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Confiante com 9z, zakk dispara: "Se os times não se ligarem, a gente vai chegar papando e ninguém vai ver nada"

À DRAFT5, treinador comenta sobre retorno ao Brasil, período pela Bad News Bears e o projeto da 9z

por Gabriel Melo / 17 de Abr de 2020 - 13:59 / Capa: HLTV.org
Após muitas temporadas à frente de equipes brasileiras no exterior, principalmente nos Estados Unidos, Rafael "zakk" Fernandes retornou para o Brasil. Mas não foi apenas o bom projeto apresentado pela 9z Team o responsável por fazer o treinador voltar. À DRAFT5, revela que o regresso também foi uma escolha própria: “Pra mim foi bom porque eu estava sofrendo de depressão e ansiedade”. 

O máximo que eu ficava perto da minha família era duas semanas. (Voltar) pra mim foi legal. Foi uma escolha também. Apesar de ter recebido propostas de times de fora, optei pela 9z porque eu queria ficar no Brasil. Eu estava precisando de um tempo perto dos amigos e da minha família”, completa.

Zakk conta que foram os brasileiros presentes no elenco da 9z, Bruno “bit” Lima e Alexandre “xand” Zizi, que o convidaram a participar do projeto. “Eles falaram muito bem da organização, que ela ia investir em um projeto a longo prazo. Não será um projeto que vai ter seis meses e acabar. Os planos da organização me interessaram. Além disso, após ver o time treinando, me pareceu que os jogadores possuem capacidade para chegar em um bom patamar. Acredito que comigo no comando a evolução deles vai ser mais rápida”, aponta.

Dando maiores detalhes sobre o projeto elaborado pela 9z, Zakk afirma que a organização projeta levar a equipe para os Estados Unidos. Contudo, o treinador diz que não é algo que planeja fazer no momento. “Temos que dar muitos passos antes de irmos para os Estados Unidos porque, senão, vamos lá para falharmos miseravelmente. Temos que mostrar muito serviço por aqui, antes de pensarmos ir para fora. O projeto é conseguir, pelo menos, dois troféus expressivos e, ano que vem, nos consolidarmos entre os três melhores times do Brasil. Essa é a minha ideia”, revela.

Nos Estados Unidos, zakk esteve a frente de importantes equipes brasileiras como Tempo Storm, Immortals - com a qual foi vice-campeã do PGL Kraków Major 2017 - e Luminosity. O último trabalho do treinador antes de retornar ao Brasil foi comandar a Bad News Bears na classificação para o Minor das Américas válido pelo ESL One Rio Major 2020.

O treinador revela que já naquela época estava negociando com a 9z e que a organização argentina estava ciente de que ele ia comandar o time norte-americano na antiga seletiva para o Major do Rio de Janeiro.

Naquele momento eu já sabia que eu não ia participar (do Major) porque eu já estava conversando com a 9z e eles sabiam que eu estava ajudando a Bad News Bears. Eu pedi algumas semanas, falei que tinha assumido o compromisso com os caras. Eu participei daquele classificatório com eles já sabendo que não iria para o Rio caso a equipe se classificasse”, conta.

Zakk aproveita o momento e elogia os integrantes da Bad News Bears: “Trabalhamos quatro semanas antes da seletiva para o Minor. Foi um trabalho intenso e isso me deixou muito feliz porque existe muito time que fala que deseja se classificar, mas aí tem jogador que acorda às 3h da tarde ou não se dedica o quanto precisa. Com o BnB foi diferente. Os caras acordavam cedo para fazermos os táticos, assistirmos demos e conversarmos. Os treinos acabavam e todo mundo conversava sobre o desempenho. Isso é um atalho para o sucesso. Os times pelos quais passei e conquistaram alguma coisa também eram assim”.

zakk comandando a Luminosity no Minor válido pelo Major de Berlim |Foto: Divulgação / StarLadder


Apesar de ter sido oficializado como o treinador da 9z no final de março, zakk vem comandando a equipe desde, pelo menos, fevereiro. Diante de tudo o que já viu nesse período, o técnico acredita que o time “está no caminho certo”, mas fala que a pandemia do coronavírus atrapalhou um pouco os planos Isso porque a organização planejava alocar os jogadores em uma gaming house no Brasil.

Por causa da pandemia a evolução está sendo mais lenta. Em uma gaming house, se a gente pudesse pelo menos fazer um bootcamp, a evolução seria maior. Os campeonatos que jogamos até agora são muito amadores. A galera que enfrentamos não tem a mesma experiência que eu, bit e o xand temos. Fiquei muito feliz com as vitórias que tivemos contra Paquetá Esports e Neverest porque foram contra times que estão juntos há mais tempo do que nós. Então, teoricamente, o teamplay deles deveria ser melhor”, opina.

Para zakk, a 9z foi realmente testada na decisão da primeira etapa da Aorus League 2020. A qual perdeu para a Imperial no final de março. “Ficou claro que eles estão em um degrau acima de nós. Mas nossa evolução está sendo muito rápida. Se os times não se ligarem, a gente vai chegar papando e ninguém vai ver nada”, afirma.

Quanto ao plano da equipe num gaming house, zakk afirma que a ideia era a equipe “ter se mudado há algumas semanas para São Paulo”. De acordo com o treinador, não necessariamente, os brasileiros da 9z iriam morar no local: “Só ia ser preciso ir para lá todo dia, como se fosse um escritório. Esse era o nosso plano, que foi cancelado por causa do coronavírus”.

Assim que as coisas normalizarem e ser seguro para virem, a gente vai alugar uma casa em São Paulo e o nosso trabalho vai ser mais presencial”, garante.

O fato da equipe da 9z ser formada por jogadores de três nacionalidades - Argentina, Brasil e Uruguai - é visto por muitos como o maior desafio a ser ultrapassado por conta da linguagem. Tranquilo, zakk fala que está métodos que criou e aperfeiçoou em outros times "porque neles também tínhamos problemas de comunicação. Obviamente eu sabia que na 9z isso também iria acontecer".

Todos os times que participei tiveram problemas de comunicação, inclusive a Immortals. Eu tenho um método para melhorar isso que é usar palavras-chave, uma palavra que vai definir uma definir uma ação já combinada. Isso está ajudando a nossa comunicação, mas os meninos latinos são muito esforçados em aprender português. Eles entendem e comunicam muito bem. Nós falamos mais em português porque eles entendem nossa língua melhor do que entendemos espanhol. Contudo, quando os três estão vivos, se comunicam em espanhol”, explica.

Por ser privilegiado de só ter comandado jogadores “muito talentosos”, zakk enxerga essa passagem pela 9z como um teste: “Se eu conseguir levar esse time para outro patamar, eu acho que minha metodologia está boa porque sempre peguei jogadores muito talentosos para comandar. Então, eu não conseguia ter um termômetro para avaliar se meu trabalho estava melhorando os atletas. Na minha opinião, sempre achei que ajudei todos que treinei e a 9z será um teste para provar que sou um bom coach”. 

zakk no comando da Immortals durante o Major de Kraków | Foto: Divulgação / PGL


Além de estar participando de torneios voltados somente para o cenário latino, a 9z também é uma das participantes da Liga Desafiante, o torneio que dá acesso à Liga Dell, que é a porta de entrada para o CLUTCH via Circuito Dell. Por mais que se classificar para o Brasileirão seja uma meta, zakk diz categoricamente que isso não é uma obrigação.

A galera estava pensando desta forma, mas tirei da cabeça de todos. A gente não tem a obrigação de chegar em nada neste primeiro semestre. Começamos o trabalho há três semanas. Não temos obrigação de chegar no CLUTCH. O que vai definir o nosso trabalho vai ser o semestre seguinte, que vai mostrar se vamos estar prontos ou não. A Liga Dell eu tenho certeza que vamos chegar, enquanto o CLUTCH é um objetivo mais para o final do ano”, aponta.

LUMINOSITY

O trabalho de zakk no exterior não ficou marcado apenas pela passagem que teve junto à Immortals. O treinador também é lembrado por ter sido o treinador da Luminosity Gaming, que dispensou a equipe brasileira que tinha grandes nomes como João "felps" Vasconcellos e Lucas "steel" Lopes em setembro de 2019.

Quando questionado sobre o porque a LG não deslanchou, zakk afirma à DRAFT5 que, “basicamente, a equipe tinha jogadores em sintonia diferentes. Acho também que tiveram muitas mudanças que eu não concordei e até hoje não concordo”.

VISÃO DO CENÁRIO BRASILEIRO

Após anos fazendo parte de um cenário evoluído nos Estados Unidos, no retorno ao Brasil zakk está vivendo outra realidade. Pelo o que já viu junto à 9z até o momento, o treinador está enxergando tudo “muito bagunçado”. Nos campeonato menores que já participou, o veterano conta que os organizadores “raramente me manda o livro de regras ou me procuram. Eles sempre procuram o bit e aí ele tem que ficar passando recado para mim. Isso é uma piada porque o bit é jogador, ele não trabalhada na parte administrativa”.

Contudo, em outros quesitos como pontualidade e transmissão, zakk é só elogios. “É um ponto positivo em relação a época que eu jogava. Era uma bagunça e agora está melhor. Competitivamente falando, eu acho que o nível que a 9z compete atualmente, o Tier 2, está bem abaixo do que vi na América do Norte. Já os times que fazem parte do Tier 1 daqui são muito fortes”, analisa.
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