Como a GamerLegion uniu atletas renegados para fazer história e chegar à final do Major

A GamerLegion fez história na tarde deste sábado (20) ao derrubar o favoritismo da gigante Heroic para alcançar a grande final do BLAST.tv Paris Major 2023

Fundado em 2017, o modesto clube alemão só investiu no Counter-Strike em 2019, chegando à modalidade com um elenco que contava com nomes como Adil "ScreaM" Benrlitom e Kevin "Ex6TenZ" Droolans.

Embora tenha sido uma das equipes mais proeminentes do segundo escalão do Counter-Strike europeu ao longo dos últimos anos, a GamerLegion nunca sequer chegou a ser considerada o time a ser batido na chamada "selva europeia."

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Não por acaso, o fracasso na luta pela classificação ao PGL Major Antwerp 2022 - entenda isso como uma campanha vexatória no RMR Europeu A com 0V-3D - fez com que a organização optasse por reestruturar quase que completamente seu elenco.

Do antigo plantel, restaram apenas o romeno Ivan "iM" Mihai - guarde bem este nome -, o sueco Isak "isak" Fahlén e o britânico Ashley "ashhh" Battye, este último trabalhando como treinador.

Três renegados foram escolhidos para completarem a nova escalação da equipe europeia, a começar por um novo capitão: Kamil "siuhy" Szkaradek, um dos poucos graduados do memorável elenco da MOUZ NXT que não foi promovido à equipe principal do clube alemão.

Muitos certamente torceram o nariz quando Frederik "acoR" Gyldstrand foi anunciado como novo sniper da equipe. Depois de um frustrante 2021 junto da MOUZ, o dinamarquês, outrora alvo da Astralis, foi mais um renegado pelos ratos europeus.

Por fim, o belga Nicolas "Keoz" Dgus - que curiosamente já havia jogado ao lado de Ilya "Perfecto" Zalutskiy na Syman, ainda em 2019 -, foi escolhido como quinto elemento da composição após deixar a Falcons em prol da adição do veterano Nathan "NBK-" Schmitt.

Como forma de testar o novo elenco, a GamerLegion resolveu despretensiosamente jogar as seletivas abertas do Velho Continente para o IEM Rio Major 2022 e acabou por superar as expectativas, classificando-se para o RMR Europeu A que levava à competição.

O desempenho surpreendente da equipe, contudo, não parou por aí. No classificatório para o torneio de $1 milhão, a equipe acabou com o sonho da G2 de ir ao Major do Rio e logo carimbou o passaporte ao campeonato mais prestigiado do cenário mundial.

"Jogamos o RMR apenas por jogar, testar alguns jogadores novos", relembrou ashhh, treinador da equipe, em entrevista à DRAFT5 no Rio de Janeiro. "Jogamos o RMR só para termos algo para jogar", completou.

Em território brasileiro, a equipe até conquistou duas grandes vitórias sobre 9z e Vitality no primeiro dia de competição, mas acabou eliminada após perder para Bad News Eagles, FURIA e Cloud9. Apesar dos pesares, nada de terra arrasada para o lado europeu.

Desde então, a equipe liderada por siuhy manteve-se relativamente quieta, tendo como destaque os títulos da Thunderpick Bitcoin Series #2 e Elisa Invitational Winter 2023, torneios de menor calibre do cenário europeu.

No RMR Europeu A do Major de Paris, apesar da derrota para a Apeks na estreia, triunfos sobre OG, 1WIN e Falcons, times não lá muito badalados, recolocaram a GamerLegion no principal campeonato da temporada.

Em solo parisiense, no entanto, as coisas não começaram nada bem para o esquadrão europeu, que viu-se à beira da eliminação já no primeiro dia de disputa após perder MD1s para Complexity e The Mongolz.

A improvável remontada, apesar disso, foi conquistada com triunfos sobre MOUZ - com destaque para acoR e siuhy aplicando a famosa e infalível "lei do ex" -, OG e FORZE.

Apontada por muitos como o 0V-3D da Etapa das Lendas, a GamerLegion superou todas as expectativas e, mesmo com a derrota para a Natus Vincere na primeira rodada, bateu 9INE, fnatic e Apeks para garantir presença no maior palco do Counter-Strike mundial.

Um convincente triunfo sobre a ucraniana Monte, outra das sensações do torneio, colocou a GamerLegion à frente de seu maior desafio até então: a gigante Heroic de Casper "cadiaN" Møller e companhia.

Apesar do amplo favoritismo dos rivais, que até largaram na frente com uma apertada vitória por 16 a 13 na Ancient, uma épica exibição de iM impulsionou a equipe europeia à virada, a qual se iniciou na Inferno com um apertado 16 a 14 sacramentado após sofrido clutch 1v2 de isak e se consumou com uma tropelo na Mirage por 16 a 6.

Agora, a modesta equipe formada em agosto de 2022 precisa escrever apenas mais um capítulo para que seu conto de fadas tenha um final verdadeiramente feliz. Independente do que acontecer na tarde deste domingo (21), essa história promete jamais ser esquecida.

iM, aliás, é forte candidato a levar o prêmio de melhor jogador da competição caso a GamerLegion continue a fazer história na Accor Arena, visto que já contabiliza 1.44 de rating, 1.60 de taxa de impacto, 98.3 de ADR, 76.9% de KAST, 0.91 de KPR e 0.63 de DPR ao longo de dez mapas jogados desde a Etapa das Lendas.

É difícil dizer se a GamerLegion será capaz de pôr as mãos no mais cobiçado troféu do mundo do Counter-Strike e protagonizar a maior zebra da história da modalidade, mas a equipe já provou que duvidar dela não é uma boa ideia.

A grande final do Major de Paris está marcada para acontecer a partir das 12h deste domingo (21), quando será conhecido o último grande campeão da era Global Offensive.

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