Histórias de Major: ESL One Cologne 2016 – A era de ouro do Counter-Strike brasileiro

2016 foi um ano verdadeiramente inesquecível para os fãs brasileiros do Counter-Strike: Global Offensive. Em tempos onde Gabriel "FalleN" Toledo e suas tropas ditavam as regras no mais alto nível do cenário mundial, a consagração de uma era veio no dia 10 de julho daquele longínquo ano.

Embora as polêmicas acerca transferência da canadense Luminosity para a alemã SK Gaming circundassem o quinteto brasileiro treinado por Wilton "zews" Prado, nada, absolutamente nada foi capaz de frear o ímpeto verde e amarelo no mais icônico palco da história do CS:GO.

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Na última ocasião em que Cologne, popularmente conhecida mundo afora como "A Cidade das Catedrais", recebera um campeonato chancelado pela Valve, a Lanxess Arena, com capacidade para até 12 mil testemunhas, foi pelo segundo ano consecutivo lar da prestigiada disputa.

Com oito das dez composições que montavam o top 10 do ranking mundial chancelado pelo site especializado HLTV.org na disputa - as exceções foram a brasileira Immortals e a sueca GODSENT - a disputa, obviamente, parecia mais acirrada do que nunca.

Embora a SK Gaming chegasse como favorita, tanto por ser a atual campeã do torneio, quanto pelas recentes amostragens sob o banner da Luminosity, algumas outras equipes aterrissaram em Cologne com a expectativa de fazer frente à gigante brasileira.

No Grupo A, para começo de conversa, a Astralis chegava sob a desconfiança causada por consecutivos fracassos recentes e também pela utilização do jovem Lukas "gla1ve" Rossander como stand-in. Com apendicite, Peter "dupreeh" Rasmussen acabou se tornando desfalque a partir do segundo dia do torneio, fazendo com que Danny "⁠zonic⁠" Sørensen precisasse atuar pela equipe.

Seus compatriotas dinamarqueses da Dignitas também não vinham de bons resultados e acabaram sendo eliminados pela própria Astralis na luta pela segunda posição do grupo. A liderança ficou com os azarões da Gambit, que começariam ali a serem levados a sério pelo cenário. Outra que precisou utilizar seu treinador, a Counter Logic Gaming não causou riscos a ninguém e foi lanterna da chave.

O Grupo B foi como um passeio no parque para a Natus Vincere, vice-campeã do Major anterior. A segunda vaga tinha tudo para ser da Ninjas in Pyjamas, mas a sempre perigosa FlipSid3 da lenda Yehor "markeloff" Markelov surpreendeu e deixou Christopher "GeT_RiGhT" Alesund e seus companheiros de fora da fase decisiva pela primeira vez na história dos Majors. Por fim, a OpTic de Damian "daps" Steele não foi uma grande ameaça, caindo sem vitórias.

No Grupo C, a Virtus.pro, que ainda vivia seus tempos altaneiros com a lendária escalação polonesa, não teve dificuldades para carimbar o passaporte ao mata-mata, sendo acompanhada pela Team Liquid do então prodígio Oleksandr "s1mple" Kostyliev. A mousesports de Nikola "NiKo" Kovač e a EnVyUs ficariam pelo caminho, com esta última decepcionando mais uma vez.

O Grupo D era a legitimação daquilo que se conhece popularmente por "grupo da morte", embora a SK tenha passado ilesa por lá. A segunda vaga ficou com a fnatic, então #3 do mundo, enquanto a FaZe Clan caiu por terra na corrida pelo posto de Legends e a G2 foi mais uma francesa a dar vexame. A equipe dos astros Richard "shox" Papillon e Adil "ScreaM" Benrlitom, aliás, era a segunda melhor do mundo naquele tempo, e vinha de grandes resultados recentes.

Mesmo com a Astralis desfalcada, a Virtus.pro sofreu para fechar série de dois mapas resolvidos na prorrogação sobre os dinamarqueses e se garantir como primeira semifinalista do certame. Na sequência, a SK espantou a zebra FlipSid3 e se juntou aos poloneses nas meia-finais, apesar do sufoco vivenciado no segundo mapa da série, vencido pelos brasileiros por 19 a 17.

Embora favorita, a Natus Vincere não foi párea para a estupenda atuação de s1mple e viu-se incapaz de passar pela Team Liquid, classificada após vitória de virada por dois a um. Já a fnatic massacrou a Gambit e, sofrendo apenas oito rounds em dois mapas, cravou seu nome no top 4 com tranquilidade invejável.

Em uma verdadeira final antecipada, Virtus.pro e SK se enfrentaram e o jogo começou quente com uma memorável Cobblestone vencida por 19 a 17 pelos poloneses. A Nuke, contudo, foi para o lado brasileiro por 16 a 5 e tudo teve de ser resolvido na Mirage. Independente dos dramáticos rumos da partida, FalleN e companhia foram capazes de garantir sua segunda aparição consecutiva na decisão de um Major após triunfarem por 16 a 12.

Do outro lado do chaveamento, a Team Liquid tornou-se a primeira equipe norte-americana a alcançar a final de um Major após baterem a fnatic por duplo 16 a 13, em partida que ficou marcada pelo clutch 1v2 de s1mple na Cache. Seria a chance perfeita de se vingar do desastre vivenciado em Columbus.

Na finalíssima, entretanto, somente uma equipe apareceu para jogo. Os ares de equilíbrio proporcionados por uma primeira metade de 8 a 7 favorável ao lado brasileiro na Train enganaram, mas logo o 16 a 8 foi confirmado sem maiores ressalvas, muito graças à grande performance de Epitácio "TACO" de Melo.

Na Cobblestone, o jogo novamente parecia pegado de início, com o marcador chegando a assinalar 4 a 4. Apesar disso, tudo se resumiu a um verdadeiro baile orquestrado pelo maestro coldzera, que ditaria o ritmo daquela conquista. Os norte-americanos nada fizeram, logo rendendo-se à genialidade brasileira por sonoros 16 a 6.

O bicampeonato de Major consagrava a era de ouro do Counter-Strike brasileiro de forma magistral. coldzera, aliás, seria eleito o MVP do torneio de maior prestígio do cenário mundial pela segunda vez consecutiva, feito que permanece até os dias atuais.

Abaixo, a line-up campeã da ESL One Cologne 2016:

Gabriel "FalleN" Toledo
Marcelo "coldzera" David
Fernando "fer" Alvarenga
Epitácio "TACO" de Melo
Lincoln "fnx" Lau

Wilton "zews" Prado (Coach)