Àqueles mais leigos e desatentos que observam a lista de participantes de um campeonato e encontram o nome de grandes organizações como FURIA e MIBR podem achar que se trata da cena mista de Counter-Strike. No entanto, duas das maiores tags brasileiras se fazem presente na cena feminina e mostram o desenvolvimento do país na hora de contar com grandes e talentosas mulheres no FPS da Valve.
Em um intervalo de aproximadamente um ano, FURIA e MIBR apresentaram às equipes que defenderiam as suas respectivas camisas no cenário feminino. Mais recentemente o clássico e uma rivalidade fervorosa oriunda da cena mista serviu para impulsionar e alavancar a cena das mulheres no Brasil.
Mais recentemente, a grande final da GRRRLS League, que terminou com o título do MIBR contra a FURIA, contabilizou um pico de 28.892 espectadores, segundo o Esports Charts. De acordo com o próprio site, esta foi a maior audiência já registrada em um torneio feminino na temporada passada.
O número foi muito maior se comparado com a final da primeira edição da Gamers Club Masters Feminina. O duelo mais assistido daquele evento, por exemplo, ficou entre Last Name e FURIA, com um total de 8.188 espectadores.
FURIA e MIBR por si só não precisam de um pivô para aflorar a rivalidade entre os torcedores e organização. No entanto, o cenário feminino conta com Bruna "bizinha" Márvila sendo uma das grandes antagonistas da rixa criada entre as duas equipes.
Ex-jogadora da FURIA, bizinha foi uma das principais responsáveis pelo sucesso das Panteras na temporada passada. Com ela, o quinteto levantou troféus como Girl Power Invitational, primeira edição da Gamers Club Masters e terceira etapa da Liga Feminina da GC.
A lua de mel, no entanto, durou pouco mais de cinco meses. Logo após a DRAFT5 revelar problemas internos na escalação, a jogadora pediu para ser movida para o banco de reservas da FURIA, onde ficaria dois meses como inativa antes de encerrar o vínculo com o time.
Apenas duas semanas depois do término do contrato com o antigo time, o MIBR anunciou o retorno à cena feminina de Counter-Strike com um quinteto comandado justamente pela bizinha, aumentando ainda mais a expectativa para o primeiro encontro entre os dois times.
Com a escalação do MIBR apresentada no dia 15 de janeiro, o primeiro duelo entre FURIA e bizinha aconteceria pouco mais de um mês depois. Apesar da semana ter sido tranquila e sem muitas provocações, o mesmo não foi visto após a vitória da ex-Pantera por 2 a 1 no jogo supracitado, que reuniu mais de 28 mil pessoas.
Logo após o confronto, bizinha não tardou para alfinetar a antiga casa e revelar que a "guerra contra a FURIA" ainda não havia acabado. No duelo anterior, ainda pela fase de grupos, a jogadora aproveitou a nova vitória para mandar um novo recado: "Ei, FURIA. Nem tenta dar uma teladinha. Vocês nunca vão ser as mesmas sem a moto da bizinha".
Até aquela altura a ex-Pantera tinha seus motivos para comemorar, mas acabou pagando o preço nos confrontos seguintes por jogar fogo na rivalidade entre os quintetos. Isso porque não tardou para que a FURIA recuperasse a hegemonia que havia criado no ano anterior e vencesse os dois torneios seguintes contra o MIBR.
O quinteto que estava quieto até então não tardou para celebrar a primeira vitória no dérbi. A primeira delas aconteceu dez dias depois da primeira final perdida pela FURIA nos últimos meses. No duelo presencial válido pela WESG Latam, o time conseguiu impedir o segundo vice para o MIBR.
Não por menos, o melhor time do Brasil na última temporada devolveu toda provocação sofrida por bizinha no mês anterior, mas com direito a olho no olho no jogo disputado na Jeunesse Arena, no Rio de Janeiro. O sabor de vingança, no entanto, não para por aí.
No último dia 14 de março, FURIA e MIBR voltaram a se enfrentar pela decisão da Aorus, com a vitória indo mais uma vez para as Furiosas, que agora desfrutam da vantagem por 2 a 1 em finais ganhas tanto contra a organização rival, quanto contra bizinha.
Se a rivalidade faz parte do espetáculo, tanto FURIA quanto MIBR merecem as congratulações por atraírem cada vez mais olhares para o cenário feminino de Counter-Strike. Proposital ou não, os dois quintetos movimentam as redes sociais em dia de clássico, assim como na cena mista.
O duelo supracitado que atraiu 28 mil pessoas, por exemplo, foi maior que torneios internacionais e até mesmo eventos que contaram com a presença de times masculinos. Dois exemplos citados serão tirados de jogos importantes da temporada passada.
O primeiro deles é a diferença de visualização do dérbi contra os jogos do mundial da GIRLGAMER Esports. Disputado em fevereiro do ano passado, em Dubai, o jogo que mais atraiu visualização foi entre as meninas da INTZ e Assassins, com 3,6 mil espectadores.
Em seguida, o jogo entre FURIA e MIBR também superou (e muito) a audiência do duelo que contou com a presença das próprias Furiosas. No Esports Invitational 2020, o jogo mais assistido foi entre BOOM e Prodigy, com 2,6 mil pessoas simultâneas na transmissão. Pouco mais que os 2,3 mil pessoas que viram BOOM e as meninas da FURIA.
Pouco se sabe sobre como anda a relação entre bizinha e o quinteto da FURIA. Seja com amor ou recheado de amizade, a ex-Pantera levou para o MIBR uma rivalidade que acrescenta cada vez mais lenha na fogueira de um cenário que precisa aquecer ainda mais no país.