Bruno "
shz" Martinelli é uma das grandes revelações do cenário nacional dos últimos anos. De um começo de carreira explosivo que o levou a uma boa carreira internacional à altos e baixos de um início de ano complicado. O 2018 de shz pode ser considerado de recomeços, mas acima de tudo mostra a capacidade de abraçar novos rumos e se destacar novamente em terras brasileiras.
Nascido em São Paulo, Bruno cresceu próximo aos games que marcaram época na sua infância como
Grand Chase e
Ragnarok, o jogador teve seu primeiro contato com o Counter-Strike ainda criança e de lá até o auge de seus 20 anos passou por altos e baixos incluindo pausas na carreira.
Arte: Draft5
Assim como os gloriosos jogadores que marcaram e ainda marcam época, shz adotou um nick de três letras, mas nem mesmo ele sabe a origem.
O primeiro grande evento de shz foi em setembro de 2014, na
X5 Mega Arena jogando por uma equipe mix, sob a tag
REVENGE. Mesmo tendo aparecido num dos grandes eventos daquele ano, a equipe não deslanchou, muito pela falta de rotatividade de torneios num cenário que ainda engatinhava. Nesta época, Bruno se distanciou do competitivo e rumou ao
League of Legends.
O jogador em início de vida acadêmica teria de conciliar o tempo entre a Faculdade de Game Design e a oportunidade de jogar pela
MK3, a convite de Vinicius "
zam" Godoy já em 2016, após um bom tempo fora do competitivo do Counter-Strike.
Shz (esquerda) na primeira grande conquista da carreira, Brasil Game Cup 2016 | Foto: Reprodução/Brasil Game Cup
Além da rotina apertada, shz ainda teria de lidar com uma certa resistência dos pais, que como todo bom responsável, se preocupava com o futuro do filho. Os impedimentos familiares foram embora com os títulos na temporada de 2016, a conquista da
Liga Pro de agosto além da
Brasil Game Cup daquele ano, na arena já atuando na
Remo Brave, com os próprios pais assistindo e se sensibilizando pelo que viram. Hoje, grande parte da família Martinelli é apoiadora da carreira de shz.
Com dois grandes títulos da temporada, e coincidentemente os dois primeiros da carreira, shz despertou os olhares aguçados da
Luminosity Gaming, que viu no jovem jogador a oportunidade para reformular uma line-up veterana, após a saída de Bruno "
bit" Lima e Renato "
nak" Nakano em outubro daquele ano. Apenas quatro meses após voltar efetivamente ao competitivo, shz rumava ao sonho de jogador profissionalmente na América do Norte.
Cerca de dez meses na Luminosity e poucos resultados de grande expressão, como um vice na
EsportsArena Santa Ana Showdown Championship e um duro quarto lugar no Minor das Américas para o
PGL Major Krakow 2017, fizeram shz e Lucas "
destinyy" Bullo serem dispensados, mais tarde em agosto fechariam acordo com a
Tempo Storm, que revitalizava um novo sonho de equipe brasileira.
Passagem de shz pela Tempo Storm foi marcada por problemas extra jogo | Foto: Adela Sznajder/DreamHack
A primeira passagem pela Tempo traria após dois meses uma fase tempestuosa na carreira de shz, que define a época como muito complicada. Tudo começou por volta do fim de outubro de 2017 com a
Immortals se reformulando, mas enfrentando severos problemas com vistos de destiny e Caio "
zqk" Fonseca, shz chegou a ser contratado, mas retornou à Tempo Storm ainda em dezembro, porém a segunda passagem foi ainda mais curta, devido a novos problemas de visto com os demais membros do conjunto, fazendo com que a organização abrisse mão da equipe em fevereiro de 2018.
2018 COROADO AO FINALShz voltaria ao Brasil jogando sob a tag
Dereguedere ao lado de seus companheiros de Tempo Storm, com exceção de destiny que havia sido contratado pela
Virtue Gaming. O primeiro torneio do jogador na volta ao Brasil foi a classificatória para a
ESL La League Season 1, sua equipe garantiria vaga, mas a maior parte acertaria com a Virtue logo depois (tatazin, dzt e land1n), formando boa parte do conjunto que dominaria o cenário como
Team Wild.
O jogador de 20 anos se via então em nova baixa da carreira, parando por mais de um mês até que em junho acertou o recomeço, na
YeaH! Gaming. Na nova organização, shz conquistou o título da Liga Pro logo no primeiro mês, além da
CGL Clausura 2018. Além disso, em seis oportunidades a YeaH! parou nas semifinais, fazendo um meio de ano bastante forte para uma equipe que recém havia mexido.
Um projeto maior atrairia os olhares de shz, que junto de Caio "
zqk" Fonseca abraçou a Imperial como nova casa, deixando a YeaH!, em setembro.
Os primeiros torneios disputados pelos imperadores não foram com resultados tão expressivos. A conquista da vaga na
GC Masters 2018 foi vista com bons olhos, mas a equipe não conseguiu ir bem numa das maiores oportunidades do ano na
GAMECON Challenge, que dava vaga na
StarSeries i-League Season 7.
Shz durante a GC Masters 2018, torneio que iniciou uma boa sequência de resultados da Imperial | Foto: Lucas Spricigo/Draft5
Outra baixa viria em sequência, após campanha excelente na
ESL Brasil Premier League Season 6, a Imperial de shz cairia na grande final para os argentinos da
Isurus Gaming, na primeira grande oportunidade de título. Logo na outra semana, uma nova boa campanha, dessa vez presencial, na GC Masters animou o restante do ano.
Com tantos veteranos que atuaram em território norte-americano, a Imperial queria ir ao exterior e teria no
PGL Grand Slam outra oportunidade, mas em novo classificatório não conseguiram desempenhar bem, caindo abaixo das expectativas.
Na
ESL La League Season 2, outro ponto negativo do ano após perder novamente para a Isurus, mesmo estando com as duas mãos na vaga para a grande final, sofrendo a virada e caindo nas semis. Neste ponto da temporada a equipe pareceu levar um chacoalhão, vindo sedenta para o restante do ano.
Primeiro título da Imperial veio com a Liga Pro de outubro, logo depois a esperada vaga para o exterior apareceu da melhor forma possível. Vaga no
Minor das Américas para o Major da
IEM Katowice e título da
WESG Brasil, garantindo vaga nas finais mundiais. Coroando ainda mais a reta final majestosa, outro título de Liga Pro, dessa vez de novembro.
Comprovando o ótimo impacto de shz na equipe, em ambas as seletivas o jogador de 20 anos foi o destaque da grande final, mesmo a Imperial não sendo a favorita contra Wild (seletiva do Minor) e Sharks (seletiva da WESG).
Dezembro a Imperial não disputou muita coisa, tendo como resultado a queda nas semifinais da Liga Pro de tal mês. O foco muito provavelmente estava no mês de janeiro, com o bootcamp programado para a Polônia, visando o Minor que acontece em Katowice no mesmo mês.
Arte: Draft5 | Estatísticas: HLTV
Shz é um jogador bastante versátil no posicionamento. De terrorista na maior parte dos rounds, exerce uma função de
trader, mas também vai de acordo com o mapa. Na Inferno por exemplo, o jogador exerce uma função mais de suporte pelo lado ofensivo, auxiliando a entrada um pouco mais atrás com os utilitários. Pelo lado CT, tenta jogar mais pela equipe, buscando um posicionamento mais seguro até o jogo aparecer, deixando a função da busca pelas eliminações iniciais para seu AWP, zqk.
Shz disputou cerca de 27 torneios em 2018 no Brasil, ficando negativo apenas em quatro deles. O jogador tem um aumento significativo de seu 2017 com 1.04 de rating contra o 2018 com 1.21, muito disso se deve aos inúmeros torneios com destaque, sendo 8 EVPs e apenas 1 MVP, na Liga Pro de outubro.
Outro ponto a se destacar é a efetividade contra qualquer adversário. Na soma dos confrontos, o menor rating de shz contra as equipes foi 1.07.
O jogador que se inspira em Fernando "
fer" Alvarenga como modelo e tem sua motivação baseada na apoiadora família, pode projetar um 2019 de sonhos, começando já em janeiro com o Minor das Américas para o Major da IEM Katowice. Seria a volta ao ápice de uma carreira que já enfrentou diversos obstáculos.