"Eu me sentia sobrecarregado", arT sobre capitania da FURIA

É impossível falar de FURIA no CS:GO sem falar de Andrei "arT" Piovezan. O jogador era o In-Game Leader (IGL) da equipe desde 2018 e apenas recentemente largou o posto para a chegada de Gabriel "FalleN" Toledo.

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Mesmo com 27 anos, 2023 talvez tenha sido o ano de maior mudanças e adaptações na carreira de arT. Em conversa com o DRAFT5, o jogador contou sobre a chegada de FalleN, a adaptação fora do cargo de IGL e também sobre como ele lida com a pressão que sofre da imprensa e torcida.

Ser capitão nunca foi uma questão de ego, nas palavras de arT. Por ser a posição de liderança de qualquer equipe, o IGL tende a tomar várias funções para ele. Neste sentido, o jogador comentou que após a derrota para a EG Black, na BLAST Premier Spring Showdown, a equipe já estava alternando a capitania.

"A gente tinha tentado já mudança de estratégia, tático, jogar mais lento. Aí a partir desse momento da EG Black, foi até uma sugestão minha e do guerri, de alternar capitania entre os mapas. Porque eu estava sobrecarregado de funções e eu não tinha muito uma segunda voz pra me ajudar. Isso era um papel que o drop fazia muito bem, mas o drop era um moleque novo, com menos experiência né. Então era um peso que ele tava tendo, fora o peso que ele tava tendo de hate."

arT completa dizendo reforçando que a decisão foi tomada pelo time antes mesmo da negociação com FalleN: "Eu me sentia sobrecarregado com as funções aqui, então a gente tentava delegar um pouco, também para achar alternativas de evoluir. Eu já não era capitão desde o jogo da EG Black."

O jogador deixa claro que a mudança teve impactos em um nível pessoal, não no orgulho, mas na adaptação. Entretanto, era necessário que ele aprendesse a lidar com aquilo da melhor forma possível.

"Eu não tenho 'orgulho' de ser capitão, ego por assim dizer. Eu tenho uma gana de querer ganhar. E aí isso me incomoda as vezes quando eu não sou capitão, que eu me sinto um pouco impotente. Esse sentimento de impotência é uma coisa que eu lido mal. Então me preocupava um pouco, mas era uma parada mais minha, que eu tinha que lidar."

Desde a mudança de posto, arT disputou seis campeonatos e terminou com rating positivo em quatro deles. Antes, essa não era uma realidade. Entretanto, ele não acredita que isso tenha sido necessariamente uma melhora de performance, mas sim uma transferência.

"É uma diferença um pouco mentirosa. O que está acontecendo em algumas situações é que os frags que o KSCERATO pegaria, que o yuurih pegaria, eu que tô pegando. Você não teve um aumento de performance no geral, você teve uma transferência de performance. Eu tô pegando posições um pouco mais passivas em alguns mapas, um pouco mais lurker."

O jogador da FURIA analisa que o aumento dos números é algo natural, uma vez que ele pode se concentrar mais no seu jogo durante os rounds. Consequentemente, isso ajuda no lado psicológico também.

"Melhorou (os números) em muitos mapas onde eu tinha que pensar muito no midround. Tinha alguns mapas que eu tinha realmente que parar de fazer o que eu tava fazendo pra gerenciar o mapa, pra ver onde cada um está, ver os recursos que a gente tem. Então acho que nesse sentido e no sentido psicológico a gente tá mais tranquilo. Isso gera algumas kills, um impacto a mais que eu não podia ter antes."

E sobre os números, arT ainda critica a forma que a imprensa e também a comunidade analisa o K/D, estatística que mostra a diferença entre mortes e eliminações do jogador. Mesmo sem ser o IGL, ele ressalta que não tem mais idade para focar nisso e ainda exemplifica que seu jogo é para que o star player da FURIA brilhe.

"Você acha que eu vou chegar no meio da Inferno e falar 'KS, sai pulando porque eu tô 3/10, aí eu vou tradar você'. Não vou mano. Eu tô 3/10, 0/10, eu vou pular meio da Inferno pro KSCERATO matar. O karrigan vai pular meio da Inferno pro ropz matar. Essa cabeça que a gente tem acaba sendo uma bola de neve pro K/D."

O primeiro semestre da FURIA foi bastante conturbado. Além de ter sofrido com eliminações duras na IEM Katowice e na BLAST Showdown, o time também teve uma performance ruim no último Major de CS:GO.

E, segundo arT, esse foi o primeiro ano em que os comentários e hate da torcida afetaram o seu desempenho dentro do servidor. Entretanto, ele mesmo já fala o que foi preciso fazer pra sair dessa situação.

"Esse ano pegou um pouco mais porque eu percebi que tinha alguns momentos do jogo ali que eu pensava uma parada pra fazer, as vezes mais agressiva, e batia um pouco de receio de e se eu fizer isso aqui e morrer rápido? São pensamentos que vem e vão muito rápido. O mais importante quando você está nessa situação é tentar ignorar o máximo possível e fingir que nada importa. Porque se você começar a pensar no que vão pensar e no que falam..."

Ele finaliza apontando que é preciso separar as críticas do que é hate. Para ele, o feedback mais importante que ele recebe é o interno, de seus companheiros de time.

"O que importa pra mim é o que a gente discute aqui dentro do time. Se o que eu estou fazendo é bom, se é certo ou não é, se o que eu estou fazendo é impactante ou não. Então pra mim essa discussão interna tem muito mais valor do que opinião de pessoas que só querem gerar hate, gerar conteúdo."

No fim das contas, o ex-capitão da FURIA se diz velho demais para importar com algumas coisas. E a chegada de FalleN não vai mudar totalmente o jeito agressivo dele jogar. O importante mesmo é que a equipe saia com a vitória.

"É uma balança, eu ainda vou estar fazendo o entry. Na minha cabeça assim eu não estava buscando tanta performance, assim por dizer. Eu estou tentando fazer meu trabalho bem feito e alguns cenários geram kills pra mim. Eu acho que eu tô numa idade que eu não me importo muito com K/D, rating."

A FURIA de arT volta aos servidores nos playoffs da ESL Pro League Season 18 na próxima terça-feira (26). No momento, o adversário dos brasileiros na rodada inaugural da fase ainda não está definido.

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