O Major do impossível

Uma retrospectiva de tudo de inédito que aconteceu no ELEAGUE Major Boston 2018

por Lucas Spricigo / 30 de Jan de 2018 - 17:34 / Capa:
O ELEAGUE Major Boston 2018 foi marcado por fatos inéditos. Equipes que surpreenderam, outras que decepcionaram, jogadores que acabaram com uma "maldição" histórica e até redenção de um cenário criticado, vimos no torneio.

Mudança no formato do major


Ainda em 2017 a Valve anunciou o ELEAGUE Major de uma forma bastante imediatista, com o calendário apertado para todos os classificatórios, definiu os Minors para um curto período de tempo. A decisão levou a uma outra ainda mais complicada, deixaram todas as vagas do Ásia Minor para convites, ao invés de algum tipo de qualify aberto. A ideia causou furor nos fãs asiáticos e equipes que ficaram de fora da competição.

As mudanças não parariam por aí, com o curto período para produção dos adesivos e preparativos para o torneio, a Valve resolveu “absorver” a fase de classificação para dentro do próprio evento principal, fazendo com que a competição passasse a ter 24 equipes. Essa decisão ao estilo Gianni Infantino (da FIFA, querendo fazer um mundial com 48 seleções) impactou o público que passaria a criticar a decisão, dizendo que poucas equipes merecedoras realmente estariam dentro do evento máximo da categoria. Mal sabiam que muitas surpresas viriam a partir daí.

Desistência da TyLoo e 100Thieves


Uma equipe desistir do maior torneio que pode participar. Em qualquer situação a frase anterior seria no mínimo a pior decisão possível, mas foi o que aconteceu com a TyLoo. Os chineses tiveram problemas para adquirir o visto de Hansel "BnTet" Ferdinand, único jogador que não é chinês na equipe. O indonésio que é a estrela do quinteto, volta e meia se complica com problemas para entrar nos países, isso logicamente foge do controle dele e da organização, mas o que viria depois disso foi que complicou ainda mais a equipe.

Com regras questionáveis de roster lock, a Valve/ELEAGUE os obrigou completar o quinteto com Luís “peacemaker” Tadeu, o treinador brasileiro que nem fazia mais parte do time. Depois de profundas desavenças, desistiriam de participar do torneio. Para seu lugar viria a Flash Gaming, que também não estava mais com a line-up que atuou no Minor, fazendo uma bagunça danada, trouxe de volta os dois jogadores que haviam saído da equipe, enfim levando uma representante da China para um torneio Major de CS:GO.

Outro fato de desistência que ficou marcado na história dos Majors foi o da brasileira 100Thieves, com problemas de visto abririam mão de participar. Como sua vaga era direto na Legends Stage, a organização do evento resolveu abrir uma nona vaga de classificação na fase preliminar.

CIS Power


Qikert foi uma das grandes surpresas da AVANGAR no Major | Foto: HLTV


Um dos cenários mais criticados do mundo do Counter Strike, é o CIS. A região da antiga União Soviética cada vez que é colocada em discussão traz à tona a pergunta: “É mesmo necessário um Minor por lá?”.

Além do motivo geográfico (Latência da parte mais oriental da Rússia para o centro da Europa é muito alta), a enormidade de equipes sempre foi um reforço para a decisão, mas no ELEAGUE Major a região ganhou seu Álamo. Quantum Bellator Fire e AVANGAR eram totalmente desconhecidas, até mesmo do público europeu. Num artigo da nossa série pré-Major trouxemos algumas informações sobre ambas as equipes, fundamentando com o crescimento da região. O que ninguém esperava era que elas demonstrassem um nível acima da média desde a fase preliminar, os cazaques da AVANGAR caindo ainda por lá, mas fazendo jogo duro contra todas as equipes que enfrentaram.

QB Fire e a história imprevisível


QB Fire impressionou a todos | Foto: HLTV


A Quantum Bellator Fire seria a representante do CIS Minor a avançar até a fase principal do evento. Ao lado de Vega Squadron, Gambit e a tradicionalíssima Natus Vincere, faria o quarteto da região. Muitos já haviam cravado a equipe para sair ainda na fase eliminatória com o saldo de três derrotas e nenhuma vitória, mesmo com a surpresa citada anteriormente, permaneceram colocando os russos nessa situação na fase principal. Novamente se surpreenderam.

Vencendo Virtus.pro, a atual campeã Gambit e a ótima equipe da mousesports, a QB fire chegaria a fase de playoffs, escrevendo uma história incrível.

Para se ter uma ideia, Gregory "balblna" Oleinick comentou em seu Twitter pessoal que a preparação dele para o Major teve de passar por um cyber café na Rússia, devido a sua internet não ter condições reais de competição. O jogador tinha de ir todos os dias logo cedo e ficar até a meia-noite por lá treinando, durante duas semanas.

Astralis decepcionante


A Astralis chega para vencer todo torneio que disputa, mas caiu miseravelmente na fase de grupos desse Major. A equipe dinamarquesa contava com a volta de Nicolai "dev1ce" Reedtz que havia sido afastado por problemas de saúde, toda uma esperança de um grande torneio foi criada sob a equipe, já que os brasileiros da SK estavam com complete e outros times não chegavam tão bem no torneio. A Astralis era certamente uma das favoritas, mas saiu da competição apenas com uma vitória.

Mesmo com a volta de Device, Astralis decepcionou | Foto: Reprodução/ELEAGUETV

Atual campeã caindo na fase de grupos


Tão decepcionante quanto a Astralis, a Gambit caiu na fase principal da competição. Os até então atuais campeões do Major, já não contavam mais com Danylo "Zeus" Teslenko que foi para a Natus Vincere. No fim, parece que a ausência do experiente IGL fez falta na equipe.

O “atual campeão” não caia na fase de grupos desde a EnVyUs na MLG Columbus 2016, quando vinha do título da DreamHack Cluj-Napoca 2015.

A redenção de ChrisJ e Skadoodle


Outra grande história do ELEAGUE Major Boston 2018 passa por dois jogadores bem conhecidos do cenário mundial. Chris "chrisJ" de Jong e Tyler "Skadoodle" Latham nunca haviam chego a uma fase de playoffs. O holandês bateu na trave com a mouz por anos, mesmo mostrando um desempenho regular comparado ao resto dos torneios, diferente de Skadoodle, que podia estar no melhor momento da carreira, que chegando ao Major não conseguia mostrar um bom desempenho, caindo nas fases iniciais.

O estadunidense foi um dos destaques da campanha da Cloud9, sendo o MVP da grande final e levando sua equipe a conquista inédita.

A falência do meme do Counter Strike norte-americano


O ELEAGUE Major fez a comunidade perder uma das brincadeiras mais tradicionais. O meme do Counter Strike norte-americano não conquistando nada, caiu por terra. Enfim uma equipe do cenário de lá conquistou um Major de CS:GO. Demorou e muito, tendo em vista o massivo investimento feito principalmente nos Estados Unidos. Muitas pessoas colocavam a grande final do torneio entre Cloud9 e FaZe Clan como uma surra premeditada, tal como foi na única vez de norte-americanos numa final, na ESL One Cologne 2016, onde a SK Gaming trucidou a Liquid em dois mapa.

Todos esses pontos fizeram do ELEAGUE Major Boston o torneio do inédito, do surpreendente, do impossível. Isso tudo além daquela final...


Foto da capa: ELEAGUE
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