"Espero que encontrem alguém em quem confiem", diz peacemaker sobre MIBR

Treinador destacou momento atual e diz viver "melhor momento da carreira"

por Filipe Carbone / 07 de Mai de 2020 - 13:48 / Capa: Divulgação/ESL
Rosto conhecido daqueles que acompanham o cenário competitivo de Counter-Strike: Global Offensive, o brasileiro Luis "peacemaker" Tadeus ganhou notoriedade se tornando o algoz, justamente, de um time do Brasil. Comandando a MAD Lions quando o time conseguiu uma virada espetacular contra a MIBR na final da 1ª temporada da Flashpoint, o treinador ganhou notoriedade até mesmo para àqueles que não acompanham a fundo o cenário competitivo.

O grande desempenho do time durante toda a competição e em apresentações recentes, chegando à 12ª posição no ranking mundial (a frente, inclusive, da própria MIBR), levantou questionamentos sobre o porquê do treinador não ter assumido o cargo deixado por Wilton "zews" Prado, que saiu da equipe no fim de março. Apesar do convite para comandar um dos maiores times brasileiros ser tentador, peacemaker revelou em entrevista à DRAFT5  que a decisão não seria tomada com pressa.

"Já pensei e pensaria em treinar a MIBR. Lógico que pensar não significa que iria acontecer. Eu tenho um contrato e estou feliz na MAD Lions. É um projeto com a minha cara, com pessoas que acreditam no meu trabalho e um staff que me ajuda. Não é uma decisão que eu tomaria da noite pro dia por várias questões", afirmou peacemaker.

Peacemaker durante a cs_summit 2 | Foto: Divulgação/Beyond the Summit


Colocando uma pedra sobre o assunto, o treinador disse que é preciso "parar com essa pressão pra cima deles". A afirmação de peacemaker não é ao vento, principalmente após a explosão de críticas à MIBR depois de sofrer o comeback que resultou na derrota da Flashpoint.

"Temos que parar com essa pressão pra cima deles. Essa pressão de coloca técnico, tira técnico. Se um dia eles voltarem a cogitar a ter um coach mais estratégico e alguém para ajudar o dead com isso, espero que encontrem alguém que confiem e que agregue para o time deles".

ENCONTRO COM MAD LIONS E A MELHOR FASE DA CARREIRA

O primeiro torneio de peacemaker comandando a MAD Lions foi na DreamHack Open Sevilla 2019, no fim do ano passado. Desde então, o treinador já mostrava o potencial que o time poderia apresentar no decorrer dos meses, o que acabou se confirmando no início desta temporada. Na ocasião, o time foi eliminado para a North nas semifinais. O adversário compatriota acabou conquistando o título do torneio.

Na época, a equipe estava muito mais atrás no ranking mundial do que se encontra hoje, mas peacemaker afirmou que "sempre achou que tinha potencial para crescer". Nos meses seguintes, a MAD seguiu batendo na trave nos eventos, chegando à semifinal da DreamHack Open Leipzig 2020 e da ICE Challenge 2020 até finalmente "levantar" o troféu da Flashpoint.

Peacemaker levou MAD Lions para duas semifinais de DH Open | Foto: Divulgação/DreamHack


"Foi um tiro certo da minha parte de ter apostado neles, de ter entrado em contato com eles. Acho que evoluíram demais em várias questões. Esse momento tem sido muito especial porque é um projeto que tem 100% a minha cara em várias questões".

Coincidência ou não, o momento em que peacemaker conseguiu fazer com que um time tivesse a cara dele é também quando ele se encontra melhor na carreira. No entanto, o treinador não colhe os frutos sozinho e ressalta a equipe que tem por trás da MAD Lions.

"Sinto que eu vivo o melhor momento da minha carreira em várias questões. Na questão psicológica, de experiência, de metodologia de trabalho e de ferramentas de trabalho. Eu tenho um staff e pessoas ao meu lado que facilitam isso e me ajudam a evoluir diariamente", diz peace. "E o tempo também. A gente cria experiência de lidar com a diferença de cultura e jogadores, então você acaba aprendendo a lidar com diferentes personalidades".

EXPERIÊNCIA INTERNACIONAL

E sobre diferença de cultura e personalidades diferentes peacemaker possui autonomia para falar. Fora do Brasil desde 2016, quando treinou a Tempo Storm, ele já passou por times como Team Liquid (Estados Unidos), TyLoo (China) e Heroic (Dinamarca). Com o passaporte carimbado em tantas regiões diferentes, o treinador já sofreu a dificuldade de estar comandando uma equipe onde a comunicação era quase inexistente.

"No caso dos chineses foi muito difícil. Porque eu trabalhei com jogadores que nem falavam inglês direito, então a comunicação ficada difícil. Até pra se aproximar, fazer piada e criar uma relação de amizade com eles era mais complicado", disse o treinador que ficou cerca de quatro meses na equipe.



No entanto, esse é um problema que peacemaker não sofre mais, pelo menos no comando da MAD Lions. Surpreendendo a esse que vos escreve, o treinador afirmou que a comunicação com o time é basicamente em dinamarquês. E o que ele não sabe se torna motivo de risada e um momento de descontração para a equipe.

"Minha comunicação no jogo está sendo bastante em dinamarquês. Quando eu tento auxiliar em algo, comunicar posicionamento, ou se precisam de alguma ajuda. Já sei bastante coisa nesse sentido. Mas eu misturo inglês com dinamarquês de vez em quando, faço um sanduíche. Os meninos gostam, eles dão risada porque eu falo algumas palavras erradas. Mas da pra eles entenderem. Serve como distração e forma de descontrair", confessou o treinador.
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