Os melhores no Brasil em 2019: (10) – shz

Shz atuou apenas 6 meses no Brasil, mas os resultados individuais garantiram o jogador na lista dos melhores do ano

por Guilherme 'Guiki' Cerdera / 06 de Jan de 2020 - 13:06 / Capa: DRAFT5
O ano de 2018 trouxe de volta para casa um talento brasileiro que impressionou o país. Tímido e de poucas palavras, Bruno “shz” Martinelli destacou-se pela habilidade acima do normal, e cravou uma quarta colocação na lista dos melhores no Brasil daquele ano. A temporada 2018 ficou para trás, mas shz iniciou o ano com desempenhou acima da média, novamente. O jovem de apenas 21 anos deixou a Vivo Keyd, e o país, rumo a INTZ e-Sports no meio do ano, mas esses e outros detalhes de mais um ano de alto nível serão contados nesse artigo.

Veja a lista completa dos melhores atuando no Brasil em 2019.

Shz atuou por volta de seis meses no Brasil. Seus números aqui presentes se referem apenas a atuação em solo brasileiro, não contando o ano junto da INTZ.

Em uma vida rodeada por jogos de computador, Bruno cresceu acompanhando tendências dos anos 2000. Natural de São Paulo, o paulistano experimentou ainda garoto jogos como Grand Chase e Ragnarok, passando ainda por diversos outros títulos até chegar no Counter-Strike. Um amigo de shz levou um cd do game para os dois experimentarem há mais de dez anos. Imediatamente o CS tornou-se algo que shz adorava, gastando horas de diversão no jogo.

A propósito, o nick de três letras, comum entre jogadores brasileiros, não quer dizer absolutamente nada: “Não tem explicação… não tenho ideia de onde tirei ele, e é isso dai(rs)...”, e continua, “faz tanto tempo que uso que não me lembro porque comecei a usar”, confessa.

A DIVERSÃO QUE VIRA CARREIRA

Foto: Reprodução/Brasil Game Cup


A brincadeira evoluiu, e já em 2014 shz estaria entrando no competitivo. O garoto de apenas 16 anos participou da X5 Mega Arena jogando em um mix de nome REVENGE. O time não conseguiu grandes resultados, e a falta de um cenário competitivo mais promissor fez com que o garoto passasse a se dedicar ao League of Legends.

Completados 18 anos, Bruno começou a cursar Game Design em uma faculdade. O que poderia ser uma história de sucesso em outro campo de atuação, mas quis o destino que shz fosse convidado por um amigo do cenário para voltar a competir. Vinicius "zam" Godoy entrou em contato com Bruno para trazê-lo de volta ao CS:GO, dessa vez atuando pela MK3 e-Sports. O ano era 2016, e ao lado de zam e Fernando "f11" Souza, a equipe transformou-se em Remo Brave.

A vida dupla entre o Bruno de Game Design, e o shz jogador de CS:GO era um problema para a família Martinelli. Os pais não confiavam no que o game poderia trazer para a vida de Bruno, e isso poderia ter pesado mais, não fosse o sucesso instantâneo que o jovem alcançou. Com menos de dois meses de time, shz seria campeão da Liga Pro Gamers Club de agosto, mas a consagração viria com o título da Brasil Game Cup de 2016. Com o público lotando a arena e vibrando a cada jogada, a família, que assistiu tudo presencialmente, passou a apoiar e dar forças para que o jogador seguisse o sonho.

A DIFÍCIL ESCOLHA INTERNACIONAL

Jogar em uma equipe atuando no exterior é o sonho de qualquer jogador, e não era diferente para shz. A grande questão para o jogador e sua família, entretanto, era a velocidade das mudanças, além da ida para um time em que o jovem de 17 anos não conhecia os jogadores com quem iria atuar. "Foi um pouco difícil de aceitar, já que na época eu não tinha a intenção de ser jogador e ainda estava fazendo faculdade. Conversei muito com meus pais e eles me apoiaram na ida e acabou dando certo", revelou.

Luminosity Gaming era o destino de shz, e com a camisa azul o jovem tentaria repetir os feitos de Gabriel "FalleN" Toledo e seus companheiros brasileiros. O caminho não foi como shz imaginava, e o time acumulou fracassos nos meses iniciais. A mudança para estilo de jogo no exterior foi brutal para os números de shz. O jogador vinha de um rating de 1.21 no início de 2016 na Remo Brave, número que passou para 0.94 com o novo time.

shz atuando pela Luminosity no ESWC 2016 | Foto: HLTV


O ano seguinte começou melhor para a equipe como um todo, com a vaga conquistada para o DreamHack Open Austin 2017. O rifler elevou seu rating para 1.06 nos primeiros meses do ano, o que refletiu diretamente no número de vitórias da equipe, mas logo uma nova queda no rendimento fez o time optar por remover shz e Lucas "destinyy" Bullo da equipe. Com rating de 0.99 no período em que esteve no time, Bruno entendeu que realmente era o momento de uma mudança: "O time já não estava mais encaixando, e eu estava jogando muito abaixo do que podia, então foi uma decisão acertada no geral", pontuou.

Com o insucesso na Luminosity, shz e destinyy rumaram juntos para a Tempo Storm em uma equipe que reunia nomes como Paulo "land1n" Felipe e Alef "tatazin" Pereira, veteranos que brilhariam no Brasil nos anos seguintes. A formação brasileira não alcançou grandes resultados, mas shz voltou a um alto nível de jogo, com um rating de 1.14 no período. O time ainda jogou a DreamHack Open Denver 2017 graças a um convite após ficar em segundo lugar na classificatória para o torneio. Essa seria a ultima competição de shz com a camisa da Tempo Storm. O jogador seguiria então para a Immortals, equipe que tentava se reconstruir, mas esbarrou em problemas burocráticos como o visto de Caio "zqk" Fonseca e destinyy. Os meses seguintes foram uma confusão de problemas extra jogo que culminaria na volta do jogador para o Brasil.

RETORNO E SUCESSO

Foto: Damian Gatkiewicz/ESL shz em atuação pela Imperial | Foto: Damian Gatkiewicz/ESL


A volta de shz ao Brasil veio mais por necessidade do que interesse. Com dificuldades para se manter no exterior, e problemas nos vistos, a equipe formado pelos ex-Tempo Storm se reorganizaram na tag Dereguedere e passaram a disputar campeonatos no país. O time perdeu seu núcleo após tatazin, land1n e Denis "dzt" Fischer acertarem sua ida para a Virtue Gaming, deixando o jovem novamente sem time. O período duraria pouco, já que no meio do ano shz receberia um convite para atuar pela YeaH! Gaming.

A forma de shz voltaria, com o jogador levando a YeaH! ao título da Liga Profissional Gamers Club de junho, além da vitória em agosto da CGL Clausura 2018. O time conquistou espaço no cenário brasileiro, derrubando grandes adversários e marcando presença na maior parte dos playoffs dos campeonatos. A boa fase e o rating de 1.16 traria shz de volta aos holofotes, rendendo convite para atuar pelo novo projeto do ex-jogador Felippe "Felippe1" Martins, a Imperial e-Sports.


O fim de 2018 foi ótimo para o jogador que voltou a crescer individualmente, ficando com o vice da ESL Brasil Premier League Season 6, o terceiro lugar na Gamers Club Masters 2018, além da terceira colocação na ESL LA League Season 2. O jogador conquistou ainda a vaga para o Minor das Américas Katowice WESG 2018, e duas Liga Profissional Gamers Club, em outubro e novembro, sendo o mvp da competição na edição de outubro.

Com rating de 1.21 no ano, um mvp e oito evps, shz destacou-se como um dos melhores do Brasil. O ano incrível fez o jogador ser escolhido pela DRAFT5 como o quarto melhor a atuar no Brasil em 2018.

IMPACTO MESMO SEM TÍTULOS

A virada do ano não fez bem para a equipe da Imperial, que voltou das férias parecendo estar fora de forma. O time acabou eliminado do Minor das Américas Katowice sem vencer nenhum adversário. Na volta ao Brasil, shz e seus companheiros ficaram na fase de grupos da ESL LA League Season 3: Brazil, com o jogador fazendo 1.01 de rating, o seu mais baixo do ano em solo brasileiro.

O ano seguiu com a Imperial fracassando em alcançar bons resultados. O time não passou da classificatória aberta da ESL Pro League Season 9 - Americas: Latin America South, perdeu nas semis da Aorus League 2019 - Brazil - Season 1 por 2 a 1 para a DETONA Gaming, e terminou se salvando do rebaixamento na Liga Profissional Gamers Club de Março. Destaque para um rating de 1.44 de shz nessa Liga Pro, o maior do torneio. Uma pausa para ir até a China pela WESG Finals 2018-2019, que poderia colocar o time novamente na trilha das vitórias, terminou com a equipe não passando da fase de grupos. Novamente shz se destacou e marcou 1.28 de rating em seis mapas.

Foto: Lucas Spricigo/DRAFT5


Na volta ao Brasil mais duas classificatórias importantes perdidas, ambas para a W7M Gaming por 2 a 0. O time ficou sem vaga na  DreamHack Open Rio de JaneiroDreamHack Masters Dallas, além de um W.O pela Liga Profissional Gamers Club de Abril. Mesmo com a eliminação nas semis, shz alcançou 1.24 de rating nesse torneio, ficando atrás apenas de Vinicius "vsm" Moreira.

Com resultados não tão positivos e mudanças ocorrendo nos bastidores da organização, Bruno e seus companheiros foram dispensados pela Imperial, ficando sem casa por dois meses. Enquanto aguardavam contratação por uma nova org, os jogadores atuaram com o nome de INFLAMES. O período também não foi muito frutífero para a equipe, com a melhor conquista sendo um quarto lugar no Minor das Américas Berlin, torneio em que shz teve o maior rating, finalizando com 1.30 ao lado de Vito "kNgV-" Giuseppe.

VIVO KEYD, INTZ E MVP

Foto: Lucas Spricigo/DRAFT5


Em junho uma proposta da Vivo Keyd chegaria para a INFLAMES, dando nova casa à shz. A permanência, entretanto, não duraria mais de dois meses.

Ao lado do antigo companheiro e capitão zqk, o jovem jogador buscaria uma classificação para a Gamers Club Masters III, caindo na semifinal contra a DETONA. Embora tenha feito um rating de 1.19 na competição, shz não "apareceu" para a semifinal, ficando com 0.69 de rating e -13 de K/D. A eliminação na semifinal da ESEA Open Season 31 - Brazil em um 2 a 0 para a Team Reapers também colocou o jogador num holofote negativo, com 0.89 de rating na ocasião, embora tivesse feito 1.23 em todo o campeonato.

A última competição disputada no Brasil seria a Liga Dell Gaming de julho. Naquele ponto ninguém sabia, mas o torneio fecharia com chave de ouro o ano do jogador no país. Com a vitória sobre a RED Canids na final, a Keyd conquistaria seu primeiro título de 2019. De quebra, shz seria o escolhido MVP após exibição fantástica em todo o torneio e 1.35 de rating. Após grande hiato de competições e preparação para o CLUTCH Brasileirão, a Keyd anunciou que o jogador rumaria para o exterior. O destino dessa vez seria a INTZ que buscava substituir kNgV-, de saída para a MIBR.

O 10º MELHOR DO BRASIL EM 2019


Atuando no Brasil apenas seis meses, shz foi o segundo jogador de nossa lista com menos mapas jogados, 106 no total. Se essa estatística joga contra o décimo colocado de nossa lista, todas as outras jogam a favor. Enquanto atuava no Brasil, shz conseguiu um rating de 1.19, terceiro maior de nossa lista, assim como o segundo maior dano médio por round, 83.6. O jogador também impressionou pela consistência em lan, com 16 mapas jogados, 1.19 de rating e 84.3 de dano médio.

Com um estilo de jogo que se aproxima de um trader, shz varia sua atuação na busca de informação dentro do bombsite: "Eu fico sempre entre o primeiro e terceiro a abrir o bomb, nunca muito agressivo nem muito passivo"cravou. No período em que esteve atuando com os jogadores da Keyd era comum ver shz receber drop de ak47 em rounds forçados, sendo sempre um ponto de esperança para tirar um round mágico da cartola.


O melhor mapa individual de shz na temporada foi a Mirage, onde o jogador disputou 23 partidas e manteve um rating de 1.28, ficando abaixo de 1 de rating em apenas 5 mapas. Como terrorista, o jogador tem o trabalho de fazer um lurker pelo palácio e se juntar a sua equipe na sequência do round. Ja como contra terrorista, sua atuação é alternada entre a defesa do bomb A e janelão ou passagem l.

Mesmo tendo conquistado apenas um título no ano, shz esteve presente em nossas listas de melhores jogadores de campeonatos por quatro vezes. Ele foi EVP nas Liga Profissional Gamers Club de Março e Maio, além da grande aparição na GC Masters III que também lhe rendeu a lembrança, totalizando três EVPs. O jovem teve ainda um MVP conquistado na Liga Dell de Julho, somando assim, um total de 21.8 DRAFT Points.

Mesmo apenas 6 meses no Brasil, shz se destacou| Arte: DRAFT5/Estatísticas: HLTV


Sua ótima forma durante o ano o levou para a INTZ, e lá shz tem mantido números razoáveis mesmo para o exterior. Recentemente sua equipe conquistou o acesso para a ESL Pro League Season 11, além de uma vaga no classificatório fechado do IEM Katowice 2020.

Os números não mentem, shz é um grande nome do CS brasileiro. A grande dúvida é o que o destino reserva em 2020 para esse jogador tão jovem e ao mesmo tempo tão experiente? Permanecer no exterior e disputar entre os melhores, ou voltar ao Brasil e aparecer novamente na lista de melhores do ano? Apenas o tempo e a mira de shz poderão responder.

Veja a lista completa dos melhores atuando no Brasil em 2019.
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