Nahzinhaa fala sobre mudanças no cenário e avalia NEKIZ na 00Nation: "vai somar muito"

Streamer falou sobre mudanças na FURIA e MIBR

por Ariela Vasquez / 20 de jul de 2023 - 15:45 / Capa: João Ferreira/PGL

O mercado de transferência envolvendo jogadores brasileiros ainda é o grande assunto no cenário. Ex-jogadora de Counter-Strike e atualmente streamer da 00NATION, Natacha "Nahzinhaa" Fanganiello conversou com a DRAFT5 sobre a chegada de Gabriel "FalleN" Toledo e Marcelo "chelo" Cespedes na FURIA, a adição de Gabriel "NEKIZ" Schenato na 00NATION, mudanças no MIBR e a situação atual do cenário feminino de CS:GO.

Dança das cadeiras

O cenário mundial de CS:GO viveu a maior dança das cadeiras da história. Com inúmeras mudanças e equipes se preparando para a segunda metade do ano, os times brasileiros se reforçaram, principalmente a FURIA com a aquisição da dupla da Imperial, FalleN e chelo.

"Eu achei muito legal, particularmente, eu acredito que a galera da FURIA tinha um apelo maior por um FalleN por exemplo, porque além de ser um excelente jogador, querendo ou não é um atleta mais querido e midiaticamente um jogador, talvez um dos únicos no Brasil, que se pague em todos os sentidos. Eu estou muito animada em relação ao game, mas principalmente ao out-game, porque o FalleN vem somando, trazendo mais os meninos, fazendo mais pela comunidade, mais vlog, uma pegada mais do FalleN. Acho que a FURIA vai ganhar muito com o isso, os meninos são muito legais e acho que a galera vai poder conhecer mais eles pessoalmente também."

A streamer também comentou sobre a adaptação do time, que os torcedores terão que ter calma para ver a FURIA mostrando todo o potencial com as duas adições no elenco, já que FalleN e Andrei "arT" Piovezan terão que encontrar um estilo de jogo que favoreça o novo time.

"Todos os times precisam de teamplay e isso você só pega jogando. Eu acredito que o estilo de jogo do FalleN tanto quanto do arT sejam muito diferente, um mais agressivo e outro mais cadenciado. Acredito que o guerri vai achar um meio termo e isso pode ser que leve muito tempo ou realmente não demore tanto, mas com certeza a gente tem que ter pé no chão e entender que eles estão se adaptando."

No lado da 00NATION, a organização introduziu NEKIZ no elenco, ex-paiN Gaming que teve um grande primeiro semestre com os tradicionais. Nahzinhaa reforçou que Marcelo "coldzera" David precisava de um atleta mais experiente para ajudar no time, algo que o próprio jogador já disse antes.

"Acredito que uma coisa que o cold estava falando muito era da parte de experiência. Querendo ou não os meninos são muito novos, embora sejam muito completos, estão pecando um pouco na falta de experiência e (é bom) ter uma voz ali para ajudar o coldzera, porque é cansativo você ter que passar call, estudar, ensinar, crescer in-game, maturidade, às vezes em um campeonato você fica nervoso. Acredito que o NEKIZ vai somar muito nessa parte de maturidade do time e de gameplay também."

Nahzinhaa também comentou sobre as trocas que aconteceram no MIBR. André "drop" Abreu e Rafael "saffee" Costa, ex-FURIA, se juntaram ao clube e ficaram nas vagas de Matheus "Tuurtle" Anhaia e Henrique "HEN1" Teles. A ex-atleta acredita que, com o trabalho da comissão técnica que tem nomes lendários do Counter-Strike, os jogadores podem surpreender nessa nova etapa.

"Acho que é uma ótima aposta na minha opinião, acho que pode dar muito certo porque os meninos tem muito sangue nos olhos. Acredito que o bit é um divisor de águas junto com o nak pra trazer experiência e vir a somar realmente na parte que os meninos precisam, que é a experiência. Em quesito por bala, eles são muito bons. Eu acredito que eles possam surpreender. Se o bit, o nak e o Tacitus somarem nessa parte de experiência, eu tenho certeza que eles vão dar muito trabalho."

Cenário feminino

Além de mudanças no time misto, a FURIA também fez mudanças na equipe feminina. No começo de julho, a organização anunciou a chegada de Ana "annaEX" Dias, que teve um grande desempenho na Black Dragons, última equipe que defendeu. A adição da jogadora é vista com bons olhos por Nahzinhaa.

"Eu gosto muito da annaEX na FURIA, vamos ver como vai encaixar, ela é uma jogadora que já vem mantendo uma média há muito tempo em todas as equipes que passa. Acredito que essa vaga foi mérito dela mesma. A FURIA já tem um estilo de jogo agressivo, mas acho que depois da saída da Olga ficou faltando, deu aquela desacelerada, as meninas ficaram um pouco nervosas, embora a FURIA ainda tenha a GaBi, que é a player mais premiada na história do CS feminino. Acredito que é uma boa entrada, vai encaixar."

Contudo, o cenário feminino nacional ainda vive incertezas. A Black Dragons, clube que estava na cena desde 2019, comunicou sua saída do CS:GO feminino. A criadora de conteúdo não escondeu a tristeza, mas comentou o que é necessário fazer para mudar e atrair mais visibilidade para os times e competições.

"Sobre os times que estão se desfazendo, as organizações que estão abandonando o cenário feminino, eu fico muito triste. Embora eu compreenda a parte financeira, manter uma equipe não é fácil, mesmo no cenário misto, o cenário feminino é mais difícil. O apelo que eu posso fazer é pra galera assistir os campeonatos, engaje as meninas nas redes sociais, falta muito disso. A Olga estava trazendo um ótimo público pro cenário, então a gente tem que trazer muita visibilidade para o cenário feminino e as organizações se sintam mais interessadas em entrar no cenário."

Em um contraste, o Brasil vai receber pela primeira vez o Game Changers Championship, mundial do cenário inclusivo. Questionada se o país pode sonhar em realizar uma ESL Impact, Nahzinhaa foi sincera ao comentar as diferenças do público dos dois jogos.

"Eu gostaria muito que isso acontecesse, eu ainda acho que é um longo caminho. Eu falo que graças a Deus no VALORANT temos streamers grandes que apoiam o cenário inclusivo, a gente vê o Coreano transmitindo, um dos maiores (no Brasil). E isso acaba trazendo visibilidade, interesse do público e começa a crescer. O público feminino é muito grande no VALORANT, muito maior do que no CS. Acredito que também por conta de visibilidade, da gente se sentir mais a vontade estando e vendo outras mulheres, acredito que o que falta pro CS é incluir mais. Principalmente dos streamers grandes, das organizações e do público de querer estar lá, pedir, presenciar. Eu acredito e, se acontecer, vou fazer o possível pra lotar tudo e fazer ser o melhor evento da vida das meninas porque elas merecem."

Sobre a transição do CS:GO para o Counter-Strike 2 ser um fator que pode atrair novas jogadoras, Nahzinhaa acredita que o problema não é o jogo, mas a falta de visibilidade e o engajamento do público nos torneios e redes sociais.

"Eu acredito que não seja essencialmente por causa do jogo porque eu acredito que o que precisa mudar é a atitude das pessoas e não particularmente do game em si. Acho que os outros pontos são mais importantes do que a troca ou atualização do jogo. Se a atitude e a postura das pessoas não mudarem, não adianta ter 400 jogos, se você não tiver público, não tem o que fazer. A galera precisa se movimentar mais."

Saiba Mais Sobre