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Os melhores no Brasil em 2018 (9) - zqk: O bom veterano a casa torna

Caio "zqk" Fonseca é o número 9 de nossa lista dos melhores de 2018

por Lucas Benvegnú / 04 de Jan de 2019 - 19:03 / Capa: Draft5
Raros são os jogadores que atuam em terras brasileiras e que possuem uma bagagem tão vasta quanto Caio "zqk" Fonseca. O paulista de 26 anos, atualmente jogador da Imperial e-Sports, tem uma currículo invejável in-game. Tendo quase 15 anos de Counter-Strike, o AWPer, que já foi jogador de Counter-Strike: Source, vem se destacando novamente em terras tupiniquins após seu retorno dos Estados Unidos, onde atuou por equipes do alto escalão do continente norte-americano.

zqk começou sua carreira como tantos outros players, nas lan-houses, no seu caso, no interior paulista, jogando CS 1.5. Depois de passar alguns anos jogando de forma amadora e passando por diversas versões do game (1.6, Condition Zero e Source), o então "C410", nick utilizado por zqk que se referia ao próprio nome, com as vogais substituídas por números, iniciou sua carreira na YeaH!, no Source, aos 15 anos de idade.

Arte: Draft5


Foi nessa mesma versão do jogo que começou a utilizar o nick "zqk". O apelido de Zequinha, teria surgido quando um companheiro de time assim o chamou, por achar que "zqk" era um nome muito complicado para ser pronunciado letra por letra.

Em 2011, na época atuando pela TargeTDown, ao lado de jogadores como Renato "nak" Nakano, zqk alçou os voos mais altos de sua carreira até então, conquistando campeonatos de expressão no Brasil e vivendo uma de suas primeiras experiências em terras estrangeiras com o Counter-Strike: a Copenhagen Games 2011, torneio disputado na Dinamarca entre 49 equipes do mundo inteiro. Na ocasião, a TD de zqk conseguiu alcançar o top 12 do torneio.

No ano seguinte, zqk retornou a Dinamarca para Copenhagen Games 2012, mas junto de seu time, completamente reformulado em comparação ao que disputou a CPH Games do ano anterior, não conseguiu repetir o mesmo desempenho do ano anterior, tendo ficado em 17º-24º entre os 32 times da competição.

Nesse mesmo ano, zqk fez parte da transição para o CS:GO, tendo como sua primeira equipe a ProGaming.TD, a qual defendeu em torneios internacionais, como a ESWC 2012, onde a equipe ficou pela fase de grupos, e na DreamHack Winter 2012, onde a escalação,  se destacou, caindo nas quartas de final do torneio para os anfitriões da toda poderosa Ninjas in Pyjamas.

Entre 2013 e 2014, zqk continuou atuando pela ProGaming.TD, ao lado de jogadores como Lucas "steel" Lopes e João "felps" Vasconcellos. Nessa época, zqk fez parte do alto escalão do CS:GO brasileiro, figurando sempre entre as primeiras colocações dos campeonatos nacionais.

Foi no final de 2014 que a então ProGaming.TD fundiu-se com a KaBuM! e-Sports, fato esse que resultaria na escalação composta por zqk, steel, Fernando "fer" Alvarenga, Gabriel "FalleN" Toledo e Ricardo "Boltz" Prass. Essa composição, que passou a atuar sob o nome de KaBuM.TD, conseguiu garantir vaga para MLG X Games Aspen Invitational, torneio que seria sediado nos Estados Unidos.

Já em janeiro de 2015, zqk voltou à representar o Brasil em outro continente. O desempenho da equipe capitaneada por FalleN não foi dos melhores, com a KaBuM.TD terminando entre a quinta e a sexta colocação geral, entre oito times, mas deixou a torcida brasileira esperançosa, após a vitória sobre a Cloud9, por 16 a 4, na fase de grupos do torneio.

Em fevereiro, zqk e seus companheiros receberam o convite da ESL para o classificatório da ESL One Katowice 2015, primeiro Major daquele ano, o que os levou à Katowice, na Polônia, para tentar fazer história ao se tornar o primeiro time brasileiro à participar de um Major de CS:GO.

zqk durante o classificatório presencial para o Major da ESL One Katowice 2015 | Foto: HLTV.org


Na estreia da KaBuM.TD na competição, a derrota para a mousesports jogou os brasileiros para a chave dos perdedores na competição. Já no segundo jogo, que valia a sobrevivência no classificatório, vitória sobre os poloneses da INSHOCK deixou os brasileiros a uma vitória do sonho do Major. No último e decisivo jogo, que valia a vaga, zqk e seus companheiros não tomaram conhecimento dos dinamarqueses da Dignitas, aplicando-lhes um 16 a 3 e tornando-se o primeiro time brasileiro à garantir vaga em um Major.

Antes do Major, que ocorreria em março daquele ano, quase um mês depois do classificatório, a falta de recursos financeiros da KaBuM.TD para enviar seus jogadores ao exterior levou zqk e companhia à deixarem a organização e assinar com a Keyd Stars.

De casa nova, zqk e seus companheiros retornaram à Katowice para a disputa do Major, onde novamente supreenderam, garantindo vaga nos playoffs após vencerem a Counter Logic Gaming e HellRaisers. A derrota por 2 a 1 para a Virtus.pro nas quartas de final não foi suficiente para apagar a grande campanha da Keyd na competição, que garantiu o status de Legend, assegurando vaga no próximo Major, a ESL One Cologne 2015.

Após a campanha na Polônia, a Keyd retornou ao Brasil por um curto período de tempo, até voltar aos Estados Unidos, onde o AWPer e seus companheiros novamente apresentaram bons resultados, como a conquista da iBUYPOWER Invitational Summer e o segundo lugar na fase online da divisão norte-americana da primeira edição da ESL ESEA Pro League (atual ESL Pro League).

O último campeonato que zqk disputaria junto daquela escalação seria a ESWC 2015, em Montreal, no Canadá, onde a equipe caiu ainda na fase de grupos. Após esse torneio, a escalação anunciou que havia rescindido com a Keyd para assinar com uma organização norte-americana. Foi nessa transição que zqk foi substituído por Marcelo "coldzera" David, então promessa brasileira.

Um fato curioso dessa transição é que, por ter vaga garantida no Major de Cologne, zqk já havia enviado sua assinatura para a organização do evento, que na época planejava lançar os primeiros adesivos de assinaturas, mas seu adesivo acabou ficando de fora do jogo após sua remoção da line-up que viria à disputar o Major sob a bandeira da Luminosity Gaming.

Ainda defendendo a Keyd, zqk regressou ao Brasil em julho, permanecendo no time até dezembro daquele ano, até ser contratado pela Team Alientech, equipe pela qual garantiu vaga no Americas Minor para o MLG Columbus 2016. O evento marcaria o retorno de zqk à uma competição na América do Norte, mas a escalação da Alientech acabou ficando de fora da competição por problemas nos vistos de dois jogadores.

zqk e seus companheiros enquanto defendiam a Alientech.BR | Foto: Divulgação


Já em 2016, após um breve período morando com seus companheiros de Team Alientech em Portugal, zqk e o restante da escalação foram contratados pela brasileira paiN Gaming, que passou a dar suporte para os brasileiros viverem e competirem nos Estados Unidos.

zqk e seus companheiros defenderam a paiN até janeiro de 2017, quando o projeto de manter os brasileiros vivendo nos EUA foi encerrado pela organização, muito pelo fato da equipe não ter conseguidos resultados expressivos.

Regressando ao Brasil, zqk ainda atuou por algumas equipes norte-americanas, mesmo com a barreira da comunicação e por muitas vezes, com o ping alto. Dentre as equipes pelas quais zqk atuou e, por vezes, liderou in-game, destacam-se SelflessThe FoundationMisfits, que na época era treinada pelo também brasileiro Luis "peacemaker" Tadeu.

Nesse mesmo ano de 2017, zqk ainda foi vice-campeão da primeira edição da Gamers Club Masters, atuando pela Merciless Gaming, que sucumbiu à Team One na final, vencida pelos golden boys por 2 a 0, além de outro vice-campeonato, dessa vez para a BootKamp Gaming, na ESL Brasil Premier League S4.

No final de 2017, zqk recebeu uma nova oportunidade de atuar fora do país: o desmanche da Immortals após os incidentes envolvendo Vito "kNg" Giuseppe e os irmãos Teles fez com que Noah Whinston, dono da Immortals, contratasse o AWPer brasileiro para completar a line-up da organização. Com o clima na Immortals desgastado e mais problemas com vistos, culminou com o fim da divisão de CS:GO da organização e com zqk novamente regressando ao Brasil.

2018 DE REINVENÇÃO E RECOMPENSAS

zqk durante a GC Masters 2018 | Foto: Lucas Spricigo/Draft5


Em 2018, quase dez anos após sua primeira passagem pela YeaH!, zqk voltou à defender a organização após a mesma ser refundada. O AWPer então voltou à apresentar um desempenho excepcional, ajudando seu time à conseguir resultados expressivos no cenário brasileiro, como o vice-campeonato na Aorus League Brasil S1, a conquista da ESEA Open Brasil S27, que levou zqk novamente à disputar um torneio fora do país, dessa vez em Leicester, na Inglaterra, onde a equipe ficou entre as últimas colocadas da Global Challenge.

Ainda pela YeaH!, zqk conquistou duas edições da Liga Pro em 2018, além do CGL Clausura. Em setembro, juntamente de Bruno "shz" Martinelli, zqk deixou a YeaH! para se juntar à Imperial e-Sports, formando junto de Gustavo "SHOOWTiME" Gonçalves, Thiago "tifa" França e Denis "dzt" Fischer a line-up que dominaria o cenário brasileiro na reta final da temporada.

Após um começo lento, onde a equipe não conseguiu vencer nenhum campeonato de expressão, tendo ficado com a terceira colocação na Gamers Club Masters após perder para a Wild, o vice-campeonato da ESL Brasil Premier League S6, após perder para a Isurus e a eliminação traumática na ESL LA League S2 após um incrível comeback da Isurus, a Imperial deslanchou.


Só em novembro, garantiram duas vagas em campeonatos no exterior: o segundo lugar no classificatório sul-americano para o Minor das Américas para a IEM Katowice 2019 assegurou a vaga dos Imperadores na competição que ocorre em Katowice, na Polônia, já agora em janeiro. Além dessa vaga, zqk e companhia ainda venceram a WESG 2018 Brasil, passando por cima de equipes que atuam no exterior, como INTZ, Sharks e Team One e garantindo vaga nas finais mundiais da competição, que ocorrem na China, em março de 2019.

Além das vagas, zqk e seus companheiros ainda garantiram o bicampeonato da Liga Pro Gamers Club, vencendo as edições de outubro e novembro. Na edição de novembro, o AWPer se sobressaiu, levando o MVP da competição. Além disso, zqk terminou o ano com a indicação de "Melhor AWP" no Gamers Club Awards.

Foto: Felipe Guerra/Gamers Club


As estatísticas do ano de zqk também são um grande diferencial: acumulando um rating de 1.15, o AWP ainda tem como trunfo a facilidade em conseguir a primeira eliminação dos rounds, tendo uma taxa de 59.5% de sucesso no primeiro confronto dos rounds.

Apesar de sua favorita, a AWP, ser responsável por mais de 61% das eliminações, zqk também sabe usar muito bem os rifles quando a situação econômica de sua equipe não é favorável.

Na formação adotada pela Imperial, o capitão zqk joga do lado CT em uma mescla que envolve sua agressividade pontual, que por muitas vezes resulta na eliminação inicial e consequentemente, na vantagem numérica a favor de sua equipe, e passividade e paciência sempre que necessário. Em 75,7% das vezes em que o jogador abriu a rodada com uma eliminação, sua equipe venceu. Já do lado TR, zqk costuma marcar as posições onde o avanço inimigo é iminente, novamente demonstrando paciência, fruto de sua maturidade adquirida ao longo de anos no cenário competitivo.

Arte: Draft5 | Estatísticas: HLTV


Por conta de sua regularidade, zqk assegurou em cinco ocasiões o prêmio de EVP, jogador extremamente valioso, por duas vezes nas Ligas Pro GC, na WESG Brasil e CGL. Além disso, o AWP garantiu o prêmio de MVP, jogador mais valioso, da Liga Pro GC de março e novembro.

Diante de um ano excepcional após seu retorno dos Estados Unidos, é inegável que a experiência pesou e ajudou muito em meio a tantas adversidades e trocas de line-up no primeiro semestre do ano enfrentadas por zqk. O AWP soube se manter firme, adaptando seu jogo e sabendo se sacrificar conforme as necessidades de seu time. Aos 26 anos, apesar da vasta bagagem, zqk ainda tem muito potencial para expor ao cenário brasileiro e, possivelmente, trilhar novos caminhos em terras estrangeiras.
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