Lucaozy realça sonho de participar de um Major e revela motivação: "Pelo meu irmão brutt"

Brutt vive! A entrevista especial com Lucas "Lucaozy" Neves feita pela DRAFT5 tinha como objetivo falar sobre a classificação da Sharks aos playoffs do CBCS Elite League Season 1, mas terminou com uma inspiração mais do que memorável por parte do jogador dos Tubarões, que relembrou Matheus "brutt" Queiroz, um dos principais talentos do cenário brasileiro que faleceu em dezembro de 2019.

Como se a chance de disputar um Major não fosse motivo o suficiente para motivar um jogador de Counter-Strike: Global Offensive, poder fazê-lo em casa em função do Regional Major Ranking (RMR) serve como um fator a mais de empolgação. Entretanto, Lucaozy revelou ter não somente este motivo para se dedicar ao campeonato, mas também em memória do ex-companheiro de Team Reapers.

"Quando comecei a jogar, era um sonho. Todos querem ter o nome marcado dentro do jogo e, por outro lado, quero buscar isso pelo meu irmão brutt. Antes de eu ir para a DETONA, tivemos muitas conversas sobre isso. Era um sonho que a gente compartilhava. Eu vou buscar isso por mim e por ele, não importam as circunstâncias enfrentadas".

O caminho que auxiliará a Sharks ir até o Major, no entanto, será um tanto quanto complicado. Além de precisar performar bem no CBCS Elite League, a equipe ainda precisará manter a boa performance nos outros torneios RMR que virão no decorrer do ano.

Entre os maiores adversários dos Tubarões está o MIBR, que conta com o elenco que dominou o Brasil na temporada passada. Longe de querer dizer alguma coisa, a Sharks conseguiu passar no primeiro teste em que foi colocada a prova e garantiu a vitória contra o quinteto na MD1 disputada no CBCS Elite League.

Siga a DRAFT5 no Twitter e fique ligado em tudo que rola no mundo do Counter-Strike.

No entanto, Lucaozy não enxerga isso como um indício de favoritismo para a Sharks, apesar de reconhecer a importância da vitória. O plano do time, além de seguir performando bem, será fazer "jogo por jogo" para, no fim conseguir triunfar com uma possível vaga no Major para poder homenagear brutt.

"Não acho que temos esse status (de favorito). Claro que somos uma equipe com muita qualidade, mas o MIBR é o único time que estava lá fora jogando campeonatos Tier 1. Se tem alguém com esse status, são eles. Eles ainda são favoritos. Sabemos do nosso potencial, ganhamos uma MD1 deles, porém isso não importa muito para nós, sendo bem sincero. O que importa é sempre a próxima partida", disse.

Para garantir a ida para os playoffs do CBCS Elite League Season 1, a Sharks precisou vencer os três primeiros confrontos que disputou na competição. Com três vitórias e zero derrotas, o time venceu o próprio MIBR no duelo que o colocou na decisão da competição. Antes disso, passou pela SWS Gaming e Havan Liberty.

Como resultado, o time viu o último confronto ser disputado no dia 25 de abril e precisou aguardar outros 19 dias longe dos servidores do torneio para voltar a jogar. Enquanto todos os times lutavam com unhas e dentes pela permanência e por uma vaga nos playoffs, a Sharks conseguia trabalhar e treinar o máximo possível para a fase decisiva.

"A vantagem é ganhar tempo na preparação. Não podemos parar nossa evolução. Então, ganhamos mais tempo para isso. Tendo em conta que estamos com um jogador novo no time, precisamos ajeitar algumas coisas e aproveitar esse tempo para deixar tudo redondo. Nossa equipe segue trabalhando e treinando duro para chegar bem na próxima fase".

Desta vez, é possível dizer que há três tipos de pessoas: àquelas que acreditam que o tempo de preparação pode ser bom para o desenvolvimento do time, àquelas que acreditam que ficar longe dos servidores pode fazer com que eles cheguem "frios" para a fase decisiva e, por fim, Lucaozy, que vive a realidade da Sharks no dia a dia.

Para ele, não há desvantagem alguma em passar quase 20 dias longe de partidas oficiais simplesmente pelo fato deles não estarem parados e "nem de férias". Mas, sim, se capacitando cada vez mais "para um campeonato que dá vaga para o Major". Por isso, os treinos vão dos mais avançados até os treinos individuais, "relembrando granadas", entre outros.

Assim como supracitado pelo próprio Lucaozy, a Sharks também precisa treinar não somente para se preparar contra os adversários que terá pela frente no decorrer da fase decisiva, mas para conseguir encaixar um time que chega com algumas novidades para a temporada, como Antonio "realziN" Oliveira e Romeu "zevy" Rocco.

Além disso, também retornou com Filipe "pancc" Martins, afastado por pouco mais de dois meses em decorrência de investigações de assédio sexual. Como se não fosse o suficiente, sofreu uma enorme baixa após a saída de Raphael "exit" Lacerda, contratado pelo MIBR e que já foi alvo da mordida dos Tubarões ao perder a série MD1.

Este último, de acordo com Lucaozy, foi o mais difícil de pensar na hora de substituir. A qualidade oferecida pelo rifler fez com que o jogador ressaltasse que "nenhum player do Brasil pode substituir exit na função dele". Ainda assim, ele revelou o quão impressionado ficou em decorrência da adição de pancc.

"A saída de exit foi algo muito em cima da hora. Então, olhamos para o cenário e pensamos em nomes para substituí-lo. Sendo bem sincero, acho que nenhum player do Brasil pode substituir exit na função dele. Pensamos no pancc, que não fazia a mesma função, mas é um jogador muito moldável. Ficamos impressionados como o nosso time respondeu com a chegada de pancc. Todos deram o sangue no bootcamp na Sérvia e estamos muito felizes com os resultados", ressaltou.

Coincidência ou não, os dois últimos jogadores que deixaram a Sharks foram para defender as cores da camisa do MIBR. O primeiro, Leonardo "leo_drk" Oliveira, hoje atuando pelo O PLANO, e, em seguida, o próprio exit. Apesar de poder ver isso como uma inspiração, Lucaozy mostra ter os pés bem firmes no chão quando se trata de futuro.

Apesar de compreender a vontade que os jogadores possuem de ir para uma equipe em que "no papel" é melhor que outra, ele entende que há outros caminhos que podem ser seguidos no cenário competitivo. Entre eles, o que ele mesmo optou por fazer: confiar na organização e nos companheiros de equipe que atuam ao lado dele.

"Meu pensamento é no hoje. Todos querem jogar para sair de um time e ser chamado para outro que "no papel" tem melhores jogadores. Na minha opinião, esse não é o caminho. Confio 100% nos meus companheiros, na nossa comissão técnica e organização. É só ver a FURIA: todos acreditaram em um projeto e estão no topo, sendo o melhor time brasileiro da atualidade".

Apesar da instabilidade vivida no Brasil e no mundo em decorrência da pandemia do coronavírus (Covid-19), Lucaozy consegue vislumbrar uma pequena luz sobre os planos dele e da equipe após o término do CBCS Elite League Season 1, independentemente do resultado que for alcançado pelo quinteto brasileiro.

"Nosso projeto é voltar para a Europa assim que acabar o CBCS. Porém, tendo em vista a situação da pandemia aqui, existe um mundo que todos os países fechem as portas para o Brasil. Então, estamos dependendo de como estarão as condições daqui a um mês", finalizou.