Os melhores no Brasil em 2022: (13) – Victor "vLa" Luiz

Com o sexto melhor ADR do Brasil, vLa somou 1 EVP1 e 11 EVP2 garantindo 101.2 DRAFT5 Points e a 13º colocação

Foto: Arte/DRAFT5 com fotos de Rafael Veiga/DRAFT5 e ODDIK

Acostumado a ter que superar barreiras para manter vivo o sonho de se tornar jogador profissional de Conuter-Strike, Victor "vLa" Luiz atinge mais um objetivo pessoal de sua carreira no jogo. Pela primeira vez, o jogador é indicado entre os 20 melhores jogadores do Brasil.

Natural de Guarujá, no litoral de São Paulo, nascido em 28 de dezembro de 1998, vLa teve de ser paciente até a grande oportunidade surgir em sua carreira. Longe de tomar os holofotes do cenário desde a pouca idade, a história do profissional, na verdade, passa por muito esforço e força de vontade.

O PRIMEIRO CONTATO COM OS JOGOS

Podendo desfrutar em sua infância o auge das lan houses no Brasil, vLa conta que seu primeiro contato com os jogos nasceu em um desses locais de jogatina. "Curiosamente, o primeiro jogo que eu joguei foi o Counter-Strike, em uma lan house do bairro. Um tempo depois, já com 14 anos, fui na casa do meu primo e ele estava jogando Crossfire, eu gostei e instalei no meu computador".

Apesar de tomar gosto por outro FPS, vLa revela que sempre preferiu a série de jogos desenvolvidas pela Valve, mas que seu PC não tinha condições de rodá-los. "Eu ainda jogava Crossfire, mas minha paixão sempre foi o Counter-Strike. Na época, já havia lançado o CS:GO, mas meu computador não rodava. Com o passar do tempo, consegui montar um PC e comecei a jogar".

VICTOR "VLA" LUIZ

Já adepto ao Counter-Strike, vLa tinha uma das mais difíceis escolhas de todo player de qualquer jogo online: a escolha de seu nickname. Acompanhando o cenário competitivo da época, o jogador admite que seguiu uma certa "moda" da época para definir seu nome.

"Quando comecei assistir o cenário, eu sempre usava nicks genéricos, ficava trocando. Percebi que estava na moda utilizar nomes com três letras, como shz e dzt, que estavam no topo dos campeonatos brasileiros naquele tempo. Então utilizei as iniciais do meu nome. Alguns me chamam de vLazin, mas esse final é só para ‘turbinar’ o nick".

O INÍCIO NO COMPETITIVO

Deixando de ver o Counter-Strike como apenas um joguinho e um momento de descontração com os amigos, vLa tomou a decisão de tentar a oportunidade de entrar no competitivo. Como todo jovem sonhador em busca de uma oportunidade, os "mix" com amigos começaram a ser criados.

Entre curtos projetos em times com amigos como a Bear2go e Vb gaming, a primeira grande oportunidade bateu a porta de vLa ainda aos 19 anos, intitulada no nome de Vulkano. A organização, que já tinha uma game house sediada no Maranhão, foi a primeira grande oportunidade na carreira do jogador.

vLa durante a Vulkano | Reprodução/Instagram

Por lá, a disputa da Copa Ignus e algumas LANs no Nordeste formaram a base para o futuro do atleta. "A Vulkano foi minha primeira grande experiência em organizações profissionais. O dono da equipe até me ajudou com o computador. Vencemos alguns campeonatos regionais, nada de torneios no HLTV ou algo do tipo, mas formou uma base e experiência muito boa para disputar as LANs atuais".

Pouco tempo depois, surge a ideia de outro mix com amigos, com o nome de "Fake dos pro". Durante essa época com a ajuda de companheiros de equipe e o dinheiro de premiações, conseguiu ter a primeira melhora de setup.

"Eu ganhava bem pouco na época, mas consegui juntar uma grana e montar meu computador. Meus amigos me ajudaram também, com placa de vídeo e periféricos. Tudo isso foi uma base muito importante para o que tenho hoje".

A VIRADA DE CHAVE

Após bons resultados enquanto representava a Fake dos pro, o que incluiu um vice-campeonato da Gamers Club Liga Profissional, na edição de fevereiro de 2020, vLa rumou para a Neverest. Por lá, o jogador também representou a Redemption, de Porto Alegre, após uma parceria entre as duas organizações.

Sob as cores da nova equipe, ficou com o gosto do vice-campeonato em algumas oportunidades, e não foram poucas. A Liga Profissional da Gamers Club, edição de Abril, CBCS: The Conquest, MN Games 2020 e a La Liga Pro Sur Clausura foram algumas das competições que deixaram o grito de campeão para uma próxima tentativa.

Pouco tempo depois, uma curta passagem pela Bears e a contratação para a KG Network, aonde disputou a Série A da Gamers Club e duas edições do CBCS, colocaram o jogador de vez no radar das grandes equipes do cenário nacional.

Voltando as origens foi fazer parte de um "mix" de amigos em busca de uma oportunidade. A equipe, que havia sido dispensada da PR Stars em um projeto de curto prazo, decidiu se manter junto e encontrou na Stars Horizon uma nova casa.

Stars Horizon divulgou seu elenco para a disputa do CBCS Masters | Divulgação/CBCS

Junto à Stars Horizon chegou na grande final da The IQ Option, torneio que o próprio jogador destacou como crucial para sua carreira. "Mesmo que perdemos a final, creio que meu desempenho foi muito bom. Isso com certeza motivou a galera a me chamar para o projeto da UNO MILLE".

Segundo o jogador, essa passagem do meio de 2021 até o fim da temporada havia sido a mais feliz de sua carreira até o momento. "Foi a época que mais fui feliz jogando CS:GO, eu estava muito confortável com o time, com os jogadores. Tivemos muitos resultados bons".

Ainda representando as cores da organização, vLa foi campeão da Gamdias Ascension League Season 4, contra o Santos e-Sports e amargou o vice-campeonato da RedZone PRO League 2021 Special Edition, contra a Meta Gaming. No início da nova temporada, o jogador se despediu da equipe e rumou para a UNO MILLE.

O ANO DE VLA

Dentro do novo projeto, onde contava com seu antigo companheiro de equipe e capitão, Felipe "RICIOLI" Ricioli, vLa coroou o primeiro semestre com a vingança sobre a Meta Gaming na final do CBCS Retake Series, anotando 1.16 de rating e 1.07 de impacto.

A parceria reeditada com RICIOLI, segundo o atleta, é um dos grandes motivos para a sua crescente de desempenho. "Ele me deixa muito confortável para tomar decisões e criar jogadas. Por eu e o time estarmos a vontade, a gente conseguiu apresentar ótimos resultados no ano passado".

Entre seis meses de muito trabalho e conquistas, a UNO MILLE chamou a atenção de diversos times do cenário nacional, entre eles, a ODDIK, organização proveniente do VALORANT, mas que possuía a vontade de entrar no cenário de Counter-Strike. No fim de junho, os sonhos se fundiram e agora vLa representava a equipe.

Foto: Rafael Veiga/DRAFT5

Já no primeiro torneio com a nova casa, a ODDIK não teve dificuldades nos playoffs do CBCS Elite League Season 1 e carimbou vaga nas finais em LAN da competição, finalizando a disputa sem perder um único mapa.

Entretanto, como nem tudo é um mar de rosas, uma dura derrota para a ARCTIC na decisão do torneio frustrou os sonhos do primeiro título da organização. "Sabíamos que era necessário arrumar algumas coisas, mas conversamos com calma e mantivemos o foco. A organização nos deu todo o respaldo possível"

Embalados para conquistar de volta a dominância conseguida no primeiro semestre, vLa e seus companheiros obtiveram dois títulos em sequência, o CLUTCH Season 4 e Série A da Liga Gamers Club de Julho. Além disso, também garantiram vaga no qualifier da BLAST Premier após vencer a FiReLEAGUE: Brazil.

Em um fim de ano quase perfeito, a ODDIK ainda conseguiu se sagrar a grande campeã do MEG 2022, após se vingar da Paquetá na grande final, que havia jogado a equipe de vLa para a lower bracket. Com a vitória na final, a organização levou a maior parte do prêmio, embolsando R$100 mil para os cofres.

Nos últimos torneios da temporada, a equipe ainda bateu na trave em outras três oportunidades, ficando com o vice-campeonato da KaBuM! Challenge #2, a Série S da Liga Gamers Club Season 2 e o CBCS Finals 2022.

Foto: Rafael Veiga/DRAFT5

O 13º MELHOR JOGADOR DO BRASIL EM 2022

Em todos os campeonatos de sua temporada, vLa somou 101.2 DRAFT5 Points, que é o sistema que soma com pesos diferentes os destaques nos torneios. Finalizando a temporada com 1.07 de rating e 74.3 de ADR, o atleta teve o 6º maior KAST do Brasil, com 72.6%.

O jogador ficou próximo de conquistar o MVP na Liga Gamers Club Série S, ficando com o EVP1. Além disso, outros incríveis 11 EVPs, incluindo torneios de grande porte como quatro edições distintas do CBCS, MEG 2022 e o CCT SA Series #3.

"Acredito que é só o começo, a minha evolução de 2021 para 2022 foi muito grande. Foi quando consegui focar totalmente no CS, esquecer outras coisas, trabalho paralelo. Acredito que esse é o motivo de ter um resultado tão bom", concluiu o jogador.

PARA A PRÓXIMA TEMPORADA

Ainda nesse começo de ano, no dia 14 de janeiro, vLa e sua equipe irão partir para a Polônia, em um bootcamp no CT da Kinguin. Para o jogador, essa experiência será crucial para o desenvolvimento da equipe para a próxima temporada.

"Estamos muito ansiosos, acredito que vamos ter uma grande evolução por lá, vai ser fundamental para o desenvolvimento do time e para continuarmos evoluindo".

Traçando as metas para 2023, vLa afirma que não gosta muito de expor seus objetivos, mas que tem o sonho de disputar um Major. "Uma das minhas metas é conseguir a classificação para o RMR e Major. Também quero ter experiências internacionais".

Questionado sobre quem deve ser eleito o melhor jogador de 2022, vLa revelou que espera que Lucas "Lucaozy" Neves seja o vencedor, mas também gostaria de ver seu companheiro de equipe, João "naitte" Maia com o prêmio. "Ele traz muito impacto para o time, realmente faz toda diferença no servidor. Se não for ele, devia ser o naitte, ele é muito bom".

Elencando jovens promessas para a próxima temporada, o jogador destacou que Nicolas "r1se" Kubitza deve ser um grande nome. "Tem um grande potencial e está em uma evolução muito grande. Posso acompanha-lo de perto. Além dele, "happ", "snowzin" e "xureba" são outros grandes nomes para 2023".