Virtus.pro chama decisão da ESL de "cultura do cancelamento", mas libera jogadores para atuarem sob tag neutra

Organização deu carta branca para jogadores disputarem EPL 15

Foto: DreamHack

Quebrando o silêncio pela primeira vez desde quando começou a sofrer sansões pela ESL, a Virtus.pro respondeu, nesta sexta-feira (4), à exclusão da organização da ESL Pro League Season 15. Nesta semana, a ESL revelou que rompeu o vínculo com a VP e a Gambit em decorrência de uma possível ligação das organizações com o governo da Rússia.

Entre as proibições impostas pela organizadora, está a retirada das duas equipes da próxima temporada da ESL Pro League, prevista para acontecer no dia 9 de março. Conforme anunciado, no entanto, os jogadores de ambos os times poderiam disputar o evento caso obedecessem à regra de criarem um time com nome "neutro".

No comunicado emitido nesta sexta, a Virtus.pro rebateu as sansões impostas pela ESL, mas revelou que deixou na mão dos jogadores a escolha de participar da próxima temporada da Pro League. Em nota, eles revelaram que não responderão "agressão com agressão".

"Não responderemos a essa agressão com nossa própria agressão, proibindo os nossos jogadores de jogar este torneio. Eles gastaram muito tempo para se tornarem jogadores profissionais, e não estamos prontos para invalidar os esforços de outra pessoa. Nossos jogadores sempre serão "Os Ursos". Se eles decidirem jogar o torneio, apoiaremos a decisão", disse a Virtus.pro.

Veja a nota da Virtus.pro na íntegra:

"No dia 2 de março, a ESL nos notificou que a Virtus.pro e a Gambit haviam sido retiradas da ESL Pro League Season 15. Isso foi logo depois dela pedir que nosso clube compartilhasse informações legais e financeiras com eles: país de registro, donos e detalhes de parceiros, e se nossos afiliados estão sendo submetidos a sanções. Nós respondemos de maneira completa e compreensiva, sustentados por toda a papelada necessária.

Esse pedido foi uma mera formalidade, nossa resposta não deveria ter nenhum efeito. A ESL anunciou publicamente que o motivo para nossa desqualificação foi uma suposta conexão com o governo e companhias que estão sofrendo sanções. Entretanto, houve um palavreado diferente em conversas privadas: ainda que não estejamos conectadas com o governo, nós passamos a impressão de que isso é verdade.

Não podemos tolerar esse tipo de comportamento. Não há motivos racionais para nos suspender de torneios, além do preconceito e da pressão exterior. Isso aconteceu em Dubai em um evento da WePlay (campeonato de Dota 2), e continua acontecendo.

A ESL ofereceu que nossos jogadores atuassem sob uma bandeira neutra, com outra tag e sem camisas de clube. A ESL se recusa a se comunicar com a administração do clube, preferindo conversar diretamente com os jogadores.

Estamos vendo um exemplo ótimo da "cultura de cancelamento". Entretanto, nesse caso, não há ultimatos que deveriam nos empurrar para certas ações. É por isso que não vamos responder a essa agressão com nossa própria agressão de proibir os jogadores de participarem desse torneio. Eles gastam muito tempo para serem jogadores profissionais, e ao contrário de algumas organizadoras, nós não estamos dispostos a invalidar os esforços dos outros. Nossos jogadores sempre serão "Os Ursos". Se eles decidirem jogar no torneio, nós apoiaremos a decisão".

PREJUÍZOS BILIONÁRIOS

Suspensas pelas organizações de participar de eventos da BLAST, ESL e Elisa Invitational, Virtus.pro e Gambit não vêm sentindo o baque da guerra apenas nos servidores de Counter-Strike: Global Offensive. Isso porque os líderes de ambas as organizações possuem ligação com o governo da Rússia e estão sendo afetados diretamente pela invassão do país contra a Ucrânia.

O bilionário Vladimir Yevtushenkov, que chegou a se reunir com Putin no Kremlin no dia da invasão, é dono da MTS, maior provedora de internet do país e detentora dos direitos da Gambit. Ele, por sinal, é um dos magnatas que vem sentindo no bolso o peso do ataque russo aos ucranianos.

Foto: Max Kukurudziak/Unsplash

Já a Sogaz Insurance Group, companhia que administra a rede social VK e a ESforce Holding, que possui sob sua tutela a Virtus.pro, recebeu duras sanções por parte da União Europeia na última segunda-feira (28) e também tem registrado prejuízos.

A estimativa da Forbes, aliás, aponta que os 116 bilionários existentes na Rússia já sofreram perdas que ultrapassam os $126 bilhões desde o início da guerra na Ucrânia. O rublo russo, moeda vigente no país, inclusive, vem passando por uma desvalorização recorde desde a última quinta-feira (24).

GUERRA ENTRE RÚSSIA E UCRÂNIA

Os ataques da Rússia contra a Ucrânia foram ordenados pelo presidente russo Vladimir Putin, às 23h57 (horário de Brasília) do último dia 24 de fevereiro. Agências internacionais de notícias relataram que houve explosões em diversas regiões, inclusive na capital, Kiev.

Segundo o Kremlin, a ação militar visa cumprir a promessa de apoiar as autoproclamadas "repúblicas de Donetsk e Lugansk" no leste, e havia reiterado que não ocuparia o território ucraniano por completo.

Enquanto isso, o exército russo progride em direção a sede do governo e baixas são contabilizadas. Segundo o governo da Ucrânia, mais de 2 mil civis já padeceram, centenas ficaram feridos e mais de 1 milhão fugiram do país em meio ao conflito.