Lei deve fazer com que narração do Major de Paris na arena seja em francês

World de League of Legends, em 2019, foi narrado em francês na arena durante a etapa presencial

Foto: Divulgação/Accor Arena

Os felizardos que tiverem a oportunidade de viajar até a França para assistir às partidas do BLAST Paris Major 2023 in loco podem se decepcionar ao não encontrar narrações de figuras como Chad "SPUNJ" Burchill e Alex "Machine" Richardson.

Isso porque uma lei francesa deve fazer com que a narração do Major na arena seja em francês. Apesar do evento receber público de todo o mundo, é improvável que o inglês seja utilizado durante as transmissões das partidas presenciais.

O motivo para isso é a Toubon Law (Lei Toubon, da tradução literal). A lei de 1994 vigora até os dias de hoje no país. Ela tem como objetivo preservar, proteger e promover a cultura francesa no país. Invariavelmente, isso obriga o uso da língua francesa como prioridade na França.

"Em virtude da Constituição, a língua francesa é um elemento fundamental da personalidade e do patrimônio da França. É a linguagem da educação, do trabalho, dos intercâmbios e dos serviços públicos. É o elo privilegiado dos Estados que constituem a comunidade da Francofonia", diz o Artigo 1 da Lei Toubon.

Apesar de não dizer respeito às comunicações privadas e não comerciais — sem nenhum envolvimento com o governo —, ela é seguida à risca pela população. Prova disso foi o uso do francês na arena em um dos maiores eventos de esporte eletrônico do mundo.

Em 2019, a mesma Accor Arena, palco do BLAST Paris Major 2023, foi palco da grande final do World de League of Legends. Na oportunidade, nem mesmo uma das principais modalidades dos esports conseguiu mudar a cultura do francês na arena (veja o vídeo abaixo).

A realização do Major na França coloca um sinal de alerta para os torcedores que gostariam de ouvir a narração com os principais nomes do Counter-Strike. Entretanto, é pouco provável que uma exceção seja aberta para o FPS da Valve.

A preservação à cultura da França pode ser observada no anúncio do Major por Emmanuel Macron, presidente do país. Utilizando as redes sociais para comunicar a realização do evento em Paris, ele fez todo o discurso em francês, o que dificultou o entendimento de informações importantes que estavam sendo passadas para os amantes do Counter-Strike.

Outro exemplo da Lei Toubon sendo colocada em prática foi em maio deste ano. Na ocasião, o governo francês baniu o uso das palavras esports, streamers, cloud gaming e pro-gamer do vocabulário de funcionários públicos e de publicações de documentos oficiais.

Accor Arena será palco dos jogos presenciais do Major de Paris | Foto: Divulgação/Accor Arena

As mudanças foram publicadas no Journal Officiel de la République Française, o diário oficial do país, visando preservar a pureza do idioma francês. Neste ínterim, Emmanuel Macron já demonstrava o interesse de levar competições de esporte para o país, incluindo o Major de Counter-Strike.

No momento em que este artigo vai para o ar, não há nenhuma oficialização por parte da Valve, BLAST ou qualquer outra autoridade que possui envolvimento com o Major de Counter-Strike sobre a narração das partidas para o público que estará na arena.

O BLAST Paris Major 2023 foi confirmado pela organizadora neste último domingo (11). O classificatório para o torneio chancelado pela Valve terá início em fevereiro, com o Major tendo início no dia 8 de maio. A etapa presencial na arena acontecerá entre os dias 18 a 21 do mesmo mês.