Os melhores no Brasil em 2021: (8) – zevy

Com apenas 20 anos de idade, Romeu "zevy" Rocco teve um dos maiores saltos na lista dos melhores no Brasil da DRAFT5. Vigésimo melhor da penúltima temporada competitiva, o jogador que foi apelidado carinhosamente de "zevyce", fazendo uma alusão clara à Nicolai "device" Reedtz, da Ninjas in Pyjamas, terminou o último ano como o oitavo melhor jogador do país, subindo 12 posições na lista.

Vale lembrar que só torneios disputados no Brasil entram na conta, ou seja, o brilhantismo de zevy representando o Brasil no exterior, acabam não contando na soma.

Os 20 melhores no Brasil em 2021

Tendo em 2020 o ano de ascensão no cenário competitivo, zevy não mostrou que era apenas uma aposta e se transformou em realidade. Nascido e criado em São Miguel Paulista, em São Paulo, o jogador da Sharks chegou até onde chegou graças à infância baseada em ver o tio jogar títulos como Tibia e Combat Arms. Na época, com apenas 8 anos, se inseria cada vez mais no mundo dos jogos.

Entretanto, desde o primeiro contato com o mundo dos jogos até entrar de vez no Counter-Strike foram sete anos necessários. Por sorte do cenário brasileiro, zevy viu o FPS da Valve pela primeira vez em 2016, enquanto fuçava o YouTube. A jogatina, por outro lado, não aconteceu no mesmo momento. Não por falta de vontade, mas porque ele não tinha um computador para jogar, abrindo o jogo pela primeira vez em 2017.

Não demorou muito para que a brincadeira no Counter-Strike: Global Offensive se tornasse realidade. O primeiro time foi montado com um grupo de amigos. Na Gamers Club, o quinteto passou a levar o jogo a sério e por pouco não subiu para a Liga Pro, em 2019. Depois disso, teve uma passagem não muito vitoriosa pela Lowkey, que serviu para que levantasse interesse da W7M.

Sem conseguir fazer com que o negócio com os Bulls fosse para frente, zevy seguiu na Liga Dell atuando com equipes como a fakeDOSPRO e a Fearow. Não muito tempo depois, todo o esforço feito pelo jogador, que atuava competitivamente há pouco tempo, seria recompensado ao receber e aceitar a proposta para defender o time de base da DETONA, em 2020.

Em um ano marcado pela pandemia, zevy receberia a primeira oportunidade no time principal da organização com uma escalação que saltava aos olhos da comunidade pelo excesso de talentos e prodígios. Recheada de jovens e liderada por Renato "nak" Nakano, o time conseguiu se destacar aos poucos, começando pela boa performance na Redragon Challenge, onde avançou aos playoffs.

Mesmo tropeçando em torneios como a classificatória para a ESL Pro League Season 12, a DETONA conseguia fazer apresentações regulares. O custo disso foi a saída de Lucas "Lucaozy" Neves para a Sharks e a de Vinicius "v$m" Moreira para o MIBR. Mais uma vez, coube à nak fazer a remontada do elenco e apostar em nomes como Lucas ''nqz'' Soares e Kaue ''kauez'' Kaschuk.

O resultado foi o triunfo do jovem quinteto ao lado do experiente nak na Gamers Club Masters VI. Indo contra diversos prognósticos, o time sobreviveu partida a partida e conseguiu triunfar no principal torneio do cenário competitivo, colocando a prova o potencial de todo o elenco de jovens estrelas.

O resultado de performances brilhantes de zevy no servidor foi inevitável, e fez com que o jogador saltasse aos olhos de grandes organizações do cenário competitivo. Não por menos, logo no início da última temporada, o AWPer foi uma das apostas da Sharks para todo o ano de 2021 que a equipe teria pela frente.

A oficialização da contratação do jogador aconteceu em fevereiro do ano passado, mesmo mês em que a Sharks seria convidada para participar da Snow Sweet Snow e zevy teria a primeira experiência internacional. O resultado foi extremamente positivo conseguindo vitórias contra a Case Esports e eXploit, ambos os jogos sendo vencidos por dois mapas a zero.

Entretanto, o time de zevy, mesmo classificado para a próxima fase, optou por retornar para o Brasil e disputar a etapa brasileira da WESG Latam. A escolha parece ter sido acertada, tendo em vista que o time conseguiu ir bem na classificatória, mas acabou perdendo a grande final da competição para a Paquetá Gaming, em uma final disputada que terminou 2 a 1 para o até então time do meia do Lyon.

Este, por sinal, foi a primeiro de uma série de eventos com zevy e Sharks batendo na trave no decorrer deste ano. Depois da WESG, a equipe também amargou a segunda posição na DreamHack Open March, onde perdeu para a Imperial, CBCS Elite League Season 1 e Season 2, caindo para o MIBR e para a Bravos, respectivamente.

Aguerridos, zevy e os companheiros batalharam para tirar esse peso da segunda posição, conseguindo o feito em setembro deste ano ao bater a 9z Team na grande final da DreamHack Open da América do Sul, seguido de uma segunda posição na IEM Fall da América do Sul. Esse último, entretanto, teve gosto de primeiro lugar ao fazer o time terminar como líder do Regional Major Ranking.

Se no futebol todo jovem jogador sonha em ir para a Seleção Brasileira e, em seguida, disputar uma Copa do Mundo, zevy pode se considerar como realizado e privilegiado dentro do Counter-Strike: Global Offensive. Apesar de amargar o segundo lugar no CBCS Elite League Season 1 e 2, além da IEM Fall, o time foi o que mais somou pontos para garantir a vaga no PGL Major Stockholm 2021.

O jogador que conheceu o Counter-Strike por meio do YouTube em 2016, mesmo ano em que Luminosity Gaming e SK Gaming trouxeram um Major para o Brasil, tinha agora a oportunidade de dizer que já disputou um evento chancelado pela Valve. A missão, entretanto, foi muito mais difícil do que a encomenda, e a Sharks só tinha pedreira pelo caminho.

Da Liga Dell para o mundo, zevy vinha de uma GC Masters contra equipes do Brasil para um Major onde viu a MOUZ e TyLoo como primeiras adversárias. O resultado foi uma varrida no primeiro confronto contra os europeus e um jogo apertado contra os chineses, onde os brasileiros perderam por 16 a 14. O destino foi duro com os brasileiros, e colocou Sharks e paiN Gaming frente a frente no duelo que valia a vida.

Mesmo tendo começado a série com vitória contra os conterrâneos, a paiN Gaming manteve a calma para trazer o resultado de volta e conseguir a primeira e única vitória no PGL Major – o time perderia o jogo seguinte contra a Astralis e diria adeus à competição. Felicidade de um lado, tristeza da Sharks, que se despedia da competição sem um triunfo sequer.

"Esse ano foi muito doido para mim. Entrei na Sharks e, sinceramente, eu não fazia ideia de tudo que eu ia conquistar. Aconteceu tudo muito rápido. Espero conquistar muito mais títulos em 2022. Acredito que este ano será melhor para todo mundo do cenário", prospectou o jogador.

Sacudindo a poeira, zevy e companhia ainda teriam um último compromisso em 2021. Jogando o CBCS Finals, a equipe teria no MIBR o primeiro adversário da competição. Com gosto de revanche, depois de ter perdido um CBCS Elite League, os Tubarões não venceram o MIBR apenas no jogo de estreia, como também atropelaram na grande final por 3 a 0.

Aparecendo pelo segundo ano consecutivo na lista de melhores do ano da DRAFT5, zevy tem um 2021 para entrar para a história pessoal. Considerado o Most Valuable Player pela D5 do CBCS Elite League 2 e CBCS Finals, o jogador teve nestes torneios a chance de mostrar toda a capacidade e o porquê de ser apelidado de zevyce pela comunidade brasileira.

Como se não fosse o suficiente, ele também esteve na lista dos melhores em outros seis campeonatos. WESG Brasil, DreamHack da América do Sul de março, CBCS Elite League 1, CBCS Retake Series, DreamHack de setembro e IEM Fall. Isso tudo, somado a números impressionantes conquistados no decorrer da temporada fez com que o jogador da Sharks terminasse com 99,2 DRAFT Points.

Mesmo com a oitava posição, o jogador obteve o sexto maior Rating 2.0 da lista elaborada pela DRAFT5. Com 1.18 somados no decorrer de toda esta temporada, ele foi gigante em uma temporada onde a Sharks conseguiu quebrar a estigma do "quase" no início do ano para fechar com uma aparição em Major e a conquista de um dos maiores torneios do ano.

O grande contratempo para zevy na lista de melhores jogadores, foi justamente o quase meio ano na Europa, desbravando o velho continente, impedindo que ele e os tubarões jogassem o restante das competições na América do Sul, diminuindo suas prováveis listagens e impedindo que ele chegasse mais acima entre os 20 melhores.