Quem assiste às partidas do time de Gabriel "
FalleN" Toledo e companhia pode até saber o significado, mas acaba não fazendo ideia de onde surgiu o nome
MIBR. Por trás dele, um ex-jogador de Counter Strike que se inspirou em um tênis da Adidas para dar nome a uma das maiores equipes que o Brasil já teve no cenário.
Eduardo "
corassa" Corassa poderia não fazer ideia, mas havia acabado de nomear o que viria a se tornar uma organização recheada de história, fim e até mesmo um novo recomeço. Antes de falar sobre a origem da tag, é preciso compreender o que levou a criação do time e quais foram as principais barreiras para que a MIBR não tivesse outro nome nos dias de hoje.
Por trás dessa história toda um ex-jogador que virou a página do Counter Strike, mas que hoje segue uma vida muito bem construída graças ao jogo. Nutricionista, escritor, palestrante, youtuber e chef são apenas algumas das nomenclaturas do ex-jogador da MIBR. Hoje, sem saber nada do cenário, Eduardo Corassa agradece tudo que o Counter Strike lhe proporcionou, mas garante que "hoje em dia passou", como ele mesmo define.
CURTA CAMINHADA NO COUNTER STRIKE
Corassa (esquerda) e a família MIBR | Foto: Arquivo Pessoal
Quatro anos. Esse foi o total de tempo que Corassa ficou em atividade jogando Counter Strike. Com uma curta passagem no cenário competitivo, o jogador também não coleciona um portfólio muito grande de equipes.
Challenger,
Arena DBA,
MIBR,
RevoltZ,
MIBR.rj e
Blitzk. Na Made in Brazil foi onde atuou por mais tempo, de 2003 até o início de 2005.
Apesar de não ter nenhum título brilhante, tantos anos defendendo a organização não poderiam passar em branco. Enquanto lutavam pelo topo do cenário brasileiro contra a
G3X de Alexandre "
Gaules" Borba, Corassa e companhia conseguiram conquistar os primeiros troféus da lendária tag MIBR.
O primeiro deles aconteceu logo no primeiro campeonato que disputaram usando o nome Made in Brazil, em 2003. Na época, a equipe representada pelos brasileiros viajaria até Lima, no Peru, para se consagrar campeã da
LatinCup 2003.
Poucos meses depois o quinteto conquistaria mais dois títulos:
Campeonato Inter Adrenalines e
ESWC Brazil 2003, mostrando apenas no primeiro semestre daquele ano que a equipe surgiria com o propósito de conquistar o cenário. Depois disso Eduardo Corassa levantou outros três troféus pela MIBR. Ainda em 2003 conquistou a
World Cyber Games Brasil 2003, e, no ano seguinte, a
Cyber X Games e
ESWC Brazil 2004.
Depois desse período Corassa pouco fez pelo cenário brasileiro. Chegou a participar de competições importantes como a
CPL Brazil, pela RevoltZ, e a
CPL Winter pela própria MIBR. Contudo, a principal missão de Corassa ele já havia feito alguns anos antes, que foi dar nome ao que se tornaria a principal organização de Counter Strike do Brasil.
DE CHIMARRÃO A MADE IN BRAZILUm tênis. Foi exatamente isso que inspirou a criação da
Made in Brazil, ou MIBR. Sem muito romantismo ou pensamentos criativos, foi um tênis da Adidas que originou o nome da equipe. De acordo com corassa, a necessidade de dar um nome ao time que havia acabado de disputar uma competição em Dallas, nos Estados Unidos, fez o grupo se reunir para dar o que seria o primeiro passo – nem tanto literalmente, na organização.
Corassa ao lado de bsl, KIKOOOO e Eduzin | Foto: Arquivo Pessoal
Antes da ideia de Eduardo Corassa, no entanto, nomes como Chimarrão foram algumas das sugestões dadas pelos até então colegas de equipe. Bastou olhar para o próprio pé para corassa transformar o Made in China escrito no tênis Adidas em Made in Brazil. Contudo, a sigla que iria representar o nome também não seria a que é conhecida hoje em dia.
Isso porque inicialmente a tag receberia o nome de MIB, mas graças a um grupo de designer o nome oficial acabou sendo MIBR, que segue viva até hoje na cabeça de todos os jogadores de Counter Strike. Antes mesmo de dar o nome à equipe, no entanto, Eduardo Corassa já havia sido um dos principais responsáveis por fazer o time que se tornaria a MIBR chegar onde chegou.
"
Na época estávamos na Challenger e perdemos um campeonato para o G3X. Eu vi que o time tinha potencial, então foi quando eu tirei um dos jogadores da equipe (que também era patrocinador), e fui em busca de um novo patrocínio", disse.
Com apenas 20 anos, corassa já dava indícios de que, independente onde estivesse, levaria organização e responsabilidade como meta de vida. Sem ainda sonhar em ser escritor de sete livros como é hoje, corassa disciplinou a equipe e chegou a tirar um dos integrantes responsáveis por injetar dinheiro no time. Ainda como Arena DBA, foi a rotina de treinamento que fez o time receber o investimento para ir para Dallas, e só então receber o nome tão conhecido até hoje.
FIM DO JOGADOR, INÍCIO DE UMA CARREIRA
Ex-jogador, Eduardo Corassa vive estilo de vida mais saudável | Foto: Arquivo Pessoal
A vida útil de corassa no Counter Strike não foi a mais longa de todas. No entanto, é possível que ser o criador do nome de uma das tags mais conhecidas do mundo tenha dado a sensação de dever cumprido para Eduardo. Após sair da MIBR ele até rodou por alguns times, mas nunca com o mesmo vigor e desempenho que havia vivido no início da carreira.
De qualquer forma, antes mesmo de abandonar o mouse e o teclado, Eduardo Corassa já dava indícios de qual caminho iria trilhar após o Counter Strike. Isso porque foi em função das dificuldades e de ver o nível de jogo caindo, ainda enquanto atuava pela MIBR, que corassa começou a procurar por ajuda para melhorar o estilo de vida.
"
Durante a MIBR a minha carreira começou a declinar por causa de problema de saúde. Eu sentia muita dor na coluna e não conseguia mais jogar como jogava antigamente. Foi quando quis começar a entender o porque, e acabou me levando para uma dieta crua, que levo há 13 anos. Até na época comecei a jogar melhor, mas já havia largado o time quando dei início a isso", revelou.
O ex-jogador deixou de ser chamado apenas de corassa e hoje atende pelo nome e sobrenome. Eduardo Corassa largou o Counter Strike pra ter uma vida realizada profissionalmente. Com sete livros publicados, palestra no TEDx e documentários publicados, o agora nutricionista vegano frugívoro (que só vive à base de frutas e vegetais) diz que busca, hoje, um objetivo maior.
De acordo com ele, a ida para a profissão foi justamente por isso. Eduardo afirma que após se recuperar do problema de saúde "
jurou disseminar esse assunto para o maior número de pessoas possível porque sabe que muita gente morre sem saber que existe solução para os problemas". Apesar disso, não esquece a gratidão e tudo que aprendeu com o jogo de FPS, mas reitera que "
nunca acompanhou mais nada do cenário".
"
Claro que a vida na MIBR era muito boa... As viagens, as competições, mas passou. Hoje em dia só tenho a agradecer pela experiência, mas estou com outras metas hoje em dia são outras e eu não voltaria atrás. Sou muito mais realizado hoje em dia, mudando a vida de milhares de pessoas".