O português Luís "MIRAA" Mira, jornalista e editor-chefe da HLTV.org, publicou no último sábado (18) um longo artigo onde traz fortes evidências de irregularidades nos convites para as competições do circuito Champion of Champions Tour, o popular CCT.
De acordo com a investigação por ele comandada, tanto o CCT S2 Series #16 - EU e a YaLLa Compass Winter 2025, os primeiros campeonatos Tier 2 da temporada em solo europeu, não atendem os requisitos da Valve quanto às equipes convidadas.
A HLTV.org conversou com representantes de dez equipes da região - Nexus, ECLOT, Partizan, NAVI Junior, Zero Tenacity, FAVBET, Apogee, UNiTY, Leo e RUSH B -, as quais alegaram terem recebido o mesmo e-mail da organizadora do CCT, onde esta citou o artigo 4.3 do livro de regras do CCT como base para não convidá-las, mesmo estes times estando à frente de várias equipes convidadas à disputa no ranking da Valve.
Segundo o artigo supracitado, o CCT pode se reservar a não convidar determinadas equipes pelos mais diversos motivos, os quais partem de banimentos chancelados pela ESIC à condutas consideradas inadequadas pela organizadora do circuito.
Nenhuma das dez equipes contatadas pelo portal, entretanto, ficaram sabendo por qual motivo foram excluídas dos convites para a competição, mas várias delas disseram suspeitar da existência uma lista negra da empresa.
Em conversa com fontes próximas às operações do CCT, a HLTV.org confirmou que vários convites são vetados pelo chamado "time de integridade" da GRID, organizadora dos torneios.
Segundo as fontes, a GRID está em constante comunicação com casas de apostas para tentar identificar padrões suspeitos e assim eliminar equipes que tendem a combinar resultados - o famoso matchfixing - da lista de convidadas.
A existência desse "time de integridade", entretanto, vem sendo decisiva para a carreira de diversos jogadores que vêm sendo vetados de participarem do CCT, ficando assim de fora dos principais torneios do Tier 2 que servem como vitrine para o cenário.
É evidente que a busca por mais integridade competitiva é válida, especialmente considerando o quão importante são as casas de aposta para o mundo do Counter-Strike, mas, conforme a própria HLTV.org, afirmou, a inexistência de terceiros imparciais deixa dúvidas quanto ao processo utilizado pelo CCT para definir as equipes que não devem ser convidadas aos torneios de sua chancela.
Dentre os nomes que estariam vetados das competições da empresa estariam Łukasz "mwlky" Pachucki, ex-AGO e Entropiq que precisou encontrar um emprego fora dos esports para sobreviver, e a Johnny Speeds de William "draken" Sundin.
"Eles nos deixaram de fora do CCT, que é o maior campeonato do Tier 2/3 e abre as portas para o Tier 1. Isso definitivamente afetou nosso time e, por consequência, nossas vidas", lamentou o experiente jogador sueco.
Após as denúncias da HLTV.org virem à tona, a Valve desclassificou quatro eventos do Valve Regional Standings (VRS): CCT S2 Series #16 - EU, CCT S2 Series #6 - SA, CCT S2 Series #4 - NA e YaLLa Compass Winter 2025.
As ações da desenvolvedora do Counter-Strike 2, não por acaso, fizeram com que diversas equipes barradas das mais recentes edições do CCT fossem convidadas às etapas futuras do circuito.
Enquanto a YaLLa já se manifestou acerca do tema e disse estar trabalhando junto à Valve para solucionar os problemas apresentados, o CCT afirmou que pretende "refinar os processos para dar mais clareza aos participantes e à comunidade", prometendo mais informações acerca do tema em um futuro próximo.