Histórias de Major - PGL Major Kraków 2017: O Major do improvável

Primeiro Major a contar com duas equipes brasileiras teve final entre azarões

por / 12 de Mar de 2024 - 21:30 / Capa: Arte por DRAFT5

O PGL Major Kraków 2017 foi a décima primeira edição do maior espetáculo do Counter-Strike mundial, sendo o último a contar com apenas dezesseis equipes na luta pelo troféu mais cobiçado da modalidade.

Disputada entre os dias 16 e 23 de julho de 2017, a competição também ficou marcada por ser a primeira de grande porte com a chancela da Valve a contar com duas equipes brasileiras - SK e Immortals -, fazendo daquele momento um dos ápices do condecorado CS:GO brasileiro.

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AS PARTICIPANTES

Dentre as dezesseis participantes, oito haviam garantido vaga por terem alcançado os playoffs do ELEAGUE Major Atlanta 2017, enquanto outras oito sobreviveram ao classificatório presencial para o torneio.

SK em ação na primeira fase do PGL Major Kraków 2017 | Foto: Dinu Tarnovan/PGL

A SK Gaming, por sinal, era a grande favorita ao título, visto que havia vencido cinco das últimas seis competições das quais participou antes de aterrissar em solo polonês. As principais concorrentes de Gabriel "FalleN" Toledo e companhia eram a FaZe Clan do astro Nikola "NiKo" Kovač, um dos primeiros super times europeus a serem formados na história da modalidade, bem como a Astralis, que chegava à Polônia com a missão de defender o título de atual campeã, apesar da recente queda de desempenho.

LEGENDS
Astralis
Virtus.pro
SK Gaming
fnatic
North
Natus Vincere
Gambit
FaZe Clan

CHALLENGERS
mousesports
G2
BIG
Cloud9
PENTA
Immortals
Vega Squadron
FlipSid3 Tactics

Para a surpresa de muitos, no entanto, quem liderou a etapa inaugural da competição foram Gambit e BIG, classificadas de forma invicta aos playoffs. Os alemães, no entanto, não passaram exatamente ilesos, visto que tornaram-se alvo de enormes críticas por abusarem de um bug - daí a alcunha BUG e o ódio dos torcedores brasileiros ao clube, visto que uma das vítimas foi justamente a SK - que permitia que eles visualizassem os inimigos ao pularem sem serem vistos.

De todo modo, a SK acabou sobrevivendo à primeira fase graças ao triunfo no primeiro enfrentamento 100% brasileiro na história dos Majors, onde derrotou a Immortals por 16-9 na Overpass. Quem também avançou com saldo de 3V-1D foram as dinamarquesas North e Astralis.

A bacia das almas colocou Virtus.pro, Immortals e fnatic na etapa decisiva, fazendo com que o Brasil tivesse não só duas equipes no Major, mas duas equipes nos playoffs do Major, feito que nunca se repetiu desde então.

As decepções acabaram ficando a cargo da badalada FaZe Clan, que deu vexame e foi eliminada sem vitórias, bem como Natus Vincere e G2, duas potências daquele tempo que não conseguiram alcançar o então chamado Legends Stage.

Os heróis improváveis da Immortals antes do jogo contra a BIG | Foto: Divulgação/Immortals

OS PLAYOFFS

Quis o destino - e o questionável seeding adotado pela Valve - que SK e Astralis, as duas últimas favoritas ao título vivas na disputa, se encontrassem logo nas quartas de final, em jogo dominado de ponta a ponta pelos dinamarqueses que ficou marcado pela incrível performance de Nicolai "device" Reedtz, que colocou FalleN no bolso e acabou com o sonho do tricampeonato por parte do mais emblemático time brasileiro de todos os tempos.

O AWPer dinamarquês tinha no Professor sua principal inspiração e, por consequência, parecia saber cada movimento a ser feito pelo Verdadeiro. No fim das contas, todas as esperanças da Pátria Amada ficaram a cargo da irmã menor da SK, a Immortals.

Em um jogo marcado por grandes provocações, Vito "kNg" Giuseppe - que viria a ser um dos grandes destaques do campeonato - e Lucas "steelega" Lopes comandaram uma sofrida virada da Immortals sobre a BIG, vencida no limite do terceiro mapa por 16-14. O rancor da equipe treinada por Rafael "zakk" Fernandes, por sinal, era bastante justificável, visto que os alemães haviam vencido os brasileiros semanas antes no classificatório para o Major da Cracóvia, utilizando justamente do bug do pulo que também viria a vitimar a SK.

"Você é um lixo! Você é fraco, fraco!"

Já nos jogos sem o envolvimento dos brasileiros, a Gambit acabou surpreendendo a calejada fnatic - que faria ali sua última aparição com Olof "olofmeister" Kajbjer -, enquanto a Virtus.pro fez a festa da torcida local com uma convincente vitória sobre a North.

Tudo parecia caminhar para que a final do ELEAGUE Major Atlanta 2017 fosse reeditada entre Astralis e Virtus.pro, mas os azarões queriam escrever sua própria história no maior palco da modalidade.

Os primeiros a sucumbirem foram os dinamarqueses, que largaram atrás diante da Gambit, buscaram o empate na série, mas viram tudo indo por água abaixo após uma fraca metade defensiva na Train, onde Lukas "gla1ve" Rossander protagonizou um dos lances mais bizarros do torneio.

Do outro lado do chaveamento, a Immortals não deu chances para a Virtus.pro e fez um jogo extremamente seguro, calando a torcida polonesa que lotou a TAURON Arena Kraków na expectativa de empurrar Filip "NEO" Kubski e companhia rumo ao título.

A receita da final mais improvável de todos os tempos ganhou vida e o que parecia impossível ao pontapé inicial do torneio tornou-se realidade: Gambit e Immortals decidiriam o troféu mais cobiçado do Counter-Strike.

A grande final começou muito bem para os brasileiros, que cravaram um humilhante 16-4 na Cobblestone graças aos esforços de Henrique "HEN1" Teles e Ricardo "boltz" Prass. Toda uma nação estava iludida com a possibilidade de recolocar as mãos na taça que eterniza heróis e vilões.

A festa brasileira foi esfriando à medida em que a Gambit fez grande lado terrorista na Train, abrindo 9-6 e pavimentando o caminho rumo ao 16-11 no placar, com Rustem "mou" Telepov sendo o grande astro da recuperação cazaque.

Tudo se resumiu à sempre acirrada Inferno, onde os brasileiros começaram mau, mas ensaiaram uma recuperação na reta final da primeira metade. À altura em que o placar marcava 9 a 1 para a Gambit, steelega e seus companheiros conseguiram um sopro de esperança em avanço pelo bombsite A, mas Mikhail "Dosia" Stolyarov marcaria seu nome na história do jogo com uma jogada de gênio, derrubando os remanescentes brasileiros com uma HE que deixaria a economia rival em frangalhos.

Os lados se inverteram com um sólido 11-4 para o lado cazaque e, embora quatro pontos consecutivos tenham dado alguma esperança ao Brasil, Abay "⁠HObbit⁠" Khassenov apareceu com um inacreditável clutch 1v4 pelo bombsite B, frustrando o retake rival e definindo os rumos da partida, a qual seria finalizada em 16-10 para a Gambit, coroada assim campeã do PGL Major Kraków 2017.

O elenco da Gambit campeã do PGL Major Kraków 2017:

Dauren "⁠AdreN⁠" Kystaubayev
Mihail "⁠Dosia⁠" Stolyarov
Rustem "⁠mou⁠" Telepov
Danylo "⁠Zeus⁠" Teslenko
Abay "⁠HObbit⁠" Khassenov

Mikhaylo "Kane" Blagin (Coach)

No fim das contas, aquela final de Major parecia amaldiçoada. Menos de três semanas após o título, a Gambit perdeu Danylo "⁠Zeus⁠" Teslenko para a Natus Vincere e nunca mais foi a mesma, passando por enormes dificuldades nos anos seguintes. E a Immortals? Daquele elenco, ficaram apenas as lembranças. Poucas semanas depois da decisão, tudo caiu por terra em meio às polêmicas envolvendo os integrantes da escalação brasileira.

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