As melhores no Brasil em 2023: (1) — Giovanna "yungher" Yungh

Com uma incrível consistência na temporada, yungher teve três MVPs, dois EVPs 1 e outras duas listagens em campeonatos

por / 27 de Dez de 2023 - 15:00 / Capa: Arte/DRAFT5

Consistência é um dos objetivos mais buscados por atletas profissionais de qualquer esporte, ainda mais no Counter-Strike, onde tudo é muito rápido. Há a possibilidade de ocorrer uma ascensão meteórica em um semestre, mas há também a chance de cair tão rápido quanto subiu nos seis meses seguintes.

Continua depois do anúncio

No caso de Giovanna "yungher" Yungh, não foram meses, nem um ano, mas já são dois anos performando no mais alto nível, empilhando títulos e tendo estatísticas invejáveis em todo campeonato, seja nacional ou internacional. Por conta disso, ela foi eleita pela DRAFT5 a melhor jogadora de Counter-Strike no ano de 2023.

Foto: Michal Konkol/ESL

A RELAÇÃO COM O COUNTER-STRIKE

Diferentemente da grande maioria, Giovanna iniciou a relação com os games por conta dos pais. O primeiro contato com um jogo eletrônico foi graças a mãe, que "viciou" a filha em GunBound.

Na sequência, a influência continuou através dos primos, que colocaram o Counter-Strike na tela da jovem pela primeira vez. Na época, ainda muito nova, yungher se divertia somente contra os bots do jogo.

"Meus primos eram muito viciados em jogos, principalmente em RPGs. Mas eles jogavam CS também, e na hora eu quis. Daí eles foram na minha casa e baixaram pra mim. Era o CS 1.5. Eu jogava sempre contra bots, eu não sabia jogar online porque eu era muito novinha. Essa foi minha primeira experiência com o CS."

A diversão de yungher com o FPS da Valve foi interrompida, porque o jogo estava a atrapalhando para dormir, por conta de pesadelos. Sua mãe, então, decidiu desinstalar o game de seu computador. Ela voltou a ter contato com o jogo anos depois, somente após ir a um evento de CS:GO, em São Paulo.

"Em 2016, eu conheci o remix. Ele me apresentou o CS:GO e eu fiquei encantada. Ele me levou em um evento gigantesco da ESL, em São Paulo. Eu nem entendia o que estava acontecendo, mas eu vibrava e torcia. Eu fiquei maluca. Foi ali que decidi querer aquilo pra mim".

ESL Pro League realizada no Ginásio do Ibirapuera, em 2016 | Foto: Divulgação/ESL

Apesar de ter ficado encantada com o jogo em 2016, yungher demorou a dar o seu primeiro passo rumo ao cenário competitivo, pois queria finalizar a faculdade. "Fiz quatro anos, mas chegou no TCC e aconteceram muitas coisas que me fizeram trancar. Meu maior objetivo era sair daquilo logo, pra começar a jogar e ser profissional naquilo. Era isso que eu queria pra minha vida".

Quatro anos depois de ter o seu primeiro contato com o CS:GO, ela foi contratada pela Black Dragons, sua primeira equipe profissional.

"É muito gratificante saber que todo o esforço e todo o trabalho que eu tive, em pouco tempo, valeram a pena. Quando eu larguei tudo e finalmente foquei somente em jogar, eu passei um ano inteiro estudando o jogo junto com um amigo. Eu comi o jogo, eu estudei o que eu podia e o que eu não podia, pra entender e me sentir na altura das pessoas que eu admirava."

CONSOLIDAÇÃO EM 2023

yungher e companhia iniciaram o ano de 2023 jogando pela B4 e terminaram a temporada com a camisa do Fluxo. Porém, o primeiro e o último torneio da equipe ocorreram em âmbito internacional, onde chegaram na semifinal e foram eliminadas pela NAVI Javelins nas duas ocasiões.

"Não sei dizer o porquê ainda não encaixou contra elas, pode ter sido coincidência também, mas foram dois jogos que elas estavam jogando muito bem e nada do que fazíamos dava certo, foram superiores e tá tudo bem. Cada jogo é uma nova oportunidade, e elas tiveram duas excelentes MD3 contra nós, mas estamos trabalhando cada dia mais pra aprimorar nosso teamplay, nossa comunicação. Uma hora vai encaixar tudo bonitinho."

Após a ESL Impact Katowice 2023, realizada em fevereiro, as meninas voltaram ao Brasil e tiveram um semestre recheado de resultados positivos, com título da 1xChallenge, da Liga Feminina da Gamers Club, Cash Cups e da Gamers Club Masters Feminina VII, o Major brasileiro.

"Tivemos uma conversa no final do ano passado e percebemos o quanto manter o time seria importante para nossa evolução, porque as coisas não acontecem rápido, você precisa de tempo pra aprimorar e sinto que esse tempo fez muito bem pra nós."

Foto: Reprodução/Twitter/B4

Antes do título da GC Masters FEM VII e da mudança de organização, a equipe disputou a ESL Impact League III, em Dallas, nos Estados Unidos. Mais uma semifinal para a conta e dessa vez a algoz foi a Nigma Galaxy.

"A experiência é sempre muito inspiradora, você se questiona do porquê não deu certo, busca sempre ser melhor do que você mesma, o que poderia ter feito, o que deixei de fazer. Não lembro exatamente o que rolou naquele jogo contra a Nigma, o que eu falar estarei mentindo, então não lembro. Lembro que elas conseguiram mexer com nossa rotação e amassaram a gente na noção de jogo também."

FLUXO DEMONS: UMA NOVA CASA

Com o fim do contrato com a B4, as meninas optaram por se manterem juntas. Não demorou muito para que uma nova casa fosse encontrada: o Fluxo. Uma das principais organizações de esportes no Brasil e que passou a investir no FPS da Valve em 2022, o Fluxo entrou de vez no cenário feminino e contratou o elenco capitaneado por Lara "goddess" Baceiredo.

"Foi uma loucura! A gente sabia que estava sonhando grande quando a Lara tentou entrar em contato, e quando eles abraçaram a ideia foi surreal! Só acreditei que estava acontecendo de fato quando chegou o dia do media day."

O segundo semestre manteve a mesma toada, sempre brigando pelo título ou ficando com o vice nos grandes eventos. Entretanto, com a migração do CS:GO para o CS2, a equipe não conseguiu chegar na decisão da GC Masters Fem VIII.

"Não acho que foi ponto baixo, as meninas (MIBR) jogaram muito bem contra nós, nosso jogo não encaixou contra elas e fomos counteradas. Não acho que o mundial atrapalhou o foco, lembro que estávamos todos migrando entre CS2 e CS:GO nos campeonatos e estava uma loucura."

Foto: Adela Sznajder/ESL

Por falar no Counter-Strike 2, yungher disse que a nova versão do jogo já evoluiu bastante desde o lançamento e que "está uma delicinha" no momento atual. A única melhoria, na visão dela, é arrumar a AWP.

No primeiro Mundial de CS2, o título ficou mais uma vez nas mãos da Nigma Galaxy. Entretanto, o Fluxo foi o único time a derrotar as russas no campeonato, atropelando-as por 13 a 6 e ficando em primeiro lugar do grupo A.

"A gente sabe que jogo contra elas é sempre desafiador, afinal elas são o atual melhor time de CS:GO e também de CS2. Mas a gente sempre tenta focar no nosso processo, no que nós fizemos para chegar até ali e simplesmente confiamos em nós mesmas, entramos num flow gigante nessa última partida contra elas e acabou que tudo deu certo pra nós e encaixou tranquilo. A gente sempre espera ganhar, independentemente do adversário, focamos em nós e confiamos no processo. O resultado a gente vê depois, assim como o que temos que corrigir e como corrigir, ganhando ou perdendo."

A MELHOR DO BRASIL EM 2023

Essa é a terceira aparição da yungher na lista da DRAFT5 de melhores jogadoras. Em 2022, ela ficou em segundo lugar, mas evoluiu a performance, aumentou as estatísticas, foi fundamental em conquistas coletivas e não restaram dúvidas de que foi a melhor jogadora brasileira em 2023.

A jogadora do Fluxo foi MVP da GC Masters FEM VII, da Impact League Season 3 e da 1xChallenge. Quando não ficava com o MVP, ficava com o EVP1; foram os casos da Série Feminina 1 e a Superliga Feminina. yungher ainda somou pontos ao ficar na lista de melhores jogadoras (EVP) na BGS 2023 e GC Masters FEM VIII. Tudo isso levou a jogadora a ter 191 D5 Points e 4 C Points (listagens coletivas).

"Não sei até que ponto isso é bom, mas eu sempre fui bem chata comigo mesma, me cobrava em excesso, sempre pensei que podia fazer mais e fazer melhor. Graças ao Dan, nosso psicólogo, passei a pegar mais leve comigo, porém trabalhar na mesma intensidade, senão até mais. Normalmente costumo focar naquilo que sinto que estou precisando aprimorar mais, seja movimentação, tiro, comunicação, noção de jogo. Demo eu vejo todo dia, não tem como fugir disso se você quer ser bom jogando."

Listagens de yungher em 2023 | Arte/DRAFT5

AS APOSTAS DE YUNGHER

Questionada sobre possíveis nomes para ingressar na lista de melhores jogadoras do Brasil em 2024, yungher aposta em Daniele "Dani" Cavallari, ex-DIVINA fem e que tem apenas 16 anos, e Lucia "lulitenz" Dubra, da w7m. Por fim, a melhor jogadora do país revelou o que deseja para 2024.

"Espero que eu continue evoluindo, trabalhando igual uma maluca e sendo constante pro time. Espero que inspire as pessoas da maneira correta."

+18. Aposte com responsabilidade. Odds sujeitas a alteração.

Saiba Mais Sobre