a ação da equipe adversária durante o jogo, proibiu a presença dos mesmos em competições do Regional Major Ranking (RMR).

"A Valve toma decisões horrorosas com o Counter-Strike. É muito ruim. Eles têm um jogo bom, onde em vez de eles consertarem o jogo (no caso do bug do coach), eles banem quando o bug ocorreu com determinado treinador. Para mim, isso não faz sentido."