guerri fala das mudanças que elevaram a FURIA e mira conquista do Major: "Temos capacidade e estamos mostrando isso"

Gerente de Esports da organização brasileira concedeu entrevista exclusiva à DRAFT5

por / 24 de set de 2025 - 17:30 / Capa: Stephanie Lindgren/BLAST.tv

A FURIA está colhendo todos os frutos da aposta feita na temporada 2024. Após tomar a decisão de internacionalizar a equipe, os brasileiros conquistaram no último fim de semana o seu primeiro grande título, em LAN, da história da organização: a FISSURE Playground #2.

Para repercutir a conquista e falar um pouco dos processos que estão acontecendo da FURIA e, principalmente, da evolução do time que, a cada campeonato que passa, parece estar no caminho certo para brigar com as grandes equipes do mundo, o Gerente de Esports da equipe, Nicholas "guerri" Nogueira, concedeu uma entrevista exclusiva à DRAFT5.

Além de falar dos processos internos, guerri também falou sobre o quão encaixadas estão as peças da FURIA nesse atual momento. Elogiou o trabalho de Sidnei "sidde" Macedo à frente da equipe, ressaltou a participação do estafe da organização no dia a dia e também ressaltou que a parceira criada entre Gabriel "FalleN" Toledo e Mareks "YEKINDAR" Gaļinskis tem sido um dos diferenciais. Além, é claro, de falar sobre como Danil "molodoy" Golubenko tem sido importante e impactante nos resultados da equipe.

"Ele está sendo o diferencial dessa evolução constante. O molodoy, além de trazer uma performance individual alta, em uma função que precisa ter um impacto muito alto. Ele também chegou com uma mente muito aberta e buscando evoluir. Junto com isso, vem a experiência do YEKINDAR, que se tornou um braço direito do FalleN, algo que muitos falam e estou aqui chancelando isso. Ele é tudo que um IGL quer e precisa ter. Um cara de confiança em que se possa dividir a responsabilidade nos momentos de tensão. Essa dupla funcionando bem, com respeito e confiança, está dando uma estabilidade para o coletivo crescer", comentou.

Confira alguns trechos da entrevista:

Yuurih como peça chave

"O yuurih abraçou essa nova função. Ele sempre foi um jogador dedicado, mas agora está se dedicando muito mais. E ele está colhendo os frutos dessa maturidade que está vindo com essa mudança de função. Um jogador não é feito só de mira e eliminações. Ele é feito do processo do dia a dia. É um cara que está tendo uma inteligência emocional muito legal, conseguindo resolver conflitos quando eles existem, tudo isso por uma evolução e maturidade dele".

O Starplayer

"O KSCERATO está sendo o starplayer que todo mundo sempre esperou. Todos falam do impacto que ele tem de desempenho, mas agora, não só no individual, mas também no coletivo e conquistando títulos. Performando nos grandes palcos, o que é muito importante. A gente amadurece para que, nos grandes jogos, consigamos performar quando for necessário. Essa casca dita pelos jogadores, sobre ter a experiência nos playoffs e no placo. Talvez, individualmente, todos têm isso, tirando o molodoy. Mas não tínhamos como time. É isso que estamos criando e esse título chancela essa casca".

Os "veteranos" da FURIA estão há anos juntos na equipe Foto: Helena Kristiansson/ESL

Processo de internacionalização

"Foi uma mudança que agradou todo mundo: apostar em um garoto (molodoy), algo que está no DNA da FURIA e internacionalizar através de um cara experiente (YEKINDAR), que estava disponível no mercado. A gente tinha a opção de fazer isso antes ou depois do Major e eu lutei muito para que fosse antes. E foi um encaixe, logo no começo, que nos fez pensar Não foi só eu, só o Jaime, só o FalleN ou só o sidde. Foi um grupo de conjunto de pessoas, pensando em soluções e fazendo reuniões e chegando em um ponto onde todos deram as mãos e decidimos acreditar e arriscar juntos. Aí, tomamos esse risco que também tinha seu gerenciamento ao trazer o YEKINDAR, o KrizzeN — também do Cazaquistão —, yuurih e KSCERATO mais maduros para falar inglês, então foi isso".

Pressão e expectativa aumentaram

"Essa consistência que nós estamos tendo e estamos trabalhando para isso. Essa evolução mais consistente de chegar a cinco playoffs de oito torneios e de bater de frente com as principais equipes do mundo. Isso vai mostrando que o nosso nível é real e é isso que os torcedores e a gente quer sentir. Quando vemos que o nosso pico histórico era um Top-3 e a gente chega a um Top-2, quando o último título grande em lan tinha sido com a SK, com o FalleN em 2017, tudo isso faz com que pensemos que seremos favoritos a todos os títulos. O público começa, cada vez mais, não aceitar derrotas".

Em busca da consistência

"Esse tipo de coisa vai acontecer (derrotas). O que nós temos que fazer internamente: trabalhar com a estrutura que temos, continuar evoluindo e entender que o objetivo não é só o título e sim seguir evoluindo. Queremos ser constantes. Terá um momento em que vamos perder. Mas, queremos mostrar que estamos no nível que estivemos nesse campeonato. O que todo time quer é criar um legado. E é isso que a gente quer. E, durante esse processo, teremos altos e baixos. Mas não queremos que o baixo seja tão baixo. Não queremos chegar em playoffs e tomar espanco nos playoffs. Queremos manter essa evolução".

FURIA conquistou o título da FISSURE Playground #2 ao vencer a The MongolZ Foto: Reprodução/X/sidde

Brasil de volta ao topo

Esse título não é só troféu, ele simboliza o retorno do Brasil ao topo do Counter-Strike mundial, mesmo que não seja com cinco jogadores brasileiros. Mas é uma organização brasileira, um ídolo brasileiro de muito tempo, dois novos ídolos brasileiros, outros dois ídolos internacionais — que poderiam ter um CPF brasileiro — e a gente mostra que a FURIA está pronta para manter esse lugar e essa forma consistente. Esse é o objetivo".

Foco nas conquistas

"Queremos ser campeões de todos os próximos torneio. Seja ele uma Thunderpick, seja uma ESL Pro League, seja uma IEM Chengdu 2025, ou o mais cobiçado título do Major, em dezembro, em Budapeste. Temos capacidade e estamos mostrando isso. E é isso que vamos buscar. Mas, sabemos que se tivermos percalços, precisaremos ser fortes para passar por eles e, apesar de ninguém gostar dessa frase, mas ela é verdade, a cada torneio voltar melhor e evoluir. Porque é um processo constante".

FURIA colada no BIG-5

"Depois desse título, nós colamos nesses caras. Ainda longe de fazer o que a Vitality fez, mas estamos próximos de uma MOUZ, Spirit, brigando de igual para igual com uma Falcons e com a G2. A verdade é que estamos muito próximos. Precisamos manter todo esse bom trabalho que estamos fazendo, seja no pré-jogo, seja de manter uma boa rotina, seja lidando com as dificuldades que a gente tem e indo cada vez mais fortes para as outras competições. Temos muitas chances de nos igualar a esse grupo seleto. Está faltando um pouquinho, na minha visão. Precisamos manter a nossa consistência".

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