FURIA, Imperial, Legacy e 9z estão entre os 22 clubes que assinaram uma carta aberta enviada à Valve pedindo melhorias no circuito de Counter-Strike 2, o qual passou por mudanças significativas para 2025.
Além delas, outros nomes notáveis como Falcons, MOUZ, fnatic e Ninjas in Pyjamas endossam o coro por mudanças que visam "fortalecer a fundação" do ecossistema da modalidade.
Na carta, as organizações destacam que a única forma de somarem pontos no Valve Regional Standings (VRS), tabela que serve como base para a emissão de convites às principais competições do cenário mundial, é através de seletivas abertas para torneios de ponta.
No entanto, são poucos os campeonatos de alto nível que terão seletivas abertas em 2025. Ao mesmo tempo, a grande maioria dos torneios tier 2 sequer possuem classificatórios.
A fim de solucionar problemas como a "precariedade da situação do tier 2" e a "falta de clareza" por parte da desenvolvedora, os clubes pedem por "uma plataforma onde as perguntas possam ser feitas e respondidas."
Na conclusão da carta, as organizações ainda clamam pelo retorno das seletivas abertas para os Majors, algo que foi abandonado pela Valve para o Perfect World Shanghai Major 2024 e não deve retornar para o BLAST.tv Austin Major 2025.
Todas as vagas na competição mais badalada do Counter-Strike mundial, bem como em seus respectivos classificatórios - os Major Regional Qualifiers (MRQs) - serão preenchidas via VRS.
Estes são os 22 clubes que assinaram a carta:
3DMAX
9INE
9z
Aurora
BIG
ENCE
Endpoint
EYEBALLERS
Falcons
fnatic
FURIA
GamerLegion
HAVU
Imperial
JANO
Legacy
M80
Metizport
Monte
MOUZ
Ninjas in Pyjamas
OG
Abaixo, você confere a carta na íntegra:
Querida Valve,
Todos nós compartilhamos da sua visão de "Igualando Oportunidades" - onde cada equipe e jogador tem a oportunidade de se classificar para um Major com base apenas na habilidade. Apreciamos seus esforços para reformular o cenário dos torneios, mas acreditamos que o sistema atual apresenta falhas significativas que estão minando essa visão. Como coletivo, oferecemos este feedback para ajudar a fortalecer a base que vocês construíram.
SELETIVAS ABERTAS - A ÚNICA FORMA DE ENTRAR NO CENÁRIO É ATRAVÉS DO TIER 1
Atualmente, se uma equipe não possui pontos VRS, as seletivas abertas são a única forma de obter pontos.
Para as organizadores de torneios (TOs), as seletivas abertas (OQs) representam um grande desafio, simplesmente devido à escala. Administrar torneios com 512-1024 equipes exige uma carga logística e administrativa considerável para garantir a integridade competitiva, o que significa que apenas os maiores TOs conseguem organizá-los de maneira eficaz. Isso cria um ecossistema em camadas: os maiores torneios oferecem uma pequena chance de uma "run dos sonhos" através da seletiva aberta que pode catapultar equipes para a relevância, enquanto o nível abaixo opera exclusivamente por convites. Abaixo desse nível, há uma "zona morta", onde as equipes vão perdendo espaço enquanto esperam pela próxima seletiva aberta para um torneio de Tier 1.
Como resultado, qualquer nova equipe promissora só pode entrar no ranking, paradoxalmente, através de eventos Tier 1 — que são poucos e espaçados. A menos que o sistema de ranking mude, é necessário criar incentivos mais fortes para que TOs menores realizem seletivas abertas.
VOLTANDO ATRÁS EM DECISÕES
O status da licença VRS de um torneio precisa ser definido antes do início do torneio. Estamos apenas no primeiro mês do ano, e vários torneios já tiveram seu status VRS revogado no meio do torneio, enquanto outros o receberam já em andamento. Essa incerteza tem grandes implicações para equipes e jogadores - devido à precariedade da situação no Tier 2, inscrever-se no torneio errado pode resultar em um longo período na zona morta. Do ponto de vista das equipes, é fundamental que essas licenças não sejam concedidas de forma arbitrária.
COMUNICAÇÃO E COMPLEXIDADE
Crédito onde é devido - tornar o código-fonte aberto permitiu que todos compreendessem plenamente o funcionamento do ranking, permitindo-nos entender o impacto de cada partida.
No entanto, a indústria dos esports reúne pessoas de diversas origens, com diferentes níveis de conhecimento técnico e experiências profissionais. Apresentar essas informações cruciais em um repositório do GitHub, escrito de maneira altamente técnica, prejudica a acessibilidade para equipes menores e jogadores que não possuem fluência técnica para interpretar o modelo.
Se os jogadores não conseguem entender os passos necessários para subir no ranking, ou se um TO não entende se seu torneio atende aos requisitos de licença, deve existir um fórum ou plataforma centralizada onde perguntas possam ser feitas e respondidas. Entendemos que há um custo para construir e manter tal plataforma e estamos abertos a trabalhar com terceiros para viabilizá-la. Atualmente, a cena lida com essa falta de clareza compartilhando informações de forma desorganizada, em um verdadeiro "telefone sem fio" global, onde, em muitos casos, equipes acabam informando os próprios TOs sobre a interpretação vigente das regras, operando quase completamente no escuro.
Valve, vocês tomaram uma decisão ousada ao reformular o ecossistema do Counter-Strike, mas o sistema atual não é um campo de jogo igualitário. Para chegar lá, vocês precisam terminar o que começaram. Do seu ponto de vista, esse pode ser apenas um período de ajustes, no qual vocês aceitam falhas no sistema até que elas se resolvam. Para nós, as equipes, esse período pode ser o fim de nossas organizações de Counter-Strike.
Para finalizar, deixamos uma sugestão de curto prazo que faria uma grande diferença: adicionem novamente seletivas abertas para o Major. Deem a todas as equipes e jogadores a chance de salvar suas carreiras e sonhos.