Lucas "lux" Meneghini foi certamente uma das grandes surpresas de 2022. Afinal, quem poderia imaginar que um jogador até a pouco desconhecido se tornaria parte preponderante para a ascensão meteória do Fluxo ao nível nacional e internacional?
A história de Lucas, contudo, se inicia muito antes disso, mais precisamente em 2002. Filho ilustre da pacata Mogi Mirim, município situado ao leste do estado de São Paulo, o qual possui pouco mais de 90 mil habitantes, o jovem vivenciou o primeiro contato com os jogos por volta dos 6 anos, quando se aventurava em alguns clássicos do PlayStation 1.
Apesar disso, lux não demorou a passar dos consoles para o PC e, por consequência, descobrir o Counter-Strike: "A primeira vez que joguei CS:GO foi em 2013. Fui conhecer mesmo por meio de alguns amigos que já estavam jogando", relembra.
Foram necessários alguns anos até que o espírito competitivo fosse verdadeiramente despertado pelo universitário Lucas, que começou a disputar campeonatos regularmente pela UNIFEI Blue Rabbits, time que representava a Universidade Federal de Itajubá, onde ele estudava: "Os primeiros campeonatos que disputei foram torneios universitários e ligas amadoras da Gamers Club."
lux, aliás, tem duas inspirações de peso: "Dentro do jogo mesmo já tive várias, porém o que faz eu me inspirar mesmo eram as questões fora do jogo: mentalidade, dedicação e foco. Logo, minhas maiores inpirações foram o Kobe Bryant e o ropz, este último pelo fato dele conciliar os estudos com o jogo, algo que eu tive que fazer por um tempo", contou.
Já em 2021, as boas performances em campeonatos universitários acabariam por chamar a atenção de equipes mais refinadas do cenário nacional, fazendo com que a brincadeira de outrora se tornasse uma profissão. Durante os três primeiros meses do ano, o talentoso jogador atuou por times como SELEÇÃO, SEMORG e ex-Paquetá Gaming. Em abril, veio a virada de chave: a DETONA, uma das mais prestigiadas organizações do cenário, apostaria em seus préstimos.
"Foi um começo muito bom em que tive uma evolução muito rápida, sou muito grato por todos os jogadores que tive prazer de jogar ao lado", garante. Embora tenha se tornado presença frequente em grandes campeonatos do cenário sul-americano, lux jamais conseguiu despontar junto de uma instável DETONA, que em janeiro de 2022 optou por abrir mão de seu elenco. Do clube, ficam lembranças como a primeira LAN da carreira:
"Minha primeira LAN foi a GGWP 2021, quando eu estava representando a DETONA. Disputamos uma final contra a Imperial do zqk e infelizmente perdemos de 2-1", recobra.
Começar o ano em busca de uma nova casa não é lá dos melhores cenários, mas lux teve maturidade para tirar o melhor de tal situação. No fim das contas, há males que vêm para o bem. A oportunidade de defender as cores do Cruzeiro bateu à porta e o prodígio não titubeou, dando início àquele que considera o melhor ano da carreira até então.
Não demorou para que Lucas se tornasse a estrela do elenco cruzeirense, conseguindo o cobiçado acesso à Série A da Gamers Club by Itaú, indo longe em diversos campeonatos de nível doméstico e conquistando o título da Cash Cup - Spring 2022 #1, torneio no qual foi eleito o melhor jogador.
O Cabuloso, contudo, não teve bala na agulha para manter a roda girando e, pouco a pouco, foi perdendo as estrelas de sua constelação, com lux sendo um dos primeiros a pularem da barca, já em maio. A B4 até demonstrou interesse no jogador, mas algo ainda mais grandioso o aguardava.
No mesmo dia em que o menino prodígio deixou o Cruzeiro, Adriano "WOOD7" Cerato foi movido ao banco de reservas do MIBR em uma das movimentações mais controversas da temporada. Mal sabiam eles que seus caminhos acabariam se cruzando, com tudo indo muito além dessa mera coincidência.
Enquanto o jovem Lucas ficou livre no mercado, WOOD7 viu-se relegado ao banco do MIBR. Com o olho aguçado de quem cansou de conquistar títulos com elencos que nem perto chegavam dos holofotes, o gaúcho enxergou no garoto de Mogi Mirim uma das peças para a empreitada que lhe colocaria novamente nas mais prestigiadas competições do Brasil e - por que não? - do mundo.
"Qualquer forma de reconhecimento de um trabalho vindo de muito esforço é muito bom, porém o peso do reconhecimento do WOOD7 foi muito grande, visto que era um capitão que tinha acabado de quase ser Legend de um Major", explicou.
A ideia inicial era formar um plantel apenas com jovens talentos, mas o aporte do Fluxo deu a WOOD7 a chance de buscar nomes bem mais consolidados. O capitão, apesar disso, não abriu mão de ter lux ao seu lado, com o clube oficializando sua entrada no Counter-Strike já no mês de agosto.
"Está sendo perfeito em muitos aspectos, aprendendo com jogadores mais experientes, jogando os maiores campeonatos do mundo e ainda representando uma das mais organização do Brasil!", diz lux sobre o período junto ao Fluxo.
O começo junto à nova organização, no entanto, não foi dos mais suaves. O principal objetivo da temporada, a classificação ao Major do Rio, caiu por terra à medida em que a equipe não conseguiu passar das tortuosas seletivas abertas. Novamente, há males que vêm para o bem.
"Apesar da não termos nos classificados para o Major do Rio, conseguimos dar a volta por cima logo no dia seguinte à derrota e isso nos deu um gás absurdo para garantir muitos títulos e classificações ao longo desses meses", recorda.
Desde então, o Fluxo acumulou êxitos a nível doméstico: ao todo, foram cinco títulos de calibre - três etapas do CCT sul-americano, FiReLEAGUE Latin Power Fall 2022 e KaBuM! Challenge - Especial Gaules #2. Como se tudo isso não fosse o suficiente, a equipe ainda conseguiu carimbar o passaporte para dois grandes torneios internacionais: ESL Challenger Rotterdam 2022 e BLAST Premier: Fall Finals 2022.
"O mês de setembro foi o melhor momento de 2022 para mim. Saímos de derrota nos classificatórios para o RMR e vencemos todos os campeonatos e seletivas no Brasil. Além de ter sido o meu melhor mês individualmente, tive o sentimento de ter classificado para um campeonato internacional pela primeira vez", celebra.
Em solo neerlandês, somente a Outsiders - que menos de um mês depois seria campeã do IEM Rio Major 2022 - foi capaz de frear lux e companhia. Já na Dinamarca, jogos honrosos contra G2 e Natus Vincere precederam a eliminação da equipe brasileira.
O ano não se findou da melhor forma possível, visto que o Fluxo ficou pelo caminho em meio aos polêmicos conflitos de calendário que prejudicaram o andamento da ESL Brasil Premier League S13, mas nada disso apaga uma brilhante temporada de ascensão para lux, que não se intimidou com as drásticas mudanças pelas quais passou dentro do jogo:
"Foi disparado o meu melhor ano indivualmente. Troquei de funções dentro do jogo várias vezes e a vontade de ser cada vez melhor não faltou. Fiquei muito feliz também de liderar a estatística de pistol rounds, visto que meu time organizava muito desses rounds para eu propriamente jogar", comenta.
Consistência e ascensão são duas palavras que se encaixam perfeitamente no 2022 de lux. Mesmo em meio às instabilidades que o Cruzeiro viveu, o filho ilustre de Mogi Mirim foi destaque. Veio o Fluxo e o atleta de 20 anos passou a competir em um nível muito mais elevado e, por vezes, em funções bem diferentes das que estava habituado. Nada disso, todavia, foi capaz de pará-lo.
Em suma: 1.10 de rating (#14), 78.1 de ADR (#10) e 69.5% de KAST (#17). Seus números, apesar disso, não parecem dar uma verdadeira dimensão do pilar que lux foi na temporada, independente da situação. Não por acaso, o jogador foi campeão por onde passou.
Em destaque dois prêmios de MVP - Cash Cup Winter 2022 #3 e CCT Series #2 - SA -, além de uma aparição como EVP1 e outras seis listagens como EVP2. Tudo isso resulta em 74.8 D5 Points, além de 6 C Points, os quais contabilizam as aparições dentre os melhores jogadores nas conquistas coletivas, isto é, ser campeão e aparecer como MVP e EVP.
O décimo segundo melhor jogador do Brasil em 2022, por sinal, não costuma errar: "Acredito que irei ficar próximo ao top 10", chuta. A mira de lux, por fim, está lá no alto: "Em 2023, individualmente quero atingir o meu pico de perfomance. Coletivamente falando, quero classificar para um Major", finaliza.