Com mãe e sogra como inspiração, Tofer se vê cada dia mais perto dos objetivos: "Um passo de cada vez"

As referências para que Gabriela "Tofer" Torres se tornasse não apenas uma grande jogadora como uma grande profissional são inúmeras. Sempre jogando competitivamente ao lado de grandes nomes do cenário competitivo de Counter-Strike: Global Offensive, a jogadora da W7M Esports encontrou em duas pessoas que possuem pouca – ou quase nenhuma – experiência dentro dos servidores como principais inspirações.

Entrevistada pela DRAFT5 no Dia Internacional da Mulher, Tofer deixou os tabus de lado ao colocar mãe, dona Christiane, e sogra, dona Claudia, praticamente na mesma prateleira como as maiores incentivadoras que ela poderia encontrar no decorrer da carreira. De mulher para mulher, elas não precisam compartilhar do mesmo conhecimento sobre Counter-Strike para se unirem em busca de um aprendizado cada vez maior.

"A minha mãe sempre teve um papel importante no meu desenvolvimento principalmente como pessoa. Mas, com certeza, também como jogadora por eu ter tido uma boa referência de mulher forte e batalhadora. Ela sempre esteve aqui para mim, e mesmo não entendendo nada do jogo, sempre quis saber como eu estava, como estava o time, se os treinos estavam indo bem".

Mãe é mãe, mas Tofer não faz cerimônia ao demonstrar todo o carinho que possui pela sogra. Mãe de Rafael "saffee" Costa, hoje na FURIA, ela sabe o que é ver um filho ir em busca de um sonho tão difícil. Por isso, nas vezes em que dona Claudia não conseguiu estar com ela, contou com o ombro da sogra em momentos importantes da vida competitiva.

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"Outra pessoa que é uma grande inspiração para mim é a minha sogra. Desde quando entrou na minha vida sempre esteve presente na minha carreira como jogadora, assistindo aos jogos e torcendo muito no chat da stream. Ela sempre esteve ao meu lado e foi um grande apoio para mim. Na primeira vez que conheci o office da W7M e no meu primeiro media day, minha mãe não pode acompanhar, mas minha sogra estava lá por mim".

Inspirações fora dos servidores são importantes, mas ter uma pessoa em quem se inspirar dentro do Counter-Strike também é preciso. Consciente disso, Tofer destaca a trajetória de Juliana "showliana" Maransaldi, Marcella "Cellax" Ferreira e Mayara "May" Prado: "A May foi uma pessoa extremamente importante para o meu desenvolvimento não só como jogadora, mas como mulher".

Se Tofer passou grande parte da carreira competitiva olhando as referências em campo, hoje, ela se encontra na posição de ser um dos grandes nomes presentes no cenário de Counter-Strike. Com passagens por Severe, Jaguares e outras organizações, ela passou a se tornar o espelho para os jovens talentos que buscam uma oportunidade de ser jogadora profissional.

A primeira vez em que se deu conta disso, de acordo com ela, foi durante a passagem pela Imperium. Lá, ela teve a chance de ser In Game Leader pela primeira vez e sentiu a necessidade de se tornar a tutora de Luana "luhflickzz" Rosa. Agora, ela revela o desejo de ser para outras jogadores o que Cellax e May foram-lhe no passado.

"É gratificante demais saber que eu tive uma boa influência na carreira de uma jogadora mais nova e que pude ajudar a chegar onde ela queria da mesma forma que Cellax e May tiveram na minha quando comecei a jogar CS:GO. Tive a oportunidade de jogar com uma menina bem novinha, luhflickzz. Quando fui IGL, sempre senti que ela era a pessoa que eu mais tinha que me dedicar para ajudar".

Entretanto, enquanto serve de inspirações para novas jogadoras, Tofer também sabe olhar para a própria carreira e cuidar dos próprios objetivos. Há três anos competindo, a jogadora afirma que a principal meta que possui não mudou e segue querendo disputar um torneio mundial feminino de Counter-Strike. Ainda assim, sabe que o processo é longo e que é preciso rumar para este caminho aos poucos.

"A minha maior meta é poder disputar um mundial feminino. Essa meta não mudou desde quando eu comecei a me interessar pelo competitivo. Planejar o futuro é difícil com um cenário instável, mas muitas mudanças acontecem ao longo do ano. O planejamento que eu tenho é conseguir dar o meu máximo na equipe e chegar o mais longe possível ao lado delas. Um passo de cada vez".

Tofer está certa. O calendário é instável, principalmente no cenário feminino, mas a chegada da ESL Impact – liga voltada exclusivamente para os times femininos de Counter-Strike – promete ser a virada de chave que ela e todas as outras jogadoras estavam buscando.

Não coincidentemente, a ESL optou por começar as seletivas nesta terça-feira (8), no Dia Internacional da Mulher. Agora, tanto Tofer quanto todas as outras jogadoras que procuram por um pouco mais de profissionalismo terão a chance de cair de cabeça no jogo para tentar ser a grande vencedora do circuito.

"Com o anúncio do circuito mundial feminino eu tenho certeza que todas as meninas que ainda competem ficaram extremamente entusiasmadas. E pensar que vamos voltar a competir internacionalmente é algo enorme para o nosso cenário. Hoje é um dia história para nós mulheres, mas também para nós do Counter-Strike porque começa a nossa caminhada para o mundo".

A trajetória, entretanto, nunca foi fácil. Antes do ESL Impact ser anunciado, as jogadoras de Counter-Strike tinham na Gamers Club a grande entusiasta do cenário feminino, realizando Ligas Femininas e edições da Gamers Club Masters, torneio mais charmoso do Counter-Strike nacional, apenas para as mulheres.

Ainda assim, Tofer e as outras jogadoras queriam mais. O lançamento de VALORANT, tido como o grande concorrente do FPS da Valve serviu como isqueiro para que a desenvolvedora e organizadoras de Counter-Strike começassem a levar o que a Gamers Club faz para o Brasil para o mundo.

"Com a entrada de diversas organizações de porte grande e internacional no VALORANT, inúmeros campeonatos femininos sendo divulgados todos os dias. Sinto falta disso no Counter-Strike, até porque a América Latina sempre foi uma região forte no Counter-Strike mundial. Hoje são pouquíssimas organizações que investem aqui. Com o começo da pandemia, muitas organizações deixaram de investir no cenário feminino de CS".

Mesmo pegando um período de transição no cenário feminino, Tofer está presente entre os grandes torneios já a algum tempo. Justamente por isso, soube valorizar tudo o que conquistou na carreira até ver o Counter-Strike conseguindo abrir as portas para as mulheres.

Como forma de agradecimento, a jogadora não mencionou somente familiares e companheiras de equipe, mas todas as mulheres que são responsáveis por fazer esta manivela funcionar e levar para os espectadores e fãs o melhor conteúdo possível.

"Queria agradecer a todas as mulheres que fazem tudo isso acontecer. Casters, streamers, designers, empreendedoras, desenvolvedoras e mães de jogadoras que se dedicam para tornar o ambiente das filhas um lugar melhor. Muito obrigado a todas as jogadoras que lutam todos os dias para tornar o nosso cenário um lugar seguro. É necessário persistir porque não é fácil".