Ex-juiz que tentou proibir Counter-Strike em 2002 foi compulsoriamente aposentado pelo CNJ

Decisão foi tomada de forma unânime na última terça-feira (14)

por Lucas Benvegnú / 20 de Mar de 2023 - 14:00 / Capa: Reprodução/GloboNews

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) decidiu na tarde da última terça-feira (14) pela aposentadoria compulsória do desembargador Siro Darlan, do Tribunal de Justiça do Rio, famoso por declarações ferrenhas contrárias ao Counter-Strike e tentar proibir o jogo em terras brasileiras ainda no longínquo ano de 2002.

A decisão, aliás, ocorreu de forma unânime após um processo administrativo disciplinar ter sido instaurado para analisar três suspeitas de irregularidades cometidas pelo desembargador, sendo então aplicada a pena mais grave possível: a de aposentadoria compulsória. Tal medida é aplicada em casos de condutas impróprias para a função jurisdicional, que tenham sido praticadas pelo magistrado na esfera pública ou privada, ou, alternativamente, quando o juiz apresenta desempenho insuficiente.

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Dentre as irregularidades supostamente cometidas por Siro Darlan estariam a decisão de colocar em prisão domiciliar o vereador de Duque de Caxias (RJ) e PM reformado Jonas Gonçalves da Silva, a violação de uma resolução do CNJ que disciplina a atuação de magistrados nos plantões judiciários e o suposto recebimento de propina. Darlan afirma estar sofrendo "perseguição implacável" dentro do judiciário.

Colecionando polêmicas ao longo da carreira, Siro Darlan, ainda em 2000, negou à TV Globo de sustar a proibição da atuação de menores de 18 anos na novela “Laços de Família”. Já em 2001, proibiu a entrada de menores em um show da banda Planet Hemp, afirmando que o grupo fazia apologia às drogas. No mesmo ano, proibiu modelos menores de 18 anos que não comprovassem frequência escolar de desfilarem em evento da Semana Barra Shopping de Estilo.

Siro Darlan colecionou polêmicas ao longo da carreira | Foto: Reprodução/GloboNewsSiro Darlan colecionou polêmicas ao longo da carreira | Foto: Reprodução/GloboNews

"Uma escola formadora de Bin Ladens": assim definiu Siro Darlan, então juiz da 1ª Vara da Infância e da Juventude em 2002, sobre o Counter-Strike e, mais especificamente, sobre o emblemático cs_rio, fazendo clara referência ao terrorista Osama bin Laden, líder da Al-Qaeda, organização responsável pelo ataque às Torres Gêmeas meses antes, conforme relata o GE.

O magistrado foi uma das vozes mais ativas na discussão contra os jogos entendidos como violentos à época e ficou reconhecido na comunidade como persona non grata.

Naquele ano, as lan houses que colocassem o Counter-Strike à disposição do público estariam sujeitas à multas que variavam entre três e vinte salários-mínimos, então de R$200,00.

Todavia, foi somente em 2007 que a venda do Counter-Strike foi oficialmente proibida no Brasil. A multa para os lojistas que o comercializassem era de R$5 mil, mas tal medida, por óbvio, não foi nada eficiente, já que quem já possuía o título da Valve não foi incomodado.

Com a Steam chegando ao mercado e vendendo o jogo em mídia digital e com a ascensão meteórica da pirataria, o Counter-Strike 1.6 continuava mais do que acessível para qualquer brasileiro.

Tal proibição não demoraria a cair, chegando ao fim em junho de 2009 após uma decisão no Tribunal Regional Federal da 1ª Região em Brasília.

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