A trajetória de João Vasconcellos se confunde com a do
CS:GO no Brasil. Nascido na capital do estado de São Paulo, o jogador, hoje com 24 anos, tem uma carreira extensa nacional e internacionalmente. Após outrora ter colecionado títulos no mais alto escalão, em 2020,
felps dominou o Brasil e garantiu inacreditáveis 5 MVPs e 5 EVPs, se consagrando como o melhor jogador atuando em terras tupiniquins na temporada.
O pequeno João conheceu os jogos por curiosidade ao ver um PlayStation numa lan house. Algum tempo depois os videogames deram lugar a computadores com o Counter-Strike instalado, a curiosidade foi elevada a níveis ainda maiores.
Alguns anos depois, menino se tornaria felps, homenageando a lenda das piscinas Michael Phelps, mal sabia ele que em 2020, também iria ter uma estante recheada de medalhas.
FORJADO NO SOURCE E NA TRADIÇÃO
Os mais saudosos lembram de um longínquo cenário em que os maiores torneios aconteciam na tradicional
LGX Lan. Lá que jogadores nasceram e que grande parte do CS:GO brasileiro cresceu. A escassez de torneios no começo da nova versão do FPS mais amado do mundo só não era maior pelo trabalho exercido naquela que era a casa do Counter-Strike brasileiro.
Foi na própria LGX que felps deu os primeiros passos no competitivo, ainda em época de
Counter-Strike: Source. Porém, ao mesmo tempo que crescia, o jogador viu o mundo transicionar para a nova versão e ele também não perdeu tempo em migrar.
felps é um dos poucos no Brasil que se têm registro ainda de 2013, disputando pequenos torneios que já existiam na plataforma da
XCL, empresa que anos depois daria origem a
Gamers Club.
Defendendo a
semXorah o jogador começou a trilhar seu caminho ao lado de nomes reconhecidos hoje, como o treinador da
FURIA Academy Leonardo “
msr” Caixeta e, pouco tempo depois, ao lado de Epitácio “
TACO” Pessoa, jogador que estaria ao lado de felps nos primeiros grandes momentos da carreira e, que por coincidência do destino, estará em mais projetos com felps no futuro.
A
1º r1se & LGX Cup em 2014 com a
Seven Wars e-Sports é a primeira final presencial que se têm registro, lá um vice ao lado de Lucas "
DeStiNy" Bullo e Alexandre "
xand" Zizi contra o
Fake da Rima de Fernando “
fer” Alvarenga, Caio "
zqk" Fonseca e outros nomes reconhecidos do Brasil.
CURRÍCULO DE RESPEITO
O melhor do Brasil em 2020 pode ter orgulho em dizer que defendeu algumas das maiores organizações do Counter-Strike brasileiro. Ainda em 2014 passaria pela
ProGaming e
Golden Glory, saudosa tag que na época foi defendida ao lado de Marcelo “
coldzera” David e Ricardo “
boltz” Prass.
O próprio 2014 foi o ano em que o Brasil presenciou a primeira leva de torneios na nova versão do CS. Após ter disputado a
BSOG 2014, o jogador passaria um tempo amargando vices contra uma impossível
KaBuM! que posteriormente ganharia o mundo. Mas nem os vices com a
GFX na
X5 Mega Arena, e
BGS apagaram a vontade de ser campeão.
Felps durante a BGS em 2014 pela GFX | FOTO: Games Academy
Foi no
Circuito Game7, já como
Dexterity, que felps conseguiu vencer o “time do FalleN” na final, na época ao lado de coldzera e TACO.
O ano de 2015 chegaria com a saída de felps da Dex, chegando na
MasterMind com nomes rodados como Rafael "
zakk" Fernandes e o próprio xand, que o acompanharia como braço direito por muito tempo. felps passaria por muitos projetos em 2015, não ficando muito tempo neles, como
DaiDai,
Keyd e até
g3x. Porém, tudo mudaria na reta final daquele ano.
RUMO AO EXTERIOR
Com o projeto da
Games Academy de levar um time para os Estados Unidos via o torneio da
Golden Chance, a equipe vencedora, de Lucas, hen1, taco, fnx e shoowtime ficaria pouco tempo intacta no NA. Logo que a Luminosity “convocou” fnx e TACO, felps seria chamado para fazer parte.
Ficando pouco tempo no restante do projeto, a equipe rumou para a
Tempo Storm em 2016 e não demoraria para conquistar bons resultados. Apesar de levar pequenas competições no NA como
RGN Winter Classic II,
ESEA Premier S21 e
Stream.me Gauntlet, o melhor estaria por vir.
Felps na Tempo Storm | Foto: Arquivo Pessoal
Foi na
CEVO Pro League Season 9, em maio daquele ano, em que felps e grande parte daquele equipe conquistariam o primeiro título internacional de suas carreiras, presencial, batendo a lendária
Virtus.pro na semifinal e a respeitável equipe dinamaquesa da
SK na grande final. Destino ou não, a vida de felps cruzaria novamente o caminho da tag alemã meses mais tarde.
Mas o título da CEVO em Londres era apenas o começo. Talvez uma das cenas mais emblemáticas aconteceria em Austin, no Texas, na disputa da DreamHack Open, a final brasileira contra a Luminosity, ficando com o vice, mas a imagem da taça levantada por 10 brasileiros nunca se apagaria e correria o mundo.
Foto: Marc Joseph
Em junho a
Immortals chegaria na vida de felps com diversas conquistas. O título da
DreamHack Open Summer 2016 foi um dos maiores, batendo a
NiP na grande final. Além disso, também teve o título presencial na
Northern Arena 2016 - Toronto contra a
Cloud9, a lista ficaria enorme daí pra frente, novas conquistas como na
iBUYPOWER Masters 2016 chegariam, e o jogador sempre foi um dos grandes destaques, tanto que foi chamado ao principal time do Brasil, a
SK Gaming que naquela altura já havia levado dois títulos de Major.
O TOPO DO MUNDO
A estreia de felps na SK foi em 2017 na
DreamHack Masters Las Vegas 2017, com uma amarga derrota contra a Virtus.pro. Os primeiros meses daquele ano foram marcados pela pressão por resultados, mas que acabaria na
cs_summit. Mal sabia felps e a SK que aquele torneio seria a virada de chave para um ano recheado de conquistas.
Nem um mês depois, a taça levantada foi em Sydney na Austrália, contra a FaZe Clan. Aliás, na passagem de felps pela SK a rivalidade contra o misto europeu ficou ainda mais em voga.
Foram seis grandes títulos em 2017, incluindo prestigiados como
ESL One Cologne e
ECS S3. Além do gostinho especial de vencer a fnatic na casa deles na
DreamHack Open Summer 2017. felps e a SK estavam no topo do mundo, o sonho de disputar um Major também enfim chegaria para o jogador no PGL Major Krakow, mas o jogador resolveu dar um passo atrás.
Felps em uma das grandes conquistas de sua carreira em Cologne 2017 | Foto: ESL
Em outubro, o jogador resolveu pedir para deixar a equipe, exibindo queixas pessoais na época, manifestou em algumas entrevistas que não se sentia mais com vontade de atuar pela SK. Agora, em 2020, o felps mais experiente ausenta uma fala de arrependimento: “
arrependimento não pois toda decisão que tomei, principalmente aquela, foi devido a muitas circunstâncias e muitas que ninguém sabe, então não é que eu me arrependa, mas se fosse hoje eu não tomaria”.
O 2018 ficou marcado pelo projeto ao lado de fnx, com a
Não Tem Como, chegando a atuar na
ESL One Belo Horizonte. Porém os resultados não vieram naquele ano, felps fecharia com a
INTZ, mas olhando como um todo, o ano não foi de brilho.
Em 2019, felps fecharia com o
MIBR que visava abrasileirar a equipe após um período com dois norte-americanos. A semifinal do major na
IEM Katowice foi o seu grande momento com a camisa do MIBR, mas a partir daí maus resultados levaram a equipe a mudar novamente. O jogador chegou a ser emprestado para a Luminosity, mas voltaria ao banco do Made in Brazil após o disband dos azuis.
O fim do ano ficou marcado por felps disputando torneios menores enquanto “passava férias” no Brasil, mal sabia ele que o futuro do planeta impediria um 2020 fora de sua terra natal.
2020 DE GALA DO MELHOR NO BRASIL
A temporada de felps no Brasil começou com uma atuação de poucos dias na
Team One, que, ainda no Brasil, disputou a seletiva da
WESG.
felps foi o maior destaque.
Em fevereiro, ainda sob contrato com o MIBR, o jogador acertou seu empréstimo ao time da
BOOM. Organização da Indonésia que havia acabado de contratar o time ex-INTZ. Nesta altura o planejamento era a equipe disputar torneios no exterior e com isso se preparava para viajar à Malta para disputa da
ESL Pro League.
Porém, o planejamento foi todo desfeito com a pandemia do novo coronavírus e o risco de ficarem presos, em quarentena, na ilha do mediterraneo.
Neste momento o melhor seria retornar ao Brasil e logo que aqui chegou a equipe começou uma sequência ininterrupta de vitórias. Contando apenas os torneios, a equipe levou 8 títulos em 8 disputados.
Tudo começou na seletiva para o Minor das Américas, vaga no torneio que seria cancelado por conta da covid-19. felps foi destaque. Sendo substituída por torneios RMR, a classificação ao Major começaria a ser montada com o título do
Road to Rio.
felps foi MVP.
Em junho a BOOM fecharia acordo para jogar o
CBCS: The Rising. Sem qualquer susto, título para a equipe,
felps novamente MVP. A Gamers Club então lançou um torneio de meio de temporada em conjunto com a Redragon, nesta altura já dominando o Brasil a BOOM levaria outro título e por pouco felps não conquistaria o destaque máximo, ficando atrás de chelo, mas
levando o EVP1 da competição.
Após um merecido descanso, em agosto a equipe voltou com tudo e na GC Masters V conquistaria seu quarto caneco do ano.
felps levaria outro MVP.
A BOOM então se aventuraria num quase torneio exibição, na Esports Maker Invitational título e MVP para felps. Na divisão sul-americana da ESL Pro League, felps não foi MVP, mas novamente conquistou o
EVP1, só ficando atrás de yel.
Chegaria então o segundo torneio RMR do ano, o Tribo to Major. Título da BOOM, foi o único torneio em que disputou que felps não foi MVP ou EVP1, mas mesmo assim recebeu
EVP, sendo a nona vez em que era listado entre os melhores de um torneio.
O ano de felps na BOOM terminou com o título do
CBCS: The Revenge e sim,
MVP. O quinto do ano.
Arte/DRAFT5
Fazendo jus a sua posição, felps teve o melhor rating 2.0 dos jogadores da lista com o expressivo número de 1.34. Em ADR liderou com 92,5, e Impacto com enormes 1.50. O jogador ainda teve o segundo maior K/D com 1.36 e foi sétimo em KAST com 74.1%.
Arte/DRAFT5
O 2021 de felps é no exterior buscando o que conquistou com a SK em outros momentos e tentando usar as conquistas no Brasil como alavanca de confiança. Com 24 anos e tendo passado por tudo o que um jogador almeja, ninguém mais pode duvidar que a coleção de medalhas deste felps seja tão grande quanto a do seu xará fonético.