Os melhores no Brasil em 2021: (14) - Gafolo

Explodindo no cenário profissional, Gafolo vê bom desempenho refletido em olho de grandes equipes

por Filipe Carbone / 11 de Jan de 2022 - 13:00 / Capa: Arte/DRAFT5

Brilhantismo, meme e nas graças de Gaules. A última temporada competitiva de Victor "Gafolo" Andrade pode ter sido muito diferente do que ele imaginava em janeiro do ano passado, antes de qualquer torneio do cenário brasileiro começar.

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Hoje, praticamente doze meses depois, o AWPer que se destacou com a SWS Gaming, assim como praticamente todo o quinteto da organização que revelou e distribuiu grandes talentos para o Counter-Strike brasileiro, Gafolo debuta na lista dos melhores jogadores de 2021 ocupando a 14ª posição na lista elaborada pela DRAFT5.

ERA UMA VEZ...

Não dá para saber exatamente se Gafolo já considera o último ano como um conto de fadas. Na vida competitiva de um jogador de Counter-Strike, muitos sonham em se destacar no início da carreira, se tornar referência na comunidade competitiva para, então, ganhar a oportunidade em um grande clube.

As duas primeiras etapas já foram cumpridas pelo AWPer, sendo a segunda com grande ajuda de Alexandre "Gaules" Borba. Agora, o jogador de apenas 19 anos espera o interesse da Isurus se concretizar para que ele tenha a oportunidade de se destacar em um time que cansou de dar trabalho no Brasil.

Foto: Divulgação/SWS GamingFoto: Divulgação/SWS Gaming

Natural de Belo Horizonte, Gafolo é o retrato da nova geração que chegou para explodir no Counter-Strike do Brasil. Tendo o Playstation 2 como uma das experiências mais antigas que tem com o videogame, o jogador mostra que possui bom gosto ao ter no clássico Age of Empires um dos títulos que considerava predileto quando ganhou o primeiro computador, em 2008.

Por pouco, entretanto, o Counter-Strike do Brasil não perdeu a oportunidade de conhecer um dos AWPers mais talentosos do cenário nos últimos tempos. Se o meme "gafolado" entrou de vez na vida do jogador neste ano, por sorte do cenário o jovem talento foi "cszado".

"Jogos de computador sempre foram os que eu mais curtia. Quando era mais novo, jogava bastante PlayStation 2, mas quando ganhei o primeiro computador, em 2008, me lembro que o jogo que mais me marcou foi Age of Empires 2. O primeiro jogo que eu comecei a participar de competições amadoras foi o League of Legends, e conheci Counter-Strike por acaso".

TRAJETÓRIA PARA O COMPETITIVO

Se um artigo dissertativo pudesse ser escrito em primeira pessoa, essa seria a hora que este que vos escreve diria: "Sorte a nossa". Entretanto, não só a lista da DRAFT5, como todo o cenário brasileiro, saiu ganhando com a descoberta do Counter-Strike por parte de Gafolo.

Apesar de todo o carinho que criou pelo jogo, foi em 2018 que o jogador realmente decidiu que queria fazer disso uma forma de ganhar a vida. Neste ano, a SK Gaming simplesmente arrastava multidões por onde passava e fazia história no Counter-Strike: Global Offensive. Entretanto, nem a equipe brasileira, nem Gafolo e nem todo o público presente no Mineirinho conseguiram ver o time levantar um título no Brasil.

Assim como toda a cobertura da DRAFT5, Gafolo estava presente no estádio e viu de perto a derrocada brasileira diante da até então mousesports. Esse foi o gatilho para o jovem belo horizontino, que percebeu que queria viver de Counter-Strike justamente em um dos episódios mais tristes do Counter-Strike brasileiro.

"Em 2018, teve uma ESL aqui em Belo Horizonte. Eu fui com meus amigos e minha mãe. Foi aí que percebi que eu queria muito me dedicar a esse jogo para que eu me tornasse profissional um dia", relembrou o jogador sobre a decisão tomada.

Foto: Divulgação/SWS GamingFoto: Divulgação/SWS Gaming

Depois daí, Gafolo já precisava apenas esperar que o tempo fizesse o trabalho dele. Alguns meses depois, em 2019, optou por criar a primeira equipe: "No meio de 2019, criei um time de amigos no Counter-Strike e jogamos juntos por um ano inteiro. Isso me ajudou muito nos primeiros passos da minha evolução como jogador".

Vontade e time Gafolo já tinha. Com a tríade de um jogador profissional basicamente formada, o AWPer precisava cumprir apenas mais uma etapa para fechar o triângulo: convencer a família. Entretanto, se para muitos isso se torna um fator dificultador, o ex-jogador da SWS Gaming ressaltou que esta foi uma parte tranquila, onde a família sempre o apoiou na escolha.

"Desde pequeno eu passava muitas horas jogando e, nessa época, minha família controlava o tempo que eu podia jogar porque eu era muito novo. Mas quando comecei a jogar o competitivo do Counter-Strike, minha família sempre me apoiou porque percebiam o tamanho da minha dedicação e vontade de melhorar no jogo".

AGORA SIM, PROFISSIONAL

Com apenas 19 anos de idade e poucas equipes no currículo, Gafolo não tem a história mais recheada de aventuras no Counter-Strike. A maior parte das conquistas que se tem notícia foram realizadas neste ano junto à SWS Gaming, tendo apenas uma Logitech G Challenge e uma MN Games, ambas disputadas em 2020, no histórico que chegou a ser registrado.

Sem performances excelentes, Gafolo daria um passo importantíssimo para a carreira profissional, que seria a transferência para a SWS Gaming. Disputando torneios desde o primeiro mês do ano passado, a temporada começou modesta e devagar tanto para ele quanto para todos os integrantes do time naquele momento.

Entretanto, o tempo foi mais do que necessário para amadurecer o jovem time que se mostraria uma pedra no sapato de diversas equipes brasileiras. Se muitas pessoas precisam de sinais para ter certeza de que algo bom está prestes a acontecer, a SWS já deu o ar da graça na Kanui Esports. Segundo evento de Gafolo com a antiga equipe, eles terminaram em terceiro lugar.

Entre diversos torneios de menor relevância e ligas da Gamers Club, a SWS Gaming de Gafolo recebeu uma das grandes oportunidades no CBCS Elite League Season 1. Torneio marcado pela desistência de diversos times depois da polêmica de atletas possuírem VAC ban no histórico, a equipe se manteve firme e por pouco não conseguiu um triunfo contra a Sharks.

Vitórias contra a Jaguares e INTZ deixaram a SWS muito próxima de se classificar para os playoffs do principal torneio do Brasil na temporada até então. Entretanto, faltou maturidade para o time conseguir liquidar a fatura e passar de Santos e Meta Gaming, responsáveis por eliminar o elenco ainda na fase de grupos.

"O início de temporada foi bem difícil. O time não estava entrosado e, depois de algumas mudanças, começamos a encaixar o nosso jogo a partir do meio do ano. Com isso, conseguimos fazer um segundo semestre muito bom. Tivemos ótimos resultados em 2021, e eu sempre vou continuar treinando muito para evoluir e conquistar mais e mais", disse.

Gafolo está certo. Depois do CBCS Elite League Season 1, a SWS Gaming voltaria a dar trabalho em eventos como o CBCS Retake Series e o CBCS Elite League Season 2, esta última com direito a ida aos playoffs. Mesmo sem conseguir avançar muito no mata-mata, o time acumulava pontos que seriam de suma importância para a reta final de temporada.

No mesmo mês em que se viu nos playoffs de um evento como o CBCS Elite League, a SWS Gaming soltaria o primeiro grito de "campeão" da temporada. Disputando a RedZone PRO League Season 4, a equipe conseguiria deixar times como a Bravos, Ceará, Vivo Keyd e Meta Gaming para trás para conseguir terminar no lugar mais alto do pódio.

A mesma sensação de felicidade de conquistar um título aconteceria em outras tantas situações no decorrer do último ano. Razer Invitational 2021 da América Latina, Série B da Liga Gamers Club de setembro, RedZone PRO League Season 5, Liga Talents 2021, Série A da Gamers Club de outubro e Série A da Gamers Club de novembro entraram para o repertório de títulos papados pela SWS Gaming.

O 2021 DE GAFOLO

Sempre tido como uma das grandes peças da SWS Gaming, Gafolo já havia visto o meme "gafolados" se tornar realidade. Parte do elenco que venceu todos os torneios supracitados, o AWPer conseguiu se destacar o suficiente para chamar a atenção de todos do cenário competitivo de Counter-Strike: Global Offensive.

Mesmo antes de ter todos os títulos citados no currículo, a DRAFT5 já colocava Gafolo na lista de melhores jogadores de praticamente todos os torneios em que ele esteve presente. Logo no início do ano, foi EVP da Kanui e da Liga da Gamers Club de fevereiro. Depois também foi considerado EVP das Série A que disputou tanto em março quanto em abril.

Um dos principais, entretanto, aconteceu na Season 4 da Redzone. Primeiro título profissional da carreira de Gafolo, foi também neste evento que ele foi apontado, pela primeira vez na carreira, como Most Valuable Player (MVP) pela DRAFT5. Essa e tantas outras conquistas fizeram com que o jogador terminasse o ano com 60,2 D5 Points e ocupasse a décima quarta posição.

Em estatísticas, o destaque do jogador ficou em K/D ratio com 1.13, o décimo segundo entre os vinte.

Agora, o jogador pegou gosto pela vitória e promete muito mais para a próxima temporada competitiva: "Estou muito animado para a próxima temporada. Em relação a mim, podem esperar um Gafolo muito mais forte que o do ano de 2021", disse.

Da tradução literal, bold prediction significa “previsão ousada”. Este termo é utilizado em pesquisas com jogadores que se destacaram e dão palpites de quem será um dos possíveis nomes que tem de tudo para aparecer entre gigantes em breve. Categórico, Gafolo coloca "FREQ" como possível candidato a se destacar no decorrer deste ano.