Ninguém no Brasil teve um ano tão especial quanto de Rodrigo “
biguzera” Bittencourt, o jogador de apenas 21 anos foi de aposta a estrela em pouco mais de nove meses vestindo as cores da
paiN Gaming. Entrando quase que como um desconhecido, o
assault foi ganhando espaço ao longo da temporada e se tornou o principal
fragger da equipe que dominou o cenário brasileiro em 2019.
Considerando seu início com jogos “clichê”, Rodrigo teve influência do irmão mais velho, que havia instalado Counter-Strike 1.6 no computador da família em Niterói (RJ). Naturalmente o caçula esperava o irmão sair do computador para dar suas primeiras balas no jogo.
O nick também veio de um apelido de infância, por ser o mais novo da turma, foi apelidado de “bigurrilho”. O apelido pegou e ele foi chamado de bigu até mesmo na escola. Utilizando sempre “bigu”, ele adicionou o “zera” pois não gostava de “biguzin” ou “biguzão”.
Veja a lista completa dos melhores atuando no Brasil em 2019.PRIMEIROS PASSOS COMPETITIVOSAinda estudante de Ciências Contábeis,
biguzera que se forma em 2021 diz que não se imaginava como jogador profissional e que jogava apenas por diversão. A entrada no competitivo veio em
2018 através da
FK Team, equipe de Niterói onde biguzera disputou a
Liga Amadora, subiu para a Liga Principal e ainda bateu na trave para entrar na Liga Pro em duas oportunidades, ambas para a DETONA. Sentindo que já estava em outro nível, o jogador pediu para sair do time e montou uma nova equipe com os amigos da Latam Pro League (LPL).
A criação da
NO.ORG veio juntamente com Arthur “
f4stzin” Schmitt, Rodrigo “
rood” Gomes, Matheus “
Dropzera” Santos e Eduardo “
dumau” Wolkmer, biguzera ganhou mais destaque dentro da comunidade com o novo time ao vencer a Liga Principal de novembro de 2018.
Outro resultado importante para a equipe foi a participação na
ESL Brasil Premier League Season 7, onde a NO.ORG conseguiu chegar até a final, caindo para a DETONA por 2-0 na grande final. A equipe realmente demonstrava bastante potencial, já que praticamente todos os jogadores sairiam para grandes organizações no futuro.
No primeiro lance presencial de sua carreira, biguzera fez um clutch 1v3 contra a FaZe Clan | Foto: Igor Bezborodov/StarLadder
COMEÇO NA PAIN E ESTREIA NA CHINAA entrada veio ainda antes da equipe assinar com a paiN, sob o nome de
Ex-Team Wild. Biguzera veio juntamente com Maxcel “
maxcel” Rocha para ocupar os lugares deixados por Denner “
KHTEX” Barchfield e Lucas “
Destiny” Bullo, conforme o anúncio do capitão Vinícios “
PKL” Coelho:
Ainda como ex-Team Wild, biguzera acabou com o vice-campeonato da Liga Pro de Janeiro, caindo para a INTZ Academy. Já em fevereiro, após a paiN Gaming assumir a line-up, o começo ainda foi bastante lento com derrotas precoces em campeonatos como o fase online da LA League S3 e da ESL Pro League (ambos para a DETONA), além da eliminação nas semifinais da Liga Pro de Março e Abril (para a W7M), nessa época, já com
f4stzin no lugar de
maxcel.
Justamente na Liga Pro de maio bigu levou seu primeiro EVP da temporada. No mesmo mês teve a sua estreia em LAN e que não poderia ser num palco mais especial. O jogador fez sua estreia presencial no grande torneio disputado pela paiN em 2019: a StarSeries Season 7, na China. O 1v3 contra a FaZe, primeiro lance de biguzera em uma LAN, parecia já ditar o que seria o ano do jogador:
A equipe acabou não vencendo nenhuma partida e curiosamente este foi o único torneio em LAN que biguzera não conquistou em sua carreira. De volta ao Brasil a equipe ainda estava distante do desempenho ideal, vencendo apenas a
Liga Pro de Maio.
O torneio foi importante para dar ainda mais confiança para biguzera, que terminou com um rating de 1.23, levando o destaque de EVP, e começava a dar indícios que poderia carregar a equipe estatisticamente.No mês seguinte, após levar a etapa brasileira da AORUS contra a W7M, finalmente jogos em LAN e títulos, o primeiro na Argentina, batendo a
Rejected por 3-0 e levantando o caneco da superfinal continental da
Aorus League S2 Apesar de enaltecer o time chileno, biguzera reconheceu que o nível no Brasil é mais forte e que o torneio serviu como preparação. O jogador ainda comentou que esse torneio foi um dos principais pontos de virada da equipe para a sequência da temporada.
O segundo e mais marcante, a
Gamers Club Masters III, teve um começo lento da paiN, perdendo as duas primeira partidas e só não foi eliminada após vencer um jogo muito duro contra a Team Reapers. Na semifinal e mais confiante, a equipe passeou sob a W7M e garantiu o lugar na grande final. O adversário seria a DETONA, que tanto tirou títulos de biguzera no início da carreira e o título ficou nas mãos da paiN,
em partida que certamente entrou para a história do CS nacional.Após a GC Masters III, a equipe anunciou outra troca: Desta vez, f4stzin iria para o banco de reservas para a entrada de Wesley "hardzao" Lopes, que já vinha sendo destaque na DETONA e prometia aumentar ainda mais o poder de fogo da equipe. A entrada do assault foi decisiva para a sequência do ano tão vencedor da paiN.EMPILHANDO TROFÉUSO título seguinte seria um sonoro 3-0 na final presencial da
BGS Esports 2019, contra os atuais bicampeões da
W7M. Na visão do jogador, aquela final foi o verdadeiro divisor de águas para a comunidade olhar mais para o time e também foi o campeonato onde mais entraram confiantes. Biguzera foi eleito o
MVP DRAFT5 com
rating de 1.32 na grande final.
Ainda no mesmo mês, a equipe que já estava disputando e liderando o CLUTCH Brasileirão Season 1 terminou o primeiro turno na liderança (onde fizeram três vitórias e dois empates) e classificados para a LA League. No torneio continental, a equipe passeou na semifinal contra a Malvinas Gaming da Argentina e na final contra a DETONA para conquistar sua quarta LAN no ano.
O primeiro mapa acabou tendo um desempenho discreto de biguzera. Já na Dust2, o assault foi o grande destaque do mapa que garantiu o título da América com rating de 1.32, só não vencendo o MVP pelo desempenho massivo de PKL. Para os dois torneios finais, a equipe teve a entrada de Gabriel “
NEKIZ” Schenato no lugar de Alef “
tatazin” Pereira e mesmo assim não rendeu menos. Com caminho parecido ao da edição anterior, a equipe começou mal mas acabou campeã da
GC Masters IV mais uma vez contra a DETONA. Apesar de não ter brilhado estatisticamente nos mapas dos playoffs, a regularidade (marca de biguzera) rendeu ao jogador o prêmio de MVP do torneio, com rating de 1.11.
Foto: Lucas Spricigo/DRAFT5
Fechando o ano com chave de ouro, a equipe voltou aos estúdios da BBL para disputar a final do
Brasileirão. Importante destacar que o segundo turno da equipe foi muito diferente da primeira metade dominante. No segundo turno a equipe teve apenas uma vitória, um empate e três derrota. Na final, encarou a RED Canids onde novamente provaram sua força coletiva e venceram por 2-0, contabilizando seis LAN’s vencidas no país em 2019. Dessa vez a medalha de MVP foi para biguzera.
O 2º MELHOR DO BRASIL EM 2019Para biguzera, a força de seu jogo está no coletivo. O próprio jogador não se importa tanto com desempenho individual contanto que esteja vencendo títulos, como foi boa parte de 2019. Consistência é a palavra que pode definir melhor o assault, que embora não lidere nenhum quesito de nossa lista, tem excelentes colocações em todos os aspectos analisados, mostrando-se um jogador completo.
O ano de biguzera em números | Foto: DRAFT5/Estatísticas: HLTV
Ao todo, ele jogou
169 mapas na temporada e teve um rating médio de
1.16 (o quarto melhor no quesito), seu dano médio ficou em
81,5 (o quinto melhor no quesito) e o jogador realizou
60 clutches bem sucedidos (o quarto melhor no quesito). É também sua regularidade que o fez conquistar três dos mais importantes títulos de MVP da temporada, incluindo o da
BGS Esports 2019, o da
GC Masters IV e do
Brasileirão. Os ótimos números na temporada o levaram a um total de 51.8 DRAFT Points.
Como uma espécie de “
coringa” do time, biguzera diz ser o que mais troca de função e posição dentro do time, priorizando sempre o que favoreça os companheiros:
“O mais importante é o coletivo. Para mim não adiantava nada ganhar prêmios e não vencer com o time, essa é minha prioridade. Sou o cara que faz o que precisarem que eu faça no servidor, CS é coletivo e acho que fomos o melhor time do ano por isso, jogamos o jogo coletivo”, definiu.
Destaque individual e coletivo, títulos conquistados e a rapidez com que surgiu no cenário colocam biguzera como discutivelmente a grande revelação do ano de 2019. Resta saber o futuro da paiN Gaming que pode continuar dominando o Brasil, mas deve seguir o caminho natural das equipes e elevar seu nível no cenário norte-americano.
Veja a lista completa dos melhores atuando no Brasil em 2019.