Os melhores no Brasil em 2022: (18) – Rodrigo "proSHOW" Guluzian

Jogador da Los Grandes teve ano de destaque com 1 MVP, 2 EVP1 e 9 EVP2

Foto: Arte/DRAFT5 com fotos de Los Grandes e Red Bull Flick

Nascido e criado na Zona Norte da grande São Paulo, Rodrigo "proSHOW" Guluzian é acostumado com a correria da capital paulista. Se engana quem pensa que o franco-atirador é mais um dos jovens que estouraram no cenário ainda na pouca idade, na verdade, a história do paulista passa por muita superação e dedicação.

Elencado pelo próprio jogador como o melhor ano de sua carreira, 2022 colocou proSHOW de vez no radar das grandes organizações brasileiras. Pela primeira vez aparece entre os 20 melhores jogadores do Brasil. Conheça agora, a história do 18º melhor jogador do Brasil em 2022.

POR QUE PROSHOW?

Nas épocas de jogatinas em lan house, proSHOW conta que a ideia surgiu após uma inspiração no nickname de seu primo, o qual era muito próximo. "Ele criou o nick de 'mitSHOW', e eu queria usar algo parecido para combinar com ele. Daí pensei, se você vai ser o mito, eu vou ser o pro, e ficou como proSHOW".

Hoje, o jogador admite que não morre de amores pela escolha, mas que nunca foi de ligar muito pra isso. "Eu nunca liguei para isso (a escolha do nickname), realmente nunca me importei. De um tempo pra cá, ficou um pouco mais popular e a galera acha o nick ruim, um pouco soberbo. Não vou discordar, mas já fiz história com ele, então não tem como mudar".

O INÍCIO NOS JOGOS

Vivendo a infância durante a ascensão das lan houses no Brasil, proSHOW teve seu primeiro contato com os jogos graças ao seu irmão. O jogador conta que, perto dos seis, sete anos, via o seu irmão mais velho se divertir nesses locais e queria fazer o mesmo.

"Eu ia com meus pais buscar meu irmão na lan house, ele fazia faculdade e depois ficava por lá. Depois de tanto insistir, pude jogar. Mas eu era muito novo, jogava pouco, não era todos os dias. Com o passar da idade, começaram a deixar eu jogar com mais frequência, principalmente nas férias. Foi quando eu conheci o Counter-Strike, na época, era o 1.5, eu jogava bastante, junto com Gunbound e Tibia", destaca o jogador.

O tempo passou, proSHOW foi crescendo e, junto com o jogador, a paixão e o vício pelo joguinho também aumentavam. Antes na lan house, agora podia desenvolver suas habilidades dentro de casa, graças ao irmão que havia comprado um computador.

Foto: Arquivo Pessoal

Entretanto, como nada havia de ser fácil, a Valve acabará de lançar o Counter-Strike: Global Offensive, quando o próprio admitiu atingir seu auge na versão 1.6. "Eu fiquei chateado, não queria mudar, desanimei. Eu gostava muito do 1.6 e não estava pronto para migrar. Na época, pensei que tudo ia acabar ali".

Apesar do baque, em pouco menos de um ano, o jogador percebeu o potencial da nova versão do jogo e se rendeu a ele. O tempo passou, proSHOW continuou se destacando e era costumeiramente elogiado por seus companheiros, por sempre se destacar na partida. "Eu sempre era o topfrag, percebi que estava ficando bom no jogo. Fiz muitas amizades, e com isso, montamos um 'clã' de amigos, e começamos a competir nas ligas abertas da Gamers Club".

OS PRIMEIROS CAMPEONATOS

Junto com seus amigos veio a primeira oportunidade no seu primeiro campeonato presencial, disputado em Belo Horizonte. Lá uma amarga derrota na grande final destinou que proSHOW e sua equipe ficasse com a segunda colocação. Ainda focado no competitivo, a primeira grande oportunidade veio para mostrar que nada seria fácil.

Em 2019, a FURIA abriria uma peneira para o time academy. Com o sonho de dar o próximo passo, proSHOW decidiu se inscrever, mesmo que receoso. "Eu juntei o dinheiro e me inscrevi, mesmo sem grandes esperanças. Sabe quando entramos naqueles sorteios, que vencem um em um milhão? Pois é, me senti assim, mas eu sabia da minha habilidade e do que era capaz".

A medida que a peneira se aproximava, proSHOW começou a focar ainda mais no jogo. "Eu estava jogando todo dia, treinando muito. Ia ter prova teórica, e eu não sabia o quê iria cair. Até o código da C4 eu cheguei a decorar. Gabaritei a prova.", conta o jogador.

proSHOW durante a FURIA Academy | Foto: Rafael Veiga/DRAFT5

Chegou o grande dia, e proSHOW se destacou, até chegar na grande final. "Mais três AWPers concorriam comigo na final. Ao todo, eram seiscentos jogadores querendo a disputando três vagas. No fim, eu fiquei com a única posição de AWPer disponível. Esse momento foi muito marcante na minha carreira, eu chorei bastante, minha mãe estava internada no hospital durante a peneira".

Logo no primeiro fim de semana representando as cores da FURIA Academy, proSHOW passaria por um dos momentos mais difíceis de sua carreira. Em seu primeiro campeonato como profissional, sua mãe viria a falecer na mesma data. "Foi um dos meus melhores desempenhos na carreira. Era a Copa GamersCard Furiosa, fomos campeões. Eu me desliguei de todo o externo e consegui focar no campeonato. Com certeza, é um dos campeonatos mais impactantes da minha carreira".

A CONFIRMAÇÃO NO PROFISSIONAL

proSHOW passou exatamente um ano na FURIA Academy, mas teve de sair da equipe por conta de sua idade. "Eles queriam disputar a WePlay Academy League, que tinha um limite de idade. Somente um jogador poderia ter mais de 20 anos, eu já tinha feito 21, então tive que sair".

Apesar da saída, o jogador não deixa de destacar o quão crucial foi a passagem pela pantera em sua carreira. "Eu aprendi muito lá, quando entrei, ainda jogava no estilo 'pugzeiro', mas sempre quis melhorar, assistia muita DEMO, até quando não era profissional. O msr (treinador da FURIA Academy) me ensinou muita coisa, que uso até hoje".

proSHOW é apresentado na Redragon | Foto: Arquivo Pessoal

No início de 2021, o jogador entraria em sua segunda equipe profissional. Em menos de três meses após se despedir da FURIA e ficar livre de contratos, a proposta da Redragon bateu na porta. E não titubeou em aceitar.

Em uma montanha russa de altos e baixos na organização, proSHOW e seus companheiros alcançaram a Série A da Liga Gamers Club, aonde foram vice-campeões na última edição da temporada, disputada em Dezembro.

O ANO DE PROSHOW

Ainda representando as cores dos dragões vermelhos, proSHOW finalizou o primeiro semestre com o título da RedZone PRO League Season 2, torneio que coroou uma dupla conquista para o jogador, que também foi eleito o MVP da competição.

Como nem tudo são flores, a maior parte do primeiro semestre contou com algumas bolas na trave. O jogador e sua equipe caíram nas semifinais de outras quatro edições da Série A da Liga Gamers Club. Além de não conseguirem garantir sua participação no RMR Americas que distribuía vagas para o PGL Major Antwerp. Mesmo com os resultados abaixo do esperado, proSHOW acumulou oito EVPs durante o primeiro semestre.

A organização decidiu passar por mudanças, mas que acabavam não surtindo efeito. "Começaram a aparecer problemas, percebemos que não iríamos sair do lugar se não houvessem mudanças. Foram feitas, mas a gente não se encontrou mais. Era frustrante treinar, treinar, treinar e não ter resultados. Perto do meio do ano, estávamos próximos do fim do contrato e decidimos seguir caminhos distintos".

proSHOW na LOS Grandes Academy | Reprodução/Los Grandes

Dias após o seu contrato com a Redragon expirar, em setembro, proSHOW começou a atuar como complete da Los Grandes Academy. Junto a onda laranja, o jogador participou de duas edições do CCT South America Series, aonde chegou até a fase principal da competição.

Em seu melhor momento representando a organização, proSHOW conquistou outros dois EVPs com as cores da Los Grandes, durante a KabuM! Challenge Cup 2 e na edição de outubro da Série A da Liga Gamers Club.

O 18º MELHOR JOGADOR DO BRASIL EM 2022

Durante a temporada, proSHOW teve 98 DRAFT5 Points, que é o sistema que soma com pesos diferentes os destaques nos torneios. O jogador foi MVP da RedZone Pro League Season 2. Além disso, outros incríveis 9 EVPs, incluindo em quatro edições da Série A da Liga Gamers Club e torneios de grande porte, como o CBCS Elite League Season 1 e a CCT SA Series #1.

Apesar disso, o jogador somou apenas um ponto coletivo, que é a métrica baseada nas listagens em conquistas coletivas. Ainda sim, proSHOW finalizou o ano com 1.11 de rating 2.0, 74.9 de ADR e 68.9% de KAST, segundo dados do portal HLTV.org.

O jogador ainda foi EVP1 nas etapas de dezembro e março da Série A.

Arte/DRAFT5

PRÓXIMA TEMPORADA

Colocando 2022 como o melhor ano de sua carreira, proSHOW espera continuar se superando e fazer a próxima temporada ainda melhor do que a última. "Nosso time tá bem empenhado, focado, o objetivo agora é treinar e tentar ganhar títulos".

Pela primeira vez entre os 20 melhores do ano, o jogador revela ainda ter muita lenha pra queimar. "Individualmente, ainda tenho muita coisa para mostrar. Esse ano será o momento de mostrar tudo isso, espero mostrar um bom jogo enfrentando as melhores equipes e ganhar muitos campeonatos que ainda não consegui conquistar", concluiu o jogador.

Questionado sobre quem deve ser eleito o melhor jogador do Brasil na temporada pela DRAFT5, proSHOW afirmou que Allan "history" Lawrenz é o principal nome, em sua opinião. "Depois de toda a campanha da ARCTIC, dos títulos e de seu destaque, não tem como não ser ele", brincou o jogador.