Fim do CS:GO: Cinco momentos polêmicos que não podem se repetir

Relembre cenas que tomaram conta do cenário mundial de CS:GO

Foto: Divulgação/PGL

Ao longo de mais de uma década de Counter-Strike: Global Offensive, diversas polêmicas acabaram manchando a reputação do FPS da Valve e marcando a carreira de jogadores do mais alto nível da modalidade. Com o fim do CS:GO, a DRAFT5 relembra cinco momentos polêmicos que não podem se repetir. Confira-as abaixo.

A VACATION

O primeiro grande escândalo a sacudir as fundações do cenário mundial de Counter-Strike data de novembro de 2014. Em um tempo onde acusações de cheat eram bastante comuns entre os profissionais, três nomes de peso caíram por terra.

Com a Valve promovendo uma enorme onda de banimentos graças ao VAC, os franceses Gordon "Sf" Giry e Hovik "⁠KQLY⁠" Tovmassian, bem como o alemão Simon "smn" Beck, acabaram sendo pegos trapaceando.

KQLY era um dos astros da Titan quando foi banido pelo VAC | Foto: fragbite.se

KQLY, o mais notável deles, era um dos principais astros da Titan, equipe francesa que competia no mais alto nível da modalidade e estava classificada à DreamHack Winter 2014, terceiro Major daquele ano.

No fim das contas, a Titan acabou sendo desclassificada do torneio e KQLY reconheceu que havia trapaceado, mas apenas no matchmaking. Uma enorme mancha que poderia muito bem ter comprometido a reputação e o futuro do jogo.

O ESCÂNDALO DA IBUYPOWER

O segundo momento polêmico da lista se trata do maior caso de manipulação de resultados existente até hoje no Counter-Strike. No ano de 2015, a partida entre iBUYPOWER e NetcodeGuides.com entraria para a história.

Chegando para a partida como franca favorita, a iBUYPOWER acabou sendo surpreendentemente derrotada por 16 a 4, em uma partida com várias jogadas esquisitas. Nesse contexto, não demorou para as suspeitas começarem a ser levantadas.

steel foi um dos jogadores banidos no escandâlo da iBUYPOWER | Foto: Lucas Spricigo/DRAFT5

Foi então que a partir de uma investigação do jornalista norte-americano Richard Lewis em conjunto com um funcionário do CS:GO Lounge, um dos sites de apostas mais populares daquele tempo, constatou que havia algo de errado naquele jogo. Um artigo assinado por Lewis mostrou diversas apostas de valor no nome de Duc "cud" Pham e Derek "dboorN" Boorn, identificadas no confronto entre iBUYPOWER e NetcodeGuides.com.

Depois daquilo, Shahzeeb "ShahZaM" Khan, então AWPer da NetcodeGuides.com, confirmou que Casey "caseyfoster" Foster, proprietário da equipe e amigo de DaZeD, havia admitido que a partida seria entregue pelo time adversário.

Apenas 10 dias depois do ocorrido, a Valve afirmou que constatou tais irregularidades, e optou por banir todos os envolvidos no escândalo. A seguir, todos os banidos no incidente:

Duc "cud" Pham
Derek "dboorn" Boorn
Casey "caseyfoster" Foster
Sam "DaZeD" Marine
Braxton "swag" Pierce
Keven "AZK" Larivière
Joshua "steel" Nissan

Skadoodle durante o ELEAGUE Major Boston 2018 | Foto: Reprodução/ELEAGUE

Tyler "Skadoodle" Latham foi a única exceção na onda de banimentos, pois o jogador se recusou a receber parte do lucro das apostas indevidas. Anos depois, Skadoodle venceu o ELEAGUE Major Boston 2018 junto da Cloud9, deixando sua marca positivamente na história do CS:GO.

A CLOUD9 E O ADDERALL

A terceira polêmica se trata de quando o então jogador profissional de CS:GO da Cloud9, Kory "SEMPHIS" Friesen admitiu o uso de Adderall durante o ESL One Katowice 2015.

Foi no ano de 2015, em um vídeo no canal do Youtube do narrador Mohan “Launders” Govindasamy, que Semphis confessou. "Eu não me importo, estávamos todos usando Adderall. Que se fod#", admitiu o jogador.

Atualmente, SEMPHIS é treinador da Nouns Esports | Foto: Divulgação/ESL

O Adderall é um medicamento prescrito para tratamento de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), que pode reduzir o tempo de reação e reflexos do usuário.

Apesar da polêmica, a ESL não tomou nenhuma atitude referente à punições sobre os jogadores, mas passou a fazer com maior frequência exame antidoping pós-jogos nos campeonatos.

O BUG DA BIG

O quarto item da lista foi colocado sob os holofotes principalmente durante as qualificatórias do Major da Polônia e até mesmo no próprio PGL Kraków Major 2017, quando o "bug do pulo" foi usado pela equipe alemã BIG

tabseN e gob b, integrantes da BIG em 2017, ainda fazem parte do time atualmente | Foto: Reprodução/PGL

Esse bug permitia que os jogadores pulassem de trás de objetos, visualizassem os inimigos e conseguissem informação, e mesmo assim não serem avistados pelos oponentes. Para isso, bastava que se utilizasse o botão de agachar durante a animação do pulo.

A indignação dos jogadores e da comunidade veio primeiro pela autorização do uso desse bug por parte da organizadora do torneio, a PGL. Não suficiente, a Valve deu a seguinte resposta ao ser questionada sobre o assunto: "Por que vocês não se adaptam? Evitem os locais em que o bug funciona". Com isso, algumas equipes fizeram acordos informais antes das partidas para que o erro não fosse aproveitado.

Um mês após o Major, a Valve corrigiu o polêmico "bug do pulo".

O BUG DO COACH

Para fechar a lista do fim do CS:GO e dos cinco momentos polêmicos que não podem se repetir, um evento que balançou a comunidade de Counter-Strike por semanas. Em agosto de 2020, o "bug do coach" era trazido à tona, e com ele, dezenas de banimentos efetuados pela Esports Integrity Comission (ESIC, em português).

O "bug do coach" permitia aos treinadores a visualização de determinadas áreas do mapa livremente, rendendo uma enorme quantidade de informação às equipes que fizeram uso do exploit.

guerri foi um dos treinadores punidos no "bug do coach" | Foto: Helena Kristiansson/ESL

Entre os banidos pela ESIC, os treinadores brasileiros Ricardo "⁠dead⁠" Sinigaglia, Nicholas "⁠guerri⁠" Nogueira e Alessandro "⁠Apoka⁠" Marcucci. Na época, eles treinavam o MIBR, a FURIA e a BOOM Esports, respectivamente. Além deles, outros 34 treinadores foram suspensos das atividades competitivas por tempo determinado. Eram eles:

Slaava "⁠Twista⁠" Räsänen
Peter "⁠casle⁠" Sørensen
Rodrigo "⁠dinamo⁠" Haro
Arno "⁠ArnoZ1K4⁠" Junior
Allan "⁠Rejin⁠" Petersen
Eliomar "glou" Hernandez
Arthur "⁠prd⁠" Resende
Alexey "⁠NooK⁠" Kozlovskiy
Henrique "⁠rikz⁠" Waku
Alessandro "⁠Apoka⁠" Marcucci
Aleksandr "⁠zoneR⁠" Bogatiryev
Germán "hellpa" Morath
Egor "fuRy^" Morin
Aset "⁠Solaar⁠" Sembiyev
Nicolai "⁠HUNDEN⁠" Petersen
Ricardo "⁠dead⁠" Sinigaglia
Nicholas "⁠guerri⁠" Nogueira
Faruk "⁠pita⁠" Pita
Erik "⁠AKIMOV⁠" Akimov
Bruno "⁠ellllll⁠" Ono
Pedro "⁠peu⁠" Lopes
Robert "⁠RobbaN⁠" Dahlström
Mariusz "⁠Loord⁠" Cybulski
Anton "⁠ToH1o⁠" Georgiev
Andrey "⁠Andi⁠" Prokhorov
Milan "⁠pepik⁠" Gellebra
Morgan "⁠B1GGY⁠" Madour
Christian "⁠chrille⁠" Lindberg
Sergey "⁠starix⁠" Ischuk
Alexander "⁠ave⁠" Holdt
Jasmeet "⁠RoSeY⁠" Gill
Sergey "⁠lmbt⁠" Bezhanov
Henrik "⁠FeTiSh⁠" Christensen
Mikołaj "⁠miNirox⁠" Michałków
Nikolay "⁠pNshr⁠" Paunin
Casper "⁠ruggah⁠" Due
Ivan "⁠F_1N⁠" Kochugov

As punições se estendiam por todos os eventos parceiros da ESIC, tais como ESL, DreamHack, BLAST, WePlay, dentre outras. Além desses campeonatos, a Valve também aplicou punições aos treinadores, punindo-os com um número determinado de Majors sem poder atuar, ou até mesmo banindo-os para sempre.

Posteriormente, o "bug do coach" teria sido corrigido pela Valve após anos de existência no dia 26 de agosto, através de uma atualização.

Em agosto de 2022, a ESIC recalculou as punições, amenizando a situação de muitos treinadores. Já em março de 2023, a Valve decidiu retirar as punições válidas para Majors de guerri e Apoka, deixando-os livres para atuar novamente.