"Não há nada de bom na guerra, exceto seu fim."
A frase de Abraham Lincoln, 16º presidente dos Estados Unidos, define bem a situação atual vivenciada pelo povo ucraniano desde a invasão das tropas de Vladimir Putin em seu território, a qual se iniciou ainda no último dia 24.
Como ucraniano, Oleksii "xaoc" Kucherov vai vendo de perto o desenrolar desta triste realidade. Ele, que já trabalhou com clubes como HellRaisers e Heroic antes de se juntar à Natus Vincere como COO, ainda em 2020, vem fazendo o que pode para manter o prestígio de seu clube.
Os tempos são de dificuldades para a organização, que ainda assim detém aquela que é apontada por muitos como a melhor equipe do planeta na atualidade. A dura realidade da guerra, todavia, pode mudar isso muito em breve.
Afinal, enquanto os três russos de seu elenco - Kirill "Boombl4" Mikhailov, Ilya "Perfecto" Zalutskiy e Denis "electroNic" Sharipov - retornaram aos seus lares após o término da IEM Katowice 2022, os ucranianos não tiveram a mesma sorte.
Além de Oleksandr "s1mple" Kostyliev, o melhor jogador do mundo na atualidade, que chegou a protagonizar um discurso pela paz no palco da Spodek Arena, o rifler Valeriy "b1t" Vakhovskiy e o treinador Andrey "B1ad3" Gorodenskiy também permaneceram em solo polonês.
"Ainda estamos pensando na melhor forma de proceder. Esperamos que nossos atletas russos continuem aptos a deixarem seu país em um futuro próximo. Os voos estão sendo cancelados e tem sido difícil trazê-los para fora de seu país", disse xaoc em entrevista ao Dexerto.com.
"Nos primeiros dias (da guerra), o time estava completamente chocado, mas agora eles começaram a perceber que não há outra opção. (...) Estamos tentando ajudar os parentes deles, porque é impossível de fazer qualquer coisa enquanto eles estiverem em perigo", destacou o COO.
Segundo o mandatário, a organização não tem poupado esforços na tentativa de prestar assistência aos atletas ucranianos e suas famílias: "Estamos lidando com o local em que residirão no futuro, as viagens e seus vistos. Tudo vem mudando dia após dia", contou.
Todavia, não são apenas os jogadores ucranianos que se encontram em maus bocados. Conforme sugere xaoc, a NAVI tem feito o possível para ajudar os russos a "escaparem do país enquanto ainda há tempo", em referência a um possível agravamento no confronto armado.
"Eles estão pensando em buscar cidadania em outro país se possível, porque sabem que algo pior pode vir muito em breve", explicou. "Muitos parceiros têm feito de tudo para nos auxiliar nessa situação, e somos gratos por isso", ponderou.
Já por meio de suas redes sociais, em comunicado publicado na manhã desta sexta-feira (11), a Natus Vincere contou como vem enfrentando a triste realidade trazida pela invasão russa em seu país-sede:
"Mais de 90% de nossos funcionários estão neste momento na Ucrânia e não vão deixar o país. Nós tiramos as pessoas das regiões mais perigosas e as ajudamos a encontrar uma casa. Em carros, nossos voluntários entregam diariamente ajuda humanitária", escreveu o clube.
"Nossas roupas da Natus Vincere são distribuídas às pessoas que passam a segunda semana em abrigos anti-bombardeio, às crianças e orfanatos. A NAVI, como um clube, logo voltará a trabalhar no formato disponível, dadas as circunstâncias", esclareceu.
"O retorno ao modo normal não significa que deixaremos de falar sobre os eventos em nosso país, fingindo que tudo está bem. Agora, mais do que nunca, é importante falar sobre o que está acontecendo e ajudar os outros", disse.
"Esperamos que, em março, possamos lançar diversos projetos para auxiliar a população da Ucrânia. Esperamos que vocês compreendam e nos apoiem", completou o clube em nota que ainda agradece o apoio de seus patrocinadores durante estes árduos tempos.