Para alguns é apenas o nome de um dos spots da Mirage. Entretanto, Markeloff vai muito além da guarita ao lado da "caixa do Boltz". Yegor "markeloff" Markelov é uma dessas lendas ucranianas que fizeram parte do cenário de Counter Strike. Não por menos, jogou ao lado de outros ucranianos que se tornaram tão lendas quanto ele no cenário, como Ioann "Edward" Sukhariev e Danylo "Zeus" Teslenko.
Com última passagem no CS:GO pela FlipSid3 em 2018, markeloff sumiu desde então. A derrota por 2 a 1 contra a Syman Gaming, em junho do ano passado, foi a última vez que o jogador foi visto online em algum servidor por uma partida profissional. Em teoria o jogador ainda está na ativa, mas, na prática, a última lembrança de markeloff é um 14/18 na Mirage daquela partida.
Mas não é apenas dos servidores de Counter Strike que o jogador ucraniano anda sumido. Yegor "markeloff" Markelov não é visto sequer nas redes sociais, que atualizava com certeza frequência. O (ex) jogador encontra-se inativo tanto no Facebook, Instagram, VK, Youtube ou Twitch. Em uma delas, um comentário em uma fan page oficial pergunta se markeloff não "adormeceu em uma garrafa de cerveja".
Markeloff viveu melhor fase da carreira pela Natus Vincere (Reprodução/HLTV.org)
Com ou sem cerveja, a história de markeloff não pode ser resumida no tempo que ele anda sumido. Propositalmente, ou não, a história do jogador ucraniano começou dez anos antes da última partida que disputou. Foi em outubro de 2008 que o jogador se lançou para o cenário de Counter Strike. Na época, longe de todo o glamour do cenário atual, Yegor começava a escrever a sua história nas páginas do jogo da Valve.
Não se sabe exatamente como surgem as grandes estrelas do Counter Strike, nem como elas são moldadas. Mas em sua grande maioria as jóias chegam nas equipes apenas aguardando para serem lapidadas. Enquanto alguns ficam apenas no quase, outros conseguem entregar para a comunidade muito mais do que era esperado deles. E assim foi com markeloff.
A história que todos conhecem do jogador ucraniano começou em 2010, na chegada à Natus Vincere. Entretanto, a verdadeira história de Yegor começou um pouco antes disso. O ano era 2008 e o Counter Strike estava na versão 1.6 quando markeloff vestiu a camisa do primeiro time profissional no cenário do jogo: DTS Gaming.
O jogador precisou de pouco mais de nove meses para chamar a atenção. Em uma equipe inferior, as boas aparições em competições como DreamHack Summer 2009 e Game Gune desse mesmo ano.Também foi nesse momento em que um encontro importante na história do jogador aconteceu: a primeira vez que markeloff e Edward jogaram lado a lado.
O bom desempenho da line-up ainda desconhecida chamou a atenção da HellRaisers, que é um dos capítulos mais curtos na vida de Yegor. Isso porque apenas alguns meses após chegar na equipe foi quando markeloff foi para a Natus Vincere junto com Edward. A transferência aconteceu em 2010, e foi a partir daí que o jogador ucraniano ficou conhecido como um dos melhores da história do Counter Strike 1.6.
NATUS VINCERE 1.6
Um capítulo a parte na vida do jogador, a Natus Vincere foi a grande casa de markeloff durante a trajetória no Counter Strike. Além dele, a equipe ainda contava com Sergey "starix" Ischuk, Arsenij "ceh9" Trynozhenko, Ioann "Edward" Sukhariev e Danylo "Zeus" Teslenko. A equipe que havia acabado de se juntar não precisou de muito treino para garantir o primeiro título do grupo: Intel Extreme Masters IV.
Nesse mesmo ano, a partir do título da IEM, a Natus Vincere levou pra casa outros cinco torneios que disputou. Além disso, também chegou em duas finais e garantiu pelo menos a semifinal em outras cinco ocasiões. O difícil era encontrar a competição em que o time ucraniano não conseguia passar o rodo pelos adversários. No ano seguinte a série de vitórias da equipe não havia chegado ao fim.
Dos 12 torneios registrados com a presença da Na'vi, em todos eles o time de markeloff chegou pelo menos às semifinais. O primeiro lugar veio em "apenas" quatro oportunidades e só SK Gaming e Frag eXecutors conseguiram parar a organização nas finais. A essa altura markeloff já carregava o título de melhor AWP do Counter Strike 1.6, mas o ano seguinte seria o início da virada para a Natus Vincere.
Acostumada com vitórias e grandes torneios, a equipe ucraniana só levantou um troféu de uma competição Tier 1 naquele ano. Além disso, a equipe já não era mais tão imbatível assim. Mesmo carimbando a presença em finais, o time amargou o posto de vice-campeão em seis oportunidades. Entretanto, a virada de mesa na carreira de markeloff viria no fim desse mesmo ano com o fim do Counter Strike 1.6 e a chegada ao Conter Strike: Global Offensive.
MELHOR DO MUNDO EM 2010
Markeloff viveu o auge da carreira na Na'vi. (Divulgação/HLTV)
Como já dito nesta reportagem, 2010 foi o ano de Yegor "markeloff" Markelov e da Natus Vincere. Todos os títulos conquistados pela organização naquele ano levaram o jogador a ser considerado o melhor jogador do mundo pelo HLTV. Aos 22 anos, o AWPer levaria o time ucraniano ao topo do pódio em sete oportunidades.
Na época, o site definiu o jogador como "o jogador mais impressionante de 2010". E markeloff realmente foi. Dentre as principais estatísticas do jogador naquele ano, o ucraniano terminou com Rating 1,22, além de ter sido o jogador que mais matou com AWP: 1.042 vezes. Como se não fosse o suficiente, também foi o jogador mais consistente, terminando com rating acima de 1,00 em 80% dos mapas jogados, e, por fim, sendo o segundo melhor entry fregger daquele ano.
O site também destacou a incrível capacidade de markeloff se manter vivo durante as partidas. Em três torneios disputados naquele ano o ucraniano conseguiu terminar os jogos vivos em 50% das rodadas. Na época, o portal afirmou que o feito tinha sido histórico levando em consideração que nunca antes outro jogador havia sobrevivido tantas vezes nas partidas.
MARKELOFF NO CS:GO
Markeloff não foi a única lenda do 1.6 a não brilhar no CS:GO. Além dele, outros grandes personagens do cenário não conseguiram se adaptar à transição e, por fim, vivenciaram a pior parte da carreira. Não só Yegor, mas toda a Natus Vincere não conseguiu repetir o que havia feito nos anos anteriores. Apenas uma decisão em um grande campeonato e, de resto, se acostumou a ser uma equipe que muitas vezes sequer chegava aos playoffs.
Não por menos foi nesse momento que a equipe se despediu do próprio markeloff e de outros jogadores como Edward e ceh9. Sem recuperar o nível, o ucraniano se viu no meio de uma dança das cadeiras maior do que quando iniciou a carreira. Se despediu da Na'Vi em 2013 após mais de três anos de história. O destino foi a Astana Dragons, mas markeloff nunca mais encontraria o alto nível no Counter Strike.
Jogador teve passagem pouco vitoriosa no CS:GO. (Reprodução/HLTV)
A volta para a HellRaisers, organização que o lançou para o cenário, também não foi o suficiente para o jogador. Por fim, três anos de FlipSid3 antes de sumir, tanto do Counter Strike, quanto dos holofotes de quem o procura. Assim, os momentos de ouro do jogador se encerraram no que viria a se tornar a melhor época para o jogo da Valve.
Entre um time e outro, no entanto, markeloff nunca deixou de ser figurinha repetida no evento mais importante do Counter Strike Global Offensive. Disputado desde 2013, até o momento já foram 15 edições de Major disputadas no cenário. Ainda assim, não importa qual fosse a fase do jogador ucraniano, ele era sempre presença garantida nos Majors.
Até sumir do cenário de Counter Strike, o jogador ucraniano participou de todos os Majors. O mais recente, ELEAGUE Major: Boston 2018. Antes disso, Yegor conta com outras 11 participações em competições organizadas pela Valve. Entretanto, nunca conseguiu ir muito além, tendo a melhor posição apenas o 5º/8° lugar em quatro ocasiões (DreamHack Winter 2013, ESL Major Series One Katowice 2014, DreamHack Winter 2014 e ESL One Cologne 2016). A última apresentação de markeloff foi a pior da carreira: 22º/23º.
Mesmo sem o Brasil e Yegor ter algo em comum, o jogador cruzou duas vezes o caminho das equipes lideradas por Gabriel "FalleN" Toledo. Na primeira ocasião, durante a ESL One Cologne 2015, as equipes se enfrentaram na segunda etapa da fase de grupos. Na ocasião, a até então Luminosity Gaming levou a melhor na partida contra a FlipSid3 e venceu por 22 a 18 na Cobblestone. O resultado fez o time brasileiro avançar para os playoffs, de onde seria eliminado logo em seguida pela fnatic.
Já no segundo encontro, na ESL One Cologne 2016, Yegor "marfeloff" Markelov esteve no caminho da SK Gaming, que seria campeã do Major naquele ano. A partida foi disputada durante o primeiro jogo dos playoffs, entre o time brasileiro e a FlipSid3. A vitória por 2 a 0 na partida daria o tom do time que viria com tudo em busca do bicampeonato do Major.
De markeloff restam apenas vídeos e lembranças do jogador que sempre está nas discussões se merece ou não o título de melhor jogador do Counter Strike 1.6. Nas redes sociais apenas imagens de uma pessoa que, tecnicamente, é considerada "inativa" no jogo, mas que nunca mais se viu ligado a ele.
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