Por onde anda: Lorenzo "lrz" Araújo

Lrz foi um dos grandes jogadores que surgiram no Rio de Janeiro, com o jogador sendo um dos responsáveis por colocar a Cidade Maravilhosa no topo do CS 1.6 nacional. Conheça a história do loirin

por Gabriel Melo / 11 de Ago de 2020 - 12:50 / Capa: Arte/DRAFT5
Não só por ser o berço da equipe de Counter-Strike mais amada do Brasil, o MIBR, o Rio de Janeiro pode se orgulhar. A Cidade Maravilhosa também é responsável por ter gerado alguns dos principais nomes do país na modalidade. E um deles é o personagem deste Por onde anda: Lorenzo “lrz” Araújo.

Lrz é conhecido atualmente por ser o treinador da Paquetá Gaming, uma das equipes postulantes a elite nacional. Mas a história do carioca começou ainda na versão 1.6, a qual conheceu graças a um padrinho. A evolução do jogador foi tamanha que, além de ter ajudado a recolocar o Rio sob os holofotes, Lorenzo foi por muitos anos cotado para ocupar uma vaga no Made in Brazil.

À DRAFT5, lrz classifica o próprio início no Counter-Strike como “bem clichê”: “Tive influência do meu padrinho na época. Ele sempre me levava nas lan houses nos finais de semana e, depois que ele me apresentou o jogo, eu comecei a ir após a escola ou até mesmo matar aulas”. 

Era bem divertido”, afirma, rindo.

Como muitos outros jogadores, lrz começou a jogar CS casualmente e se interessou pelo competitivo por conta do principal título conquistado pelo Brasil naquela época: o mundial da Electronic Sports World Cup (ESWC) de 2006 pelo MIBR.

O primeiro campeonato que assisti foi a ESWC que o MIBR venceu. Eu já jogava há uns dois anos, mas só por diversão mesmo, sem noção nenhuma de competitivo, foi nesse momento que vi que realmente existia um cenário em alto nível, que a galera competia de verdade, a partir daí eu não parei mais. Todo fim de semana tinha um torneio diferente em lan no Rio de Janeiro e eu estava em todos”, conta.

Os primeiros passos no competitivo foram dados ao lado de amigos no time chamado Mirins.RJ. “Era uma galera mais nova”, relembra lrz. “A gente tinha na faixa de 14, 15 anos, e era todo mundo amigo. Depois disso fui me destacando e subindo aos poucos”.

Realmente não demorou muito para lrz alçar vôos maiores no competitivo. O jogador saiu do time de amigos para, em sequência, defender duas das mais icônicas equipes do Rio de Janeiro: LooserManos e Team AUTHORITY, o famoso Team.A-

Lrz conta que isso aconteceu porque em uma época alguns jogadores dessas duas equipes resolveram se aposentar, e uma conversa em relação a fusão foi iniciada em prol do retorno do Rio ao topo do cenário nacional. 

O AUTHORITY rolou em 2008, quando realmente eu entrei para o cenário ao competir nos torneios nacionais. Antes eu era do LM, que era um time muito bom no Rio, e existia uma rivalidade entre essas duas equipes. Fizemos uma fusão entre esses dois times. Foi uma realização boa porque a gente conseguiu, naquela época, colocar o nome do Rio lá em cima de novo, já que o cs era muito regional”, aponta.

Tinha muito tempo que um time do Rio de Janeiro não conseguia resultados expressivos nacionalmente”, relembra.

lrz na época que defendia o Team.A- | Foto: Arquivo pessoal


Mas esta não é a única realização da qual lrz se orgulha. Revivendo na memória a carreira, o jogador afirma que ter disputado torneios internacionais pela GamerHouse foi outro sonho que realizou: “Não medi esforços para conseguir essas participações fora do Brasil. É o que eu tenho de mais marcante nesse tempo todo que joguei”.

Como naquela época o Counter-Strike era mais regionalizado, com as equipes precisando treinar durante muito tempo presencialmente nas lan houses já que a internet da primeira década dos anos 2000 não era das melhores, quase não se via um jogador saindo de um estado para defender a equipe de outro. Mas lrz foi um dos que quebrou tal barreira.

As boas atuações junto ao Team.A- colocaram lrz na lista de cotados a vaga no MIBR. Mas o jogador garante: “Não rolou nada oficial, apenas boatos e pedidos da comunidade”.

Por mais que a possibilidade de defender o principal time do país não tenha passado de boatos, lrz diz que “Foi bem gratificante” ver parte da comunidade pedindo que o MIBR lhe contratasse. “Não existia um jogador da era 1.6 que não gostaria de participar do MIBR. Era o time com melhor remuneração, mais visibilidade e disputava grandes torneios internacionais”, opina.

Mas o fato de lrz não ter ingressado no MIBR não quer dizer que o jogador não conseguiu alçar vôos ainda maiores no Counter-Strike. Ao todo, o carioca defendeu três importantes equipes de fora do Rio de Janeiro: GoldenGlory, uma das principais tags sulistas, smurfs Da montanha (sDm), time este responsável por colocar o Espírito Santo no mapa do CS nacional, e por fim GamerHouse, time com jogadores renomados como Jean "mch" Michel D'Oliveira e Vito "kNg" Giuseppe por exemplo.

Vira e mexe eu recebia proposta de times de fora do estado. Rolou com o GoldenGlory e o sDm. Por mais que sempre tivesse uma galera do RJ jogando ainda, depois que o A- acabou, em 2009, muitos times de fora do Rio queriam que eu jogasse com eles. O que não era muito comum naquela época. Joguei com a galera do Paraná, do Espírito Santo e depois com os paulistas no GamerHouse”, relembra.

Foi por esta última equipe, GamerHouse, que lrz atingiu o ápice no Counter-Strike, como o próprio diz. “Os cinco jogadores daquele time eram muito bons e estavam todos em uma boa fase, por isso que conseguimos nos destacar, ganhar torneios nacionais e irmos lá para fora. Foi o melhor time que joguei na vida, sem dúvidas”, garante.

lrz junto à GamerHouse após a dispua da DreamHack Bucharest | Foto: Arquivo pessoal


Junto ao GamerHouse, durante dois anos, lrz figurou no Top 2 do cenário nacional rivalizando com a antiga equipe de Gabriel "FalleN" Toledo, a MANDIC. A Mega Acervus Cup disputada em 2011 foi o principal título conquistado em cima dos rivais. No ano seguinte, um terceiro lugar na DreamHack Bucharest - campeonato no qual o GH só não chegou na final por causa da fnatic.

Eu nunca joguei no nível mais alto, de ganhar um torneio internacional por exemplo, mas atingimos um bom patamar conquistando um Top 3 na DreamHack”, classifica.

Quando a entrevista toca em arrependimentos, lrz afirma que o único que tem foi de não ter enxergado potencial no Global Offensive logo quando a versão pós-1.6 foi lançada: “O que me arrependo um pouco, foi de não ter acreditado no que o CS:GO se tornaria após algum tempo”.

Lrz afirma que chegou a dar uma chance ao CS:GO nos primórdios da modalidade, mas o fato de, naquela época, os campeonatos serem escassos foi primordial para que ele “pendurasse o mouse”.

Chegamos a representar o time da paiN no início da versão, lá em 2013, mas basicamente não tinha cenário. Jogávamos campeonatos, praticamente, a cada seis meses. Se tivesse enxergado o potencial do CS:GO já naquela época, com muita certeza eu não teria parado de jogar. Eu parei e fiquei quase três anos sem jogar e, quando voltei, o CS tinha voltado a ser grande. Se eu tivesse essa visão, não teria parado”, lamenta.

Nos três anos que ficou fora do competitivo, lrz se dedicou a vida acadêmica, tendo iniciado a faculdade de publicidade. Mas não demorou para o carioca voltar ao Counter-Strike, com isso acontecendo quando ele conseguiu ter um novo computador para jogar. 

Quando montei um PC novo para voltar a jogar, dois ou três meses depois veio o convite da INTZ. Aceitei e fui morar em São Paulo, precisando assim trancar a faculdade”, conta lrz, que completa dizendo que o que levou a voltar ao CS “foi justamente o tamanho do jogo. Eu vi que o jogo estava mudando a vida das pessoas, o que não acontecia no 1.6. A proporção que o jogo tomou me fez voltar”.

Eu não curtia o CS:GO lá no começo, quando estava acontecendo aquela migração. Mas com o tempo vieram as mudanças, skins, major, atualizações no geral e o jogo melhorou absurdamente e isso mudou toda a perspectiva que eu tinha”, opina.

O fato de ter trocado de cidade para competir, “algo totalmente novo para mim”, é a melhor lembrança que lrz tem no CS:GO. Quanto ao desempenho, junto à INTZ, o carioca figurou no topo nacional, mas o time nunca conseguiu ser Top 1: “Éramos Top 2 ou Top 3 porque tinha o g3x, jogamos algumas finais contra eles mas não conseguimos superá-los”. 

Passado INTZ, lrz chegou a defender alguns outros times até, novamente, dar uma pausa na carreira. Segundo o jogador, isso aconteceu porque acabou ficando com um computador desatualizado para atuar em alto nível e também perdeu um pouco a gana de competir. “Eu não estava a fim de me dedicar 100% sem ter um retorno. Basicamente foi isto”, conta.

Na época de CS:GO, lrz defendendo a INTZ | Foto: Arquivo pessoal


Mas não demorou muito para lrz voltar a estar presente nos servidores, só que agora em uma posição diferente: a de treinador. A ida para a Paquetá começou com uma conversa entre o carioca e um ex-companheiro de INTZ, Caike "caike" Costa.

Voltei há pouco tempo. Há uns três meses o Caike veio conversar comigo sobre ser coach do time dele. Foi uma idéia que eu gostei porque sempre tive uma boa visão de fora. Gosto de ter essa interação e, com todo o tempo que joguei CS, acredito que posso ajudar bastante”, aponta.

Ao ser questionado se não sente vontade de entrar nos servidores para dar bala, lrz revela que sim, mas garante que não está nos planos voltar a ser jogador: “Às vezes dá vontade de entrar no servidor e jogar. Mas estou curtindo meu papel e, no momento, não está nos meus planos voltar a jogar”.

Sobre estar em uma nova posição no Counter-Strike, lrz classifica a experiência que vem tendo como treinador em “Bem interessante, estou curtindo essa parte, mas ainda me adaptando. Consigo passar uma boa visão para os jogadores mais novos em relação a tudo o que vivi, a experiência que acumulei, consigo enxergar com mais facilidade onde estamos errando e onde podemos melhorar”.

Na Paquetá Gaming lrz está passando por experiência única: defender o nome de um ídolo em outro esporte. Flamenguista assumido, o carioca fica sem palavras ao tentar descrever o que está sentindo em poder interagir de perto com Paquetá

É meio sem palavra (ser da Paquetá Gaming) porque sou flamenguista. Vi o Paquetá jogar pelo Flamengo. Ele é um monstro e trabalhar para a organização dele é muito gratificante”, afirma.

Lrz garante que o chefe manda mensagem sempre para o time, mas que ainda não teve a oportunidade de uma interação ao vivo. “Talvez, quando ele vier para o Rio de Janeiro, eu peça uma camisa”, finaliza rindo.
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