Os melhores no Brasil em 2022: (4) – Romeu "zevy" Rocco

Com três MVPs ao longo da temporada, zevy entra na lista dos 20 melhores pelo terceiro ano seguido

Foto: Arte/DRAFT5 com fotos João Ferreira/ESL

Romeu "zevy" Rocco completará 22 anos de idade em 2023 e aparece na lista dos melhores no Brasil pelo terceiro ano consecutivo. Assim como na carreira, onde dá passo a passo em busca da evolução, o AWPer também vai se consolidando individualmente. Em 2020, zevy apareceu pela primeira vez na 20ª colocação, evoluiu no ano seguinte, quando terminou entre os oito primeiros e agora dá mais um salto, sendo eleito pela DRAFT5 o quarto melhor atleta no Brasil em 2022.

Vale lembrar que junto da paiN, zevy seguiu uma carreira em torneios internacionais durante o ano, mas a lista de melhores do ano da DRAFT5 só considera torneios disputados no Brasil.

Romeu Rocco é original de São Miguel Paulista, localizado na zona leste de São Paulo. O primeiro contato com os jogos eletrônicos foi aos oito anos de idade, vendo o tio jogar Tibia, MMORPG desenvolvido pela CipSoft, e Combat Arms, FPS da Nexon.

"Conheci o CS:GO em 2016 vendo vídeo no YouTube. Na época, eu não tinha um PC para jogar. Só consegui um em 2017".

As primeiras investidas no cenário profissional aconteceram em 2019, quando montou um time de amigos e participaram das Ligas da Gamers Club. "A gente jogava na GC juntos o dia e acabamos chegando perto de subir pra Liga Pro, em 2019".

Em outubro daquele ano, zevy foi chamado para a Lowkey, de Rosario "SpyDaemoN" Polo e companhia. Durante os três meses finais, a equipe somou o terceiro lugar da Liga Gamers Club e terminou a 11ª temporada da Brazil Premier League (BPL) no TOP4.

A organização dos Estados Unidos não deu seguimento no projeto e a equipe ficou livre no mercado. zevy chegou a conversar com a W7M no começo de 2020, mas os bulls optaram por fechar com Rinaldo "ableJ" Moda, ex-jogador da FURIA.

Apesar dos contra-tempos dentro do servidor e no período de pandemia por conta da Covid-19, zevy seguiu mostrando força e chamou a atenção de uma das principais organizações brasileiras no período. A DETONA apostou no atleta para compor a formação de base.

Foto: Arte/DRAFT5

CÃO BRAVO NO CANIL

O jogador não demorou muito para subir da base para a escalação principal, principalmente depois de uma ótima performance na BPL Season 12; a DETONA Pound perdeu na final para a 9z Team, porém zevy ficou na lista de melhores jogadores do evento.

Após entrar na escalação principal da DETONA, ele teve que passar pela instabilidade do time. Devido ao sucesso recente dos pitbulls, a organização perdeu Lucas "Lucaozy" Neves para a Sharks e Vinicius "v$m" Moreira para o MIBR. Lucas ''nqz'' Soares e Kaue ''kauez'' Kaschuk foram as apostas da organização.

Em meio as mudanças de elenco, a DETONA ainda conseguiu se manter competitiva nos campeonatos até a GC Masters VI. Os pitbulls chegaram com a fama de underdog devido ao elenco, mas os comandados de nak surpreenderam, tiraram a DETONA da fila e ganharam o Major brasileiro.

"Foi um ano difícil com muitas mudanças na line, mas acredito que devido ao rikz (treinador) tudo ficou mais fácil e no final conquistamos o maior campeonato do ano. Foi surreal."

A DETONA pagou o preço do sucesso e viu grandes organizações voltarem os olhos para os jovens atletas. Como um dos pilares daquele time, zevy não ficou de fora dos holofotes e acabou aceitando ir para a Sharks na temporada 2021.

UM TUBARÃO NOVATO EM ÁGUAS INTERNACIONAIS

zevy deu mais um passo ao entrar na Sharks e disputou o primeiro evento internacional da carreira. Logo em janeiro, o time disputou a Snow Sweet Snow, ganhou dois jogos e avançou de fase. Contudo, os brasileiros abriram mão da disputa para voltar ao Brasil e jogar a WESG Latam, evento em que terminaram com o vice-campeonato.

A Sharks passou boa parte do primeiro semestre de 2021 no Brasil, principalmente por causa do Campeonato Brasil de Counter-Strike (CBCS), evento que contava pontos para o RMR da América do Sul. Na primeira edição, amargou mais um vice, dessa vez para o MIBR.

Antes do segundo evento do CBCS, em agosto, a Sharks novamente passou um período na Europa, treinando e jogando torneios online. Os resultados ficaram aquém do esperado, mas serviu ao propósito da organização, que voltou ao Brasil, terminou em segundo lugar nos dois últimos evento com pontos para o RMR e garantiu a vaga da América do Sul para o PGL Major Stockholm 2021 - o primeiro depois da pandemia.

Foto: Augusto Nobre/Sharks

Em novembro, zevy realizou o primeiro desejo de todo jogador de CS:GO, disputar um Mundial chancelado pela Valve, proprietária do jogo. Os tubarões se despediram do campeonato com três derrotas, mas isso era o de menos em comparação com a importância da classificação ao Major para a organização e para aquele quinteto de atletas.

"Foi (um ano) muito doido para mim. Entrei na Sharks e, sinceramente, não fazia ideia de tudo que eu ia conquistar. Aconteceu tudo muito rápido."

Já no clima de fim de festa, a Sharks não conseguiu repetir os bons feitos da temporada na ESL Pro League Conference e na BLAST Rising LATAM 2021. Por outro lado, zevy e companhia fecharam o ano com chave de ouro ao conquistar o título do CBCS Finals 2022 em cima do MIBR.

FAZ O P: NOVO DESAFIO

Com a virada do ano, a Sharks apresentou uma queda brusca de rendimento, caindo precocemente na RedZone PRO League 2022 Season 1. A catástrofe viria logo depois ao não conseguir classificar para o RMR das Américas do PGL Major Antwerp 2022.

"Depois de ficar em bootcamp na Europa, o que a gente esperava era no mínimo a classificação, mas infelizmente não conseguimos", comentou zevy.

O elenco deu uma boa resposta alguns dias depois. Na final da FiReLEAGUE Latin Power Spring 2022, que concedia uma vaga para a BLAST Spring Showdown da América do Norte, a Sharks derrotou a Imperial - The Last Dance, com direito a uma virada no segundo mapa (Dust2) de 15 a 4 para 19 a 15.

"Na verdade, esse jogo tudo estava dando errado e que se continuasse assim a gente ia perder. Então eu e o Lucaozy resolvemos só sair correndo pelo mapa e deu certo. A ficha só caiu que eu ganhei deles um dia depois."

O time não conseguiu engrenar com essa vitória, passou por momentos de instabilidade e focada nos torneios nacionais. Nesta situação, zevy não pensou duas vezes em aceitar a proposta da paiN Gaming.

"A paiN já era TOP 2 do Brasil e eles jogam os campeonatos bons, o que não acontecia na Sharks, e o Lucaozy tinha aceitado proposta do Fluxo, então foi bem fácil aceitar a proposta da paiN."

A nova line-up da paiN mostrou rapidamente que juntaram as peças certas, classificando para o RMR das Américas do IEM Rio Major 2022, ficando com o vice-campeonato do CCT #1 SA e ganhando o primeiro título da ESL Challenger Melbourne - o primeiro troféu internacional da organização no Counter-Strike.

"Pelos treinos a gente já sabia que o time tinha entrosado rápido, então foi uma questão de jogar o jogo mesmo. Só não esperávamos ganhar o título na Austrália, mas foi muito bem-vindo."

Foto: João Ferreira/ESL

A paiN chegou cheio de confiança e colocada entre as favoritas para ficar com uma das vagas das Américas para o Major no Brasil. O time teve um bom começo, ficando 2/1 no retrospecto e precisando apenas de uma vitória para classificar. Porém, levaram a pior na revanche contra a Imperial.

"Para falar a verdade, o seed do Major é horrível. E a gente se deixou abalar após perder para a FURIA no confronto de 2/1. Acho que combinou essas duas coisas, o sonho do brasileiro de ver o FalleN e cia jogando um Major no Brasil e nos termos jogado abalados pelas derrotas no campeonato."

O golpe foi duro para o esquadrão, ficar fora do primeiro Major no país de origem após estar com a vaga encaminhada. O time deu uma boa resposta na FiReLEAGUE 2022: Global Finals, mas perdeu na final para a Team Spirit.

Depois disso, a paiN ficou dois meses longe de partidas oficiais, treinando e voltaram com tudo em dezembro. Os tradicionais foram campeões do CCT #2 NA e do CBCS invitational contra Nouns e 00NATION, respectivamente.

"Acredito que a vontade é a mesma de quando comecei a jogar. Ser o melhor jogador e ter o melhor time. Todo ano eu evoluo, então 2023 não é diferente, acredito que ainda tenho que melhorar algumas coisas e elas serão melhoradas."

OS NÚMEROS DO 4º MELHOR NO BRASIL

A temporada de zevy é muito bem retratada nos números. O jogador acumulou três prêmios de MVP, na Aorus Invitational, CBCS invitational e REDZONE Pro League Season 4. Além disso, o sniper da paiN ficou duas vezes como o segundo melhor jogador do evento e mais quatro oportunidades na lista dos melhores.

Por conta disso, zevy encerrou o ano de 2022 com 105.8 D5 Points, baseada nos MVPs e EVPs, mas cada torneio tem um peso diferente. Além disso, a "mula do chat" teve mais cinco C Points, que leva em consideração os destaques do jogador em conquistas coletivas.

"Recebo isso muito bem, sempre assisti ao Gaules, então fico muito feliz de ter recebido um apelido na live dele. Claro que isso me motiva, o carinho das mulas me deixa muito alegre."

Na lista dos 20 nomes, ele teve o melhor KAST, principal estatística em partidas no CS:GO, unindo kills, assistências, sobrevivência e trade kills, além de ótimos 1.24 de rating 2.0 e 78.5 de ADR (dano médio por round).

Foto: Arte/DRAFT5

FOCO TOTAL PARA 2023

A paiN ganhou um ótimo presente de natal no fim de 2022, com as vagas garantidas para o Play-In da IEM Katowice e fase de grupos da ESL Pro League Season 17. Com tantos eventos da elite do circuito mundial, zevy quer foco total para estabelecer a paiN entre os melhores.

"Acredito que sim (paiN chega pronta para 2023), a gente treina e joga bastante. Espero fazer um ano melhor individualmente, acho que consigo ajudar mais o time também."

Quando questionado para apontar um jogador que o cenário deve ficar de olho na nova temporada, zevy aposta em um atleta das categorias de base da própria paiN. "Acho que o cass1n, da paiN Academy. Ele é novo ainda e 2023 pode se destacar mais ainda e estourar."